“As chamas do discurso do ódio”
Como se não bastasse à fome o desemprego
e a falta de perspectiva, o brasileiro também passou a conviver com a intolerância
religiosa por parte do governo e por uma parcela dos seus seguidores. Não tem como deslocar esse caso que aconteceu com a
primeira dama em Belo Horizonte, das práticas extremamente conservadoras que a
gente tem vivido no nosso país. O que ela afirmou na sua fala foi parte das
certezas ideológica que são compostos o bolsonarismo, nela encontramos no seu centro,
a negação do direito do outro. Temos um estado teocrático, um estado cristão e
fundamentalista.
A prática desse estado nessa construção
faz com que as pessoas se sintam à vontade para praticar ódio e a intolerância,
se sintam à vontade para praticar atos ilícitos e por ser cometidos por
autoridades, não são qualificados como crime.
Diante disso, entidades religiosas que compõe a Frente Inter-religiosa Don
Paulo Evaristo Arns publicou uma nota de repúdio sobre as recentes declarações
da primeira dama, que em um culto religioso, no último domingo (07), ao lado do
presidente, declarou que antes do casal ocupar o Palácio do Planalto, o espaço
era “ocupado por demônios.” Para fundamentar sua fala, compartilhou com seus
seguidores um vídeo em que o ex-presidente Lula (PT) participa de uma
cerimônia da umbanda. Na legenda, a primeira-dama diz que Lula vendia sua alma
para vencer as eleições.
Quando este discurso de ódio e
intolerância passa a semear a divisão religiosa, colocando evangélicos
contra católicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, muçulmanos, judeus,
budistas e de hinduístas, deixamos de respeitar as crenças e certezas do outro.
Com a chegada da ultradireita passamos a
viver um clima de cisão política e para desfazer este equivoco, foram necessários
alguns anos e em nome destas “certezas” cometeram todo tipo de abusos à Constituição, ao ponto de prender e condenar inocentes. Imaginem vocês o que
uma cisão religiosa não poderá fazer? Nossa preocupação é que possa acontecer uma
tragédia como a de Foz do Iguaçu entre o campo religioso Não podemos deixar a
fé ultrapassar a pregação do altar para pautar discurso político, nem pregar o ódio entre os irmãos. Falas como esta, podem criar uma onda
de intolerância e violência baseada no ódio e atingir seguidores de muitas
religiões em todo o Brasil.
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