Tornamos-nos a mão destes carrascos quando não denunciamos
Ontem dia 20 fez um mês da rebelião
de detentos do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, começou após uma
briga entre membros de facções criminosas rivais, na Penitenciária Lemos Brito,
que fica na unidade prisional. Ao menos cinco internos morreram e outros 18
ficaram feridos. Estes acontecimentos era o suficiente para que o estado que é o grande
responsável por estas vidas, tomassem providencia para que jamais se repetisse
tal barbárie.
Não
podemos tampar o sol com uma peneira, infelizmente, temos que admitir que o
sistema carcerário esta falido, superlotado e entranhado pela corrupção e
dominado pela disputa de poder entre facções criminosas; são poucas as medidas
que tentam, de fato, resolver o problema. Assim, nos tornamos a mão destes
carrascos ao fechar a todo o momento os olhos e não denunciamos os verdadeiros
responsáveis, aqueles que tinham o poder de evitar. Sabíamos do histórico de
rebeliões nos presídios do nosso estado, no entanto não fizemos nada e a nossa
inercia misturada com a nossa omissão, levaram mais uma vez, a testemunhar a
falta do estado nestes acontecimentos que levaram estas cinco mortes. .
O mesmo
estado que a um mês condenou cinco pessoas à morte, protege com todo o rigor da
lei os transgressores bem-nascidos e a elite política e econômica. Cuidamos bem
da elite que vai parar atrás das grades, sempre com a esperança que ela possa
retornar ao convício social como se nada tivesse acontecido.
Já com
os “Josés” e as “Marias” de sempre a coisa é diferente. Não queremos
ressocializar ninguém. Para que mesmo vamos dar mais uma chance para aqueles
que não merecem ter oportunidades, pois nasceram pobres e pobres devem morrer.
Assim é a política bolsonaristas que tem tomado conta de uma parcela da
sociedade: “bandido bom é bandido morto”.
Desta forma, nosso
modelo de masmorra medieval que é aplicado, serve bem, pois lá se pratica toda
sorte de castigos corporais e mentais. Lá se aniquila aos poucos, e com
requintes de crueldades, aqueles que nos achamos que, afinal de contas, merece
mesmo isso tentar retomar o controle das cadeias.
Como
Padre e coordenador da Pastoral Carcerária, tive a oportunidade de visitar
vários presídios e constatar que existe na verdade uma reprodução de um modelo
que é nacional. Vimos que a questão carcerária não é parte das políticas
públicas de segurança e que os presídios são a válvula de escape para quando
todo o resto falhar.
O
governo parece dizer que não temos direitas as políticas públicas nas áreas de
educação, saúde e moradia e se a falta desta política falharem, pois sempre
teremos as masmorras para atirar os que o Estado não conseguir atingir com seu
enorme braço.
Padre Carlos