O racismo e a história da Igreja
(As pregações sem presbitério )
Quando estudamos teologia e em especial, a
história da Igreja, podemos constatar que nem o racismo nem a violência estão
na matriz do Cristianismo. Apesar disso, a história da Igreja está manchada por
práticas discriminatórias e violentas: a Igreja é constituída por homens e por
mulheres que, influenciados pelos seus contextos, não souberam ser fiéis aos
princípios cristãos e deixaram-se contaminar por ideias contrárias ao
Evangelho.
Assim,
já nas primeiras comunidades verificava-se tensões e confrontos entre pessoas
de culturas diversas, nomeadamente entre gregos e judeus. Foi isso que levou S.
Paulo a esclarecer os Gálatas que, pelo batismo, todos são filhos de Deus,
razão pela qual "não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há
homem e mulher" (Gál. 3, 28). Para um cristão, não faz qualquer sentido
discriminar alguém por causa da sua raça, condição social ou sexo. Com o
Concílio Vaticano II, essa fraternidade passou a envolver os crentes de outras
igrejas cristãs, de outras religiões e até os não crentes.
Jesus,
ao longo da sua vida, como comprovam os Evangelhos, procurou estar sempre
próximo daqueles que eram marginalizados e discriminados: os leprosos, os (loucos),
endemoninhados, as prostitutas, os publicanos, etc. Chega ao ponto de se
identificar com eles e de advertir os seus discípulos de que serão julgados
pela forma como os acolherem ou não (Mt. 25, 40).
O
Evangelho demonstra também que, para Jesus Cristo, a única forma de romper a
espiral da violência é não responder ao mal com o mal. A não violência é a maior força que existe à disposição do ser humano.
Mahatma Gandhi entendeu o que Cristo
falava e não precisou se converter ao cristianismo para se tornar um dos
maiores líderes pacifistas da história, levando multidões a conhecer e a
praticar o significado da não
violência.
A estratégia da luta sem
violência também foi adotada por Martin Luther King ao não obedecer a
legislação segregacionista americana, não acatando as leis racistas vigentes. O
objetivo dessa reação pacífica não era, portanto, o rompimento com a ordem
jurídica e institucional estabelecida, mas sim uma luta contra leis consideradas
injustas e prejudiciais àquela parcela da sociedade.
"Ouvistes
o que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, digo-vos: não
oponhais resistência ao mal. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe
também a outra" (Mt. 5, 38-39). E não o disse apenas, Ele deu testemunho
ao entregar-se na cruz sem oferecer resistência. Censurou até Pedro, quando ele
agride um dos guardas que ia prendê-lo
(Jo. 18, 11).
A
violência e o vandalismo, como se tem visto nas manifestações contra o racismo,
acabam por manchar uma reivindicação que é legítima e, também, profundamente
cristã. Isso retira-lhe força e eficácia. Jesus Cristo disse todas estas coisas com clareza e Gandhi, Luther King, entre outros, entenderam muito bem.
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