O Papa e a resistência ao Vaticano II
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Outro dia conversava com um amigo sobre a
dificuldade da Igreja em colocar em prática as determinações do Concílio, bem
como os avanços e retrocessos da instituição nas ultimas décadas, levaram-me os
seguintes questionamentos. Em primeiro
lugar, gostaria de deixar claro que uma das preocupações do Papa Francisco é
efetivar a reforma introduzida pelo Concílio Vaticano II a mais de meio século.
O
Papa tem, manifestado constantemente essa sua apreensão. Por isto tem chamado à
atenção e ao mesmo tempo questionando os bispos do mundo inteiro, sobre como
estão sendo implantadas as orientações do Vaticano II, principalmente a reforma
litúrgica. Não basta reprovar se os bispos italianos ainda estão usando os
trajes típicos de outros tempos, com as suas rendinhas e lacinhos. Não vamos
ficar supresso se ainda usam determinados paramentos, sessenta anos depois do
Concílio. O que desejamos é uma reforma litúrgica encarnada na nossa cultura.
A liturgia, romanizada precisa dá espaço a outras
culturas. O negro, o latino ameríndio e todas as culturas que formam este povo.
Outro ponto que precisa mudar esta na
questão do poder. A voz que se ouve na Igreja é a voz de homens celibatários,
enquanto a voz das mulheres e a dos homens casados quase não se ouve. Temos de
reconhecer que um organismo que se diz católico, portanto, universal, onde mais
da metade dos seus membros, as mulheres, e a grande maioria da outra metade,
homens casados ou solteiros, mas não celibatários, quase não têm voz, é um
organismo um pouco estranho. Raro. Preocupante. Os administradores paroquiais
precisão transcender o clero, já que nos últimos anos transcendemos o
presbitério.
Curiosamente,
não são os clérigos com a idade avançada os maiores adeptos das "rendinhas
e da velha liturgia". São os mais jovens. Os mais idosos são aqueles que
viveram com maior intensidade a revolução que significou para a Igreja o
Concílio. Os mais novos foram formados em um contesto conservador, marcados por
movimentos restauracionistas. O problema é que essa onda conservadora não está
presente só no nível litúrgico, com o desenterrar destes paramentos de outros
tempos, ressuscita também costumes e tradições e uma eclesiologia vertical.
Infelizmente o prejuízo que esta pratica representa a nível pastoral e eclesial
traz em seu bojo um retrocessos com terríveis consequências para os seus membros.
Desta forma, não podemos adiar mais estas
mudanças na Igreja.