sábado, 13 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Nossa esquerda preconceituosa (Padre Carlos)

 


Nossa esquerda preconceituosa




Peço licença aos leitores, para iniciar este artigo citando o grande Santo Agostinho (354-430) disse: “Teus pecados são a tua tristeza, deixe que a santidade seja a tua alegria”.
Faz alguns anos que li um artigo da jornalista Camila Marciel - em sua coluna na Agência Brasil São Paulo, a repórter tratava da forma brutal como o DOI-Codi sequestra e mata Manoel Fiel e diz que o metalúrgico cometeu suicídio. O que causa surpresa, é que a morte do metalúrgico ocorreu menos de três meses após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, no mesmo local e em circunstâncias parecidas, sob a versão oficial de suicídio e não teve o impacto e a revolta que a imprensa e a “esquerda democrática” demostraram no caso do jornalista assassinado.


Neste texto, Gostaria de levantar algumas questões para que possa servir de reflexão para o conjunto da esquerda no que se referem aos erros, conceitos e pré-conceitos de classe que persistem em existir em nosso meio. Assim, é preciso dizer que nem sempre colocar de forma clara e corajosa aquilo que muitos não têm coragem e/ou interesse em fazê-lo, pode não ser interessante ou compensador para o articulista, mas quando o objetivo é ajudar o leitor a refletir, temos a obrigação de correr este risco. Demostrar como a imprensa e a esquerda brasileira tratou ao longo da sua história alguns fatos de forma desigual, chamou nossa atenção para alguns acontecimentos que tiveram como referencia dois pesos e duas medidas.

            A sociedade brasileira, ou melhor, as elites e a classe média, ao se formarem, foram se contaminando cada vez mais, com um preconceito velado de classe social, ou seja, as pessoas são preconceituosas, mas fingem não ser em muitas situações. Diante desta constatação, podemos dizer que a nossa esquerda não pode fugir da regra, por fazer parte ou por ter na maioria de seus quadros, muito destas origens.  Para avaliar como o preconceito está embutido na esquerda brasileira, basta analisar o comportamento da imprensa ou da classe média em relação ao fato citado no início deste artigo. Já paramos pra pensar porque até hoje não temos na história da UNE um presidente negro? E porque as elites tem um ódio de Lula e de tudo que ele representa? Embora estes exemplos sejam dignos de ser desenvolvidos e aprofundados com relação ao nosso tema, prefiro abordar este assunto com um fato fora das fileiras da esquerda e que demostra claramente este preconceito. Assim, no início de fevereiro de 2015, em um único final de semana, a Rondesp (Rondas Especiais) da Polícia Militar baiana assassinou 15 jovens negros em crimes com características de execução. As operações policiais daquele final de semana foram parte de uma vingança contra um policial que havia levado um tiro nos dias anteriores.  Com isto, a esquerda da boa terra, se tornou a mão destes carrascos ao fechar os olhos e não denunciar nem se escandalizar com aquela chacina. Naquela época, não vi ninguém do diretório nacional ou algum deputado se posicionando contra as posições do atual governador. Queria lembrar aos leitores que era carne preta, esta tem pouco valor no mercado. Porem basta o mesmo homem da caneta, cortar o salario dos grevistas, isto é, de uma elite do funcionalismo público para o circo pegar fogo. Será que o grande mal da esquerda é só o corporativismo? Será que neste comportamento não há um preconceito de classe e racial? Não quero omitir nem justificar os crimes dos envolvidos, mas se este fato se desse com jovens de classe média no mesmo local e em circunstâncias parecidas, sob a versão oficial de confronto, teria tido o mesmo desfecho?  Porque estas mortes não provocou a mesma comoção nos nossos políticos e nas instancias dos partidos de esquerda, como tiveram os descontos no contra cheque daqueles funcionários públicos?

           


Quando chegamos a uma determinada  idade, podemos com nossa experiência afirmar que a arte de fazer política, com certeza é a capacidade de engolir sapo. Infelizmente, as questões citadas vão além dos sapos engolidos, estamos falando de princípios e dignidade.  Por isto, acredito que ser de esquerda é um desafio. Acredito que requer muita “dureza”, mas, também, um senso de justiça sem nenhum preconceito, para que possamos criar uma comunidade justa e democrática.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

ARTIGO - A voz do ódio ouve-se bem. (Padre Carlos)

 


A voz do ódio ouve-se bem.



Com a perda de mobilização e organização política dos movimentos sociais, presenciamos de forma inerte o avanço não só da destruição da estrutura do estado brasileiro, mas uma coordenada tentativa de anular com as conquista que o povo brasileiro acumulou ao longo do século XX sobre os direitos humanos.


Entre silêncios e omissões, tomamos conhecimento através da imprensa sobre a forma como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exaltou os cinco presidentes militares que o Brasil teve de 1964 a 1985 e classificou a ditadura militar, período marcado por violações à democracia e aos direitos humanos, como um regime um pouco diferente do que temos hoje. Não podemos ouvir as vozes das pessoas que foram mortas e torturadas pelo regime que o presidente chama de “pouco diferente”. Confesso os senhores que naquela hora me veio à mente as palavras de Martin Luther King e pensei: não são as palavras de Bolsonaro que tenho medo, mas o silêncio da imprensa brasileira e das elites que demostraram desprezo ao pobre e todos aqueles que de uma forma ou outra possa ameaçar seus privilégios.

Estas pessoas, vem se aproveitando do silêncios de quem deveria defender o estado de direito, estas figuras que mais parecem que saíram do armário da história, ainda com cheiro de naftalina, aproveita para mobilizar o ódio. A voz do ódio ouve-se bem. E há quem não perceba a ameaça que isso significa, porque não conhece bem o que é viver com o medo.

Sempre estará lá, o medo daquelas botas, sabendo que ninguém entenderá as marcas –  a dor, se não o dissermos. Sempre lá, as razões para ter medo. Sempre posta em causa, à primeira liberdade de expressão – a da expressão política.

Todas as pessoas sabem o que é ter medo, mas não o que é viver com medo. Um medo permanente, tatuado na alma de muitos companheiros, o medo de Frei Tito.


Sempre, na vida, procurei – em conjunto com quem militava a partilha deste medo que persiste – ajudei a construir segurança. Leis que não nos agridam, práticas que não desviem os olhares. Construímos segurança que até pouco tempo coexista com o medo que sempre esteve lá. E construir calor e denunciei nos meus mais de quarenta anos de militância o medo que é frio.

A natureza ensina o homem a ser democrático, digo isto, porque foi justamente em plena pandemia, que todas as pessoas passaram a convivem com o medo. Por entre tantas perdas de tantas pessoas e por entre tanto sofrimento, ainda que diferenciado por todas as desigualdades, é a primeira vez que sinto que as elites e o povo, de forma real, democratizaram a convivência com o medo.  Mas é só um. Para pessoas que conheço e respeito suas escolhas, outros medos persistem para elas – e se agravam.

Desde logo, continua o medo de dizer.

É por isso ainda mais importante a visibilidade a outros níveis, como nos espaços de opinião que estão longe de refletir a diversidade de experiências que precisamos conhecer. Seja no que diz respeito às vozes de mulheres, de pessoas LGBT ou de minorias étnico-raciais. Até porque são pessoas que tem muito mais a dizer, por existir entre elas toda uma herança de silêncios.

Mas há também um medo que tem chamado minha atenção e tem se agrava. É que existem um silêncio e uma omissão as agressões ao estado de direito. Presenciamos nas mais altas cortes, o uso estratégico do Direito para fins de deslegitimar, prejudicar ou aniquilar o inimigo. No fundo, trata-se, de um uso indevido do Direito – pois, supostamente, este tem como função restabelecer a paz e não operar como instrumento de agressão – que, assim, é utilizado para realizar objetivos exatamente contrários à sua essência. 


É sob o silêncio cúmplice dos decentes que alguns dos maiores crimes acabam sendo perpetrados.  Aproveitando esta conjuntura, esses silêncios  tem dado cada vez mais  vozes estas forças para mobilizar o discurso de ódio. A voz do ódio ouve-se bem. E há quem não perceba a ameaça que isso significa, porque não conhece bem o que é viver com o medo. Podemos dizer que – na política e na direita, estas forças do mal, têm nome e endereço e mesmo diante destes crimes – encontramos quem relativize, justifique, pondere, calcule. Há quem confie num sistema que, afinal, nunca deu segurança a muitas pessoas. E há quem não se lembre de ouvir e fazer ouvir as vozes de quem sempre soube e tem marcado na carne, que há razões para o medo.

Gostaria de ouvir e ler mais pessoas que não têm mais medo de denunciar o discurso do ódio.  Sim, chegou a hora de dar voz a quem sabe tratar o medo por tu. E ter certeza que não estaremos sozinhos nesta luta e assim podermos dizer nós.

 


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Falou com o corpo e pregou de cátedra. (Padre Caros)

 

Falou com o corpo e pregou de cátedra.



 

 

Hoje faz oito dias que Celebramos pela primeira vez, o Dia Internacional da Fraternidade Humana: a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu esta comemoração através de uma resolução de 21 de dezembro de 2020.  A ONU escolheu o dia 4 de fevereiro porque, nesse dia, em 2019, o Papa Francisco, durante uma visita aos Emirados Árabes Unidos, assinou com o Grande Imã de Al-Azhar, o xeque Ahmad Al-Tayyeb, o "Documento sobre a Fraternidade Humana em Prol da Paz Mundial e da Convivência Comum".


A celebração realizou-se online e contou com a presença destes dois protagonistas e destacados promotores da reconciliação e da paz. Participaram, também, António Guterres, secretário-geral da ONU, e diversos líderes políticos e religiosos de todo o Mundo.

Outro acontecimento relacionado ao diálogo inter-religioso foi protagonizado por Dom Zanoni, em Salvador. A presença do arcebispo de Feira de Santana (BA), e membro da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso (Pastoral afro-brasileira) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em uma roda de capoeira no Terreiro de Jesus, para alguns, aquela reportagem que viralizou, do arcebispo desafiado alguns capoeiristas para uma apresentação desta arte no Pelourinho, não passou de uma brincadeira, para um teólogo ou historiador, este gesto representa o diálogo entre a cultura e o Evangelho, nosso pastor agora  pregava com o corpo.

Em tempos que ressuscitam narrativas xenófobas, racistas, nacionalistas - que promovem a desconfiança, a segregação, o conflito, o ódio e a divisão entre as pessoas - há quem resista e prefira continuar a propor a reconciliação, a sã convivência e a paz. Gente que continua "a estender a mão", a respeitar e a "escutar com coração aberto" quem é de uma religião, de uma cultura ou de uma tradição diferente da sua. São estas atitudes que, para o Papa e Dom Zanoni melhor traduzem a fraternidade humana.

 Este Pastor, sempre teve na sua caminhada a dimensão religiosa como um  componente fundamental da identidade e da cultura dos povos. Assim, Dom Zanoni vem chamando a atenção das Igrejas como as culturas  marcam profundamente muitas das comunidades que atualmente se cruzam entre nós. Esta diversidade de crenças, valores e de afirmações que trazem identidades baseadas na pertença religiosa constitui-se como um espaço privilegiado para o aprofundamento de uma cultura plural e aberto ao diálogo.

Desta forma podemos dizer, que esta foi a grande homilia do arcebispo de Feira de Santana na Roma Nega, falou com o corpo e pregou de cátedra.



 

 

 


terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Aniversário do PT 41 anos (Padre Carlos)

 



“Cuidado companheiro”!

A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. [...] A vida é a arte do encontro Embora haja tanto desencontro pela vida.”

 


Não. Não vou falar da falta que faz militar num partido onde não exista uma relação de poder. Não vou falar do mal que os mandatos com sua estrutura financeira e de poder fizeram ao partido ao longo das quatro décadas de existência. Não vou falar do nosso distanciamento do movimento sindical e popular. Também não vou falar que deixamos de fazer parte das pastorais e da perda de identidade com a Igreja. Não vou falar em nada disto porque os artigos que tratam destes quarenta e um anos de existência do Partido dos Trabalhadores, estão cheios destas constatações, os comentários a respeito destes assuntos proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar que as mudanças propostas pelos analistas e lideranças políticas do nosso partido se confirmem e esperar que a realidade de um PT para todos nos surpreenda.


Por isto, vou falar hoje dos companheiros que foram esquecidos pelos membros do partido, daqueles que por motivo de doença ou por não terem quem motivasse se afastaram apesar de se sentirem petistas. Quero falar daqueles companheiros que tiveram um papel importantíssimo, mas por questões políticas, não fazem mais parte do PT, mas quero falar também da alegria de ser petista da necessidade de celebrar esta data para que as comemorações dos 41 anos do PT não se esgotem num dia e espero que os companheiros tenham consciência que o partido não é uma estrela ou papel, o partido é de carne e osso. O PT não é uma sigla, o partido são pessoas, são elas que devem ser abraçadas e parabenizadas, estando dentro ou fora do partido. Quero parabenizar aqueles que a quarenta e um anos fundaram o PT e todas as gerações que deram continuidade a esta luta. 

         É um dever comemorarmos o aniversário do Partido dos Trabalhadores, valorizando a nossa História e fazendo dela fonte de inspiração do trabalho no presente e alicerce do nosso futuro coletivo. Dadas as atuais circunstâncias, vamos celebrar esta data de forma online para que possamos proteger nossos companheiros.

Hoje, quem está na direção do partido ou ocupa cargos na estrutura do poder, não deveriam esquecer a geração que dedicou sua juventude e renunciou a boa parte da sua vida pessoal, para servir ao partido, lutar suas lutas, sonhar os seus sonhos, sofrer as suas derrotas. Pois acreditam até hoje em suas propostas de transformação da sociedade. Vamos celebrar esta data para não esquecermos jamais do nosso sonho de criar um partido de portas abertas à sociedade e, por isso, temos que festejar o aniversário com uma celebração digna do que estas pessoas que militam ou militaram com a gente e aquelas que não se encontram mais nas fileiras do partido, possam se sentir abraçados.

 Porque não admitimos a importância que vários companheiros tiveram na nossa caminhada como partido? Será que por não estar dentro das estruturas partidária ou não estarem mais nas fileiras do PT, deixaram de ter importância na nossa história?

 Hoje, o PT ao completar quarenta e um anos, pode se orgulhar de tudo que fez, alcançamos resultados incríveis, principalmente, na redução das desigualdades, mas jamais seriamos o que somos hoje, se não tivéssemos contado com a ajuda destes companheiros que partiram desta vida ou lutam hoje em outras fileiras.


Como diz Vinícius de Morais: “Cuidado companheiro! A vida é pra valer E não se engane não, tem uma só. [...] A vida é a arte do encontro Embora haja tanto desencontro pela vida” O tempo passa crescemos, amadurecemos e lembramos-nos de tempos bons e ruins, fomos felizes e nos realizamos em cada  passeata, em cada campanha eleitoral, em cada jornada de luta, em cada esforço em busca do possível ou do impossível,  das risadas e ate de choros de felicidade, não podemos esquecer nunca de quem nós somos e das pessoas que ajudaram a construir este projeto, eles fazem parte da minha história da sua história que nunca vamos esquecer, porque no final de tudo isso vai ter memórias que duram para sempre.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

ARTIGO - “Os ventos do norte não movem moinhos" (Padre Carlos)

 


 


“Os ventos do norte não movem moinhos"

 

Durante muito tempo, a esquerda brasileira tinha os versos dos Secos & Molhados como uma máxima e embalado pela certeza que as elites respeitariam o jogo democrático, acreditaram que “os ventos do norte não movem moinhos". O pior é que  moveram não só aqui no Brasil, mas em toda América Latina e no nosso caso estes ventos trouxeram graves consequências. Os ventos, digo os votos, saídos das urnas não farão os moinhos da esquerda girarem na velocidade desejada. Mas, como o que “importa é não estar vencido”, nos apeguemos às nossas conquistas mesmo que nos pareçam frágeis. Aquele “antigo compositor baiano” segue tendo razão, pois “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.


Gostaria de lembrar para meus leitores, que não esqueçam que as análises refletem uma realidade de determinado momento, pois a política eleitoral, como as nuvens, dança ao sabor das tempestades. Dias atrás, a imprensa brasileira anunciava a quatro ventos que Jair Bolsonaro era o grande derrotado das eleições 2020, Segundo a mídia, onde ele pôs a mão, seus escolhidos malograram e em menos de três meses, Bolsonaro consegue eleger o Presidente do Senado, bem como retirar seu desafeto do Congresso Nacional, colocando naquela casa um dos seus aliados, demostrando naquele momento em que seus adversários achavam que ele estava ferido de morte, uma capacidade política de responder a situações adversas e agilidade para reverter um quadro inesperado. Com isto, a ultradireita mostra no tabuleiro do jogo que passa a ter neste momento conturbado da política brasileira, uma grande influencia nas duas casas para barrar qualquer processo de impedimento do seu mandato e tem no momento capacidade para levar o aprofundamento do programa neoliberal que foi abraçado integralmente pelo mercado e as elites brasileiras.

        Despida de qualquer pudor, a direita foi às compras e venceu. Neoliberais golpistas de 2016 (PSDB, DEM, MDB), extrema direita abrigada em siglas como Republicanos e o “centrão” governarão as duas casas do nosso parlamento. É preciso entender que quem melhor sabe jogar o jogo eleitoral é à direita. Sua maior vitória é quando impõe à esquerda que escolha entre dois dos seus atores políticos como aconteceu na eleição da Câmara: tem a direita liberal ou a extrema esquerda. Em Brasília, a direita venceu jogando nos erros da esquerda que não soube, não quis ou não pode se unir.


A direita venceu nas duas Casas legislativas. Ganhou o discurso racista\machista\misógino, com um conservadorismo reacionário flertando com o fascismo e na mais descarada compra de votos. Parabéns Arhur Lira, candidato comprado pelo presidente Bolsonaro, eleito presidente da Câmara dos Deputados:


- 2008: Preso por obstrução da justiça

-2010: Alberto Yuossef declara que repassou mais de 1 milhão de reais para Lira

- 2012: condenado por desviar 280 milhões da Folha de Pagamento da assembleia

- 2015: Denunciado pela PGR por corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras

- 2018: Investigado pelo ministério público de Alagoas por ocultação de patrimônio

- 2019: torna-se réu por corrupção passiva


- É filiado do PP, o partido mais investigado por corrupção no Brasil. É sempre bom lembrar que Artur Lira, além deste currículo indesejável, também é réu por corrupção em duas ações do STF. Além disso, não podemos esquecer que ele é aquele cara que espancou a mulher por 40 minutos na frente dos filhos e da babá! Estamos na mão de um verdadeiro DNA bolsonaristas! Que Deus tenha pena deste povo e desta nação!        

  

domingo, 7 de fevereiro de 2021

ARTIGO - A vida é o bem maior (Padre Carlos)

 


A vida é o bem maior

 


O município que até alguns meses atrás se vangloriava de ter a pandemia controlada em comparação com outras cidades do nosso estado é o mesmo que hoje vive uma explosão do Coronavírus. Não podemos negar que o número de óbitos e de pessoas infectadas tem aumentado de forma assustadora e o mais preocupante é que estes indicativos não têm sensibilizado os nossos representantes.


Os apelos dos profissionais que estão na linha de frente, não estão sendo colocado em prática pelo comitê gestor que junto com o Concelho de Educação, pensam em retornar as aulas presencias, antes destes profissionais e alunos serem vacinados. O problema está descontrolado e os hospitais estão cada vez mais com sua capacidade sendo colocada a prova a todo o momento. Porem gostaria de chamar a atenção dos responsáveis por esta decisão, que não se trata apenas de vagas em UTIs, e sim de uma doença que ainda não se sabe a capacidade de mutação deste vírus. Não existe um remédio que possa levar a cura. O certo é que o covid-19 esta matando cada vez mais jovens sem morbidade.  As filas de ambulâncias à porta dos hospitais tem mostrado  à evidência que se ainda não entrou em colapso, poderá entrar se algumas medidas forem tomadas sem um devido discernimento. Sejamos realistas: o município tem relaxado as medidas a cada mês. É isso que tem proporcionado o aumento dos números de infectados em nosso município. Foi o comportamento de algumas autoridades em lugares públicos que fizeram a população a não levarem a sério os protocolos nas comemorações do Natal, bem como no Ano Novo.

E as escolas? Os profissionais da área de saúde têm chamado à atenção das autoridades do risco das aulas presenciais neste momento de pico. Não podemos esquecer que só na rede pública colocaríamos em circulação 45 mil alunos que são atendidos na Rede Municipal de Ensino, 1.791 professores, mas uns 15 mil entre professores e alunos da rede privada, poderíamos dizer que manter neste momento as escolas abertas, colocaríamos mais de 60 mil pessoas em movimento e mesmo com todos os protocolos seguidos, seria difícil manter o vírus confinado. O momento não é propício para politizar esta conjuntura nem tão pouco para atender reivindicações de empresários.

 


Este assunto estar no topo das decisões política e acredito que será uma tarefa difícil e demandará coragem para defender o povo, mas é nestas ocasiões que se revelam os verdadeiros líderes. Muito provavelmente o Governo terá de ir mais longe nesta questão porque se é verdade que a democracia é um bem inalienável, o certo é que o primeiro bem que precisamos defender é a vida. Não há valor maior.

 

 


sábado, 6 de fevereiro de 2021

ARTIGO - Nossa geração fez a diferença! (Padre Carlos)

 


 

 

Nossa geração fez a diferença!

 


Sempre é um prazer conversar com amigos e um deles é o Dr. Afrânio Garcez, afinal amigo é aquela pessoa com quem conversamos sem reservas, independente da hora ele sabe oferecer o aconchego do seu coração sem pedir nada em troca, e quando ele precisa sabe que pode fazer o mesmo sem objeção.  Assim, eu e meu amigo, quando conversamos fazemos uma vagem no tempo e na história. Outro dia lembrávamos que decorridos tantos anos do fim da ditadura, observávamos que a geração da utopia está partindo e a nova moçada não está sendo capaz de produzir novas narrativas utópicas. Somos todos prisioneiros do presente e das suas dinâmicas.

 


A música do compositor cearense poderia servir, perfeitamente, como pano de fundo daquela conversa o percurso da geração que lutou contra o regime militar e numa viagem no tempo, fazer esta travessia do passado para o presente.

Eu com aquele meu jeito professoral perguntava a ele, como resgatar a nossas lembranças como seria uma abordagem junguiana da nossa memória coletiva e histórica, através do retrato de uma geração da qual fizeram parte muitos dos líderes estudantil e operário, de uma juventude forjada no movimento político Falei da minha militância no movimento estudantil e no PC do B, falei também da minha amizade com Valdélio o DCE e a (Viração), do racha do partido da fundação do PT e de minha aproximação com o 113 através de Wagner e Zezeu, ele por outro lado falava dos contemporâneos e da luta e citava com orgulho, os amigos, Bira Mota, Edmilson Gonçalves, Mara Porto, José Carlos Latinha, Pedro Massinha, 

 

É verdade amigo, a geração da utopia era constituída por estudantes de uma elite e da classe média que se encontravam nas metrópoles, muitos dos quais vivendo em residências estudantil e apesar da militância não traduzir na verdade um rompimento de classe lutava por democracia e todas as bandeiras que levaram ao fim do regime. Eram jovens promissores que pretendia através da profissão como você que fez do direito um sacerdócio, fizer a diferença, mesmo fazendo parte da elite local, abraçou a causa dos mais pobres dessa terra. O bom disso tudo é que parte desta geração tinha ambições de natureza sociopolíticas completamente diferentes da sua classe e foi este universo coletivo, que incorporado aos novos movimentos operário, passaram a fazer parte de uma nova narrativa para o país. Assim, fizeram dos seus sonhos uma utopia política. Estes jovens, já tinham mergulhado em lutas que não eram a via democráticas e aprenderam da forma mais cruel e dolorosa que a democracia era a via transformadora.

          A construção de uma esquerda, o movimento sindical e popular, a luta pelas diretas e o fim da ditadura, tiveram o papel de carregar, este lastro utópico, no sentido de um país mais justo e livre para todos os brasileiros.

         Neste momento a ficha caiu e assim olhei para meu amigo e falei: sabe companheiro, depois de tantos anos do fim do regime militar, observo que essa nossa geração está deixando a arena depois de combater o bom combate e os novos quadros da esquerda, não estão sendo capaz de produzir novas narrativas utópicas. Dando, sim, lugar a uma geração sem compromisso com seu passado, perdendo, deste modo, um referencial de luta e protesto, sem motivação para o enfrentamento com os regimes.

          Eu confesso meu amigo que também temos um pouco de culpa em está passando uma realidade presente para esta geração sem espaço para utopias, porque as necessidades materiais imediatas passaram a determinar as nossas ações presentes.

       Assim Afrânio, o nosso discurso que foi marcado durante todos estes ano, por uma visão sustentada por um tom utópico, é descrito como sendo irrealista e fora da realidade concreta. Ou seja, deixou de se alimentar uma possibilidade de futuro utópico porque somos todos prisioneiros do presente e das suas dinâmicas.

Desta forma chegamos depois daquela conversa à conclusão que as utopias que nortearam nossas ações são lembranças destes jovens que se despedem do picadeiro da vida e esperam que tenhamos força para dar continuidade as suas lutas.

         

          


 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...