domingo, 20 de março de 2022

ARTIGO - Marília Arras fica no PT (Padre Carlos)

 


Coração partido, partido de coração

Os que têm coragem serão vitoriosos e os covardes jamais alcançarão o respeito e a vitória.



 

     Quando tomei conhecimento pela imprensa neste domingo que Marília Arraes teria dobrado o PSB e permaneceria no PT como candidata ao Senado, me lembrei na hora da história do jovem pastor de ovelhas israelita que derrotou um guerreiro gigante, experiente e fortemente armado usando apenas uma funda. Poderíamos muito bem invocar a luta de Davi contra Golias como metáfora para a luta travada por esta guerreira contra sua família e os caciques do PT, assim, sempre que existir a possibilidade de alguém ou um grupo mais fraco vencer adversários grandes e poderosos, merece ser lembrada. Contudo, na maioria das vezes, ela só é usada como narrativa motivacional ou, no contexto religioso, apenas para dizer que Deus ajuda e dá a vitória aos que creem. Mas há, também, uma lição estratégica fundamental embutida na história que pode ser bastante útil para ajudar a pensar nossa ação na atual conjuntura política.

Quem está de fora desta briga não entende qual a motivação de tanta discórdia dentro desta família. No centro desta disputa, mais do que uma vaga para o Senado se encontra a luta pelo legado do avô, ambos reivindicam para si a legitimidade para carregar a herança de Miguel Arraes. Justamente o “Dotô Arraia”, conciliador por natureza, que compôs com praticamente todas as forças políticas é alvo desta disputa.

A possibilidade de entregar sua prima para os braços da oposição e dividir de forma imprevisível a família, fez com que, João Campos (PSB), viajasse a Brasília para uma reunião com os dirigentes do PT Nacional e o PSB. O encontro da cúpula teve como objetivo avaliar o estrago que a saída da deputada causaria a base aliada em todo o front, assim conhecendo a força e reconhecendo que o estrago seria grande não só para Lula, mas também para o governo do PSB, informou a direção da Frente, que os socialistas aceitavam a indicação de Marília Arraes para a vaga de Senado pelo PT, na chapa majoritária. Como resultado das conversas, Marília Arraes ficará no PT e será candidata ao Senado na chapa de Danilo Cabral (PSB).

As disputas internas dentro dos partidos sempre existirão, o que não se entende é a injustiça que estavam fazendo com esta mulher. Se Marília tivesse medo de enfrentar toda estrutura de poder que tentavam ofuscar seu brilho, este sentimento teria inibe suas ações. Ela venceu porque não teve medo de enfrentar os desafios com coragem.

A lição que esta mulher nos proporcionou hoje diz muito para alguns dirigentes partidários: os que têm coragem serão vitoriosos e os covardes jamais alcançarão o respeito e a vitória.


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