sábado, 19 de março de 2022

ARTIGO - “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.” (Padre Carlos)

 


“Não posso deixar de escrever… nem de amar.”

 


 

 

Acredito que todos gostariam de escrever um pouco sobre suas vidas, sua história e estória que marcaram sua trajetória neste mundo e como diz o filósofo: “Foram à soma de todos os sim e não que demos ao longo da nossa vida que  constituiu a pessoa que sou hoje”. Como não fujo da regra deste desejo dos pobres mortais, vou tentar colocar um  pouco  destas minhas façanhas, na esperança que alguém um dia ao ler esta crônica possa assim lembrar um pouco deste sonhador e caminheiro. 

  Quando falamos das nossas vidas passadas e quando falo vidas me refiro as suas fases, temos que entender que as lembranças e saudades de pessoas e épocas se entrelaçam com pitadas de nostalgia. Por isto, peço ao leitor que tenha um pouco de paciência, pois não posso separar quatro coisas nesta caminhada: a família, os amigos, a Igreja e a Política; foram eles que em parte constituíram e conseguiram forjar o homem que me tornei. O meu destino é feito de paixões, entregas, êxitos e perdas; não é fácil contá-lo em duas ou três  frases. Suponho  que em todas  as histórias de vida há acontecimentos nos quais nossa sorte muda e em decorrência disto, nossas vidas seguem outros rumos.   Na minha isto ocorreu diversas vezes, mas um dos acontecimentos mais definitivo talvez tenha sido minha militância no movimento estudantil no período de chumbo. Outro fato importante foi conhecer uma Igreja que se abria para os pobres através dos padres Jesuítas, cheia de carismas e aberta para o mundo. 

Sei que em algum lugar, perdido no passado tive outras vidas, seja na Pituba ou no Nordeste de Amaralina, da Paróquia Santo André; com muitas histórias, sonhos e amores. Conheci tanta gente, aprendi e ensinei muitas lições que foram de certa forma, cravadas em minha alma. Como um jovem de periferia, tinha vários caminhos, alguns de luz, outros de trevas. E hoje, visitando minhas memórias, reencontro antigas amizades e velhos amores, formados num passado longínquo. E vou resgatando laços afetivos construídos durante minha existência nesta vida. Almas perdidas que tema de toda forma nas minhas memórias se reencontrar e embora seja fruto das minhas lembranças, querem ganhar asas. A nossa memória está condicionada pela emoção; recordamos mais e melhor os acontecimentos que nos comovem, como o reencontro de um grande amor, a dor de uma morte próxima ou o trauma de uma perda.  Não sei qual foi minha motivação, acredito que tenha sido o amor, porque só ele nos salva da loucura do egoísmo, da violência, da injustiça, do descaso com a verdade. Só o amor nos salva da ignorância e da maldade.

“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”. Guimarães Rosa. Se estou escrevo alguma coisa que foge das redações política, talvez seja este velho coração transbordando de paixão, como disse Isabel Allende, “não posso deixar de escrever… nem de amar.”

Durante muitos anos tinha a sensação que meu coração estava dividido entre Salvador e Vitória da Conquista, entre meus amigos de infância e juventude e os que conquistei na fase adulta. Ah! Amigos, como vocês foram e são importantes na minha caminhada. Guimarães Rosa tem uma frase que tem muito haver com o que estou sentindo: “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.”

Assim, aceitando Vitória da Conquista como parte da minha vida, ela se tornou meu Porto Seguro, meu Monte Tabor, onde pude também formar novos laços, conhecer novas pessoas, viver novos amores. E assim fui modelando o meu espírito, sempre na busca do aprendizado, da evolução.

 

Padre Carlos 

  

 


sexta-feira, 18 de março de 2022

ARTIGO - Marília Arraes deixa PT não à luta! (Padre Carlos)

 


Marília Arraes deixa PT não à luta!

 


Não. Não vou falar que Wagner e Rui tinha um projeto, mas esqueceram de combinar com a base petista e com os aliados. Não vou falar que João Leão o candidato a senador de ACM Neto.

 Não vou falar que Wagner abriu mão de ser candidato. Também não vou falar que os projetos pessoais quase levaram entregar a hegemonia da frente para o PSD e só não conseguiram porque o senador Otto não aceitou.

Não vou falar em nada disto porque as crônicas estão cheias destas constatações, os comentários a respeito destes assuntos proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar que as escolhas do governador se confirmem e esperar que a realidade das coisas nos surpreenda.

         Hoje eu quero falar de outra estrela: MARÍLIA ARRAES. Marília, cuja candidatura é defendida em grande parte pela juventude e por mulheres do PT, tem além do nome forte as pesquisas a seu favor não conta com o apoio dos dirigentes nacionais. Esta heroína ao tomar talvez a decisão mais dolorosa da sua vida, sabia que uma aliança do PT e o PSB hoje, significaria sair desse processo de aliança com as bases e os movimentos populares de forma violenta, romper com nossa militância. E isso ela jamais poderia admitir. Uma aliança agora, neste momento, seria esmorecer. E seria uma conta muito mais alta do que para os próximos quatro anos. Significaria estar do lado mais frágil da história. E essa conta nem ela e nem vocês merecem pagar.

Mas o que esta mulher tem de tão forte que desperta carinho, amor, admiração e ao mesmo tempo inveja e ódio? Política não se faz perdoando ou com mágoa e ela sabe disso, é uma questão de coerência, por isto, mesmo apaixonada pelo PT, foi obrigada a deixar o partido para poder continuar sonhando.

Eleita duas vezes vereadora pelo PSB, a neta de Miguel Arraes deixou o partido em 2013 e se filiou ao PT em 2016, brigando e condenando a família por ter se aliado a Temer e aos golpistas, quando foi eleita pela terceira vez para a Câmara Municipal de Recife já pertenciam às fileiras do partido. Quando a vereadora foi lançada como pré-candidata ao governo estadual, mas teve sua candidatura barrada pela direção nacional do PT em um acordo que garantiu a neutralidade do PSB na eleição presidencial, ela entendeu e esperava que o partido e suas lideranças entendessem a dor e a frustração que ela e seu grupo tiveram que passar. Como analista posso dizer que torcia para que Marx não tivesse razão e assim, ao repetir a história ela soou como farsa. Mas será mesmo que a história se repete?

A Deputada Marília Arraes, ao deixar o partido para disputar a vaga do Senado, ela sabe que as forças ocultas dentro do PT e sua família que se encontra no PSB, jamais permitiriam que ela se projetasse como liderança nacional. Por isto, pretende disputar a vaga no Senado ou governo do estado, o que não ocorreria se ainda estivesse pertencendo às fileiras do Partido dos Trabalhadores.

Foi doloroso para ela descobrir que seu maior adversário neste momento não estava entre a família que ela teve que deixar para defender o PT, mas estava dentro de seu próprio partido.

 

 

 

 


quarta-feira, 16 de março de 2022

ARTIGO - Wagner e Rui tinha um projeto, mas esqueceram um detalhe: combinar com a base petista e com os aliados. (Padre Carlos)

 


Como diria Garrincha: “Tá legal, seu Wagner… mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”

 


         O imbróglio que se formou em torno da definição da chapa majoritária, do PT na Bahia, está longe de chegar ao fim. Depois de ter ouvido a reportagem em que o vice-governador deixa claro o motivo do rompimento com o PT e quem na verdade foi o grande responsável pela implosão da aliança entre os dois partidos, me fez escrever este artigo. Na verdade o problema foi à falta de transparência nas negociações e a certeza que as correntes internas e os partidos de esquerda da base aceitariam a proposta acordada pela cúpula, mas esqueceu um detalhe: “Tá legal, seu Feola… mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?” Não combinou com as bases.

Nesta segunda-feira (14), o PP oficializou o rompimento da aliança de 14 anos com o Partido dos Trabalhadores na Bahia. Para alguns petistas isto foi motivo de alegria e comemoração, para quem conhece política, isto é motivo de preocupação. As alianças se parecem muito com uma relação amorosa.  Não são poucas as pessoas que se dizem apaixonadas e vivem enchendo o par de elogios, inclusive publicamente e nas redes sociais, se transformarem completamente depois que o namoro ou casamento acaba, partindo para críticas, comentários pejorativos, indiretas e até chacotas. Assim, as alianças têm muito destes comportamentos. Desta forma, devemos ter mais consideração pelos partidos da aliança e entender que uma relação de quatorze anos não termina em uma semana. Tanto é verdade que o vice-governador João Leão, presidente do PP na Bahia, garantiu nesta terça-feira (15) que, independente da chapa na qual esteja, quer manter o apoio ao ex-presidente Lula (PT) na disputa eleitoral de 2022.

Na verdade, o PP alega que houve uma quebra do acordo, que seria da seguinte forma: Otto Alencar deixaria o Senado para concorrer ao governo estadual; Rui Costa tentaria a vaga no Senado com grandes chances, e, o vice João Leão assumiria no entre abril e dezembro, encerrando a carreira como governador. Este fato levou João Leão (PP) a entregar uma carta onde pediu ao governador Rui Costa (PT) a exoneração do cargo de secretário do Planejamento da Bahia, que acumulava concomitantemente ao de vice-governador.

Isto tem levado a militância achar que estão livres de fazer alianças com o centro e a direita e falam aos quatro cantos que o PP esta dividido, que a maioria dos prefeitos acompanhará o governador.  Tem pessoas que choram porque as rosas têm espinhos. Tem outras que ficam contentes porque os espinhos têm rosas. O que está rachado, a base do governador e sua aliança de 14 anos ou o PP. Tudo é uma questão de ponto de vista. Depende do ângulo que você vê a questão.


domingo, 13 de março de 2022

ARTIGO - João Leão o candidato a senador de ACM Neto (Padre Carlos)

 


Em política os erros não tem perdão



 

 

             Se existe uma arte que não perdoa erros, esta com certeza é a política. Digo isto, porque nem todos sabem honrar compromissos, manter amigos, respeitando e tendo consideração. Por isto a arrogância e a autossuficiência dos dirigentes do Partido dos Trabalhadores quando em um programa de rádio na capital baiana anunciou as alterações na chapa majoritária sem discutir ou pelo menos comentar primeiro com a base aliada, além de um erro primário, deixa dúvidas se realmente o partido que se diz pragmática, quer realmente continuar governando o estado.

 

 Com este comportamento pensei quais seriam os verdadeiros motivos que levaram o senador Jaques Wagner, a cometer esta garfe e se seu objetivo era mesmo manter a base do governo unida? Quem tem décadas de vivencia no meio político e capacidade de negociar, saberia que aquela fala não condiz com quem tem a tradição de sentar para negociar com os que têm “fome de leão”.

 

Mesmo sabendo que não é de hoje que as articulações do deputado federal Cacá Leão, tenciona deixar Rui e passar para a base do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), não tivemos cuidado e agora vamos pagar caro. Cacá cultivou entre os correligionários o desejo de abandonar o barco e agora conseguiu porque o velho Leão tem uma visão acumuladas de anos e enxergou uma fragilidade do PT e a falta de liderança com a saída dos dois senadores das disputas.

Quando Neto seduz os Leões, ele leva em conta dois fatores: primeiro que a União Brasil ou o antigo DEM é um partido com pior índice de evolução nas prefeituras baianas nas últimas cinco eleições; já o PP é o segundo partido no estado com o maior número de prefeitura. O segundo está relacionado com a necessidade que ACM Neto tem de deslocar a base do seu adversário para conseguir vencer. Assim, o Neto da cabeça branca segue a cartilha do nosso pensador italiano que ensinava que o príncipe audaz deve tentar “dividir para governar” (ou reinar). “Divide et impera” – orientava-o.

 

O primeiro erro de Rui e Wagner foi achar que a direita na Bahia estava morta, ao ponto de ser ingênuo e querer abrir mão da hegemonia na frente. Isto só não aconteceu porque o senador Otto (PSD) não aceitou. Precisávamos do PP, como precisamos do PSD, e seria natural sentar para negociar, o que os lideres petistas não poderia ter feito era entrar em campo com um time reserva e querer que sua torcida batesse palma.

 

 

 


ARTIGO - Há 100 anos nascia o partidão. (Padre Carlos)

 



Há 100 anos nascia o partidão?

 



 

O nascimento do Partido Comunista do Brasil acontece dentro de uma conjuntura de mudanças no nosso país e no mundo. Poderíamos dizer que se tratava de uma virada de paradigma e com todas aquelas ideias que passaram a surgir no pós-guerra e com a Revolução Russa. Assim, em 25 de março de 1922, surgia aquele que seria o mais antigo partido do Brasil. Quando alguns estudantes, intelectuais e trabalhadores mais anarquistas que comunista se reuniu Niterói (RJ) no início da década de vinte, não tinha em mente que estavam fazendo história.

          Ao longo desta caminhada, o centenário PCdoB ou PCB, resistiu e sobreviveu aos rachas internos, à clandestinidade, ao colapso da União Soviética, à queda do Muro de Berlim, à conversão dos países do Leste à democracia e à economia de mercado, ao declínio e extinção dos principais partidos pelo mundo afora, e, foi assim que nasceu e se manteve vivo o mais antigo partido de esquerda do Brasil em atividade. O Partido Comunista do Brasil (PCB/PC do B) completa 100 anos de história e embora alguns tenham cogitado mudar seu nome, sabemos que este legado jamais poderia ter outro nome.  

Conhecido como “partidão”, a fundação da legenda comunista é hoje, reivindicada por duas siglas. PC do B, PCB, mas alguns camaradas que criaram o PPS. Assim, quando me propôs escrever este artigo, tinha em mente falar do PCdoB como uma realização coletiva em que vários homens e mulheres empenharam a sua vida. O PCB é em termos de movimento comunista internacional um partido particular, fundado com os ventos da Revolução de Outubro de 1917. Na sua formação integram-se sectores ligados ao anarquismo, que participaram na construção dos partidos comunistas e sem auto excluírem do campo anarquista e sindicalista revolucionário, de onde muitos vinham, aspiravam a uma maior radicalização da luta de massas e queriam conferir expressão política ao movimento social. Estavam fascinados pela Revolução Russa, embora longe de terem percebido o seu vasto alcance. Foram as pressões policiais seguida da repressão ao novo movimento sindical, que lançaram as sementes para um novo partido, fundado a 25 de Março de 1922 - O Partido Comunista do Brasil.  

Quando percebemos as relações entre o PCdoB e os intelectuais, passamos a entender os mecanismos de sedução pelo marxismo e a aproximação dessas camadas a este partido, mas também as divergências que esses mesmos intelectuais tinham com o Partido Comunista. Assim começa a história das divergências e rachas que aconteceram dentro deste partido que tem seu início no final década de 1950, quando o Partido Comunista do Brasil muda o nome para Partido Comunista Brasileiro (PCB). A falta de democracia interna e as mudanças na geopolítica no início dos anos 1960 acentuam as divergências internas questionando a condução das políticas adotadas por Prestes e seu grupo. Acredito que o maior golpe que o partido sofreu durante estes cem anos de existência, tenha sido a dissidência do grupo liderado por Mauricio Grabois, João Amazonas e Pedro Pomar, quando deixaram o partido, para fundar o Partido Comunista do Brasil (com a sigla PC do B).

A relação do PCdoB e o PCB com as questões nacionais, a sua política de alianças, fizeram estas duas vertentes daquele partido da década de vinte se distanciarem e tomarem caminhos distintos. Enquanto o grupo liderado pelo ex-deputado federal Roberto Freire, decidia mudar o nome da legenda para PPS - Partido Popular Socialista, as lideranças do PCdoB, diferente do partidão, tiveram uma história mais presente ao momento político. Durante a ditadura militar, na década de setenta, adotaram formas de ações armadas não seguido desde o início da dissidência acompanhar a orientação do Partido Comunista da União Soviética e sua doutrina de coexistência pacífica, que determinava, uma aliança com a burguesia. Talvez sua existência tenha se dado ao gesto heroico daqueles comunistas do PCdoB de reafirmar suas origens e buscar se manter mesmo com o mundo caindo sobre eles, com o fim a União Sovietica e do muro de Berlin.  

 

Não é todo dia que se completa um centenário, assim propomos aos verdadeiros comunistas que neste ano se possa fazer um programa político é composto por vários temas, entre a retrospectiva e o futuro do PCdoB, o contexto geopolítico internacional, a luta pelos direitos trabalhista, entre outros.

 


quinta-feira, 10 de março de 2022

ARTIGO - À direita democrata está à procura de um líder. (Padre Carlos)

 


À direita democrata está à procura de um líder.



 

Quando o professor Wilton Cunha chamou a atenção dos ouvintes do programa do Massinha sobre o que representaria uma vitória de ACM neto e o que significaria para a direita este novo quadro, me fez compreender o que o analista política queria dizer. A analise desta nova conjuntura  foi fundamental para avaliar como o tabuleiro da política seria alterado. Desta forma, estes questionamentos deveriam ser leva a sério pelos políticos e profissionais desta área para que possamos discernir o peso e alcance dos últimos acontecimentos.

 Assim, passei a entender que quando Lula e Rui Costa deram um cavalo de pau que resultou no desmonte da chapa que traria Jaques Wagner como candidato ao governo em um “passe de mágica, não tinha em mente que este gesto estaria abrindo uma caixa de pandora na política brasileira”. Agora sem Wagner na disputa, o grupo de ACM Neto aposta na vitória no 1º turno na Bahia com voto "LulaNeto" e não podemos deixar de responsabilizar estas lideranças pela ascensão do carlismo não só no governo da Bahia, mas em todo o cenário nacional.

 

Antes da desistência do senador petista, pesquisas de institutos locais já mostravam o ex-prefeito de Salvador com possibilidade de vencer as eleições em primeiro turno. Este jeito das lideranças petistas de fazer política tem levado a uma forma de não dialogar com suas bases e ao construir um projeto menos ideológico e mais republicano, termina fechando o canal com seus eleitores e sem eles, comete de novo os mesmos erro de fazer política sem retaguarda.

 

O sonho desta família chegar à presidência da republica vem de longa data, assim, em entrevista a Folha de São Paulo em fevereiro de 1997, o senador baiano disse ter convicção de que os Magalhães ocuparão um dia a Presidência da República e na época apresentava seu filho, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) como um provável nome. Não podemos esquecer, que o filho do ex-presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), Luís Eduardo era pré-candidato favorito ao governo da Bahia nas eleições de outubro de 98. Além disso, era apontado dentro do PFL como o principal concorrente do partido à Presidência da República na eleição de 2002.

Neto e seu grupo sabem que à direita democrata está à procura de um líder, e por não ter encontrado ainda, acabou se aliando a Lula e a esquerda neste momento. É óbvia que não se constrói um nome entre estas forças políticas sem renúncia, muita flexibilidade e sem muito menos, um compromisso com o futuro. Por isto, era fundamental a fusão do DEM e PSL na União Brasil para construção deste projeto. A sigla tem potencial de alterar o eixo de gravidade da política nacional, além disso, vai ser um palanque forte em qualquer estado com tempo bom de televisão. Ele sabe que nos últimos anos, os únicos partidos que conseguem ter alguma pretensão presidencial, com exceção do PSL – que foi um acidente histórico – são partidos realmente nacionais.

O discurso liberal e democrata tem uma função chave, agregar a direita liberal e dividir as forças de centro que gravitam em torno do ex-presidente Lula. Assim Neto se define: “Só há um caminho de determinação do poder político, que é através do voto. Somente a democracia nos garante que, mesmo sob a égide da vontade da maioria, os direitos das minorias sejam respeitados e seja assegurada a tão necessária e saudável alternância de poder”, disse. Ele cita também o valor do Estado como garantidor dos direitos sociais básicos da população; a liberdade “como condição para a busca de realização individual” — algo que, segundo ACM Neto, é um dos mais importantes fundamentos do estado democrático de direito — e o valor da família “como esteio da pessoa e base da sociedade”.

Voltando a nossa conjuntura eu gostaria de saber: será que os lideres petista tinham em mente que cada passo e ação que tomamos como liderança partidária possui uma consequência. Por isso é primordial ter consciência dos próprios atos e pensar antes de tomar uma decisão importante como foi o desmonte da chapa majoritária, pois tudo tem uma reação. Temos que pensar sempre adiante e tomar cuidado com as consequências na política.

 

 

 

 

 


terça-feira, 8 de março de 2022

ARTIGO - O sacerdote é um ser al­tru­ís­ta (Padre Carlos)

 


O sacerdote é um ser al­tru­ís­ta

 


Minha monografia de conclusão do curso de licenciatura de filosofia foi sobre a influencia do positivismo na segunda metade do século XIX, no Brasil e suas contribuições na formação da primeira República. Desta forma, quando passei a estudar o fi­ló­so­fo Au­gus­te Com­te, me deparei com uma figura humana cheia de amor e carinho pelo homem e pelo mundo. Quando tomamos contato com esta filosofia, passamos a entender que o termo altruísmo, que descreve de forma clara o opos­to do ego­ís­mo, tem um efeito que transcende a filosofia e a política, ele tem co­mo ato fa­zer bem ao pró­xi­mo, mes­mo que is­so im­pli­que um ris­co ou um cus­to pa­ra nós pró­prios, se isto não é amor eu não sei o que mais seria.

No Evangelho de São João tem uma passagem que reflete bem esta questão: “Se o ho­mem não amar ao pró­xi­mo que vê co­mo po­de­rá amar a Deus a quem ja­mais viu? (I Jo 4.8)”. Existe um gesto mais altruísta que ser um Bom Pastor? Assim o evangelista acrescenta: “Eu sou o Bom Pas­tor, o Bom Pas­tor dá a sua vi­da pe­las su­as ove­lhas” (Jo­ão, 10.11).

Podemos dizer que amar sem obrigação é amar com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser. Amar sem favor é amar deliberadamente, por vontade própria, como se amar fosse tão natural como respirar. Foi justamente uma pichação em um murro que me chamou a atenção para um tema como este. A profundidade dele refletiu em mim com um pedido, quase uma suplica de forma delicada para que às pessoas amem mais, que sejam mais gentis, que valorizem mais os outros. Mas, a frase «Mais amor sem favor» pede que as pessoas amem sem fazerem um favor, que sejam espontâneas, que não o façam por delicadeza ou educação, que amem sem ser a pedido. Só anos mais tarde pude entender o que o poeta queria dizer, assim quando Vinícius diz: “Não há mal pior. Do que a descrença. Mesmo o amor que não compensa. É melhor que a solidão”.

         Ser sacerdote me trouxe uma paz de es­pí­ri­to in­des­cri­tí­vel, que até então não tinha experimentado. Estes gestos são verdadeiros milagres des­de que re­a­li­za­do sem fal­si­da­de, sem se es­pe­rar na­da em tro­ca ou aplau­sos. Por is­so en­ten­do que pa­ra um al­tru­ís­ta ver­da­dei­ro, é o re­sul­ta­do que con­ta não a sa­tis­fa­ção pes­so­al de ter aju­da­do.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...