sábado, 5 de setembro de 2020

ARTIGO - Aprendemos com os nossos Próprios Erros? (Padre Carlos)

 


 

 

 

As administrações petistas na nossa cidade sempre se destacaram pelos bons índices de aprovação alcançados nos vinte anos em que esteve à frente do governo municipal, tanto nas pesquisas de opinião pública, quanto no meio empresarial e nas camadas mais populares. Guilherme Menezes foi eleito em 96 com cerca de 56,7% dos votos. O que deixa claro que foi uma eleição apertada.

Mesmo a cidade sitiada por lixo, a votação da direita foi considerável e os votos para a chapa proporcional revelavam isto. Não só conseguia a maioria no parlamento, mas, faziam uma oposição acirrada para voltar ao poder. Assim, não podemos deixar de avaliar que as forças de direita sempre estiveram vivas e esperaram o momento certo para deslocar parte da base que este projeto conseguiu aglutinar, para enfraquecer o seu oponente.

  


Nesta gestão, aconteceu uma evolução significativa do nível de popularidade do partido e dos seus gestores, criando assim as condições necessárias para transformar Vitória da Conquista em uma das cidades mais prospera do Norte e Nordeste do país. 
    Em pouco tempo, com uma equipe de governo austera e comprometida, sob o comando do Professor Wilton Cunha, o Governo Participativo conseguiu sanear as dívidas da cidade, ajustou as contas com os credores e passou a pagar ao funcionalismo em dia. Desta forma restabeleceu a dignidade do Município e também de sua gente. Desde então vários avanços aconteceram a partir da iniciativa de Guilherme Menezes e do Professor José Raimundo. Serviços públicos importantes receberam a devida atenção, e os avanços foram efetivos nas áreas de finanças, saúde, educação, moradia, cultura, meio ambiente e recursos hídricos, atenção à criança e ao idoso.

         A solidez do prestígio da administração petista era tão considerável que, apesar de enfrentar partidos consolidados na cidade e toda a força da máquina administrativa do Governo ACM, não abalava seu projeto de governo.  Mas o que aconteceu com esta máquina de voto? Avaliando hoje os nossos erros, podemos afirmar que eles não se diferenciam dos grandes problemas enfrentado pela esquerda quando permanece muito tempo no poder, segundos os cientistas políticos, distancia-se da sua base e passar a acreditar que o voto de opinião e suas realizações lhes bastam.

         Uma das coisas que tenho observado é que temos aprendidos mais com os erros de Herzem do que com os nossos. Acredito que o partido se torna maduro quando é capaz de olhar os seus erros de frente e crescer com ele. O erro faz parte do crescimento de grupos e de pessoas, ele tem uma profunda dimensão pedagógica para o partido e as suas lideranças. Todavia, isso não é desculpa para se persistir no erro, ao contrário, é uma oportunidade para enxergarmos de forma diferente, extraindo dele todo o aprendizado que pode nos proporcionar um retorno seguro ao comando da capital do Sudoeste.

        


Temos que buscar uma aliança com nossos parceiros antes do segundo turno. Conversar com o PSB e o PSD é fundamental para trazer votos que jamais poderíamos alcançar. A conversa com o PCdoB é importantíssima, nunca este partido se preparou tanto como tem feito nesta eleição com  grandes quadros  e uma chapa proporcional que dá inveja a qualquer legenda. Além da importância deste partido, não podemos deixar de buscar um entendimento com estes dois partidos em razão da importância do voto de centro e de centro direita.

O erro sempre pode nos ensinar algo. Ele não é fim, mas pode ser sempre a possibilidade para um novo começo.

 

 


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

ARTIGO - A solução é renovar? (Padre Carlos)

 


 

 

 

A solução é renovar?

 




Quando Eça de Queiroz falou que "os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão", não queria dizer que renovar fosse a única solução para todos nossos problemas.


Quando ouvimos certos discursos por renovação da Câmara de Vereadores da nossa cidade, fico pensando nos motivos que são apresentados por certos eleitores: precisamos renovar! Como assim, trocar essas pessoas só por que têm mandato? A questão não pode ser tirar por tirar porque estão exercendo um mandato, tem mais a ver com uma questão de renovar as ideias. Somos a favor da renovação, mas a renovação precisa ser menos ingênua. Tem que renovar mais ideias do que propriamente trocar pessoas o tempo todo.

A gente reclama muito dos nossos vereadores, da qualidade técnica e política dos nossos representantes e temos toda razão em fazer isso, mas a discussão está em outro lugar, na capacidade que a gente tem de olhar para os bons políticos e avaliar o trabalho dele, e punir o mau trabalho.

Se por um lado os novos parlamentares tendem a carregar ideias mais arejadas, por outro a política não é feita apenas de boas ideias. Não podemos esquecer, que os vereadores mais antigos conhecem os meandros da política os ritos formais necessários para que essas ideias se concretizem, o que os novos ainda desconhecem. Minha experiência na vida política leva a crer que a mistura entre novatos e experientes é salutar.


Precisamos acabar com o preconceito de achar que o parlamento além de uma vocação não seja também uma profissão na política. Como um bom profissional, ele tem que se dedicar várias horas do dia estudando e se informando como muito rigor. Assim, queremos chamar a atenção das chapas majoritária e das grandes lideranças da nossa cidade, que um parlamentar que se profissionaliza, além de ser um grande quadro para o partido e para o projeto de governo deste, é também um bom político. Só os bons parlamentares, sabem como a Câmara funciona, como os projetos são aprovados,  não dependem dos assessores a todo momento. Se ficarmos trocando estes quadros o tempo todo, substituindo o tempo inteiro, [a política] vai ficar nas mãos das burocracias e não do eleito.


terça-feira, 1 de setembro de 2020

ARTIGO - Convenção presencial e a insensatez (Padre Carlos)

 



 

 

Convenção presencial e a insensatez



Quando tomei conhecimento através da imprensa local que o prefeito Herzem Gusmão vai realizar a convenção do seu partido de forma presencial, não acreditei.  Se não estivéssemos vivendo uma crise sanitária, não seria problema algum, mas realizar uma convenção presencial e promover aglomeração neste momento, no mínimo é um gesto insensato. Vivenciamos uma das piores pandemias da nossa história e este vírus, tem tirada milhares de vida; além disso, ainda não existe cura nem uma vacina que possa amenizar este perigo. Assim, não me parece um gesto sensato, realizar um evento como este, principalmente se tratando da autoridade máxima do município.


Chamamos a atenção do Ministério Púbico para os números de óbitos que vem acontecendo em nosso município. Somente no mês de agosto foram 45 óbitos, por conta deste vírus. Em julho foram 39 e as outras 16 mortes aconteceram entre abril e junho. Diante destes números, poderíamos dizer que estamos vivenciando o pico da pandemia e que ela está em escala crescente.

 O número de casos ativos está subindo significativamente e juntar jovens e pessoas mais velhas, como se espera que aconteça na Convenção do MDB, no dia 9 de setembro, comporta “vários riscos”. Não precisa ser matemático para fazer uma projeção se encontrasse uma ou mais pessoas infectadas no local.

 A autorização da realização de uma convenção como esta, onde se propaga a presença de personalidades nacional, não deixa de ser uma banalização a todo o trabalho já feito até agora. Este evento na forma de aglomeração é um ato de desrespeito e de desprezo pelo povo conquistense. Nem mais nem menos: desrespeito e desprezo.



Primeiro, por parte do MDB, que não tem a decência nem a sensibilidade para abdicar, de uma convenção presencial nem um ato político, num contexto verdadeiramente difícil para sua gente.



        Desprezo, porque foram mais de cem mortes provocadas pelo coronavírus e todo o esforço que a comunidade tem feito, pode ser de alguma forma perdido.

Neste momento de dor, não basta decretar luto oficial é preciso gestos concretos. Municípios, estados e União erraram. A disputa política se sobrepôs aos interesses da sociedade.

 

 


domingo, 30 de agosto de 2020

ARTIGO - A esquerda do Brasil é “tão autoritária quanto à direita. (Padre Carlos)

 

 

A esquerda do Brasil é “tão autoritária quanto à direita.


 

 

           Quando estudamos filosofia política e fomos forjados nos anos de chumbo, terminamos tendo uma visão mais clara da atual realidade do mundo da política. Assim, venho nestes últimos tempos percebendo certos comportamentos que antes escapavam da minha percepção e uma delas, é que a esquerda brasileira é tão autoritária quanto à direita, no que diz respeito ao comportamento das legendas partidárias. Gostaria de chamar a atenção dos meus leitores, que os partidos políticos esquerdistas estão inseridos na mesma cultura política, e sofrem com as mesmas influências que os partidos de centro e de direita vivenciam.
 Você diferencia somente em alguns momentos pontuais e no embate político. Claro que são projetos diferente e não é isto que este artigo gostaria de abordar.
          


Como cidadão e eleitor, defendo uma Reforma do Estado brasileiro é este que se tornou autoritário e qualquer poder que ele represente, termina levando para seu interior esta estrutura. Quanto à questão política, temos que ousar em algumas medidas e uma delas é a implantação do sistema de “lista fechada”. Quando avalio o atual panorama político brasileiro, não posso deixar de defender a necessidade de uma mudança na nossa legislação. Tenho certeza que, a reformulação com a adoção de algumas medidas daria uma maior representatividade aos partidos políticos brasileiros e criaria no seu interior uma participação maior, isto é, uma democracia interna e oxigenaria a militância partidária.  Um dos grandes problemas da nossa República, é a falta de separação de poderes”, e a recentes decisões adotadas pelo Poder Judiciário no tocante ao afastamento de um governador democraticamente eleito do estado do Rio de Janeiro por decisão monocrática de um ministro, do Superior Tribunal de Justiça, é antidemocrático e inconstitucional e revela a face autoritária do nosso estado. Assim como no parlamento e entre os Partidos, é necessário definirmos os limites dos poderes no Estado e dos caciques políticos.

            Por que será que a reforma não acontece? Porque se você começar a mexer nessas estruturas vai obrigar os atores políticos a terem um comportamento que não é bom para eles. O Judiciário tem ocupado esse vácuo e começado a legislar, algo que é absurdo -  a omissão do parlamento em realizar certas reformas entre elas a política, faz com que a sociedade provoque o Supremo e este estar gostando deste papel de dar sempre uma resposta. Mas eu gostaria de deixar claro para a sociedade que o tempo da política é diferente do tempo da Justiça e estas interferências pode custar caro a nossa democracia. É importante que questões, como as de caráter político e partidário, devam ser tratadas só pelo Congresso Nacional, para mantermos desta forma a independência dos poderes republicano.

            Quando se tem telhado de vidro, não se joga pedra no telhado dos outros. Assim gostaria de perguntar aos políticos: Será que foi só o PMDB que se transformou em uma frente? O que significa sigla de aluguel? Por que são poucos os partidos no Brasil   que ainda tem uma representação e defendem de forma clara os interesses de um seguimento da sociedade? Ao avaliar o panorama dos partidos políticos brasileiros na atualidade, considero que há no Brasil legendas mais e menos rígidas, no que diz respeito às suas posições ideológicas.
          


Voltando ao caso clássico do nosso sistema, foi o PMDB, uma das maiores agremiações partidárias brasileiras e que acabou englobando diversas correntes e adeptos.
O PMDB ficou entre o meio termo, entre preservar suas raízes históricas e ser aos poucos minado com o fisiologismo. Na verdade, o PMDB, assim como alguns partidos  brasileiro, não são partidos, são frentes políticas.  Essas legendas seguiram a lógica de agregar a maior quantidade de pessoas em torno de uma coisa, e no caso do PMDB, terminou defendendo mais interesses de seus integrantes do que suas “ideologias”.

 

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ARTIGO - Roncalli, Bergoglio ou Franciscos? (Padre Carlos)

 

Roncalli, Bergoglio ou Franciscos?

 

Em meio a tantas e lamentáveis perdas nestes tempos, avulta a morte de Dom Pedro Casaldáliga, para entendermos que a geração do pacto das catacumbas está partindo. Estes nossos Irmãos que partiram, muitas vezes plantaram e regaram com o próprio sangue a semente de uma Igreja dos pobres e para os pobres. Hoje, entendo como as aulas de Frater Henrique foi fundamental para entender o nosso passado e as nossas lutas.


Assim, lembrei-me hoje que vai fazer 58 anos da abertura do Concílio Vaticano II e que esta geração que vivenciou estes acontecimentos, estão partindo para casa do Pai. Foi no dia 11 de outubro de 1962, a inauguração solene do Concílio, o maior acontecimento em número de participantes na história da Igreja e de consequências mais significativas também – poderíamos afirmar que se trata de um dos maiores acontecimentos do século XX. Estavam representados 133 países neste grande evento em Roma 2540 padres conciliares; o número esperado era 2908, mas muitos não puderam comparecer. Pela primeira vez, houve mulheres convidadas e também observadores protestantes e ortodoxos.

Nos concílios anteriores, a finalidade era um tema concreto e para condenar heresias. Neste, tratava-se do aggiornamento (atualização e abertura) da Igreja, não para condenar, mas para ir ao encontro do mundo moderno, estabelecendo pontes. Como disse João XXIII, para quem o Concílio devia ser um "novo Pentecostes", a Igreja "julga satisfazer melhor as necessidades de hoje mostrando a validade da sua doutrina do que renovando condenações". Nos documentos conciliares, afirma-se que a Igreja é Povo de Deus, a hierarquia vem depois; afirma-se a colegialidade episcopal, promove-se o apostolado dos leigos; a revelação não é uma herança enregelada, mas viva e dinâmica; reformou-se a liturgia e introduziu-se o vernáculo; renovou-se a formação do clero; afirmou-se a liberdade religiosa; aprofundou-se o ecumenismo e o diálogo inter-religioso; a Igreja é um serviço a toda a humanidade.  Às vezes me pergunto: o que seria hoje a Igreja sem o Concílio?


A festa da abertura terminou com um acontecimento "inesquecível, ao anoitecer, uma multidão de meio milhão de pessoas com tochas na mão concentrou-se na Praça de São Pedro e, com o luar, formou uma cruz imensa. João XXIII veio à janela, para acenar para o povo de Deus.


        Estes dias, semanas e meses de confinamento, foi a fé que evitou o vazio na minha alma e me fez acreditar que Deus é Pai. Assim, mais uma vez as palavras de João XXIII, proferidas naquela noite, vieram aos meus ouvidos:
"Quando voltardes para casa, daí aos vossos filhos um beijo de boa noite e dizei: é um beijo de boa noite do Papa. Que saibam que o Papa, sobretudo nas horas mais tristes e duras, está junto dos seus filhos. Ele é um irmão que, por vontade de Nosso Senhor, se tornou pai."

 

 

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

ARTIGO - A astúcia do eleitor Conquistense (Padre Carlos)

 


 

 

A astúcia do eleitor Conquistense


 

O eleitorado de Vitória da Conquista entendeu que a polarização é melhor do que a unanimidade. Ele vê como positivo ter dois grupos políticos disputando a liderança dos poderes executivo e legislativo da municipalidade. Se só um tiver a hegemonia política pode ter a sensação de que nada precisa fazer para ter a necessária legitimidade que torna a governabilidade factível.


Os grupos que protagonizam a disputa pela prefeitura estão sendo obrigados a entender que precisam “mostrar serviço” sob pena de perderem apoios. A população constatou que quanto mais dividida mais eles terão que trabalhar em prol da comunidade. Entendeu que ter os governos do estado e da cidade disputando, através da atuação, sua preferência é algo que só a beneficia.

Essa racionalidade eleitoral contrasta (mas não nega) o comportamento apaixonado da população conquistense nos períodos eleitorais. Claro, ele é bem mais consequência da cultura política local do que algo demandado pelos atores e partidos políticos.

Vitória da Conquista é, hoje, o proscênio da política eleitoral baiana, devido os vinte anos que foi governada pelo Partido dos Trabalhadores. Uma coisa é o grupo liderado pelo, prefeito Herzem Gusmão também, à frente do terceiro colégio eleitoral do estado e outra é o grupo que lhe faz oposição e busca não apenas retornar ao governo da capital Sudoeste, mas, demostrar força para o resto do estado, que o governador Rui e o projeto a nível de estado não sofreu nenhum abalo. São cenários diferentes, com correlações de forças alteradas. E em Salvador, o maior colégio eleitoral estadual, ACM Neto firmou-se com vitórias inquestionáveis nas duas últimas eleições e nosso município pode ser o fiel da balança nos próximos embates. Também é bom não desconsiderar que as relações políticas endógenas do grupo liderado pelo senador Otto Alencar vêm demostrando de forma clara que tem pretensões de ser governador da boa terra e este deslocamento da centro direita, pode representar um abalo ao projeto de poder do PT e dos seus aliados.


O Partido dos Trabalhadores, deveria dialogar com as forças de esquerda do município e articular ainda no primeiro turno uma frente que possa levá-lo ao segundo turno com uma vantagem substancial, só assim afastaria de vez as esperanças da direita de se manter por mais quatro anos no poder. Quando a esquerda se divide fica difícil juntar os cacos depois do primeiro turno, não podemos esquecer que estarão bem vivas as cicatrizes, as mágoas, as amizades desfeitas e até mesmo a dissolução de uma frente que poderia representar um projeto e tudo isto pode acontecer devido da falta de habilidade política dos nossos líderes. Sabemos que este será o mais áspero, agressivo e intolerante processo eleitoral que já presenciamos. Por isto, uma aliança destas forças representa além de sair forte deste processo, manter unido a Frente Conquista Popular e não deixar nossos projetos pessoais atrapalharem. 


     Apresentando-se repartido não se sabe até onde, o eleitorado conquistense oferece aos atores políticos envolvidos na disputa uma sábia lição – a unanimidade pode até ser mais cômoda aos grupos políticos, mas não satisfaz aos interesses e necessidades de grande parte da população.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

ARTIGO - Os antifascistas do ministro (Padre Carlos)

 

                        Os antifascistas do ministro

 


Dizem que Bolsonaro não é o que diz ser. Respondo que a História não avança à força de intenções inconfessadas. Hitler não podia ter dito com mais clareza para que viria. O que aconteceu foi que quase ninguém quis acreditar no que ele dizia. E não é tão claro o que o Presidente e a sua tropa de choque nunca deixaram de dizer?


Troque-se a epígrafe ‘judeu’ por ‘negro, pobre e esquerda’ e teremos o critério dominante nas redes sociais para identificar um fascista.

O “antifascismo” é hoje um libelo que os inimigos da liberdade usam para intimidar os que não se submetem. “Antifascistas” para o ministro da Justiça e para o presidente, passaram a ser todos os que não aceitam as imposições do extremismo nas variantes italiana ou do Estado Novo.

Tática que não é nova, pois está inscrita na história do fascismo. O que fazem hoje os inimigos da liberdade é deslocalizar o termo e o fantasma para um tempo e uma realidade material em que é possível se cruzarmos os braços a volta do fascismo.

Para se perceber o que é o fascismo – e avaliar se existe hoje o perigo de um retorno que ameace a democracia –, teremos de colocar a questão na perspectiva histórica. Podemos usar o termo para movimentos políticos que apresentam as características do fascismo histórico (ou revelam mesmo características deste regime).

Este fenómeno político que apareceu na Itália entre as duas guerras mundiais e foi adotado em formas mais extremas ou mitigadas por outros partidos e regimes surgidos no mesmo período – pensávamos que estivesse vencido e enterrado em 1945.

O estigma lançado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, contra os que na oposição democrática combatem o fascismo tentou minar em Brasília e em todo o Brasil a luta pela democracia. E tenta hoje perverter ou reverter as liberdades alcançadas ,pela Carte Magna de 1988 que os bolsonaristas tentaram aliás rasgar

O primeiro momento em que se tem notícias dessa acusação de antifascismo a combatentes da liberdade foi na década de 1924-34, na Itália, quando a utra-direita acusaram os socialistas, republicanos, liberais, democratas e conservadores de serem comunistas. Receita repetida também entre nós pelos bolsonaristas antes e depois da posse do presidente, até hoje.

Mais tarde, em 1964, contrariado pelas propostas de reformas de base dos governos nacionalistas e depois do golpe militar, também a direita e as elites que apoiaram a quebra da democracia, cederia à tese dos militares e da direita de que o perigo do totalitarismo comunista não era representado somente pelas esquerdas mas, por democratas e republicanos – que lideraram o país com um governo de caráter esquerdista.

Mas como caracterizar o fascismo?

O fascismo preconiza um regime de partido único, o culto do chefe com a concentração de todos os poderes nas suas mãos, como divulgou a revista Piaui – o fechamento do STF. O fascismo trabalha as massas cujos interesses pretende ‘diretamente’ representar (e determinar), expansionista, repressivo de todas as correntes de pensamento, das liberdades. É uma ideologia que não preconiza o fim das classes mas obriga à cooperação de todas para aquilo que o ditador decide ser o bem comum.

 

 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...