Nós subestimamos Bolsonaro
Como poderíamos analisar os resultados
deste primeiro turno e o que as urnas revelaram de tão sério, que deixaram
parte da comunidade internacional preocupada com o Brasil? As eleições deste
domingo revelou que somos muito mais que uma sociedade conservadora, ela
deixa claro o avanço da barbárie sobre a nossa sociedade. Como professor de
filosofia política, tenho a obrigação de estudar por necessidade do ofício a
conjuntura política e a forma como a utradireita vem avançando no país, confesso
aos senhores que não esperava que emergisse das urnas uma onda fascista tão
forte e dura capaz de acender de novo nossas preocupações com o futuro democrático
e como estas forças vão se posicionar em relação a uma derrota do seu candidato
nesta eleição.
O resultado das urnas deste domingo surpreendeu
pela pequena margem de diferença que separa Lula de Bolsonaro e o perigo que
representa esta aproximação. A apuração dos votos revelou para a nossa surpresa
que o bolsonarismo nunca esteve tão presente na sociedade brasileira, e
que resistiu à má gestão da pandemia, à erosão de quatro anos de desgoverno e
ao estilo truculento do Presidente governar.
Quando muitos analistas e eleitores
acreditavam que o voto silencioso iria favorecer Lula, esse voto silencioso ou
indeciso beneficiou Bolsonaro. Recorde-se que as últimas pesquisas (na semana
passada), atríbuíam 35% das intenções de voto ao presidente. Bolsonaro
obteve 43%”, o que equivale a mais de 51 milhões de votos e isto por si só já é
o suficiente para oxigenar seus seguidores com a falsa campanha que as urnas
foram violadas e a justiça estaria a serviço de uma grande fraude eleitoral.
Como entender o sucesso eleitoral dos
ex-ministros de Jair Bolsonaro: Dos 17 que se candidataram a lugares
elegíveis, nove foram eleitos deputados federais ou senadores,
dois deles têm chances de serem eleitos governadores estaduais no segundo turno
das eleições em 30 de outubro - Tarcísio de Freitas, ex-ministro das
Infraestruturas de Bolsonaro, disputa o governo estadual de São Paulo com
Fernando Haddad do PT, e o polémico Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Casa
Civil e da Cidadania, disputa o governo estadual do Rio Grande do Sul com
Eduardo Leite do PSDB.