quinta-feira, 18 de junho de 2020

ARTIGO - Vitória da Conquista em defesa da democracia. (Padre Carlos)




Vitória da Conquista em defesa da democracia.



Nesta quarta-feira, a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, realizou uma sessão especial em defesa da nossa democracia. Quando o Prof. Cori convocou seus pares para realizar este evento, ele chama a atenção dos conquistense, que não existe democracia sem uma sociedade civil livre. Qualquer regime no qual a sociedade não possa se manifestar livremente, sem receio de ser retaliada por sua atuação legítima, é um regime autoritário.
           
É por meio de cidadãos atuantes e vigilantes que políticas são aprimoradas, desvios são denunciados e governantes são fiscalizados. Mas infelizmente o que estamos presenciando por toda parte não são ações democráticas. Quando um deputado ameaça profissionais em unidade de saúde, dar voz de prisão e demonstrava estar armado, isto deixou de ser fiscalização, isto deixou de ser uma ação política e tem outro nome: bandidagem. Um representante do povo não pode sair agredindo a hora do Presidente da Câmara, defendendo golpes de estado e agredindo verbalmente funcionários públicos e ficar por isto mesmo.
Assim, o vereador Coriolano Moraes busca não só defender a democracia, mas chamar os verdadeiros representantes do povo para saírem de suas inercias diante dos ataques que aquela casa vem sofrendo e tomar uma posição. Infelizmente, o corporativismo da classe política termina fechando os olhos muitas vezes para as agressões que um dos seus pares cometem de forma reenterrada contra a democracia e o Estado de Direito, tudo com o intuito de isentar de responsabilidade o parlamentar das suas ações políticas
            Foi por meio da atuação de organizações da sociedade civil que o Brasil conseguiu reduzir drasticamente a mortalidade infantil, a miséria extrema e o desmatamento perdulário de suas florestas e tomar medidas cruciais contra a corrupção e pela transparência no poder público.
Gostaria de lembrar aos vereadores desta casa, que faz exatamente 35 anos, que o Brasil encerrava um dos períodos mais triste da sua história e acabava com uma longa ditadura militar. Achávamos que este passado vergonhoso tinha ficado para traz, com isso, de forma definitiva, o uso do Estado para perseguições políticas e prisões e condenações sem base em provas teria chegado ao fim.  Imaginava que, enfim, a liberdade teria vindo para ficar.
Porém, os rumos que estão sendo tomados pelo Brasil atual são extremamente preocupantes. É lamentável que um deputado e os seus seguranças coloquem em risco a própria saúde, sob risco de serem infectados com covid-19, bem como a de pacientes e profissionais. Mais preocupante é a omissão dos seus pares como acontece na nossa cidade, deixando de certa forma, o corporativismo falar mais alto e se calarem.
Ao estadista irlandês John Philpot Curran (1750 – 1817) é atribuída a frase: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. De certo, não há liberdade em nenhum tipo de ditadura, mas tão só na democracia, quando esta é uma democracia de verdade. Em caso contrário, a consequência inevitável é a servidão. Felizmente o Prof. Cori estava atento e sentiu a necessidade desta Sessão para chamar a atenção dos seus pares e da sociedade. É dever de todo cidadão está atento e permanecer vigilante. Porém, devemos defender o Estado de Direito e buscar mecanismos para cada vez mais tornar a democracia um objetivo a seguir.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

ARTIGO - A Frente Ampla da Rede Globo (Padre Carlos)




A Frente Ampla da Rede Globo

Ao assistir o debate promovido pela Rede Globo, que contou com a presença das figuras ilustre que defenderam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff: FHC, Ciro e Marina, tentei decifrar o verdadeiro proposito daquele evento. Como nunca acreditei nas boas intenções dos Marinhos, pude entender que na verdade não era defender uma frente ampla contra Bolsonaro, seu verdadeiro objetivo, era reunir a direita que irá enfrentar o candidato da esquerda nas próximas eleições. Naquele momento me veio à mente as palavras de Leonel Brizola: “Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país. ”
        
Assim fiquei pensando estes dias: qual a representatividade dessa “frente ampla” que junta o lobo e o cordeiro? Por que ela não dá espaço para a esquerda? Se a proposta é ser contra Bolsonaro porque os que o enfrentam de verdade não foram chamados? Tinha mesmo razão o velho Brizola, é para se desconfiar! 
    

    O que esta emissora de televisão deseja, é recriar a Frente Ampla de 1966, que reuniu adversários históricos como Juscelino Kubistchek, João Goulart e Carlos Lacerda. Essa frente ampla foi um negócio extraordinário na história do Brasil porque ela consegue juntar não só a direita, ela reuniu o que havia de mais à direita no país, que era o Carlos Lacerda, golpista, com o bloco da esquerda. Isso jamais aceitaríamos.

 

Já que estamos falando de legitimidade, vamos para ponta do lápis:  no 1º turno de 2018, Ciro, Marina e Alckmin (do PSDB) tiveram, juntos, 18,23% dos votos válidos, enquanto só Haddad teve 29,28%. Então eu pergunto aos senhores: Qual a representatividade dessa “frente ampla” que junta tudo o que combatemos nestes últimos anos? 


A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que foi “a nata do antipetismo entrevistada pela campeã do mercado”. E foi desse jeito mesmo que Miriam Leitão, num debate com três “arautos” da democracia liberal, buscou vender a ideia de promover uma “frente ampla” contra Bolsonaro e a favor da democracia, que essa gente tanto despreza.










domingo, 14 de junho de 2020

ARTIGO - O racismo e a história da Igreja (Padre Carlos)






O racismo e a história da Igreja
(As pregações sem presbitério )


Quando estudamos teologia e em especial, a história da Igreja, podemos constatar que nem o racismo nem a violência estão na matriz do Cristianismo. Apesar disso, a história da Igreja está manchada por práticas discriminatórias e violentas: a Igreja é constituída por homens e por mulheres que, influenciados pelos seus contextos, não souberam ser fiéis aos princípios cristãos e deixaram-se contaminar por ideias contrárias ao Evangelho.
Assim, já nas primeiras comunidades verificava-se tensões e confrontos entre pessoas de culturas diversas, nomeadamente entre gregos e judeus. Foi isso que levou S. Paulo a esclarecer os Gálatas que, pelo batismo, todos são filhos de Deus, razão pela qual "não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher" (Gál. 3, 28). Para um cristão, não faz qualquer sentido discriminar alguém por causa da sua raça, condição social ou sexo. Com o Concílio Vaticano II, essa fraternidade passou a envolver os crentes de outras igrejas cristãs, de outras religiões e até os não crentes.
Jesus, ao longo da sua vida, como comprovam os Evangelhos, procurou estar sempre próximo daqueles que eram marginalizados e discriminados: os leprosos, os (loucos), endemoninhados, as prostitutas, os publicanos, etc. Chega ao ponto de se identificar com eles e de advertir os seus discípulos de que serão julgados pela forma como os acolherem ou não (Mt. 25, 40).
O Evangelho demonstra também que, para Jesus Cristo, a única forma de romper a espiral da violência é não responder ao mal com o mal.não violência é a maior força que existe à disposição do ser humano. Mahatma Gandhi entendeu o que Cristo falava e não precisou se converter ao cristianismo para se tornar um dos maiores líderes pacifistas da história, levando multidões a conhecer e a praticar o significado da não violência. A estratégia da luta sem violência também foi adotada por Martin Luther King ao não obedecer a legislação segregacionista americana, não acatando as leis racistas vigentes. O objetivo dessa reação pacífica não era, portanto, o rompimento com a ordem jurídica e institucional estabelecida, mas sim uma luta contra leis consideradas injustas e prejudiciais àquela parcela da sociedade.
"Ouvistes o que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, digo-vos: não oponhais resistência ao mal. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra" (Mt. 5, 38-39). E não o disse apenas, Ele deu testemunho ao entregar-se na cruz sem oferecer resistência. Censurou até Pedro, quando ele agride um dos guardas que  ia prendê-lo (Jo. 18, 11).
A violência e o vandalismo, como se tem visto nas manifestações contra o racismo, acabam por manchar uma reivindicação que é legítima e, também, profundamente cristã. Isso retira-lhe força e eficácia. Jesus Cristo disse todas estas coisas com clareza e Gandhi,  Luther King, entre outros, entenderam muito bem.


sábado, 13 de junho de 2020

ARTIGO - Sobrevivendo a duas Pandemias (Padre Carlos)



Sobrevivendo a duas Pandemias


Estamos vivendo tempos difíceis e esta quadra da história se apresenta para os Brasileiros como um marco entre barbárie e a civilidade. Em todos os recantos do país, recrudescem fatos que deixam à mostra a intransigência. Estamos evidenciados, que não é só o covid-19 que se propagou pelo Brasil, outro vírus e mais letal que este tem infectado as pessoas. Assim como o coronavírus, podemos afirmar que a intolerância tem se apresentado como uma espécie de pandemia global. Por meio dessa infecção da alma, os doentes seguem dispersando o vírus, cujos sinais e sintomas mais comuns são o discurso do ódio, os atos de violência e a tentativa de acabar com o Estado de Direito e a democracia. 
Agora os infectados ultrapassaram todos os limites da loucura, ignorando as mortes  causadas pelo coronavírus no Brasil e invadindo UTIs para verificar se os leitos estão realmente ocupados. Quando o vírus da intolerância chega a este estágio de constranger os pacientes e colocar a vida dos visitantes em risco, alguma coisa está errada.

As nossas autoridades parecem que já se acostumaram com ataques aos poderes da República, as agressões aos povos indígenas, a esquerda, aos negros e aos pobres, entre outros. Esses são alguns exemplos que trazem à luz a conjuntura de intolerância. É certo que a intolerância não é um mal da humanidade contemporânea. A história registra fatos que realçam a intolerância em todas as épocas da humanidade. Apesar dos brasileiros assistirem com certa apatia a estes episódios políticos, religiosos e sociais, a discussão sobre a pandemia da intolerância carece de reflexão por parte dos nossos políticos e uma vacina para sua cura o mais rápido possível.
A exemplo do covid-19, com suas infecções virais, a pandemia da intolerância vai se instalando sorrateira e silenciosamente nas Instituições da República. Ao se dispersar na tessitura da alma, o vírus da pandemia da intolerância alcança as dimensões mais profundas do Estado, tentando se instalar pela alteração da capacidade racional das suas maiores autoridades. Os doentes da alma, vítimas da pandemia da intolerância, usam argumentos supostamente racionais para difundirem a enfermidade de que são portadores à sociedade. A intolerância se mascara sob o discurso de caça aos corruptos, dos “bons costumes” e da “moral cristã”.
Infelizmente, à semelhança com o coronavírus faz com que o enfermo da pandemia da intolerância não tenha consciência do mal que carrega em si e que ele mesmo dissemina com suas práticas e discursos cotidianos. Há doentes que sequer têm consciência da doença.
Para os enfermos desta pandemia, qual seria o mundo ideal? Talvez um mundo sem negros? Talvez um mundo sem pobres? Talvez um mundo sem homossexuais, sem pessoas transgêneros ou travestis? Talvez um mundo cuja família tradicional fosse o único arranjo possível? Talvez um mundo com apenas evangélicos, uma nova cristandade? Talvez um mundo marcado por governos teocráticos? Talvez um mundo em que a mulher seguisse ocupando posições de subalternidade em relação aos homens?
Esse mundo – moldado nos valores que estes enfermos defendem, alicerçado, inclusive, no dogma do anti-PT, ou na falsa moral que determina padrões que devem ser rigidamente impostos e seguidos por todos e todas – é um mundo que não existe! Aliás, é um mundo que nunca existiu, nem nas sociedades que estiveram sob o jugo dos regimes totalitários ou de exceção.
A marca da humanidade não é a homogeneidade. Em nenhuma sociedade humana a homogenia esteve presente. A existência da humanidade se alicerça na diversidade.
Os enfermos da alma, vítimas da pandemia da intolerância, desejam, a qualquer custo, implantar uma sociedade uniforme, na qual (talvez) todos fossem brancos, “normais”, ricos, heterossexuais e seguidores de uma mesma religião ou crença. Aliás, será que nesta sociedade haveria espaço para as mulheres?
Basta estudar um pouco de história para tirar lições do passado e lembrar que as consequências das tentativas de se formar uma sociedade homogênea levou a humanidade cometer as maiores atrocidades e ao Nazismo.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

ARTIGO - A Lauro de Freitas e as eleições. (Padre Carlos)




A Lauro de Freitas e as eleições.

 

No final do ano passado, presenciamos o anuncio por parte da Prefeitura de Vitória da Conquista, da construção do novo terminal da Lauro de Freitas. Foi com uma grande campanha publicitária digna de um grande empreendimento, que o prefeito, anunciava naquela ocasião que a obra teria início em primeiro de fevereiro. Achávamos que a partir desta data, o antigo terminal se transformaria em um grande canteiro de obras, mas infelizmente só   em abril pudemos constatar alguma movimentação e mesmo assim, de forma precária. Quando o prefeito resolveu começar de fato, já estávamos sofrendo todas as ameaças em relação ao covid-19 e todo cuidado era pouco, devido ao risco de se contaminar com o vírus.

        
Diante desta nova realidade, as lideranças do município começaram a criticar a decisão do governo de investir uma soma vultoso em obras, enquanto cortava benefícios e salário dos servidores em meio à pandemia do novo coronavírus.

Ao formar um novo quadro de incertezas, diante da pandemia que se instalava no país, o prefeito deveria ter centralizado as atenções e mudado as perspectivas econômicas da cidade. Mesmo sabendo que estamos num período de pré-campanha, deveria ter admitido para seus eleitores e a comunidade, que diversos objetivos que tinha traçado para este último ano de mandato poderia não acontecer devido à nova realidade que se apresentava no cenário nacional. Ao invés disso, o prefeito passou a usar recursos próprio para dar início a este projeto que além de comprometer parte da arrecadação, poderia esperar. Os escassos recursos do tesouro municipal, jamais poderia ter sido usado para iniciar uma obra de tamanha envergadura, como o da construção do novo terminal da Lauro de Freitas.

Para fazer um projeto deste que mexe com a rotina de milhares de pessoas, precisava que se fizesse um estudo sobre o impacto que esta obra iria provocar no dia-a-dia da comunidade conquistense. Segundo os comerciantes daquela localidade, a prefeitura em momento algum buscou ouvi-lo para conhecer a realidade daqueles empresários sobre a necessidade de tal obra e o momento certo para o comercio absorvê-la.

Sabemos que o empréstimo da Caixa Econômica, não foi ainda liberados e com esta nova realidade poderá demorar. Além disso, os poucos recursos que chegam aos cofres público, não seriam suficientes para tocar esta obra e manter a máquina administrativa funcionando, assim, se fala agora em 180 dias para as obras ficarem prontas. Será que o comercio da Laura de Freitas conseguirá resistir a mais esta agressão?

Dizem os mais velhos, que tudo o que começa errado, termina errado. A não ser que haja um novo planejamento e um recomeço. Lembrando ao prefeito, que não há como recomeçar sem que haja um preço a ser pago.

 

 

 

 

 



terça-feira, 9 de junho de 2020

ARTIGO - Crônica de uma tragédia anunciada (Padre Carlos)





A Gripe Espanhola e o Covid-19




Lendo as notícias sobre a flexibilização das regras de confinamento e de distanciamento social, na nossa cidade, passei a entender que a história não se repete, são os erros das autoridades que fazem retornar. As histórias passadas e presentes, apresentam diversas e importantes semelhanças com o que estamos vivendo nos últimos tempos, afinal a sociedade apreende tudo – de formas variadas – e guarda na memória. Os momentos passados são experiências que deveriam ser resgatadas e utilizadas para que não cometêssemos os mesmos erros. 
Assim como hoje, no século passado surgiu uma pandemia que foi denominada de gripe espanhola. Só que de espanhola ela não tinha nada, pois o que se sabe é que ela foi oriunda dos Estados Unidos de onde os soldados levaram para o sul da França aonde americanos e ingleses estavam acampados durante a Primeira Guerra Mundial. Agora aparece este coronavírus que origina a pandemia com o nome de Covid-19, que se diz oriunda da China, porque nela surgiu em primeiro lugar, conforme noticiam os jornais do mundo inteiro. 
Independente da origem, o fato é que se não houver rígido controle no Brasil e em especial no nosso município, a peste do Covid-19 poderá causar resultados semelhantes à peste ou gripe espanhola que aqui chegou nos fins daquela Primeira Guerra Mundial. 

     O Ministério Público nesta quinta-feira, através da promotora Guiomar Miranda, recomendou as autoridades da nossa cidade que o comércio fosse fechado novamente em virtude da pandemia de Coronavírus. Devido à grande movimentação que tem sido registrada diariamente no Centro desde que o comércio foi reaberto, podemos constar um aumento de mais de 100% em apenas oito dias. Existem ainda 3823 casos suspeitos da doença. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no município subiu para 56%. Mesmo com o avanço do vírus em nosso município, o prefeito já mandou avisar o Ministério Público, que não vai acatar a recomendação.  

Nosso prefeito se comporta como as autoridades daquela época, ao liberar o comercio e as atividades econômicas e sociais. Ocorreu que logo após a   primeira onda, como acontece no nosso município, quando os estabelecimentos foram liberados em pleno período junino, as pessoas saíram enlouquecidas às ruas, as compras e veio, como esta, a segunda onda que matou três vezes mais que a primeira. Não deixe que as pessoas digam o que você deve fazer, cuidem-se, protejam-se e lembre-se que ainda não existe cura para esse vírus que ataca vários órgãos vitais e mata! E quem o pega se vê no isolamento sozinho e longe das pessoas que ama sem saber se irá amanhecer vivo. 

Para resgatar nossa memória, o escritor Ruy Castro no livro “O Carnaval da Guerra e da Gripe” descreve as cenas resultantes daquela pandemia que são terríveis e horripilantes. Transcrevo algumas partes de sua narrativa: “A morte em massa começou a gerar consequências que ninguém podia controlar. Sem leitos suficientes nos hospitais da cidade, os doentes eram amontoados no chão das enfermarias e nos corredores. Muitos morriam antes de ser atendidos. Os hospitais foram fechados às visitas e, nos enterros, só se permitia a presença dos mais próximos. Mas logo deixaria de haver espaço para condolências. Em pouco tempo, os velhos rituais — velório, cortejo e sepultamento — ficaram impraticáveis. As casas funerárias passaram a não dar conta. Viam-se carros transportando caixões com tábuas mal pregadas, indicando que tinham sido feitos às pressas. Então, começou a faltar madeira para os caixões e gente para fabricá-los. As pessoas morriam e seus corpos ficavam nas portas das casas, esperando pelos caminhões e carroças que deveriam levá-los. Os motoristas e carroceiros os recolhiam na calçada e os atiravam nas caçambas como se fossem sacos de areia.
“As aglomerações foram desestimuladas tarde de mais. (…) Os doentes eram tantos que muitas atividades básicas sofreram por não haver quem as desempenhasse. ”  Assim como o coronavírus, a gripe espanhola também não distinguia classes sociais. Levou gente entre os pobres, os remediados e até de famílias importantes do nosso país.


O que a história da gripe espanhola nos ensina é que temos que ter prudência em lidar com pandemias e se ficarmos preocupados mais com a economia do que a saúde do povo, as consequências serão nefastas ao cidadão por se tratar de vidas.




ARTIGO - Sem licitação mais oito ônibus (Padre Carlos)



Sem licitação mais oito ônibus 

  

Sem licitação, la vie en rose 


       Todo cuidado com a coisa pública nunca é demais. Esta frase pode parecer óbvia, mas quando observamos alguns fatos da gestão pública no Município de Vitória da Conquista, especificamente na área do Transporte Público, o óbvio são os sentimentos de ultraje e revolta. Mais uma vez a comunidade foi surpreendida com mais uma medida por parte do prefeito Herzem Gusmão (MDB) ao contratar sem licitação mais oito ônibus da Viação Rosa por R$ 2,6 milhões. 
Sabemos que nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento é dispensável a licitação, nesta conjuntura deixa de existir todos aqueles controles rígidos que geralmente são exigidos para qualquer tipo de contratação pública próprio da lei de licitação. Desta forma, o poder público para contratar estes ônibus não precisou atender uma série de requisitos, uma série de procedimentos inerente a esta lei. Com o decreto do estado de emergência, ouve uma certa flexibilização destra regras rígidas. O prefeito, embora possa muito, não pode tudo e com certeza vai ter que explicar a sociedade porque preferiu gastar o valor de R$ 2.623.347,48 pelos próximos 180 dias a outra companhia para operar em oito linhas do Lote 1, apesar de a Cidade Verde informar ter ônibus disponíveis para suprir aquela necessidade.  
       Não podemos esquecer que o vereador professor Cori, vem travando com os poderes públicos uma verdadeira batalha sem precedente para que aceite as denúncias sobre os contratos emergências que a prefeitura realizou e vem realizando ao longo dos últimos anos com algumas empresas, sem qualquer critério licitatório.   
    Nesta situação do atual procedimento administrativo, é permitido que o prefeito formalize esta contratação sem a necessidade da burocracia da licitação. Porém, gostaria de lembrar ao prefeito, que nem tudo o que é legal é moral. O fato de algo estar perfeitamente dentro da Lei não o torna automaticamente correto e isto se aplica para a necessidade de determinados gastos por parte do executivo. 

Nesse sentido, pedimos a Câmara de Vereadores, os representantes legais do povo, o cumprindo do seu papel de fiscalizar os atos do Executivo e possa expedi um requerimento de informação à Secretaria de Transporte e Transparência para solicitar esclarecimentos porque recusaram a oferta da Viação Cidade Verde e se houve outras ofertas.  
  
  
       Diante de fatos como esses, é legítimo que a população se preocupe com as finanças do município e, mesmo repetindo o óbvio, todo cuidado com a coisa pública nunca é demais... 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...