terça-feira, 30 de agosto de 2022

ARTIGO - Por uma Igreja que ouça os leigos (Padre Carlos)

 

A Igreja do Chile é incendiada por ideias






A Igreja católica tem buscado nos últimos anos à participação dos leigos na vida da Instituição e na política. O problema começa quando eles se organizam, refletem e fazem propostas que fogem ao seu controle. Diante de tal comportamento, a hierarquia começa a olhá-los com desconfiança e procura domesticá-los. Porém, se não conseguir tal êxito, ela passa a ignorá-los e retira toda responsabilidade colocada sob a confiança deste fiel, para não ser confundida com um novo modo de ser Igreja ou um alinhamento político.

No contexto de escândalos, foi criada no Chile a Rede Nacional de Leigas e Leigos. O objetivo deste movimento é construir um espaço de diálogo e de reflexão para ajudar a Igreja chilena a superar a situação com propostas criativas que reacendessem a esperança dos fiéis.

Em dezembro do ano passado, uma delegação desse movimento laical foi recebida pelo Papa Francisco. Na ocasião, os representantes dos Leigos e Leigos, trataram de diversos assuntos ligados a Igreja local, entre outros assuntos, demostraram a preocupação com a lentidão da renovação da Conferência Episcopal Chilena e a falta da participação dos leigos, nomeadamente mulheres, na tomada das decisões.

A delegação da capital, Santiago do Chile, reivindicou ao Papa, que os leigos tenham uma maior participação na nomeação do próximo arcebispo. O atual, como determina a lei da Igreja, já pediu para ser substituído, pois ultrapassaram os 75 anos.

Para dinamizar o processo de reflexão sobre as características do seu futuro pastor, o movimento dos leigos chileno, elaborou um questionário que poderá ser respondido online. Esta iniciativa inspira-se na perspectiva sinodal da Igreja dimanada do Concílio Vaticano II e propiciada pelo Papa. Nesta perspectiva, os leigos "são protagonistas da Igreja e do Mundo de hoje, a quem os pastores são chamados a servir". Esta dignidade foi conferida pelo batismo.

Uma Igreja que quer ser sinodal tem de envolver necessariamente os leigos. A participação destes não pode ficar somente engrossando as assembleias dominicais. A sua voz deve ser ouvida nas decisões que são tomadas, como a escolha dos bispos. Neste caso, não só os leigos, mas o conjunto da Igreja.

Se essa moda pegar, acredito que poderemos vivenciar um verdadeiro Aggiornamento, ou melhor, uma verdadeira revolução na Igreja.

 

 


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