Nem tudo a água lava
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e o apoio das elites deste pais a sua candidatura me fez acreditar
que o discurso de "golpe" os protestos “espontâneos” contra o governo
os financiamentos pelo DEM, PSDB, SD e PMDB; para grupos como Vem pra Rua,
tinha ficado para trás, e para derrotar o fascismo, Lula e o PT estaria
dispostos a aceitar esta nova realidade. Naquela hora me lembrei das palavras
do Velho em uma entrevista anos antes da sua morte: ''eu não faço politica
baseado nos meus ressentimentos pessoais, eu faço politica baseado nos interesses
do povo. "' E assim, como se fossemos militante do Partidão, baixamos a
cabeça e aceitamos a decisão.
Apesar desta nova conjuntura, não podemos
negar que o afastamento da presidenta, bem como a prisão e o impedimento de
Lula participar das eleições de 2018, foi sem dúvida um dos capítulos mais
vergonhosos do nosso judiciário e da história política brasileira. Não adianta
fazer discursos enfurecidos diante dos descasos do ex-juiz Sergio Mouro, nem esconder
da população que seus gestos ou omissões favoreceram a chegado do bolsonarismo
ao poder, tendo assim, uma parte de responsabilidade por tudo o que está
acontecendo.
Os magistrados da mais alta corte do Brasil
deveriam saber que não temos uma história jurídica das mais belas, tendo sido
um dos últimos países a abolir a escravidão. Desta forma, poderíamos ter
concertado todos estes erros através do direito e reparado todos os seus abusos
no campo da justiça e da equidade, infelizmente vivemos estes abusos em todos
os períodos da sua história, seja republicano ou nas ditaduras que assolaram o
nosso país.
Sentada em frente aos seus algozes e ao
lado do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, enfrentou 14 horas de interrogatório,
ela sabia que o resultado daquela farsa já tinha sido decidido muito antes, nos
bastidores, envolvendo as mais inconfessáveis negociações. Dilma não estava sendo
julgado pelos poderes do Estado Republicano, mas pelo seus donos: as elites.
Infelizmente, o ser humano tende a sempre
tentar colocar a culpa em outras pessoas ou fatores externos para justificar
suas ações, posturas ou resultados que não foram considerados satisfatórios. Antes
de confirmar que o ex-juiz Sergio Moro era, e realmente é suspeito para
julgar o ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP), os magistrados
deveriam ter feito uma autocritica, por ter apoiado o afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República a prisão do
ex-presidente Lula para que este não pudesse participar das eleições de 2018.
Não podemos negar que estes se tornaram uns dos capítulos
mais vergonhosos da história jurídica e política desta nação. É necessário fazer uma confissão! Como
dizia meu professor de latim: CONFITEOR ('Confesso') esta é uma oração penitencial
em que nós, reconhecendo os nossos pecados, buscamos a misericórdia e o perdão
de Deus. Para fechar definitivamente estas tristes paginas da nossa
história, precisaremos ter coragem para admitir o que aconteceu e deixar claro para a nação que estão
verdadeiramente arrependidos pelos atos ou omissões que levaram ao golpe de
2016 e a chegado do bolsonarismo ao poder.