A
verdade sobre a saída da Ford da Bahia
Analisar
a conjuntura brasileira, não é tarefa fácil, e não digo isso apenas como uma
frase de efeito. Repito fazer análise não é fácil, por vários fatores, mas, um
dos principais motivos vem da própria política, em decorrência da forma como os
grandes grupos de comunicação tomam partidos e tentam influenciar a população.
O fato que chamou minha atenção e motivou escrever este artigo, esta
relacionada à forma como o jornal O Globo através do seu colunista Laura
Jardim, tenta justificar que o PT estaria fazendo vistas grosas para a saída da
Ford do Brasil. Assim na sua coluna deste jornal ele escreve: “Sinal dos tempos:
o PT que nasceu na luta sindical do ABC, centro nervoso da indústria
automobilística no Brasil, não fez nenhuma manifestação especial em relação ao
bye bye que a Ford deu ao Brasil ontem”.
Gostaria de lembrar a este renomado jornalista, que o PT vem denunciando esta montadora há mais de vinte anos, pela prática de impor aos governos estaduais uma política de isenção fiscal em troca do parque industrial. Esta forma de sangria dos impostos e do patrimônio do povo brasileiro termina criando uma situação de guerra fiscal, que não é nada salutar para economia e para a nossa democracia.
Esta empresa é uma velha conhecida dos
políticos, sempre agiu desta forma, quem não se lembra da manobra protagonizada
por Antônio Carlos Magalhães, para a Ford se instalar no Nordeste? A Ford
acabou trocando o Rio Grande do Sul pela Bahia em um processo que envolveu,
entre outras decisões, a edição de uma Medida Provisória pelo governo Fernando
Henrique Cardoso estabelecendo vantagens muito maiores para a empresa se
instalar em Camaçari. Na época e nos anos seguintes, Olívio Dutra qualificou o
episódio como um desrespeito ao pacto federativo, mas a imprensa burguesa
condenava na época o PT pela saída da Ford do Sul do Brasil.
Como
se sabe, o governo Olívio Dutra comeu o pão que o diabo amassou por ter ousado
questionar os termos do contrato firmado pelo governo Antônio Britto (PMDB) com
a montadora. Esta multinacional só quer incentivos fiscais que as nossas não
têm. Dizíamos há vinte anos: o dia que achar que o Brasil não serve mais vai
embora e não dá nem tchau’.
Não podemos esquecer que a elite gaúcha usou os seus veículos para falar mal do governador e do PT e apoiar a narrativa do PMDB e seus aliados. Agora quem vai reparar os prejuízos sofridos por este partido ao longo desses 20 anos? Em vez de criticar o PT o Jornal e seu colunista deveriam pedir desculpa publicamente a este Partido pela forma que crucificou em praça pública por discursos raivosos na mídia, que repetiam incansavelmente críticas e xingamento aos “inimigos do progresso”. Os veículos da RBS, que é afiliada da Rede Globo, em especial, passaram anos a fio, construindo uma narrativa que transformava a empresa e o desenvolvimento do Rio Grande do Sul em vítima de um “governo sectário e estreito”. O governo Olívio havia “mandado a Ford embora”. Era isso que importava. E a expressão virou bordão de muitas e muitas campanhas eleitorais.
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