O mapa da polarização é a
fome
O Presidente Jair Bolsonaro decidiu
antecipar o pagamento do subsídio de Outubro do Auxílio Brasil, o programa de
assistência social para ajudar os mais pobres que Luiz Inácio Lula da Silva
criou quando estava na presidência como Bolsa Família. As primeiras parcelas
vão começar a ser pagas no dia 11 e terminam no dia 25, a tempo de se sentirem
no bolso do eleitor antes do segundo turno das eleições presidenciais marcadas para dia 30.
Brincando com a fome do povo e tentando influenciar com sua caneta as eleições,
o nosso país segue polarizado. Mesmo colocando a máquina do governo a serviço
da campanha, Lula ganhou em todas as 100 cidades que mais recebem o Auxílio
Brasil, Bolsonaro venceu em 99 das cidades com menos beneficiários desse
programa de assistência social.
O preço da cesta básica nos últimos anos
chegou a patamares intoleráveis. Quando um litro de leite passa valer mais que
um litro de gasolina é porque algo está errado, o alimento do pobre não é
combustível. O Brasil é o terceiro maior
produtor mundial de leite. Produz mais de 35 mil milhões de litros por ano e
tem cerca de 1,1 milhões de produtores, mas 70% são pequenos agricultores (com
menos de 50 animais).
Uma pesquisa divulgada revelou que cerca de
33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. O número é quase o dobro do
registado em 2020 e indica que o país regrediu a um patamar da década de 90.
Enquanto o IBGE divulgava as pesquisas
sobre Insegurança Alimentar, informando que 41,3% dos domicílios consultados
estão em situação de segurança alimentar, enquanto em 28% há incerteza quanto
ao acesso aos alimentos e à qualidade da alimentação, considerada insegurança
alimentar leve, o presidente Jair Bolsonaro afirmava para imprensa
internacional em Orlando, nos Estados Unidos, que a economia do Brasil vai
“muito bem”.
Esta declaração deixou claro que o pobre
não faz mais parte da realidade brasileira, aquelas políticas públicas de
combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas
4,2% dos nossos lares tirando o País do mapa da fome mundial, não existe mais.