O
ideal de homem novo
Em 9 de outubro de 1967, há
exatos 55 anos, o argentino Ernesto “Che”
Guevara, uma das principais figuras da Revolução Cubana, foi assassinado em La Higuera, na Bolívia. O
mito de Ernesto Che Guevara foi uma referencia para minha geração e esteve
presente no imaginário daquela juventude que lutou contra a ditadura e é
especialmente recuperado em momentos históricos de luta política como este que
estamos vivendo no Brasil, como apelo ideológico à mobilização popular e à ação
revolucionária. Após sua morte, Che converteu-se em inspiração de toda uma
geração.
A repercussão que o impacto da morte de Che
Guevara surtiu nos movimentos de esquerda e em especial no movimento
estudantil, bem como no meio artístico e musical, de um modo geral fez com que todos
os jovens que sonhava com um mundo melhor se sentissem abatidos naquela selva
boliviana.
Assim, quando Gilberto Gil e José Carlos Capinan compuseram "Soy loco por
ti, América," eles não eram naquele momento, só mais um compositor,
estes baianos eram os agentes que traziam a esperança os sonhos, emoções, dores
e nostalgias daqueles meninos, que ainda hoje estão gravados na nossa retina. Só através dos olhos e dos textos destes
anjos, podemos entender e traduzir todos estes sentimentos, só mesmo através da
poesia destes dois artistas conseguimos chegar ao mais profundo das alegrias e
dores destas almas, naquele outubro de 67.
Quando passei a militar no Partido em meados da década de setenta, era ele o modelo do homem novo preconizado: ideal de homem voluntarioso, solidário, militante disposto a qualquer sacrifício, consciente politicamente de seu papel revolucionário e, principalmente, de seu compromisso com a manutenção das conquistas obtidas com a Revolução cubana. Durante sua vida, o próprio Che empenhou-se em consolidar sua imagem como homem novo, imagem essa que foi amplificada após sua morte. No cumprimento de algumas tarefas administrativas, Che tratou continuamente de “dar o exemplo”, como esperava que lideranças, artistas e intelectuais também o fizessem, procurando mostrar que um revolucionário poderia e deveria encarar qualquer desafio. Che chamava nossa atenção que essa “missão” deveria ser assumida por todos e enfatizava a importância do compromisso do artista com a educação política das massas.
Mesmo fazendo parte da gênese da cultura pop,
não houve no Brasil um grupo que tivesse a capacidade de traduzir este
sentimento como o movimento tropicalista, eles souberam captar nossos
sentimentos e dores e a mensagem do El Comandante.
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