sábado, 5 de março de 2022

ARTIGO - Moema e o oito de março (Padre Carlos)

 


Moema e o oito de março

 

 



O que tem haver o oito de março e a chapa majoritária do PT na Bahia? Gostaria de informar as Senhoras e aos Senhores, que tem tudo haver! Esta data é hoje um marco comemorativo das conquistas sociais, políticas e económicas que as mulheres conquistaram no passado.

Apesar das desigualdades ainda existentes, há que reconhecer também que foi considerável o progresso dos direitos das mulheres nas últimas décadas, existindo hoje uma vasta legislação que proclamam o dever de garantir o tratamento igual perante a lei a todas as pessoas, independentemente do género, ou posição social que ocupa. Por isto, é fundamental a ação e o combate a todas as formas de discriminação, principalmente a política por se tratar de pessoas que deveriam proporcionar o acesso das mulheres neste espaço.

No Brasil e em especial na Bahia, a consciência de não discriminação em função do género tem nos últimos anos somado conquistas expressivas orientadas pelos princípios constitucionais da igualdade e da não discriminação e da sua promoção como uma das tarefas fundamentais do Estado. Mesmo assim, a baixa representatividade feminina na política brasileira é visível, elas são apenas 15% dos integrantes na Câmara Federal. E o Brasil perde para quase todos os países da América Latina em percentuais de participação política de mulheres. Veja só, até neste momento difícil da política baiana em que o candidato da situação abriu mão da cabeça da chapa e não negocia com outras forças dentro do partido para ser substituído principalmente por ser uma mulher que reivindica esta vaga. Em uma eleição majoritária, a unidade é o candidato, então é muito mais comum que candidatos já conhecidos, que tenham capital político ou recursos suficientes, tenham mais chances do que uma mulher, mesmo que ela não seja recém-ingressa, como é o caso de Moema.

A verdade é que, apesar de todos os progressos conseguidos no plano do direito, nenhum partido atingiu a igualdade plena de género, continuando a existir muitas áreas onde ainda é necessário intervir e uma delas é na política e na chapa majoritária.  A representação política é a evidência mais clara da discriminação com as mulheres a ocuparem, cargos majoritários.

Portanto, apesar dos progressos conquistados no plano do direito e da generalizada consciência sobre a igualdade de género, não devemos achar que o quadro não seja preocupante e que casos como as escolhas da chapa majoritária pelo PT baiano só representa a realidade que continua, ainda, a penalizar as mulheres.

É necessário dar tradução prática aos direitos conquistados e defendê-los no espaço público. É fundamental concretizar o espírito da lei na realidade social porque, enquanto esta concretização não acontecer, as alterações e reformas legais terão um efeito limitado.

Moema Governadora!


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