A
cerimônia da faixa presidencial foi um ato de grande simbolismo.
Assim que subiu a famosa rampa do Palácio do Planalto e recebeu a faixa
presidencial, Lula não conseguiu esconder as lágrimas. Parecia que era a
primeira vez. Mas não era. Pela terceira vez na sua vida, Luiz Inácio Lula da
Silva, antigo operário metalúrgico com o ensino primário, tomou posse como
Presidente da República. Ao falar para a nação, fez um pedido dramático à união
entre os brasileiros e prometeu cuidar do povo, principalmente dos mais
vulneráveis desta pirâmide que é a sociedade brasileira, depois de anos de
"barbárie", embora sem nunca citar diretamente o grande ausente da
cerimónia: Jair Messias Bolsonaro.
A cerimônia da faixa presidencial, que
historicamente ocorre envolvendo o ex-presidente e o presidente eleito, desta
vez quebrou todos os protocolos e entrará para a história da República.
Com Jair Bolsonaro nos EUA e, ainda que tivesse no País, já tinha
demonstrado que não passaria a faixa, o cerimonial da posse, coordenado pela
mulher de Lula, Janja, organizou um ato de grande simbolismo.
Subiu a rampa junto com Lula e o
vice-presidente Geraldo Alckmin um grupo de pessoas que representa a
diversidade brasileira, em todas as suas nuances. Integrava esse grupo
multicultural um cacique indígena, uma mulher negra, uma criança, uma pessoa
com deficiência física e um idoso, entre outros.
Eran eles o cacique Raoni Metuktire, de 90
anos, líder do povo Kayapó; o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o
professor Murilo de Quadros Jesus, a vigilante Jucimara Fausto dos Santos, o
influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley
Viesba Rodrigues Rocha e a catadora de reciclagens Aline Sousa, que entregou a
faixa.
A cadela vira-lata Resistência também subiu a
rampa. Ela morava no acampamento de militantes do Partidos dos
Trabalhadores em frente à Polícia Federal, em Curitiba, e foi adotada por Janja
quando o presidente estava preso na cidade, em 2018.
Não podemos negar que Lula recebeu um 'presentão' de
Bolsonaro, quando o ex-presidente viajou para os EUA e se negou a passar a
faixa presidencial. O vácuo deu a chance a Lula de homenagear a diversidade da
população brasileira. Este talvez tenha sido
o grande acontecimento desta festa. O simbolismo da entrega da faixa
presidencial por 'representantes do povo brasileiro' ao novo presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, representa a presença dos excluídos das
políticas públicas e da sociedade. Este episódio, seguido por forte discurso
focado em questões sociais, denota 'mudança de atitude e postura em relação aos
direitos humanos e os excluídos, os que passam fome e os sem rostos e
identidade.