As pesquisas revelam uma verdade não absoluta
Quando o articulista se propõe a
escrever sobre determinado assunto, ele precisa deixar as paixões e militância
de lado, para não influenciar na abordagem do objeto de estudo. Muitas vezes
este profissional coloca no papel aquilo que gostaria não ter escrito. Desta
formam, vamos tentar abordar as ultimas pesquisas para governador do estado da
Bahia e buscar esclarecer como estes dados se relacionam com seu contexto
político.
O fraco desempenho do candidato das
esquerdas no nosso estado fez lembrar a experiência dos velhos políticos em
construir candidaturas e formar alianças. Assim, parafraseando o ex-presidente
José Sarney, “um candidato não se faz do dia para a noite,“ podemos entender
que a sabedoria de noventa e dois anos, deveria ser mais levada a sério pelos
cientistas e político da boa terra.
Ao apresentar estas pesquisas, gostaria de informar que a abordagem
técnica e o trabalho de colher e interpretar tais informações, foram de
responsabilidade do professor Wilton Cunha, que com sua capacidade de leitura
dos números, consegue transcender nossos entendimentos neste assunto.
CONTEXTO GERAL
A referida análise envolve 3 institutos e 4
pesquisas realizadas em datas distintas. Sobre os institutos Paraná e o
Real Big data apesar de possuírem instrumental para fazerem pesquisas com
qualidade, a maioria das vezes são insuficientes. Já o Quaest é considerado um
instituto de credibilidade.
Nas 4 pesquisas observamos que, no cenário
principal, o resultado tem sido estável e regularmente constante para os
tamanhos proporcionais de todos os candidatos inclusive para BRANCOS,
NULOS, INDECISOS E ABSTENÇÕES.
SOBRE A PESQUISA ESTIMULADA
Os índices de NETO são pelo menos 3 vezes maiores
do que quaisquer uns dos outros candidatos, com o mínimo de 55% e máximo
de 67%. Observa-se que o maior percentual (%) resultante da soma de
brancos, nulos, indecisos e abstenções está na casa de 23% e que a diferença
entre todos os candidatos e o primeiro é maior que este porcentual.
Para a
mudança deste quadro não basta buscar novos votos nos 23% relativos aos
brancos, nulos, indecisos e abstenções, seria preciso retirar de votos do
primeiro colocado, ou seja, NETO. Caso contrário a eleição estaria
resolvida em primeiro turno.
Rodrigues
e Roma estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro. Este quadro
persiste no cenário principal, na espontânea e em um eventual segundo turno
entre os dois.
SOBRE A PESQUISA ESPONTÂNEA
NESTA PERSPECTIVA O QUADRO MUDA
COMPLETAMENTE.
ESPONTÂNEA 23/mar 24/abr. 17/mai.
18/mai.
GOV-BA Q-Esp P-Esp RBD-Esp Q-Esp
Neto 13% 20% 20% 13%
Rodrigues 3% 6% 6% 3%
Roma 3% 4% 5% 3%
Rosa 0% 0% 0% 0%
Damico 0% 0% 0% 0%
B-N-I&A 81% 70% 79% 81%
Na perspectiva espontânea nota-se que
na melhor hipótese 70% dos eleitores ainda não dizem em quem irão votar e na
pior hipótese 81% fazem o mesmo. Neto chega a 20% Rodrigues a 6% e Roma a
5%, portanto Neto continua 3 vezes maior que qualquer um dos outros candidatos.
A novidade aqui apresentada é que a
diferença entre branco, nulos, indeciso e abstenções (B-N I&A) é maior que
a diferença entre o primeiro (NETO) e o segundo (RODRIGUES). Portanto,
para virar o jogo basta buscar votos em quem ainda não decidiu.
“PEGA VISÃO” RODRIGUES”
1ºTURNO
23/mar 24/abr 17/mai 18/mai
Espontânea
Q-Esp P-Esp RBD-Esp Q-Esp Rodrigues 3% 6% 6% 3%
Estimulada
Q-EsT P-EsT RBD-EsT Q-EsT Rodrigues 5% 6%18%16
2ºTUNO
23/mar 18/mai
GOV-BA
Q-EsT Q-EsT Rodrigues 18% 22% Roma 24% 24%
Analisando
os dados acima em relação ao primeiro turno, observa-se que na espontânea
Rodrigues tem uma variação de 3% a 6% portanto de 100%, enquanto na estimulada
a variação é de 260%. Isto induz a acreditar que uma “tática eleitoral”
competitiva possa fazer o crescimento de Rodrigues tornar-se exponencial.
Por outro lado, é bom observar que na melhor hipótese, hoje, Rodrigues
alcançaria 22%, enquanto Neto nesta mesma data chegaria a 70% e Roma 24%.
Sendo assim Rodrigues é o último colocado.
Numa hipótese de segundo turno Neto
sairia de 55% para 73%, enquanto Roma sairia de 4% para 24% e Rodrigo
sairia de 5% para 22%. Nestes casos os crescimentos de Roma e de Rodrigo são
infinitamente maiores do que o de Neto em um eventual segundo turno, mas, é bom
observar, que este índice de crescimento é desfavorável a Neto no segundo turno
tão somente porque sua margem de crescimento possível é bem menor em
relação aos 2 outros. Para Roma e Rodrigues as margens são extremamente
generosas.
Estes resultados revelam os erros político cometidos na
campanha de governador, quando os nomes de alguns companheiros da frente, que
são quadros testados e com densidade eleitoral não foram lembrados, passamos a
entender que a lógica em questão transcendia a razão. Diante disso, entendemos
que a intenção do governador Rui Costa (PT) de lançar um nome do seu grupo e do
circulo de amizade mesmo sabendo da dificuldade que enfrentaria uma candidatura
sem liga e sem carisma que pudesse empolgar a militância e o eleitor baiano,
poderia levar ao fim do ciclo petista no estado.
Infelizmente, foi posição do
governador e de uma ou duas lideranças que terminaram definido quem seria o
candidato. Deveria ter sido uma decisão das instâncias partidárias, da base.
Tudo isto aconteceu, porque aceitaram decisões tiradas da cartola. Para as
pessoas que estão fora do ciclo do governo, estes acontecimentos foram um
escândalo. É preciso entender, que a base partidária quando é impedida de se manifestar,
a democracia interna sai por outra porta.
Os números das pesquisas revelam por
si só os erros que cometeram em não agirem de forma racional e pragmática nas
escolhas que fizeram.