terça-feira, 16 de agosto de 2022

ARTIGO - Michelle Bolsonaro: a primeira dama e a intolerância religiosa (Padre Carlos)

 


“As chamas do discurso do ódio”

 


Como se não bastasse à fome o desemprego e a falta de perspectiva, o brasileiro também passou a conviver com a intolerância religiosa por parte do governo e por uma parcela dos seus seguidores. Não tem como deslocar esse caso que aconteceu com a primeira dama em Belo Horizonte, das práticas extremamente conservadoras que a gente tem vivido no nosso país. O que ela afirmou na sua fala foi parte das certezas ideológica que são compostos o bolsonarismo, nela encontramos no seu centro, a negação do direito do outro. Temos um estado teocrático, um estado cristão e fundamentalista.

A prática desse estado nessa construção faz com que as pessoas se sintam à vontade para praticar ódio e a intolerância, se sintam à vontade para praticar atos ilícitos e por ser cometidos por autoridades, não são qualificados como crime.

Diante disso, entidades religiosas que compõe a Frente Inter-religiosa Don Paulo Evaristo Arns publicou uma nota de repúdio sobre as recentes declarações da primeira dama, que em um culto religioso, no último domingo (07), ao lado do presidente, declarou que antes do casal ocupar o Palácio do Planalto, o espaço era “ocupado por demônios.” Para fundamentar sua fala, compartilhou com seus seguidores um vídeo em que o ex-presidente Lula (PT) participa de uma cerimônia da umbanda. Na legenda, a primeira-dama diz que Lula vendia sua alma para vencer as eleições.

Quando este discurso de ódio e intolerância passa a semear a divisão religiosa, colocando evangélicos contra católicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, muçulmanos, judeus, budistas e de hinduístas, deixamos de respeitar as crenças e certezas do outro.

Com a chegada da ultradireita passamos a viver um clima de cisão política e para desfazer este equivoco, foram necessários alguns anos e em nome destas “certezas” cometeram todo tipo de abusos à Constituição, ao ponto de prender e condenar inocentes. Imaginem vocês o que uma cisão religiosa não poderá fazer? Nossa preocupação é que possa acontecer uma tragédia como a de Foz do Iguaçu entre o campo religioso Não podemos deixar a fé ultrapassar a pregação do altar para pautar discurso político, nem pregar o ódio entre os irmãos. Falas como esta, podem criar uma onda de intolerância e violência baseada no ódio e atingir seguidores de muitas religiões em todo o Brasil. 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...