domingo, 9 de outubro de 2022

ARTIGO - Os pobres tem capacidade de discernimento. (Padre Carlos)

 


Os eleitores de Bolsonaro estão se comportando fora dos padrões da ética e civilidade.

 



 

A celebração do dia do Nordestino foi marcada nas redes sociais pelas agressões dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem,  durante todo o dia foram dispararam mensagens preconceituosas e críticas ao povo nordestino por conta do apoio que o eleitorado dos estados da região deu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.

Gostaria de deixar claro que não existe relação alguma entre moradores de uma determinada região e a escolha de candidatos. Jair Bolsonaro e Luís Inácio foram votados por pobres e ricos, brancos e negros, letrados e analfabetos. As expressões negativas divulgadas por eleitores insatisfeitos são improcedentes e inaceitáveis. Responsabilizar o Nordeste pelo resultado eleitoral deste primeiro turno é, no mínimo, achar uma saída que possa justificar a insatisfação de não haver obtido o resultado que gostaria fosse alcançado. Afinal, a polarização entre os dois candidatos está tão acirrada, que fazem as pessoas se comportarem fora dos padrões da ética e civilidade.

Se partirmos da lógica de relacionar a pobreza com o voto, reforçamos a tese que o resultado não é responsabilidade do Nordeste. Mas, sim, uma escolha pelo modo como cada brasileiro vê os candidatos, da perspectiva individual do futuro do País, da escolha dos programas dos candidatos que representem a vontade de cada eleitor.

No Paraná, Região Sul, a maioria dos votos para Luís Inácio Lula vieram de municípios pequenos e pouco desenvolvidos, especialmente das regiões Centro-Sul, Vale do Ribeira e Sudoeste. Grande parte dos municípios que votaram prioritariamente em Lula têm em comum a presença marcante da agricultura familiar, do associativismo e de assentamentos rurais organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). E nada foi dito que a pobreza no Paraná tenha sido culpada pelo resultado.

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que um terço dos brasileiros tem menos de meio salário-mínimo para passar o mês. São quase 63 milhões de pessoas no Brasil que, no ano passado, viviam em domicílios onde a renda por pessoa não ultrapassava R$ 497,00 por mês.

O Distrito Federal e 24 dos 26 Estados brasileiros registraram piora e em 4 deles o número de pessoas em situação de pobreza passa da metade da população. O estudo mostra que 22% da população do Rio de Janeiro vive na pobreza. Mais de 33 milhões de brasileiros passam fome todo dia.

Mais uma vez a Região Nordeste é palco da insensatez que toma os corações dos inconformados. As horrendas expressões verbais e escritas circuladas nas redes sociais, creditando o resultado do primeiro turno, ao povo nordestino, merecem o meu repudio. É lamentável a incompreensão dos que assim se comportam, pois, apenas demonstram seus sentimentos negativos e a falta de conhecimento sobre a Região e seu Povo. Culpam a pobreza, como se os pobres não tivessem capacidade de discernimento.


ARTIGO - A trágica história de amor de Pedro e Inês de Castro. (Padre Carlos)

 


Pedro & Inês uma História de Amor

 



 

Quando me propus a escrever artigos no meu blog, fui percebendo que não se transmite verdade, cada um a alcança ou não, por si só, ela se parece com a morte, é uma viagem que só você pode fazer. O entendimento dos fatos é visto por nós de forma diferente, de acordo com a ótica de cada um, mas a realidade será sempre uma só. A verdade não depende da opinião de cada ser que, com frequência, enxerga apenas uma face dela.

Assim é a história, principalmente quando se refere o amor de forma dramática. É com este espírito e certeza que gostaria de apresentar a trágica história de amor de Pedro e Inês de Castro.

            Este com certeza estão entre os mais belos contos da Idade Média, entre aqueles que Shakespeare nenhum pode botar defeito. Eu me lembro de ter ouvido sobre Pedro e Inês de Castro pela primeira vez quando os cravos de 25 de abril me fizeram entender que a Lusofonia iria além da língua. A expressão “Agora Inês é morta” é bastante conhecida. Mas foi estudando mais a cultura portuguesa e conhecendo este país que aprendi detalhes e, o melhor, vi através de filmes e fotos alguns dos cenários que fizeram parte da trama medieval.

 

Todo drama e toda tragédia amorosa tem um histórico de complacência, seja espontânea ou imposta. Na Idade Média, como era de praxe nas famílias, casamento era uma questão de posse ou política, não romântica. Assim, Pedro o futuro rei de Portugal, filho de D. Afonso IV, foi obrigado a se casar com Constança Emanuel, uma nobre castelhana. Porém entre as damas de companhia de Constança estava Inês de Castro, uma mulher lindíssima, filha de um poderoso fidalgo galego. O príncipe se apaixonou pela aia e ela correspondeu o sentimento. Assim, os dois iniciaram um romance nada discreto que chocou toda a corte. Se hoje em dia adultério é motivo de escândalo, imagina em 1339.

A corte considerava uma afronta aquele relacionamento pelos problemas morais e religiosos que causava, bem como, pelo perigo que a influência da família dos Castros (Galicia – Espanha) poderia trazer à coroa portuguesa. No entanto, as intrigas que chegavam ao Rei D. Afonso IV, obrigaram o monarca a tomar uma atitude. Diante disso, o Rei despacha D. Inês para o exílio próximo à fronteira Espanhola, onde fica até Dona Constança falecer. Não aceitando a decisão de seu pai e estando agora viúvo, Pedro traz Inês de volta e passa a viver com ela.

 Esta atitude criou grande tumulto na corte e deu um enorme desgosto a D. Afonso tendo a relação entre os dois se esvaziado. Para piorar a situação, fizeram D. Afonso acreditar que os Castros queriam matar Fernando, filho de Pedro e Constança, para que o filho resultante da união com Inês assumisse o trono. Na verdade o que levou a morte de Inês foi uma trama de caráter político e escondido com a falsa moral de alguns elementos da corte.  Todo este enredo político/social levou D. Afonso a tomar por influência de seus conselheiros a decisão de executar Inês.

Diz a lenda, não documentalmente provada e aparentemente obra de poetas da época, que D. Pedro fez coroar rainha a Dona Inês, obrigando a nobreza, que tanto os tinham desprezado, a beijar-lhe a mão, depois de morta.

            Cumprida a sua vingança, D. Pedro I ordenou a translação do corpo de Inês, da campa modesta no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, onde se encontrava, para um túmulo delicadamente lavrado, qual renda de pedra, que mandou colocar no Mosteiro de Alcobaça. Mais tarde, D. Pedro I mandou esculpir outro túmulo semelhante ao da sua amada, colocando-o em frente ao da sua Inês, para, após a sua morte, permanecer ao lado do seu grande amor. 

 


sábado, 8 de outubro de 2022

ARTIGO - 55 anos da morte de Che Guevara. (Padre Carlos)

 


O ideal de homem novo

 


Em 9 de outubro de 1967, há exatos 55 anos, o argentino Ernesto “Che” Guevara, uma das principais figuras da Revolução Cubana, foi assassinado em La Higuera, na Bolívia. O mito de Ernesto Che Guevara foi uma referencia para minha geração e esteve presente no imaginário daquela juventude que lutou contra a ditadura e é especialmente recuperado em momentos históricos de luta política como este que estamos vivendo no Brasil, como apelo ideológico à mobilização popular e à ação revolucionária. Após sua morte, Che converteu-se em inspiração de toda uma geração.



Pensando hoje na morte deste companheiro, entendi como a força do poema quando é declamado, faz chegar ao público à expressão sensível da beleza ou da dor, ganhando um significado nos mínimos detalhes buscando assim rimar com alegria e tristezas que gostaríamos de expressar.

A repercussão que o impacto da morte de Che Guevara surtiu nos movimentos de esquerda e em especial no movimento estudantil, bem como no meio artístico e musical, de um modo geral fez com que todos os jovens que sonhava com um mundo melhor se sentissem abatidos naquela selva boliviana.
Assim, quando Gilberto Gil e José Carlos Capinan compuseram "Soy loco por ti, América,"  eles não eram naquele momento, só mais um compositor, estes baianos eram os agentes que traziam a esperança os sonhos, emoções, dores e nostalgias daqueles meninos, que ainda hoje estão gravados na nossa retina.  Só através dos olhos e dos textos destes anjos, podemos entender e traduzir todos estes sentimentos, só mesmo através da poesia destes dois artistas conseguimos chegar ao mais profundo das alegrias e dores destas almas, naquele outubro de 67.


Quando passei a militar no Partido em meados da década de setenta, era ele o modelo do homem novo preconizado: ideal de homem voluntarioso, solidário, militante disposto a qualquer sacrifício, consciente politicamente de seu papel revolucionário e, principalmente, de seu compromisso com a manutenção das conquistas obtidas com a Revolução cubana.
Durante sua vida, o próprio Che empenhou-se em consolidar sua imagem como homem novo, imagem essa que foi amplificada após sua morte. No cumprimento de algumas tarefas administrativas, Che tratou continuamente de “dar o exemplo”, como esperava que lideranças, artistas e intelectuais também o fizessem, procurando mostrar que um revolucionário poderia e deveria encarar qualquer desafio. Che chamava nossa atenção que essa “missão” deveria ser assumida por todos e enfatizava a importância do compromisso do artista com a educação política das massas.

 Mesmo fazendo parte da gênese da cultura pop, não houve no Brasil um grupo que tivesse a capacidade de traduzir este sentimento como o movimento tropicalista, eles souberam captar nossos sentimentos e dores e a mensagem do El Comandante.


ARTIGO - A divisão eleitoral brasileira é também entre ricos e pobres. (Padre Carlos)

 

O mapa da polarização é a fome

 


            O Presidente Jair Bolsonaro decidiu antecipar o pagamento do subsídio de Outubro do Auxílio Brasil, o programa de assistência social para ajudar os mais pobres que Luiz Inácio Lula da Silva criou quando estava na presidência como Bolsa Família. As primeiras parcelas vão começar a ser pagas no dia 11 e terminam no dia 25, a tempo de se sentirem no bolso do eleitor antes do segundo turno das eleições presidenciais marcadas para dia 30. Brincando com a fome do povo e tentando influenciar com sua caneta as eleições, o nosso país segue polarizado. Mesmo colocando a máquina do governo a serviço da campanha, Lula ganhou em todas as 100 cidades que mais recebem o Auxílio Brasil, Bolsonaro venceu em 99 das cidades com menos beneficiários desse programa de assistência social.

O preço da cesta básica nos últimos anos chegou a patamares intoleráveis. Quando um litro de leite passa valer mais que um litro de gasolina é porque algo está errado, o alimento do pobre não é combustível.  O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite. Produz mais de 35 mil milhões de litros por ano e tem cerca de 1,1 milhões de produtores, mas 70% são pequenos agricultores (com menos de 50 animais).

Uma pesquisa divulgada revelou que cerca de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. O número é quase o dobro do registado em 2020 e indica que o país regrediu a um patamar da década de 90.

Enquanto o IBGE divulgava as pesquisas sobre Insegurança Alimentar, informando que 41,3% dos domicílios consultados estão em situação de segurança alimentar, enquanto em 28% há incerteza quanto ao acesso aos alimentos e à qualidade da alimentação, considerada insegurança alimentar leve, o presidente Jair Bolsonaro afirmava para imprensa internacional em Orlando, nos Estados Unidos, que a economia do Brasil vai “muito bem”.

Esta declaração deixou claro que o pobre não faz mais parte da realidade brasileira, aquelas políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos nossos lares tirando o País do mapa da fome mundial, não existe mais.

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

ARTIGO - Vencer Bolsonaro nas urnas não significa derrotar o bolsonarismo. (Padre Carlos).

 

Este fenómeno é muito mais profundo do que a popularidade de Bolsonaro.

 


Ao longo desta semana venho dedicando com alguns artigos, analisar sobre o que aconteceu no Brasil no dia 2 de outubro. Como professor de filosofia e eleitor de Lula, vi na sua votação uma mensagem de esperança. Estou certo que essa vitória se confirmará no segundo turno com uma ampla mobilização social e enorme frente partidária. Ciro Gomes e Simone Tebet já confirmaram o apoio ao petista e somaram assim ao campo democrático.

No entanto, esse não é o fim desta saga. Infelizmente, e como a experiência norte-americana nos ensinou vencer Bolsonaro nas urnas não significa derrotar o bolsonarismo. Isso ficou claro na votação para o Congresso e para o Senado, assim como nas disputas eleitorais estaduais. O avanço da extrema-direita é um fenómeno muito mais profundo do que a popularidade do seu líder e operador político, na verdade esta corrente de pensamento é um monstro com muitas cabeças.

A influência desta ideologia reacionária de utradireita não é obra de um único partido, mas de uma grande articulação a que já deram muitos nomes, partido digital bolsonaristas, extra partido, partido paralelo: uma articulação de movimentos com uma agenda conservadora e reacionária que opera diretamente na sociedade sem intermediários partidários ou políticos: das milícias às igrejas evangélicas, passando por movimentos como a Escola Sem Partido, think thanks neoliberais, e outros que operam em largos setores da sociedade, das massas a mais fina elite económica.

A maior representante desta agenda foi a Ministra Damares Alves, Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A mulher que divulgou o nome e informações de uma menina de 11 anos que foi violentada e abortou; a ministra que procurou explicar que a alta incidência de estupros de meninas em determinadas regiões do Brasil se devia ao decote da roupas destas crianças, a evangélica que levantou a voz contra a “ideologia de género”, dizendo que a mulher deve ser submissa no casamento.

Em um ano a frente deste ministério, Damares já era a segunda ministra mais popular do Governo, só perdia em popularidade para Sérgio Moro. No discurso de despedida do ministério antes de se candidatar ao Senado, no dia 31 de março, Damares, com a voz embargada, dirigiu-se à amiga Michelle Bolsonaro: “Minha primeira-dama, foi você! Obrigada por ter acreditado, por ter confiado. Eu volto um dia, e como a ministra polêmica, que colocou as pautas de uma forma polêmica, eu não poderia sair daqui sem dizer que os filhos pertencem às famílias, sem dizer que menino veste azul, menina veste rosa, e quem manda nos filhos é a família! Deus abençoe o Brasil!”. Foi a primeira senadora eleita nas eleições de 2 de outubro de 2022.

Numa análise muito lúcida sobre o que está em pauta, Tarso Genro (ex-ministro da Educação, da Justiça e das Relações Institucionais do Brasil) escreveu: “Esta nova sociabilidade nos assalta e nos desequilibra: como é possível selecionar pessoas para matar, exclusivamente por discordâncias políticas? Como é possível apresentar armas letais a crianças, estimular violência gratuita contra mulheres, militarizar escolas, ensinar a odiar seres humanos pela sua identidade sexual? Como é possível imitar o desespero – por falta de ar – de pessoas que estão enfrentando a morte a caminho de um Hospital? Como foi possível um povo “pacífico” e “ordeiro”, como dizem os velhos conservadores, bem (ou mal) intencionados, eleger uma pessoa como Presidente da sua República, que faz da morte e da tortura seu cartão de apresentação na cena política? Sociólogos, antropólogos e filósofos – humanistas e céticos de todo os quadrantes – já deram respostas brilhantes a estas perguntas, mas eu – que pensei saber algo mais do meu país e que as lições de Treblinka e Buchenwald, já eram suficientes para me ensinar algo a respeito da barbárie – confesso que não sei mais nada.”.

Mas Tarso sabe que esse combate tem de ser feito, e que começa agora, porque “a vitória está aí nos olhando para nos perguntar o que faremos dela”. 

 


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

ARTIGO - Não existe direita sem Bolsonaro, assim como: (extra Ecclesiam nulla salus) (Padre Carlos)

 


O bolsonarismo conseguiu se firmar como força no cenário político brasileiro





A derrota de muitos dos antigos aliados do presidente, me levaram a uma reflexão mais cuidadosa sobre o que realmente aconteceu com queles políticos que se afastaram do bolsonarismo e tentaram criar uma direita independente. Este tipo de comportamento me fez lembrar um dos axiomas mais célebres da eclesiologia: “fora da Igreja não há salvação” (extra Ecclesiam nulla salus), ou poderíamos dizer, sem Bolsonaro hoje não há direita.

Se de uma coisa tenho certeza, é que o bolsonarismo conseguiu se firmar como força permanente do cenário político brasileiro nestas eleições. O Partido Liberal (PL), que hoje abriga o presidente Jair Bolsonaro, elegeu as maiores bancadas na Câmara (101, de 513 deputados) e no Senado — onde agora conta com 14 dos 81 senadores — mais a base aliada do "Centrão", os partidos que apoiam o governo.

         Esse resultado indica que, ainda que Lula vença a eleição presidencial no segundo turno, dependerá dos partidos que estão com Bolsonaro para governar. Igualmente, se reeleito, o atual presidente precisará da oposição comandada por Lula para administrar o país.

Para os cientistas políticos a pergunta que não quer calar é: mas, o que, afinal, significa ser bolsonarista? A pergunta é importante porque este conceito está ligado a um dos fenômenos políticos mais importantes da história recente do Brasil e que ainda deve gerar repercussões por muitos e muitos anos: Em primeiro lugar, temos que admitir que o bolsonarismo representa uma parcela bastante relevante do eleitorado e da sociedade brasileira e diante do fisiologismo busca na ilusão que esta corrente de pensamento pode levar a uma direita ideológica.

Após o primeiro turno das eleições 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados podem comemorar os resultados das urnas. Além de apresentar números acima do que eram divulgadas na maioria das pesquisas eleitorais, o presidente conseguiu expandir sua bancada na Câmara dos Deputados e eleger ex-ministros para o Senado. Outro fato importante foram o baixo desempenho eleitoral dos seus ex-apoiadores e todos aqueles que se afastaram do bolsonarismo. Podemos citar aqui os casos da jornalista Joice Hasselmann (PSDB) e Alexandre Frota (PSDB), como exemplo e outros como o ex-juiz Sergio Mouro que se elegeu senador porque voltou a vincular seu nome ao do presidente e o seu governo.

 


ARTIGO - No final o "centrão" sempre ganha. (Padre Carlos)

 


O centrão nosso de cada dia!




 

Um dos grandes problemas da democracia brasileira está na fragmentação da nossa representação política.  É quase impossível identificar linhas ideológicas quando se tem 23 partidos representados na Câmara dos Deputados. Esta é uma das equações mais difícil para os cientistas político e uma tarefa quase impossível, mesmo para os mais informados dos cidadãos. Se fizermos as conta os partidos mais à Esquerda e próximos de Lula (incluindo o PT), somam agora pouco mais de 100 deputados (de um total de 513). O bloco de Direita mais próximo de Bolsonaro tem cerca de 200. Então isto quer dizer que Bolsonaro terá mais facilidade do que Lula na hora de negociar acordos no Congresso que permitam governar? Não, porque quem manda mesmo em Brasília é o "centrão".

         Se o alinhamento político aqui no Brasil fosse coisa para ser levar a sério, não haveria dúvidas de que a soma do Centro-Direita, Direita e Extrema-Direita seria maioria absoluta. Infelizmente não é isto que acontece. O que constatamos nestes mais de quarenta anos fazendo política é que a maioria dos partidos brasileiros (à Direita como à Esquerda) termina se alinhando pelo "centro", seja qual for o presidente. Não se trata de preferência pelo centro político, mas pelo centro de poder. O que tem cargos e dinheiro para distribuir. Um dos exemplos desse pragmatismo é o Partido Liberal, que agora acolhe Bolsonaro: quando Lula foi presidente, fez parte do "centrão" que deu estabilidade ao governo petista. Será que alguém ainda tem dúvida que isto possa voltar acontecer?

         O grande problema de Lula hoje não é ganhar, isto tem se desenhado estes dia diante da distancia dos votos que separam os candidatos. Mesmo tratando-se do Brasil, seis milhões são muitos votos para Bolsonaro recuperar. Desta forma, não podemos negar que o ex-presidente Lula está em vantagem e é o favorito para o segundo turno. Outro fato importante foram os apoios dos candidatos Simone Tebet e Ciro Gomes, com este reforço em sua campanha Lula ficou a um passo do Planalto e se aproxima de uma parte suficiente dos oito milhões de eleitores da (terceira via). Quanto a Bolsonaro, superou as sondagens. Mas, do que precisa é de se superar a si próprio. Não existe marqueteiro que possa esconder a misoginia, o racismo, a homofobia e a apologia da violência que o presidente tem demostrado.

Parafraseando ACM Neto, na verdade não importa quem será o eleito para ocupar o Palácio do Planalto, ele terá que negociar com o Congresso Nacional que saiu das urnas neste domingo. O Centrão é parte do jogo de um presidencialismo de coalizão. O que queremos dizer é que em toda democracia há pontos positivos e negativos e isto se dá devido à forma de pensar e como sua influência na sociedade está diretamente ligada a nossa cultura. Como quase sempre foi feito na democracia brasileira, o presidente eleito este ano terá, então, que negociar com partidos e não com indivíduos isoladamente ou agrupamentos suprapartidários se quiser ter uma base de apoio sólido e confiável a partir de 2023, para trabalhar pelo seu programa de governo.

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...