A Igreja do Chile é incendiada por ideias
A Igreja católica tem
buscado nos últimos anos à participação dos leigos na vida da Instituição e na
política. O problema começa quando eles se organizam, refletem e fazem propostas
que fogem ao seu controle. Diante de tal comportamento, a hierarquia começa a
olhá-los com desconfiança e procura domesticá-los. Porém, se não conseguir tal
êxito, ela passa a ignorá-los e retira toda responsabilidade colocada sob a
confiança deste fiel, para não ser confundida com um novo modo de ser Igreja ou
um alinhamento político.
No
contexto de escândalos, foi criada no Chile a Rede Nacional de Leigas e Leigos.
O objetivo deste movimento é construir um espaço de diálogo e de reflexão para
ajudar a Igreja chilena a superar a situação com propostas criativas que
reacendessem a esperança dos fiéis.
Em
dezembro do ano passado, uma delegação desse movimento laical foi recebida pelo
Papa Francisco. Na ocasião, os representantes dos Leigos e Leigos, trataram de
diversos assuntos ligados a Igreja local, entre outros assuntos, demostraram a preocupação
com a lentidão da renovação da Conferência Episcopal Chilena e a falta da
participação dos leigos, nomeadamente mulheres, na tomada das decisões.
A
delegação da capital, Santiago do Chile, reivindicou ao Papa, que os leigos
tenham uma maior participação na nomeação do próximo arcebispo. O atual, como
determina a lei da Igreja, já pediu para ser substituído, pois ultrapassaram os
75 anos.
Para
dinamizar o processo de reflexão sobre as características do seu futuro pastor,
o movimento dos leigos chileno, elaborou um questionário que poderá ser
respondido online. Esta iniciativa inspira-se na perspectiva sinodal da Igreja
dimanada do Concílio Vaticano II e propiciada pelo Papa. Nesta perspectiva, os
leigos "são protagonistas da Igreja e do Mundo de hoje, a quem os pastores
são chamados a servir". Esta dignidade foi conferida pelo batismo.
Uma
Igreja que quer ser sinodal tem de envolver necessariamente os leigos. A
participação destes não pode ficar somente engrossando as assembleias
dominicais. A sua voz deve ser ouvida nas decisões que são tomadas, como a
escolha dos bispos. Neste caso, não só os leigos, mas o conjunto da Igreja.
Se
essa moda pegar, acredito que poderemos vivenciar um verdadeiro Aggiornamento, ou melhor, uma verdadeira revolução na Igreja.