sábado, 16 de julho de 2022

ARTIGO - Dom Timóteo tinha razão! (Padre Carlos)

 


A participação da clausura no Sínodo

 


Neste tempo do barulho, da corrida e do imediatismo e do culto do ter, do prazer, do parecer e aparecer, não me parece que os religiosos e as religiosas de clausura estejam muitos na moda.

Lembrei-me hoje das conversas que tinha com Dom Timóteo, quando trabalha no Mosteiro de São Bento. Certa vez perguntei aquele monge sobre a vida no mosteiro e o que ele esperava da vida monástica, ele me respondeu: "Não estamos na moda, mas existimos." Mais: "Não somos seres etéreos, anacrónicos ou surdos. Procuramos dias específicos para recordar que cada instante é uma celebração onde a vida de Deus transforma as nossas. A vida contemplativa é viver cada instante na Presença. Cada instante é único, é dom e desafio." Falou olhando nos meus olhos: "Precisamos defender uma Igreja participativa e corresponsável. As pessoas participam e são responsáveis quando sentem a Igreja como sua casa.”.

Como o Pe. Antoniazzi dizia nas aulas de eclesiologia: “Estamos numa Igreja piramidal e hierárquica, aonde as normas vêm de cima.” Isto é reforçado pela falta de formação teológica e espiritual, fomentada pelo difícil acesso do laicado, incluídos os religiosos e as religiosas, às faculdades de teologia, como eram negados os religiosos no início do século passado que vinham de famílias pobres. É necessária e urgente uma formação que permita a reflexão sobre questões de moral, bioética, ecologia, pacifismo, relações interculturais.

Como teólogo, entendo que a Igreja precisa de um diálogo mais aberto com a sociedade, a partir de uma postura de verdadeira escuta, acolhendo a realidade e a situação das pessoas sem atitude moralizante. Que não se demonize a sexualidade nem se considere que é o centro de todo o pecado e, menos ainda, que o corpo da mulher é provocação. Acredito que a Igreja deve ser testemunho na sociedade exercendo a liderança da escuta, do acolhimento, da compreensão.

 

Por isto, não me surpreendi quando: os religiosos e religiosas que vivem na clausura pediram para ser ouvido e participar do Sínodo que terá lugar em Roma em 2023? É como se tivesse ouvindo aquele beneditino que eu aprendi respeitar.  "Que nos deixem pensar." E realmente pensam. Como é sabido, o Papa Francisco quer deixar como marca do seu pontificado a sinodalidade, isto é, que todos os membros da Igreja caminhem juntos e todos se sintam autenticamente representados na tomada de decisões. A prova está em que, desta vez, a preparação do Sínodo começa na base, nas Dioceses, de tal modo que todos possam exprimir-se, passando ao segundo momento, que é o momento continental, e só no final, com a contribuição de todos, se realizará o Sínodo em Roma.

 


sexta-feira, 15 de julho de 2022

ARTIGO - "Não te esqueças dos pobres!" (Padre Carlos)

 



O adeus a Dom Cláudio Hummes

 



 

A militância na Pastoral Operária e na JOC, sob os cuidados dos Jesuítas e em especial o Pe. Comfa S.J, me proporcionou conhecer muitos religiosos e um deles foi o bispo de Santo André. Dom Cláudio Hummes.  Quando estive com ele na ultima vez que nos encontramos no início da década de oitenta, falou para os membros da PO no CEAS, como acompanhou de perto o movimento operário no Brasil, incluindo a histórica greve geral dos metalúrgicos do ABC no fim da década de 1970. Na oportunidade falou porque ele abriu as portas da Catedral de Santo André para assembleias, presidiu missa com a participação dos grevistas e posicionou-se contra as demissões dos manifestantes.

 

Foi com tristeza que fiquei sabendo que o cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, morreu este mês aos 87 anos em São Paulo. Conheci Dom Claudio, num momento difícil em que vivia o país na década de setenta, durante o regime militar, o religioso morreu após “prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus”. 

Não podemos esquecer que quando Bergoglio foi eleito pairou a dúvida se a escolha de Francisco se referia ao de Assis ou ao de Xavier. Bastaram três dias para ser desfeita a dúvida. No encontro com os jornalistas no dia 16 de março de 2013, o Papa relatou o que se passara. "No conclave tinha ao meu lado o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo!" Depois de eleito Papa, D. Cláudio disse-lhe "Não te esqueças dos pobres!" enquanto o abraçava. "Aquelas palavras gravaram-se na cabeça: os pobres, os pobres", contou Francisco. "Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis".

O cardeal Hummes iniciou o seu ministério episcopal como bispo auxiliar da diocese de S. André, com direito de sucessão, a 29 de junho de 1975. Logo nesse ano, a 29 de dezembro, sucedeu a D. Jorge Marcos de Oliveira. Aí permaneceu até 1996, quando foi nomeado arcebispo de Fortaleza. Durante esses anos distinguiu-se por ser um bispo moderado, mas muito atento aos mais pobres. Colocou-se várias vezes ao lado dos trabalhadores e até apoiou as suas greves.

O cardeal Hummes foi o relator e grande dinamizador do Sínodo da Amazónia. Desde 2020, era o presidente da Conferência Eclesial da Amazónia, organismo criado para implementar as propostas saídas desse Sínodo. Dedicou-se a essa tarefa até aos últimos dias de vida. A recomendação de Hummes a Bergoglio não caiu no vazio. Os pobres são uma preocupação e uma presença constante em inúmeras iniciativas papais. Elas traduzem bem a prioridade assumida pelo Papa no dia da sua eleição.

Padre Carlos

 


terça-feira, 5 de julho de 2022

ARTIGO - Tudo poderá ser diferente se nós acreditarmos! (Padre Carlos)

 

A espiritualidade e a procura de um sentido para a vida.

 


Existe doença que tem o poder de nos tornar mais grato pela vida e mais atento aos outros. Foi pensando nisso e na fé que tem invadido as enfermarias e a falta de padres e religiosos neste ambiente que passei entender que esta dor precisa ser escutada e de uma pastoral que a escute.

Precisamos de vocações sacerdotais, diaconal e religiosa que possa ter uma vida dedicada ao acompanhamento espiritual nos hospitais, ao lado do sofrimento e da reconciliação com a vida e com a fé. Temos que entender de uma vez por toda, que cuidados de saúde e espiritualidade, isto é, a assistência espiritual e religiosa é uma necessidade essencial dos doentes. ·.

Quando exerci o ministério sacerdotal, tive algumas experiências de ir ao hospital, de visitar doentes, amigos. Sempre tive um profundo respeito pelo trabalho que alguns leigos desenvolvem nesta área. O sofrimento e a dor do outro, termina criando na gente este sentimento. Para mim, as pessoas que mais respeito é aquelas em que o sofrimento é mais dramático, que por vezes vejo até inconscientes. Corta-me o coração, não no sentido de perguntar porquê tanto sofrimento, mas de perguntar o que posso fazer para aliviar um pouco, ajudar aquela pessoa, estar com ela. É isso que me motiva.

A misericórdia e a vontade de Deus sempre será uma questão para ser elaborada dentro de todos nós. A razão das coisas não está aí. Temos sempre de encontrar uma razão para as coisas e a minha relação com Deus, desde criança, sempre foi muito bonita. Nunca tive a noção de Deus punidor, sempre tive a noção de Deus-amor. O modo como a minha mãe me transmitiu a fé era esse. Sim, era, mas o modo como ela falava sobre Deus, sobre os santos, sobre padres, a alegria com que o fazia sempre me transmitiu esse Deus-amor e, portanto, para mim, a doença não era um castigo de Deus, por isso tinha de encontrar a resposta. E encontrei posteriormente.

A resposta é simples. Sofremos porque é a nossa condição humana. O nosso corpo é frágil, vulnerável. Somos terra – a palavra homem quer dizer humus, terra. O grande problema é perceber para que serve o sofrimento. O nosso sofrimento só nos mete pavor quando é absurdo, quando não serve para nada. Quando uma mãe dá à luz sabe para que serve o sofrimento; quando ralava na faculdade, a dor de barriga que sentia face aos exames, sabia para que servia. Quando percebemos para que serve, damos um sentido ao sofrimento.

Entramos no campo da espiritualidade, da procura de um sentido para a vida. Descobrimos que a nossa vida é mais do que o sofrimento e o importante é saber integrar o sofrimento e a doença no contexto do sentido da vida.

A religião tem uma função de lutar e reunir forças, são as estratégias interiores que temos para enfrentar situações estressantes: pode ser a morte de alguém, a minha própria morte, a doença, o sofrimento. A nossa alma, o nosso corpo e o nosso espírito estão ligados entre si, somos um só, não há divisões. Eu tenho um amigo que invoca o santo do dia com a seguinte oração: fazei com que a esperança venha nos lembrar de que amanhã tudo poderá ser diferente se nós acreditarmos! Quando ele manda estas mensagens ele quer que eu crie um sentido para minha espiritualidade, que eu tenha uma perspectiva de futuro, se na relação com Deus perco a fé, se estou zangado, isso leva a um vazio que, por sua vez, leva a um desânimo face à luta. Se num dado momento preciso de todas as minhas energias físicas e espirituais para lutar contra uma doença, se estou diante de um diagnóstico terrível e me falha uma delas, a minha luta não é total. E, aqui, a espiritualidade tem um sentido lato: está ligada às questões do sentido da vida, da transcendência, mas também da relação com o outro, da reconciliação da vida com passado, presente e futuro.

Não podemos negar que existem fatores pelos quais a religião pode  interferir na nossa saúde. Um deles tem a ver com os comportamentos. A religião, ao dizer que é pecado, cria critérios para comportamentos saudáveis. Depois existe a função da luta. Se tenho a noção de que Deus é amor e está comigo no sofrimento, que tenho amigos e uma comunidade atrás de mim, há uma mobilização maior. Às vezes encontro pessoas que me dizem: “A minha comunidade está a rezar por mim, não estou sozinho”. A pessoa tem um sentimento de pertença, de esperança e de ser amado que é uma força acrescida para a sua luta. É isto que me faz este povo aguentar o sofrimento. Além da capacidade de lutar, a religião tem uma função de promoção de emoções positivas e de fomento de emoções, mas também de mecanismos internos  que capacitam as pessoas para a luta. Assim, como diz meu amigo: fazei com que a esperança venha nos lembrar de que amanhã tudo poderá ser diferente se nós acreditarmos!

 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

ARTIGO - Uma Nova Esquerda (Padre Carlos)

 


Uma Nova Esquerda

 


Para um leigo em política internacional, seria impossível enxergar algum padrão das esquerdas nas mudanças que estão acontecendo em todo o planeta. A eleição na Colômbia bem como os resultados das eleições legislativas da França aponta um novo período político onde não existe mais espaço neste campo a não ser uma grande frente de esquerda sem o personalismo e as vaidades se quiserem sobreviver neste novo milênio. Sou de um tempo que falar de perfeição e coerência era encarado como um mantra nas esquerdas. Todas as correntes se achavam o berço da coerência e da perfeição, elas se fechavam em suas convicções e não percebiam o que estava transcendendo ao seu conjunto de certezas.  Foi preciso muitos anos e uma nova geração, para que estas lideranças entendessem que não  existem partidos, correntes ou agrupamentos perfeitos, porque são compostos por homens e ninguém é perfeito ou sempre coerente o tempo todo.

Diferente de Emmanuel Macron, agora o grande desafio para Gustavo Petro, será o velho problema brasileiro: a governabilidade no Congresso. Petro convenceu metade dos colombianos com suas promessas de mudança. Mas agora o primeiro presidente de esquerda eleito da Colômbia terá que formar maiorias e vencer a resistência de militares e empresários para governar um país dividido sobre seu mandato. Petro deve tentar propor o que chamou de grande acordo nacional porque claramente o país está bem fragmentado e entende que sem repactuar a nação, será impossível empreender as mudanças que a Colômbia tanto precisa.

         Fatos ocorridos nesta campanha lembraram  aos brasileiros um pouco da eleição de 1989 entre Collor e Lula.  Durante a campanha os empresários acusaram de promover um socialismo fracassado. Foi uma campanha de mentiras e medo, que ele iria expropriar os colombianos, destruir a propriedade privada. Como falou o presidente: “eu sou de esquerda, mas isso não quer dizer que vou transformar radicalmente o modelo econômico”.

 


sexta-feira, 3 de junho de 2022

ARTIGO - Não podemos fechar os olhos para aqueles que rasgaram a constituição! (Padre Carlos)

 


Para construir o Brasil do futuro

 




Um dos grandes desafios que temos que enfrentar nestes últimos tempos são os ataques as base do nosso regime republicano democrático e suas instituições sem que possamos fazer muita coisa em sua defesa no que se refere às tentativas de golpe e o desrespeito a nossa constituição. Como professor de filosofia chamo a atenção da classe política para que possa entender que uma das causas estes problemas estão relacionado à falta de consciência história de alguns setores da sociedade e das novas gerações. Não resgatamos os nossos valores históricos e não buscamos celebrar as nossas vitórias para entrar no período de democratização. Fechamos os olhos para aqueles que rasgaram a constituição em 64 e não repactuamos a Nação. Para construir o Brasil do futuro, nós precisávamos ter usado os mitos do passado que alimentaram nossas utopias e assim, poderiam ter capacidade de sustentar o nosso presente. Por isso, uma sociedade que não faz uso de sua história, não consegue se entender.

         Nós somos nesta eleição, através de uma frente democrática chamada a participar da construção do futuro deste país, assim podemos nos perguntar: quais são as nossas âncoras de identidade?

 Quem escreveu nossa história sabia que as masmorras de Curitiba tinha uma função estratégica. Quais dos nossos heróis nos identificamos com este passado? Nossa cultura autoritária fez com que absolvêssemos os valores burgueses e tivéssemos vergonha da senzala.  Os nossos mitos, portanto, é checado o tempo todo porque, no fundo, nós estamos confrontando a nossa própria identidade, quando colocamos um retirante como protagonista do projeto de salvação e não um filho de coronel.

         Primeiramente pode haver um susto, mas depois nos perguntamos: será que realmente somos assim? É aí que começamos a fazer perguntas como: será que somos democráticos ou a nossa índole é, na essência, autoritária?

         Queremos soluções rápidas como em 85 que não nos deram o trabalho de construirmos um pacto entre a senzala e a casa grande, ou queremos um consenso, para construção de soluções duradouras?

          Na verdade, estamos órfãos de identidade. Onde fica a casa grande e a senzala?  Afinal, quem nós somos? O Brasil precisa encontrar um eixo comum que suavize os conflitos e, neste momento de confronto, é necessário voltar ao passado para nos perguntarmos: dá para construir o Brasil com a matéria-prima que temos à disposição?

         Uma identidade, para ser realmente sólida, preciso ser produto de um pacto, isto é, a sociedade tem que se reconhecer coletivamente nessa identidade como nação. E é isso que nos polariza tanto e que reflete uma intolerância, não aceitamos a senzala neste projeto nacional.

          Para as camadas populares, só valerá a pena salvar a democracia se todas as classes envolvidas nesta luta devolver as esperanças do povo de que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”...

         Os frutos virão mais lentamente do que imaginamos, mas eles serão resultados da história que construímos hoje. O Brasil de hoje pode não ser o melhor, pode não ser o mais justo, mas o Brasil que nós sonhamos hoje pode, sim, ser melhor e mais justo se nós assumirmos o desafio de construí-lo hoje.

Padre Carlos


quarta-feira, 1 de junho de 2022

ARTIGO - Polícia Rodoviária Federal mata cidadão asfixiado (Padre Carlos)

 

 

Polícia Rodoviária Federal e a Declaração Universal de Direitos Humanos

 



Nestes dias assistimos de forma perplexa um assassinato brutal de um cidadão por parte do Estado brasileiro e de suas forças de segurança que operam em seu nome. Quando levanto esta questão, quero afirmar que aqueles dois policiais na cidade de Umbaúba, no litoral sul de Sergipe, quando torturaram aquele cidadão durante uma abordagem policial e que terminou resultando em sua morte de uma maneira extremamente violenta e sem justificativa para tal ação, estavam a serviço do estado e que aquele crime brutal representa um comportamento e uma cumplicidade com tal ação daqueles que deveria proteger o cidadão. Assim, não entendemos, nem aceitamos este tipo de ação que representa uma cultura de morte e que se estende as classes mais pobres deste país.

Em nota, a PRF afirmou que o homem teria “resistido ativamente” à abordagem. Os agentes, então, teriam utilizado “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo”.

Leia a íntegra da nota da PRF:

“Na data de hoje, 25 de maio de 2022, durante ação policial na BR-101, em Umbaúba-SE, um homem de 38 anos resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF”. Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba.

Durante o deslocamento, o abordado veio a passar mal e socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito.

A equipe registrou a ocorrência na Polícia Judiciária, que irá apurar o caso. “A Polícia Rodoviária Federal em Sergipe lamenta o ocorrido e informa que foi aberto procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos”.

 

Foram ações como esta contra o cidadão comum, que me fez pensar sobre os direitos fundamentais do Homem e o quanto este Estado tem violado. Encontramos múltiplos indícios destas violações, sejam nos morros cariocas nas periferias de Salvador ou no litoral de Sergipe.  Assim conhecendo a história de violência e a guerra que se trava de forma silenciosa em nosso país, não entendemos como o Brasil pode assinar uma Declaração Universal de Direitos Humanos, que foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de Dezembro de 1948, em Paris e praticar tais atos.   Nos artigos 1 e 2, lê-se: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e distinção alguma de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra situação".

Na fundamentação dos direitos humanos, encontramos inevitavelmente as famosas afirmações de Kant: "Tudo no mundo tem um preço; só o Homem tem dignidade." "O Homem é fim, e nunca meio ou instrumento; portanto, independentemente da sua maior ou menor utilidade, reclama um respeito incondicional." Kant está falando da liberdade enquanto ela é de fato, que nos distingue das coisas e dos animais e se explicita na consciência do dever. Para ser fim, o Homem tem de ter nele algo de absoluto, incondicional, infinito. Então, se tem algo de infinito em si mesmo, que é a pergunta pelo Infinito, o Homem é fim, pois, para lá do Infinito, não há mais nada.

Várias são as explicações para o processo de humanização e as ciências que o discutem: a filosofia, a antropologia, a sociologia, a história, a biologia, a psicologia, entre outras. Entretanto, consideramos que este processo se dar através das lutas e o acumulo de forças das conquista dos povos. São violências com esta que aconteceu em Umbaúba, no litoral sul de Sergipe que fazem o filosofo se questionar: Será que o homem nasce humano? As características humanas estão presentes desde o nascimento? O que é ser humano? Como ocorre o processo de tornar-se humano? O que diferencia os humanos dos animais? Questões como essas inquietam e inquietaram o filósofo e todo o homem de bem no decorrer dos séculos de sua existência.

P.S: estos como este, não representa os valores desta corporação, que tanto tem feito para manter nossas rodoviária segura.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

ARTIGO - O que representa o apoio da empresária ligada ao PSDB e ex-apoiadora da Lava Jato apoiar Lula. (Padre Carlos)

 


Lula e o empresariado

 


Uma das coisas que tenho observado neste primeiro semestre, foi o comportamento do empresariado brasileiro em relação à candidatura de Lula. Quando a empresária Rosângela Lyra, ex-representante da Dior no Brasil, faz uma enfática defesa da vitória do ex-presidente Lula nas eleições deste ano, sinaliza que as alianças que foram construídas nas pré-campanha tem surtido efeito, mas não é só isto, estamos presenciando uma tomada de posição de setores que passaram a entender que o regime democrático corre perigo e entendem o que fizeram no verão passado. Tradicional eleitora do PSDB e ex-apoiadora da Lava Jato, passam a discernir os resultados políticos e econômicos que seus atos fizeram.

Na verdade, a direita brasileira não previu a “onda fascista” na Europa, EUA, e no Brasil. Freá-la exige enxergar os perigos e para alguns, o prejuízo que tem provocado a inercia econômica e a perda de credibilidade política e econômica com seus parceiros europeus e asiáticos. Para impedir que a economia permaneça mais quatro anos estagnada e assistindo os valores democráticos sendo colocado em cheque a todo o momento, foram os motivos que levaram um setor do empresariado brasileiro, que até então ainda nutria alguma esperança com Bolsonaro e o Lavajatismo, a desembarcarem desta perigosa aliança formada em meados da década passada com a ultradireita e abraçar a candidatura de Lula como projeto de salvação nacional.

Um grupo formado por grandes empresários brasileiros que até pouco tempo rezavam na cartilha de Curitiba redigiram um documento para definir uma agenda de propostas, que será apresentado ao ex-presidente Lula. Não quero aqui insinuar que estes homens de negocio se tornaram petista de cartilha, até porque, as alianças com este povo são pontuais e estão relacionadas a um programa de governo que além do avanço social, tem como consenso a retomada do crescimento. A crise econômica no Brasil tem se aprofundado, os problemas sociais não diminuíram, as dificuldades orçamentais aumentam a cada dia e não é só o povo que assiste a tudo isto, mas também, os empresários e homens de negócios e o que é pior, não sabem mais a quem recorrer. Eles passaram a entender, que estamos num dos momentos em que um país vira a página ou coloca em risco todo o pacto federativo.

Os empresários precisam entender que o Brasil precisa passar por um pacto. E quando os cientistas políticos falam estas coisas, não está se referindo ao processo eleitoral que no caso do Brasil, principalmente nesta eleição que passa a ter contornos de caráter plebiscitário e termina deixando mais dividido ainda o nosso país. Como disse Rousseau, o verdadeiro pacto social consistente reside no fato dos cidadãos sendo ao mesmo tempo súditos e soberanos, obedecem às leis que eles mesmos estabeleceram entre si. O Brasil precisa se encontrar com suas fases de súditos e soberanos, para se encontrar na história.  .

Por isto, acredito que um pacto social não pode ser encarado como o resultado concreto de um acórdão específico, mas a vontade de todas as forças políticas que representam a sociedade em geral. E para que isto aconteça de fato, elas precisam assumir compromissos e celebrar isto de forma que o que está no papel será cumprido pelas partes. Assim, não acredito que exista empresários ou trabalhadores que não queira recolocar o país no caminho do desenvolvimento.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...