Uma Igreja das duas irmãs
Ontem nas minhas orações diaria, parei para fazer nao só uma exegese das leitura, mas percebi que a profundidade doas textos merecia fazer também uma hermenêutica da nossa realidade. Atualmente através de lutas feministas a mulher vem superando as desigualdades e alcançando vários direitos nos diversos setores da sociedade, porém, quando se trata das esferas religiosas ainda há uma distância a ser superada, pois alguns segmentos religiosos mantém sua hierarquia estática permanecendo com práticas que reforçam atitudes que desqualifica a mulher para assumirem cargos superiores no interior de algumas tradições religiosas e principalmente no caso do cristianismo.
Diante de tal constatação, buscamos através do Evangelho segundo São Lucas, uma abordagem teológica sobre o que o evangelista gostaria de transmitis a respeito de Marta e Maria.
O que podemos extrair dos textos Sagado sobres as passagem de Maria e Marta? Que Marta representa à ação e Maria a contemplação. Mestre Eckardt, paradoxalmente, chamou a atenção para o fato de a verdadeira mística ser, afinal, Marta, no contexto do que se chamou "a mística de olhos abertos", dirigida à ação a favor dos outros. A contemplação sem ação, sem compaixão, pode não passar de pura ilusão. De qualquer modo, é essencial sublinhar o que raramente ou mesmo nunca se diz: Jesus está afirmando que as mulheres também podem e devem ser discípulas. As tradições religiosas têm um papel fundamental na perpetuação de pensamentos e práticas que inferioriza a figura feminina na sociedade. Atualmente nas Igrejas Católicas é permitida em alguns momentos a presença de mulheres no altar atuando como ministras da eucaristia, podem fazer parte das variadas pastorais e trabalhar nas ações missionárias. Mas, quando se trata da questão do sacerdócio, este e os demais cargos de destaque que compõem a hierarquia religiosa católica estão destinados aos homens. Isto porque entendem que o sacerdócio é uma prática exclusiva ao sexo masculino e para tal justificativa se respaldam em algumas passagens das Escrituras Sagradas: Enquanto o Novo Testamento sinaliza para uma valorização. Assim, não é por acaso que Maria está precisamente na posição do discípulo: aos pés de Jesus, escutando a sua palavra. Contradizendo o que estava determinado, Jesus teve discípulos e discípulas; as mulheres não podem estar confinadas ao serviço da casa.
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Numa leitura abrangente e essencial, o que o texto defende é uma Igreja das duas irmãs e a vida de todos, de cada um e de cada uma, tem de ser a sínteses das duas irmãs.
Ninguém deve ficar absorvido, cansado e morto pelo ativismo de Marta. Até Deus, no princípio, segundo o livro do Génesis, determinou um dia de descanso semanal, o sábado, para que o Homem se lembrasse de que não é uma besta de carga. Todos precisaram integrar na vida a atitude de Maria. Descansar, repousar, festejar, tirar férias (etimologicamente, férias são dias festivos). Ah! E tempo para a beleza, e para a família, tempo para tomar uma cachacinha com os amigos, tempo para o silêncio, para o encontro consigo. Nestes tempos de dispersão, de corrida louca (para onde?), perigo maior é o do esquecimento de si e da alienação. Nestes tempos de falta de intimidade onde o outro é um estranho, tempos da perdição, precisamos do outro lado: cultivar a intimidade, dialogar na intimidade, lá no mais íntimo, com a fonte de ser e do ser. Ah! E ouvir o silêncio, lá onde se acende as palavras vivas e luminosas e o sentido do existir.
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