sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

ARTIGO - A perda de Erasmo e Gal em um curto espaço de tempo impactou minha geração!(Padre Carlos)

 


A Geração de Ouro está indo embora!!!!

 




Não tínhamos enxugado as nossas lagrimas com a partida dos pais e mães da Bossa-Nova, quando fomos surpreendidos com as perdas de membros do Tropicalismo e da Jovem-Guarda. A geração de ouro está com oitenta anos, apesar de ainda manter estrela no olhar e ter um jeito de herói, não é mais forte e veloz como aquele mocinho de cowboy da seção das tarde de domingo.  Esta geração que cantou e lutou contra a ditadura está partindo, e agora quem vai substituir esta rapaziada que teve um papel fundamental na construção deste povo como nação? Nós que temos mais de sessenta somos um grupo de pessoas única e mais comprometida com as lutas e as transformações sociais, porque somos a última geração que conheceu os horrores que foram os anos de chumbo. 

Aos 80 anos, Milton Nascimento fez o que seria seu último show de grandes proporções, em Belo Horizonte. Foram 60 mil os que assistiram ao espetáculo.

As baixas continuam na MPB. A mais recente destas perdas foi Erasmo Carlos, 81 anos, o grande companheiro de Roberto Carlos. Sobre ele, Lula escreveu: “muito além da Jovem Guarda, foram cantor e compositor de extremo talento, autor de muitas das canções que mais emocionaram brasileiros nas últimas décadas. Tremendão, amigo de fé, irmão camarada, cantou amores, a força da mulher e a preocupação com o meio ambiente”.

Tivemos como geração da luta, muito trabalho para construir o mundo que está sendo destruído por falta do que tivemos em abundância no passado: o amor ao próximo e a utopia para sonhar com um mundo melhor. A cada dia que passa, nossos poetas e companheiros se torna memoria nesta luta, e a saudade ocupa o lugar, não mais aqueles que tombaram, mas do que estão indo embora. Resta o consolo dos bons momentos que vivemos juntos, das incríveis emoções que curtimos juntos. As imagens que enfeitam nossas parede da memória são o silencioso testemunho do que vivemos. “Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém.”

A perda de Erasmo e Gal em um curto espaço de tempo, fez acender as certezas que não são os nossos artistas que estão partindo, somos nós, a nossa geração! As lágrimas descem no meu rosto de saudades dos meus companheiros, amigos de militância e movimento, das coisas simples, não tínhamos dinheiro para gelada, mas éramos felizes. Ah! Que saudade

 


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