quinta-feira, 10 de março de 2022

ARTIGO - À direita democrata está à procura de um líder. (Padre Carlos)

 


À direita democrata está à procura de um líder.



 

Quando o professor Wilton Cunha chamou a atenção dos ouvintes do programa do Massinha sobre o que representaria uma vitória de ACM neto e o que significaria para a direita este novo quadro, me fez compreender o que o analista política queria dizer. A analise desta nova conjuntura  foi fundamental para avaliar como o tabuleiro da política seria alterado. Desta forma, estes questionamentos deveriam ser leva a sério pelos políticos e profissionais desta área para que possamos discernir o peso e alcance dos últimos acontecimentos.

 Assim, passei a entender que quando Lula e Rui Costa deram um cavalo de pau que resultou no desmonte da chapa que traria Jaques Wagner como candidato ao governo em um “passe de mágica, não tinha em mente que este gesto estaria abrindo uma caixa de pandora na política brasileira”. Agora sem Wagner na disputa, o grupo de ACM Neto aposta na vitória no 1º turno na Bahia com voto "LulaNeto" e não podemos deixar de responsabilizar estas lideranças pela ascensão do carlismo não só no governo da Bahia, mas em todo o cenário nacional.

 

Antes da desistência do senador petista, pesquisas de institutos locais já mostravam o ex-prefeito de Salvador com possibilidade de vencer as eleições em primeiro turno. Este jeito das lideranças petistas de fazer política tem levado a uma forma de não dialogar com suas bases e ao construir um projeto menos ideológico e mais republicano, termina fechando o canal com seus eleitores e sem eles, comete de novo os mesmos erro de fazer política sem retaguarda.

 

O sonho desta família chegar à presidência da republica vem de longa data, assim, em entrevista a Folha de São Paulo em fevereiro de 1997, o senador baiano disse ter convicção de que os Magalhães ocuparão um dia a Presidência da República e na época apresentava seu filho, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) como um provável nome. Não podemos esquecer, que o filho do ex-presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), Luís Eduardo era pré-candidato favorito ao governo da Bahia nas eleições de outubro de 98. Além disso, era apontado dentro do PFL como o principal concorrente do partido à Presidência da República na eleição de 2002.

Neto e seu grupo sabem que à direita democrata está à procura de um líder, e por não ter encontrado ainda, acabou se aliando a Lula e a esquerda neste momento. É óbvia que não se constrói um nome entre estas forças políticas sem renúncia, muita flexibilidade e sem muito menos, um compromisso com o futuro. Por isto, era fundamental a fusão do DEM e PSL na União Brasil para construção deste projeto. A sigla tem potencial de alterar o eixo de gravidade da política nacional, além disso, vai ser um palanque forte em qualquer estado com tempo bom de televisão. Ele sabe que nos últimos anos, os únicos partidos que conseguem ter alguma pretensão presidencial, com exceção do PSL – que foi um acidente histórico – são partidos realmente nacionais.

O discurso liberal e democrata tem uma função chave, agregar a direita liberal e dividir as forças de centro que gravitam em torno do ex-presidente Lula. Assim Neto se define: “Só há um caminho de determinação do poder político, que é através do voto. Somente a democracia nos garante que, mesmo sob a égide da vontade da maioria, os direitos das minorias sejam respeitados e seja assegurada a tão necessária e saudável alternância de poder”, disse. Ele cita também o valor do Estado como garantidor dos direitos sociais básicos da população; a liberdade “como condição para a busca de realização individual” — algo que, segundo ACM Neto, é um dos mais importantes fundamentos do estado democrático de direito — e o valor da família “como esteio da pessoa e base da sociedade”.

Voltando a nossa conjuntura eu gostaria de saber: será que os lideres petista tinham em mente que cada passo e ação que tomamos como liderança partidária possui uma consequência. Por isso é primordial ter consciência dos próprios atos e pensar antes de tomar uma decisão importante como foi o desmonte da chapa majoritária, pois tudo tem uma reação. Temos que pensar sempre adiante e tomar cuidado com as consequências na política.

 

 

 

 

 


terça-feira, 8 de março de 2022

ARTIGO - O sacerdote é um ser al­tru­ís­ta (Padre Carlos)

 


O sacerdote é um ser al­tru­ís­ta

 


Minha monografia de conclusão do curso de licenciatura de filosofia foi sobre a influencia do positivismo na segunda metade do século XIX, no Brasil e suas contribuições na formação da primeira República. Desta forma, quando passei a estudar o fi­ló­so­fo Au­gus­te Com­te, me deparei com uma figura humana cheia de amor e carinho pelo homem e pelo mundo. Quando tomamos contato com esta filosofia, passamos a entender que o termo altruísmo, que descreve de forma clara o opos­to do ego­ís­mo, tem um efeito que transcende a filosofia e a política, ele tem co­mo ato fa­zer bem ao pró­xi­mo, mes­mo que is­so im­pli­que um ris­co ou um cus­to pa­ra nós pró­prios, se isto não é amor eu não sei o que mais seria.

No Evangelho de São João tem uma passagem que reflete bem esta questão: “Se o ho­mem não amar ao pró­xi­mo que vê co­mo po­de­rá amar a Deus a quem ja­mais viu? (I Jo 4.8)”. Existe um gesto mais altruísta que ser um Bom Pastor? Assim o evangelista acrescenta: “Eu sou o Bom Pas­tor, o Bom Pas­tor dá a sua vi­da pe­las su­as ove­lhas” (Jo­ão, 10.11).

Podemos dizer que amar sem obrigação é amar com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser. Amar sem favor é amar deliberadamente, por vontade própria, como se amar fosse tão natural como respirar. Foi justamente uma pichação em um murro que me chamou a atenção para um tema como este. A profundidade dele refletiu em mim com um pedido, quase uma suplica de forma delicada para que às pessoas amem mais, que sejam mais gentis, que valorizem mais os outros. Mas, a frase «Mais amor sem favor» pede que as pessoas amem sem fazerem um favor, que sejam espontâneas, que não o façam por delicadeza ou educação, que amem sem ser a pedido. Só anos mais tarde pude entender o que o poeta queria dizer, assim quando Vinícius diz: “Não há mal pior. Do que a descrença. Mesmo o amor que não compensa. É melhor que a solidão”.

         Ser sacerdote me trouxe uma paz de es­pí­ri­to in­des­cri­tí­vel, que até então não tinha experimentado. Estes gestos são verdadeiros milagres des­de que re­a­li­za­do sem fal­si­da­de, sem se es­pe­rar na­da em tro­ca ou aplau­sos. Por is­so en­ten­do que pa­ra um al­tru­ís­ta ver­da­dei­ro, é o re­sul­ta­do que con­ta não a sa­tis­fa­ção pes­so­al de ter aju­da­do.


segunda-feira, 7 de março de 2022

ARTIGO - Após o susto, o bom senso prevaleceu no PT baiano. (Padre Carlos

 


Após o susto, o bom senso prevaleceu no PT baiano.





       Ao ser surpreendido nesta manhã com a notícia que o governador Rui Costa (PT) permanece no Executivo até o fim do mandato e o mais importante, até o final dessa semana o PT apresentará o nome entre seus quadros para cabeça de chapa, me tranquilizou e me fez acreditar que podemos voltar ao jogo. 

Ocorre-me compartilhar com os leitores e militantes do centro e da esquerda, um sentimento que perpassa toda esta crise, provocada com a desistência do senador Jaques Wagner (PT) em relação a cabeça de chapa para o governo do estado. Gostaria de afirmar, que Faltou neste momento ao partido uma liderança altiva e serena, capaz de unir toda a base aliada em torno do propósito único de combater, com inteligência e coragem, o inimigo comum – o carlismo e as forças conservadoras que querem voltar ao palácio de Ondina. Em vez disso, sobraram ações e atitudes entreguistas e a exposição de projetos pessoais, que só contribuíram para confundir e piorar ainda mais as coisas.

Quando os partidos de esquerda da base aliada chamou a atenção das lideranças petistas que nessa chapa era justamente a candidatura de Jaques Wagner ao Governo do Estado que representava este seguimento, que a aliança com a direita liberal passava com a reeleição senador Oto Alencar e o PP continuaria como vice, o que se viu por parte da direção, foi um silêncio ensurdecedor e uma omissão impar com relação às falas de suas lideranças. Este comportamento por parte da direção rompia com um consenso aceito por todos os partidos que mesmo não participando da chapa majoritária (PSB, PCdoB, Avante e outros) sentiam-se nela representados. Nestes dias, vimos um partido acovardado e com medo de colocar suas posições diante do governador, chegando ao ponto de correntes dentro do partido querendo agradar seus senhores ou chegar primeiro ao rio para beber a agua limpa, declarar apoio ao senador Otto para governo.

Assim, o que me surpreendeu mais esta manhã foi à nota do PT da Bahia de afirmar que o partido estaria reafirmando a decisão de candidatura própria ao Governo do Estado. É importante, mas lamentamos que esta decisão tenha chegado a uma semana de atraso, se a direção tivesse tomadas as rédeas e não se calasse durante todo este período de crise, teria evitado um desgaste enorme ao projeto, além de poupar todo o campo da esquerda de sair em defesa do projeto. Esta nota termina nas entre linhas mais agredindo do que esclarecendo se temos capacidade de pensar e de discernir tudo o que aconteceu estes dia.

Enfim, o bom senso venceu e ele representa o elemento central da conduta ética dos seus dirigentes, uma capacidade virtuosa de achar o meio-termo e distinguir a ação correta, o que é em termos simples, nada mais do que bom senso.

 


domingo, 6 de março de 2022

ARTIGO - A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração. (Padre Carlos)

 


A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração.

 

 


 

Quando Bira Mota pediu que falasse o que penso das religiões de matriz africana, não me dei conta que este assunto era mais vasto que uma pobre e pequena explicação sobre tolerância religiosa ou respeito pela cultura do outro. Ela transcende o nosso ser e a nossa forma de ver o outro e o mundo que queremos.

Para falar deste tema, será necessário chamar a atenção da subalternidade que a cultura católica no nosso continente tentou impor as outras culturas e diante disso, entendo que seria necessário colocar no papel algumas questões.

O dialogo inter-religioso tem chamado à atenção da igreja nos últimos anos e sempre que se fala em religião/religiões me vem à mente as palavras do teólogo Hans Küng: “Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões”. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Como disse Dom Zanoni: “O mundo em que vivemos é eminentemente plural, diverso, rico de experiências e povos, plural nos âmbitos sociocultural, eclesial e religioso”. Por isto, precisamos combater este tipo de visão hierarquizada que muitas vezes vem acompanhada de uma relação xenófoba e preconceituosa. Esta voz no seio da igreja tem permitido a criação de um vaso comunicante entre as religiões de matriz africana e a América católica do colonizador.

O fato novo, é que agora é a autoridade da Igreja que não aceita mais a política do ser menos contra estes irmãos e para que isto aconteça, é fundamental que estas relações sejam desierarquizadas para que possa descristalizar estas crosta que se formaram ao longo da nossa história e que ainda está muito presente no imaginário desta sociedade e de um cristianismo concervador católico e protestante.

O objetivo do teólogo é chamar a atenção da igreja para que deixe de existir uma falsa concepção de maior e menor ou de digno e não digno. Para vencer estes preconceitos, será necessário ir ao encontro destas culturas de forma desarmada e com a mente aberto no sentido de acolher e conhecer e vivenciar o sagrado que está também no outro, mesmo sabendo que se trata de culturas heterogenias. Só assim, poderemos nos enriquecer com as diferenças e estas, não podem ser vistas como subtração, mas como potencialização das culturas.

Estamos agindo de forma semelhante aos intelectuais e teólogos do século passado, achamos que somos avançados porque somos tolerantes com as outras culturas. Alguns se acham progressistas por ir além e respeitar estas manifestações culturais, mas jamais admitiram mesclar e vivenciar ou compartilhar com o irmão para sentir e entender o sagrado dele. Como disse o Pequeno Príncipe: “As pessoas que se conhecem, levam um pouco das pessoas que ficam”. A cultura do outro, precisa ser vista como fonte de riqueza e não como subtração.

Eu vejo o encontro de Dom Timóteo com Menininha do Gantois como uma referencia para este simbolismo de ir além da tolerância e do respeito para comungar com o irmão e vivenciar com ele a sua fé.

 


sábado, 5 de março de 2022

ARTIGO - A falta que faz um professor nesta casa (Padre Carlos)

 

A falta que faz um professor nesta casa

 

 


      A falta de conhecimento técnico para entender e interpretar as informações muitas vezes se confunde com a ausência de transparência nas contas públicas. Nos últimos tempos, temos presenciado uma perda de qualidade no parlamento, principalmente entre a oposição que vem batido cabeça por falta de uma liderança que possa agregar seus membros e isto, tem levado cada vez mais a redução dos números dos seus quadros. Quando lideranças partidárias levantaram estas questões, será que queriam falar dos desafios e responsabilidades dos parlamentares que muitas vezes se perdem na burocracia ou na complexidade que é um mandato?

 Os revisores oficiais das contas municipais precisam está focados nos empréstimos e gastos públicos para que possam emitir uma opinião técnica, concreta e fundamentada relativamente à informação financeira prestada pelo executivo. Para ser líder e oposição, não basta discordar e deixar de votar em projetos aprovados pelas comissões e encaminhados pela mesa diretora daquela casa. É necessário conhecer como vai ser a utilização criteriosa dos recursos públicos e se há transparência e rigor na sua aplicação. Quem tem vocação para o parlamento sabem que são estes os elementos-base para a boa administração de qualquer gestor e ganham é claro, especial relevância quando se tratam de entidades da esfera pública.

A confiança do eleitor e da sociedade civil nas contas do executivo é um capital de inestimável valor para qualquer homem público e a quebra de confiança na administração pode significar não só a perda do mandato, mas comprometer toda a carreira política de um gestor. Enquanto indicador de "saúde" financeira de uma cidade, as contas públicas são reveladoras de opções estratégicas tomadas para a dinamização económica do município, do apoio dado aos diferentes setores económicos e às empresas, sem esquecer o componente social, que ganhou renovada relevância face aos impactos da pandemia. É comum verificar no nosso parlamento a falta que faz alguns quadros que ficaram de fora desta legislação. A falta que faz aquela velha pasta de couro recheada de informações e fazendo o contraponto de auto nível naquela casa. Um conhecimento impar das contas públicas e diante das informações que este parlamentar conseguia com seus técnicos e colaboradores, fazia o debates, com maior ou menor intensidade ideológica, sobre as prioridades para o uso das verbas públicas. Contudo, para este professor, o foco deveriam ser antes de qualquer coisa, garantir a confiabilidade das informações financeira para ter uma visão por completo e verdadeira se no caso estes recursos foram bem ou mal aplicados.

 


ARTIGO - Moema e o oito de março (Padre Carlos)

 


Moema e o oito de março

 

 



O que tem haver o oito de março e a chapa majoritária do PT na Bahia? Gostaria de informar as Senhoras e aos Senhores, que tem tudo haver! Esta data é hoje um marco comemorativo das conquistas sociais, políticas e económicas que as mulheres conquistaram no passado.

Apesar das desigualdades ainda existentes, há que reconhecer também que foi considerável o progresso dos direitos das mulheres nas últimas décadas, existindo hoje uma vasta legislação que proclamam o dever de garantir o tratamento igual perante a lei a todas as pessoas, independentemente do género, ou posição social que ocupa. Por isto, é fundamental a ação e o combate a todas as formas de discriminação, principalmente a política por se tratar de pessoas que deveriam proporcionar o acesso das mulheres neste espaço.

No Brasil e em especial na Bahia, a consciência de não discriminação em função do género tem nos últimos anos somado conquistas expressivas orientadas pelos princípios constitucionais da igualdade e da não discriminação e da sua promoção como uma das tarefas fundamentais do Estado. Mesmo assim, a baixa representatividade feminina na política brasileira é visível, elas são apenas 15% dos integrantes na Câmara Federal. E o Brasil perde para quase todos os países da América Latina em percentuais de participação política de mulheres. Veja só, até neste momento difícil da política baiana em que o candidato da situação abriu mão da cabeça da chapa e não negocia com outras forças dentro do partido para ser substituído principalmente por ser uma mulher que reivindica esta vaga. Em uma eleição majoritária, a unidade é o candidato, então é muito mais comum que candidatos já conhecidos, que tenham capital político ou recursos suficientes, tenham mais chances do que uma mulher, mesmo que ela não seja recém-ingressa, como é o caso de Moema.

A verdade é que, apesar de todos os progressos conseguidos no plano do direito, nenhum partido atingiu a igualdade plena de género, continuando a existir muitas áreas onde ainda é necessário intervir e uma delas é na política e na chapa majoritária.  A representação política é a evidência mais clara da discriminação com as mulheres a ocuparem, cargos majoritários.

Portanto, apesar dos progressos conquistados no plano do direito e da generalizada consciência sobre a igualdade de género, não devemos achar que o quadro não seja preocupante e que casos como as escolhas da chapa majoritária pelo PT baiano só representa a realidade que continua, ainda, a penalizar as mulheres.

É necessário dar tradução prática aos direitos conquistados e defendê-los no espaço público. É fundamental concretizar o espírito da lei na realidade social porque, enquanto esta concretização não acontecer, as alterações e reformas legais terão um efeito limitado.

Moema Governadora!


quinta-feira, 3 de março de 2022

ARTIGO - Leonelli, o profeta que clama no deserto. (Padre Carlos)

 


Leonelli, o profeta que clama no deserto.

 



Uma das heranças que o PCB terminou, incorporando inconscientemente, na esquerda brasileira,  foi à tese da “unidade ideológica” ou como costumávamos falar: centralismo democrático. Esta forma de fazer política determinava que as minorias não pudessem se constituir em frações organizadas, nem precisar ser ouvidas pelas lideranças em decisões que pudessem mudar os rumos do partido. A insatisfação com a cúpula petista na Bahia e no país tem muito haver com este comportamento. Digo isto porque a decisão do “PT” e a investida das suas lideradas, como Lula e Rui Costa que resultou no desmonte da chapa que traria Jaques Wagner como candidato ao governo em um “passe de mágica” me fez lembrar esta máxima que infelizmente ressuscitaram e incorporaram nos governos em relação à chapa majoritária a sucessão na Bahia. Quando esta decisão se tornou publico percebi como esta forma de fazer política ainda vive no inconsciente e comportamento dos grupos hegemônico do Partido quando o assunto é a eleição e a chapa majoritária.

Quando o velho militante levanta estas questões, ele chama a atenção dos partidos de esquerda da base aliada que nessa chapa era justamente a candidatura de Jaques Wagner ao Governo do Estado que representava este seguimento. E a aliança com a direita liberal passava com a reeleição senador Oto Alencar. O PP continuaria como vice. Era um consenso aceito por todos os partidos que mesmo não participando da chapa majoritária (PSB, PCdoB, Avante e outros) sentiam-se nela representados. Nestes dias, vimos uma esquerda acovardada e com medo de colocar suas posições diante do governador e do ex-presidente Lula.

Quais as razões desse cavalo-de-pau para os partidos de esquerda? Será que o governador e Lula levaram em conta as outras forças progressistas da Bahia? Atribui-se a responsabilidade a Lula querendo trazer o PSD para sua aliança eleitoral já no primeiro turno e ao desejo de Rui Costa de aproveitar os altos índices de aprovação do governo para candidatar-se ao Senado. E quanto às outras forças?

Leonelli tem toda razão quando questiona: “O que é que veio antes ou depois: a candidatura de Rui ao senado, a manobra de Lula junto ao PSD, usando a Bahia como moeda troca, ou a chateação de Wagner? Sinceramente não importa a ordem desses fatores. Permanece a indagação: a cúpula do PT tem o direito de tomar uma decisão dessa envergadura sem consultar nem as lideranças dos partidos aliados, nem a sociedade, nem os parlamentares e nem as bases do próprio PT?”

         Por essa ótica, não haveria divergências no seio dos partidos da base, tudo deveria ser resolvido através da aplicação do controverso sistema de centralismo democrático, um eufemismo encontrado pelos comunistas e resgatado pelos petistas para aliar, em um mesmo discurso, a escolha da chapa e a imposição de ideias, ou seja, se não fosse possível encontrar o consenso através da escolha apontada, ele instalar-se-ia através da imposição. O que interessava era ter o consenso. Caso a divergência persistisse, os discordantes deveriam ser sumariamente expulsos da organização. Essa concepção foi determinante para a falta de democracia interna que sempre acompanhou o PCB. Tornou-se prática comum no partido, em praticamente toda sua existência, e mais fortemente entre as décadas de 1940 e 1960, a expulsão de membros que divergiam das posições teóricas e políticas do Comitê Central.

         Será que estamos voltando às práticas do século passado?  


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...