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Rio de Janeiro tem sido laboratório de políticas de cunho fascista
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O
Rio de Janeiro tem sido laboratório de políticas de cunho fascista
A era do descartável
Hoje estava pensando como o mundo tem mudado. Como
disse Camões: Tudo muda nesta vida: “Muda-se o ser,
muda-se a confiança/Todo o mundo é composto de mudança…”. Somos testemunhas das mudanças que ocorrem na
sociedade e nada podemos fazer para evitá-las. Gostemos ou não, as coisas vão
mudando e os novos tempos trazem sempre algo de diferente à nossa vida.
Quando eu era criança e vivia com os meus pais, na Pituba
não tínhamos eletrodomésticos (televizinho), mas se algum aparelho quebrava lá na casa do vizinho, chamava-se o técnico para concertar – que
procurava repará-lo no domicílio. Se o concerto fosse mais complicado, tinha de
ser levado para a oficina, regressando mais tarde como novo. E durava sei lá
mais quanto tempo!
Infelizmente, nos dias de hoje, já não é
assim. Primeiro, por que há poucos técnicos, pois o que conta agora é ter
uma licenciatura. Mesmo que seja de faz de conta por correspondência. Por isto, as escolas técnicas vêm perdendo terreno
e interesse das novas gerações, abrindo caminho às Faculdades à distância, que
estão superlotadas.
Depois, sabemos que, quando um eletrodoméstico deste
quebra, vira sinónimo de aparelho novo, devido à fragilidade do material que desta
forma termina se tornando descartável. Aliás, não é novidade para ninguém que
hoje nada tem a mesma duração dos materiais produzidos antigamente, seja em que
área for.
O relacionamento entre os seres humanos também
mudou consideravelmente. As pessoas pareciam ser mais verdadeiras, mais
solidárias, mais amigas. Hoje, os amigos (dignos desse nome) são cada vez menos
e passaram a aparecer os ‘conhecidos’ – que, em muitos casos, se servem dos
outros em função dos seus interesses e conveniências.
E quando os objetivos são atingidos, estes ‘conhecidos’
põem aqueles de lado e substituem por outros – de acordo com a velha teoria “muito
tens muito vales, nada tens nada vales”.
Vivemos, na era do descartável. Até a própria vida,
para muitos, parece também ser descartável. E não é um problema político da
esquerda ou da direita, é uma realidade que tem a ver com novas mentalidades
que estes ‘ventos de mudança’ trouxeram à sociedade.
Num momento de tantas dificuldades, convém ter
presente que os profissionais, tal como os grandes jogadores de futebol, já não
correm por amor à camisa. A todo o momento nos decepcionamos com o caráter destes
“Ídolos”, para eles, não têm problema algum em “abandonar o barco” e deixar o campeonato
pelo meio, se aparecerem propostas mais aliciantes. Esta é a realidade. É isto
que temos no presente. O que nos reservará o futuro?
“Não se vence sem luta, nem se participa da
vitória ficando neutro.”
Mais uma vez volto a apresentar os
resultados das ultimas pesquisas. Antes de abordar estes números, gostaria de
informar que a abordagem técnica e o trabalho de colher e interpretar tais
informações, foram de responsabilidade do professor Wilton Cunha, que com sua
capacidade de leitura dos números, consegue transcender nossos entendimentos
neste assunto.
Não podemos negar que o ex-presidente Lula
(PT) tem o triplo da capacidade de transferência de votos em relação ao
potencial do presidente Jair Bolsonaro (PL) e alavancar uma candidatura de um
companheiro que até pouco tempo era desconhecido do eleitorado baiano, não tem sido
obra de uma engenharia política, mas fruto da genialidade de Lula e do seu
capital político. A eleição de 2022 é um caso paradigmático da capacidade de
grandes detentores de votos determinarem comportamentos eleitorais
Nestes últimos dias temos visto que a
população começa a tomar partido e a entrar mais no clima da eleição. Uma prova
disso, segundo os dados, é o fato de que o porcentual dos que responderam na
pesquisa espontânea que votariam em Jerônimo para governador subiu de 5% em
março para 33% em julho, enquanto o ex-prefeito de Salvador ACM Neto despencou
de 66% em março, para 40% em julho..
O vereador Renato
Freitas, Negro, jovem e periférico,
No dia (26) de junho, dom Zanoni
participou de um evento na cidade de Curitiba sobre “Religiões contra o
Racismo”, Esta manifestação de apoio se deve a Perseguição que tem sofrido o
Vereador Renato e pela restituição do seu mandato que foi
cassado pela Câmara de Curitiba, após promover
manifestação antirracista na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
de São Benedito, na capital paranaense,
Dom Zanoni entendeu que o
vereador Renato Freitas, Negro, jovem e periférico, tinha sido cassado por
protestar contra o racismo e todo tipo de preconceito que seus irmãos afrodescendentes vêm sofrendo nestes quinhentos anos de
colonização. O vereador em seu protesto chama atenção de seus pares e
principalmente de uma sociedade preconceituosa que o povo negro é chamado a ser
protagonista da gestação de uma nova cultura e realidade. Tendo presente a
riqueza de sua tradição, literatura e sua filosofia. O modo de viver, a
culinária, a tradição oral e escrita, o modo de ensinar da agricultura, a
música e a compreensão de mundo. Isto marca profundamente e deixa alguns
seguimentos descontentes. Por isso, que o negro não é só sujeito, mas
protagonista da gestação de um novo tempo,
O
apoio que a Pastoral Afro-Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) e dom Zanoni Demettino vêm dando ao vereador Renato Freitas é
para que continue resistindo e lutando contra a direita racista que tentou
tirar seu mandato. A sua permanência na Câmara de Curitiba representa a defesa
da democracia e de tudo que ele representa: o povo pobre, negro e periférico.
Esta ação do representante nacional da Pastoral Afro-Brasileira, veio
acompanhada da manifestação da Arquidiocese de Curitiba, que enviou uma carta a aquela casa
legislativa, declarando que é contra a cassação do mandato (…) A manifestação
de Renato não fere o exercício legislativo e nem a legitimidade do seu mandato.
“Portanto, a cassação só demonstra a perseguição política contra o vereador e
sua representatividade dentro da Câmara Municipal”,
Não podemos tolerar o preconceito! A luta contra o racismo deve ser de
todos nós. Um país diverso como o Brasil não pode aceitar atitudes criminosas
como essa. Estamos junto com dom Zanoni lutando por uma sociedade livre de
preconceitos!
Parabéns meu Pastor!
A participação da clausura no Sínodo
Neste tempo do barulho, da corrida e do
imediatismo e do culto do ter, do prazer, do parecer e aparecer, não me parece
que os religiosos e as religiosas de clausura estejam muitos na moda.
Lembrei-me hoje das conversas que tinha com
Dom Timóteo, quando trabalha no Mosteiro de São Bento. Certa vez perguntei
aquele monge sobre a vida no mosteiro e o que ele esperava da vida monástica,
ele me respondeu: "Não estamos na moda, mas existimos." Mais:
"Não somos seres etéreos, anacrónicos ou surdos. Procuramos dias
específicos para recordar que cada instante é uma celebração onde a vida de
Deus transforma as nossas. A vida contemplativa é viver cada instante na
Presença. Cada instante é único, é dom e desafio." Falou olhando nos meus
olhos: "Precisamos defender uma Igreja participativa e corresponsável. As
pessoas participam e são responsáveis quando sentem a Igreja como sua casa.”.
Como o Pe. Antoniazzi dizia nas aulas de eclesiologia:
“Estamos numa Igreja piramidal e hierárquica, aonde as normas vêm de cima.”
Isto é reforçado pela falta de formação teológica e espiritual, fomentada pelo
difícil acesso do laicado, incluídos os religiosos e as religiosas, às
faculdades de teologia, como eram negados os religiosos no início do século
passado que vinham de famílias pobres. É necessária e urgente uma formação que
permita a reflexão sobre questões de moral, bioética, ecologia, pacifismo,
relações interculturais.
Como teólogo, entendo que a Igreja precisa
de um diálogo mais aberto com a sociedade, a partir de uma postura de
verdadeira escuta, acolhendo a realidade e a situação das pessoas sem atitude
moralizante. Que não se demonize a sexualidade nem se considere que é o centro
de todo o pecado e, menos ainda, que o corpo da mulher é provocação. Acredito
que a Igreja deve ser testemunho na sociedade exercendo a liderança da escuta,
do acolhimento, da compreensão.
Por isto, não me surpreendi quando: os
religiosos e religiosas que vivem na clausura pediram para ser ouvido e
participar do Sínodo que terá lugar em Roma em 2023? É como se tivesse ouvindo aquele beneditino que eu aprendi respeitar. "Que nos deixem
pensar." E realmente pensam. Como é sabido, o Papa Francisco quer deixar
como marca do seu pontificado a sinodalidade, isto é, que todos os membros da
Igreja caminhem juntos e todos se sintam autenticamente representados na tomada
de decisões. A prova está em que, desta vez, a preparação do Sínodo começa na
base, nas Dioceses, de tal modo que todos possam exprimir-se, passando ao
segundo momento, que é o momento continental, e só no final, com a contribuição
de todos, se realizará o Sínodo em Roma.
O adeus a Dom Cláudio Hummes
A militância na Pastoral Operária e na JOC, sob os
cuidados dos Jesuítas e em especial o Pe. Comfa S.J, me proporcionou conhecer muitos
religiosos e um deles foi o bispo de Santo André. Dom Cláudio Hummes. Quando estive com ele na ultima vez que nos
encontramos no início da década de oitenta, falou para os membros da PO no
CEAS, como acompanhou de perto o movimento operário no Brasil, incluindo a
histórica greve geral dos metalúrgicos do ABC no fim da década de 1970. Na oportunidade falou porque ele
abriu as portas da Catedral de Santo André para assembleias, presidiu missa com
a participação dos grevistas e posicionou-se contra as demissões dos
manifestantes.
Foi com tristeza que fiquei sabendo que
o cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, morreu este mês aos
87 anos em São Paulo. Conheci Dom Claudio, num momento difícil em que vivia o país
na década de setenta, durante o regime militar, o religioso morreu após
“prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus”.
Não podemos esquecer que quando Bergoglio foi eleito pairou
a dúvida se a escolha de Francisco se referia ao de Assis ou ao de Xavier.
Bastaram três dias para ser desfeita a dúvida. No encontro com os jornalistas
no dia 16 de março de 2013, o Papa relatou o que se passara. "No conclave
tinha ao meu lado o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e
também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande
amigo!" Depois de eleito Papa, D. Cláudio disse-lhe "Não te esqueças
dos pobres!" enquanto o abraçava. "Aquelas palavras gravaram-se na
cabeça: os pobres, os pobres", contou Francisco. "Logo depois,
associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis".
O cardeal Hummes iniciou o seu ministério episcopal como bispo auxiliar
da diocese de S. André, com direito de sucessão, a 29 de junho de 1975. Logo
nesse ano, a 29 de dezembro, sucedeu a D. Jorge Marcos de Oliveira. Aí
permaneceu até 1996, quando foi nomeado arcebispo de Fortaleza. Durante esses
anos distinguiu-se por ser um bispo moderado, mas muito atento aos mais pobres.
Colocou-se várias vezes ao lado dos trabalhadores e até apoiou as suas greves.
O cardeal Hummes foi o relator e grande dinamizador do Sínodo da
Amazónia. Desde 2020, era o presidente da Conferência Eclesial da Amazónia,
organismo criado para implementar as propostas saídas desse Sínodo. Dedicou-se
a essa tarefa até aos últimos dias de vida. A recomendação de Hummes a Bergoglio
não caiu no vazio. Os pobres são uma preocupação e uma presença constante em
inúmeras iniciativas papais. Elas traduzem bem a prioridade assumida pelo Papa
no dia da sua eleição.
Padre Carlos
A espiritualidade e a procura de um sentido para a
vida.
Existe doença que tem o poder de nos tornar mais
grato pela vida e mais atento aos outros. Foi pensando nisso e na fé que tem
invadido as enfermarias e a falta de padres e religiosos neste ambiente que
passei entender que esta dor precisa ser escutada e de uma pastoral que a
escute.
Precisamos de vocações sacerdotais, diaconal e
religiosa que possa ter uma vida dedicada ao acompanhamento espiritual nos
hospitais, ao lado do sofrimento e da reconciliação com a vida e com a fé.
Temos que entender de uma vez por toda, que cuidados de saúde e
espiritualidade, isto é, a assistência espiritual e religiosa é uma necessidade
essencial dos doentes. ·.
Quando exerci o ministério sacerdotal, tive algumas
experiências de ir ao hospital, de visitar doentes, amigos. Sempre tive um
profundo respeito pelo trabalho que alguns leigos desenvolvem nesta área. O
sofrimento e a dor do outro, termina criando na gente este sentimento. Para
mim, as pessoas que mais respeito é aquelas em que o sofrimento é mais
dramático, que por vezes vejo até inconscientes. Corta-me o coração, não no
sentido de perguntar porquê tanto sofrimento, mas de perguntar o que posso
fazer para aliviar um pouco, ajudar aquela pessoa, estar com ela. É isso que me
motiva.
A misericórdia e a vontade de Deus sempre será uma
questão para ser elaborada dentro de todos nós. A razão das coisas não está aí.
Temos sempre de encontrar uma razão para as coisas e a minha relação com Deus,
desde criança, sempre foi muito bonita. Nunca tive a noção de Deus punidor,
sempre tive a noção de Deus-amor. O modo como a minha mãe me transmitiu a fé
era esse. Sim, era, mas o modo como ela falava sobre Deus, sobre os santos,
sobre padres, a alegria com que o fazia sempre me transmitiu esse Deus-amor e,
portanto, para mim, a doença não era um castigo de Deus, por isso tinha de
encontrar a resposta. E encontrei posteriormente.
A resposta é simples. Sofremos porque é a nossa
condição humana. O nosso corpo é frágil, vulnerável. Somos terra – a palavra
homem quer dizer humus, terra. O grande problema é perceber para que serve o
sofrimento. O nosso sofrimento só nos mete pavor quando é absurdo, quando não
serve para nada. Quando uma mãe dá à luz sabe para que serve o sofrimento;
quando ralava na faculdade, a dor de barriga que sentia face aos exames, sabia
para que servia. Quando percebemos para que serve, damos um sentido ao
sofrimento.
Entramos no campo da espiritualidade, da procura de
um sentido para a vida. Descobrimos que a nossa vida é mais do que o sofrimento
e o importante é saber integrar o sofrimento e a doença no contexto do sentido
da vida.
A religião tem uma função de lutar e reunir forças,
são as estratégias interiores que temos para enfrentar situações estressantes:
pode ser a morte de alguém, a minha própria morte, a doença, o sofrimento. A
nossa alma, o nosso corpo e o nosso espírito estão ligados entre si, somos um só,
não há divisões. Eu tenho um amigo que invoca o santo do dia com a seguinte
oração: fazei com que a esperança venha nos lembrar de que amanhã tudo poderá
ser diferente se nós acreditarmos! Quando ele manda estas mensagens ele quer
que eu crie um sentido para minha espiritualidade, que eu tenha uma perspectiva
de futuro, se na relação com Deus perco a fé, se estou zangado, isso leva a um
vazio que, por sua vez, leva a um desânimo face à luta. Se num dado momento
preciso de todas as minhas energias físicas e espirituais para lutar contra uma
doença, se estou diante de um diagnóstico terrível e me falha uma delas, a
minha luta não é total. E, aqui, a espiritualidade tem um sentido lato: está
ligada às questões do sentido da vida, da transcendência, mas também da relação
com o outro, da reconciliação da vida com passado, presente e futuro.
Não podemos negar que existem fatores pelos quais a
religião pode interferir na nossa saúde.
Um deles tem a ver com os comportamentos. A religião, ao dizer que é pecado, cria
critérios para comportamentos saudáveis. Depois existe a função da luta. Se
tenho a noção de que Deus é amor e está comigo no sofrimento, que tenho amigos
e uma comunidade atrás de mim, há uma mobilização maior. Às vezes encontro
pessoas que me dizem: “A minha comunidade está a rezar por mim, não estou
sozinho”. A pessoa tem um sentimento de pertença, de esperança e de ser amado
que é uma força acrescida para a sua luta. É isto que me faz este povo aguentar
o sofrimento. Além da capacidade de lutar, a religião tem uma função de
promoção de emoções positivas e de fomento de emoções, mas também de mecanismos
internos que capacitam as pessoas para a
luta. Assim, como diz meu amigo: fazei com que a esperança venha nos lembrar de
que amanhã tudo poderá ser diferente se nós acreditarmos!
A geração que fez a diferença! Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...