Os eleitores de Bolsonaro estão se comportando fora dos
padrões da ética e civilidade.
A celebração do dia do Nordestino foi marcada nas redes
sociais pelas agressões dos apoiadores do
presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem, durante todo o dia foram dispararam mensagens
preconceituosas e críticas ao povo nordestino por conta do apoio que o
eleitorado dos estados da região deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.
Gostaria de deixar claro que não existe relação
alguma entre moradores de uma determinada região e a escolha de candidatos.
Jair Bolsonaro e Luís Inácio foram votados por pobres e ricos, brancos e
negros, letrados e analfabetos. As expressões negativas divulgadas por
eleitores insatisfeitos são improcedentes e inaceitáveis. Responsabilizar o
Nordeste pelo resultado eleitoral deste primeiro turno é, no mínimo, achar uma
saída que possa justificar a insatisfação de não haver obtido o resultado que
gostaria fosse alcançado. Afinal, a polarização entre os dois candidatos está
tão acirrada, que fazem as pessoas se comportarem fora dos padrões da ética e
civilidade.
Se partirmos da lógica de
relacionar a pobreza com o voto, reforçamos a tese que o resultado não é
responsabilidade do Nordeste. Mas, sim, uma escolha pelo modo como cada
brasileiro vê os candidatos, da perspectiva individual do futuro do País, da
escolha dos programas dos candidatos que representem a vontade de cada eleitor.
No
Paraná, Região Sul, a maioria dos votos para Luís Inácio Lula vieram de
municípios pequenos e pouco desenvolvidos, especialmente das regiões
Centro-Sul, Vale do Ribeira e Sudoeste. Grande parte dos municípios que votaram
prioritariamente em Lula têm em comum a presença marcante da agricultura
familiar, do associativismo e de assentamentos rurais organizados pelo
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). E nada foi dito que a
pobreza no Paraná tenha sido culpada pelo resultado.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que um terço
dos brasileiros tem menos de meio salário-mínimo para passar o mês. São quase
63 milhões de pessoas no Brasil que, no ano passado, viviam em domicílios onde
a renda por pessoa não ultrapassava R$ 497,00 por mês.
O Distrito Federal e 24 dos 26 Estados brasileiros registraram
piora e em 4 deles o número de pessoas em situação de pobreza passa da metade
da população. O estudo mostra que 22% da população do Rio de Janeiro vive na
pobreza. Mais de 33 milhões de brasileiros passam fome todo dia.
Mais
uma vez a Região Nordeste é palco da insensatez que toma os corações dos
inconformados. As horrendas expressões verbais e escritas circuladas nas redes
sociais, creditando o resultado do primeiro turno, ao povo nordestino, merecem
o meu repudio. É lamentável a incompreensão dos que assim se comportam, pois,
apenas demonstram seus sentimentos negativos e a falta de conhecimento sobre a
Região e seu Povo. Culpam a pobreza, como se os pobres não tivessem capacidade
de discernimento.