quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

ARTIGO - Justiça social exige dignidade salarial, não políticas assistencialistas. (Padre Carlos)

 

Distribuir dinheiro por meio de programas sociais irá resolver esta situação?

 



“Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas”. Infelizmente esta é a única forma de salvarmos uma geração diante da fome e da miséria que se encontra 30 milhões de brasileiros. Desta forma, o Estado brasileiro vai agir através dos seus programas e, como diz o ditado é a atitude mais sábia na hora das dificuldades. Mas, será que distribuir dinheiro aos mais pobres, por meio de programas sociais irá resolver esta situação? Estas ações embora necessárias neste momento, não podem ser encaradas pelo governo como a solução para o problema, ela é uma medida conjuntural que não resolve a fundo o problema da desigualdade social nem da distribuição da riqueza produzida no país.

O Brasil terminou o ano com um PIB real superior ao ano anterior e em situação de plena recuperação dos empregos formais na indústria e no comércio. Com a riqueza do país crescendo mesmo de forma tímida, não deixa de ser um paradoxo o aumento das dificuldades financeiras de uma parte significativa da população. Todo esse cenário, do aumento da fome e da miséria, somado ao ritmo lento do crescimento econômico no país nos mostra que, ao contrário do que defendia o Governo que saiu, nossa prioridade não pode ser, mas fiscal.  O aumento do número de pobres quando cresce a riqueza produzida no país só encontra justificativa numa desigualdade gritante da distribuição dessa riqueza entre capital e trabalho. Enquanto uns comem a carne, outros roem os ossos.

Diante de tanta miséria, gostaria de perguntar aos economistas do antigo governo, ou aos políticos que deram sustentação a tudo que está aí e aos moralistas que defenderam esta situação, se já calcularam o número de indivíduos que são condenar à miséria, à desmoralização, à ignorância crapulosa, à desgraça à penúria absoluta, para produzir um rico?

 

Veja o que está se passando nas empresas de grande distribuição, como os grupos: Carrefour, GPA, Grupo Mateus, Cencosud/G Barbosa, Grupo Muffato e Supermercados BH; como aumentaram os seus lucros de forma obscena, refletindo a diferença entre os preços mais altos a que vendem os produtos e os preços sempre baixos que pagam aos produtores, bem como os salários de miséria com que remuneram os seus trabalhadores. Não podemos esquecer que os preços mais elevados de bens de primeira necessidade penalizam maioritariamente as famílias de menores rendimentos, agravando a desigualdade.

Assim, gostaríamos de afirmar que a distribuição de dinheiro aos mais pobres, por meio de programas sociais tem que ser encarado pelo governo e pela sociedade como uma ação emergencial, ela é por natureza uma medida conjuntural que não resolvem o problema de fundo da desigual distribuição da riqueza produzida. Precisamos construir medidas efetivas de distribuir as riquezas do país através da taxação de fortunas e ganhos injustificável, mas o que vai resolver este problema de forma definitiva será uma justa política salarial.

Não é aceitável que quem trabalha e ganha o seu salário tenha de andar de mão estendida, à mercê de caridade. Justiça social exige dignidade salarial, não políticas assistencialistas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

ARTIGO - De volta à presidência, Lula quer “cuidar” do povo e reconstruir o país. (Padre Carlos)

 


A cerimônia da faixa presidencial foi um ato de grande simbolismo.

 


Assim que subiu a famosa rampa do Palácio do Planalto e recebeu a faixa presidencial, Lula não conseguiu esconder as lágrimas. Parecia que era a primeira vez. Mas não era. Pela terceira vez na sua vida, Luiz Inácio Lula da Silva, antigo operário metalúrgico com o ensino primário, tomou posse como Presidente da República. Ao falar para a nação, fez um pedido dramático à união entre os brasileiros e prometeu cuidar do povo, principalmente dos mais vulneráveis desta pirâmide que é a sociedade brasileira, depois de anos de "barbárie", embora sem nunca citar diretamente o grande ausente da cerimónia: Jair Messias Bolsonaro.

A cerimônia da faixa presidencial, que historicamente ocorre envolvendo o ex-presidente e o presidente eleito, desta vez quebrou todos os protocolos e entrará para a história da República. Com  Jair Bolsonaro nos EUA e, ainda que tivesse no País, já tinha demonstrado que não passaria a faixa, o cerimonial da posse, coordenado pela mulher de Lula, Janja, organizou um ato de grande simbolismo.

Subiu a rampa junto com Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin um grupo de pessoas que representa a diversidade brasileira, em todas as suas nuances. Integrava esse grupo multicultural um cacique indígena, uma mulher negra, uma criança, uma pessoa com deficiência física e um idoso, entre outros.

Eran eles o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó; o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o professor Murilo de Quadros Jesus, a vigilante Jucimara Fausto dos Santos, o influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha e a catadora de reciclagens Aline Sousa, que entregou a faixa.

A cadela vira-lata Resistência também subiu a rampa. Ela morava no acampamento de militantes do Partidos dos Trabalhadores em frente à Polícia Federal, em Curitiba, e foi adotada por Janja quando o presidente estava preso na cidade, em 2018.

Não podemos negar que Lula recebeu um 'presentão' de Bolsonaro, quando o ex-presidente viajou para os EUA e se negou a passar a faixa presidencial. O vácuo deu a chance a Lula de homenagear a diversidade da população brasileira. Este talvez tenha sido o grande acontecimento desta festa.  O simbolismo da entrega da faixa presidencial por 'representantes do povo brasileiro' ao novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, representa a presença dos excluídos das políticas públicas e da sociedade. Este episódio, seguido por forte discurso focado em questões sociais, denota 'mudança de atitude e postura em relação aos direitos humanos e os excluídos, os que passam fome e os sem rostos e identidade.

 

 

 


sábado, 31 de dezembro de 2022

ARTIGO - Adeus ano velho e feliz ano novo! (Padre Carlos)

 


AFINAL, O QUE VOCÊ FEZ?

 


 

            Ainda bem que existem os poetas para dizerem tudo aquilo que queremos e não sabemos como....

            Em uma mensagem de final de ano, que virou música, John Lennon

lembra que o natal e o ano novo chegaram e pergunta: “O QUE VOCÊ FEZ?”

     Em 2023 vai completar 43 anos do dia em que, como falou Milton Nascimento, “... um simples canalha matou um rei”. Nada, ninguém, poderia ter feito a bala parar.

          Foi pensando neste acontecimento e lembrando a cultura da bala que faço esta crônica. Quando Bolsonaro se despede de Brasília e carrega sua prole no avião presidencial rumo a Orlando, penso no país que ele está deixando para traz. Não era assim o Brasil que eu queria!

        As balas que atiramos não voltaram e nem voltarão.

       Por isso é que John Lennon perguntava o que se tinha feito! Como não dá para parar a bala que matou Guarda Municipal Marcelo Arruda que foi morto a tiros na comemoração de seus 50 anos deixando esposa e quatro filhos, entre eles uma menina de 6 anos e um bebê de 1 mês.

      Neste ano o nosso voto teve um simbolismo muito forte, ele se tornou o escudo para estas balas. Não mais atiremos as mesmas balas desnecessárias, pois claro está que uma vez atiradas elas não retornam para a arma de quem as atirou.

        O Ano Novo é sim um grande símbolo. Seu significado tem um simbolismo forte de recomeço para muitas pessoas e para o País. No dia 1º de cada ano é celebrado o Dia Mundial da Paz, conhecido popularmente como Confraternização Universal.

       Sempre penso em simbologias por estes dias, pois cada um de nós relaciona a passagem do ano a alguma coisa bem particular e não só ao fato do calendário, mas do começo de uma nova jornada. Relaciono as festas de final de ano as coisas boas. O Réveillon, hoje, é tudo aquilo que posso fazer de bom para as pessoas que amo e para as pessoas que estão passando fome, assim, não posso fazer o bem só para aquelas que fazem o bem para mim.

     É isso, então, que desejo para vocês todos – que seu Ano Novo possa ser relacionado a coisas maravilhosas. Que ao tomar posse neste dia, o presidente possa lembrar dos 30 milhões de famintos e que os sonhos e esperança de cada voto faça valer!

        Gostaria de deixar para todos nós uma frase de uma das músicas

que meus verdadeiros heróis (The Beatles) fizeram: “E no final, o amor que você recebe é do mesmo tamanho do amor que você deu”.

        Adeus ano velho e feliz ano novo!

 

        Padre Carlos







 


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

ARTIGO -“os idosos podem nos ensinar que todos nós somos, na realidade, frágeis”. (Padre Carlos)

 

Hay que envelhecer pero sin perder la ternura.



Mesmo estando mais lento devido o envelhecimento, e com maior dificuldade em se movimentar, Francisco não abandonou sua agenda e como um bom jesuíta, tem demostrado ao mundo que é um Papa Missionário.

Contudo, apesar das suas limitações físicas, o Papa tem surpreendido os fieis, mesmo com toda limitação que o envelhecimento tem proporcionado a sua mobilidade, o pontífice encontra motivo mesmo na sua fragilidade para nos ensinar que não devemos parar de lutar mesmo diante das nossas fraquezas e limitações. Lutar pelos fracos e enfermos é fundamental, mas o importante é ensina-los a continuar lutando e esta é a tarefa essencial da Igreja e deverá ser desenvolvida com grande humanidade e atenção aos que sofrem.

O pontífice tem chamado a atenção do mundo para esta questão. Assim, mesmo com 86 anos, tem usado sua própria vulnerabilidade para exigir dignidade e respeito aos idosos em um mundo cada vez mais povoado por eles. Para o Papa, os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora.

O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos passou a ser celebrado em (25/07), A primeira celebração dedicado aos Avós e dos Idosos ocorreu na Basílica de São Pedro. Devido a uma cirurgia no cólon, o Santo Padre não presidiu aquela celebração, mas a sua homilia foi lida por dom Fisichella. O Papa inicia a sua homilia com o seguinte versículo do Evangelho daquele domingo: «Jesus disse a Filipe: “Onde havemos de comprar pão para esta gente comer?”» “Jesus não se limita a ensinar, mas deixa-se interpelar também pela fome que se faz sentir na vida das pessoas. E assim alimenta a multidão, distribuindo os cinco pães de cevada e os dois peixes recebidos de um jovem. Ao fim, sobram ainda numerosos pedaços de pão, dizendo aos seus discípulos que os recolham, «para que nada se perca».”.

Este proposito de humanizar a terceira idade e busca a dignidade desta gente, teve início bem antes de Francisco se tornar papa, aos 76 anos. No livro “Sobre o Céu e a Terra”, ele disse que ignorar as necessidades de saúde dos idosos constituía uma “eutanásia encoberta” e que os idosos muitas vezes “acabam sendo guardados em uma casa de repouso como um casaco pendurado no armário durante o verão.”.

Um alto membro do Vaticano, o arcebispo Vincenzo Paglia, disse em uma entrevista que persuadiu Francisco a articular um novo ensinamento da Igreja sobre o envelhecimento, foi “proposto não com palavras, mas com o corpo” porque, ele disse, “os idosos podem nos ensinar que todos nós somos, na realidade, frágeis”. “O envelhecimento é um dos grandes desafios do século 21."

O Para tem denunciado esta forma do Ocidente vê e se relacionar com os mais velhos. Desta forma, denúncia regularmente à maneira como as pessoas mais velhas são tratadas como lixo em uma “cultura do descartável”.

 


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

ARTIGO - Polícia impede atentado de bolsonarista com camião de combustível. (Padre Carlos)

 


Vamos esperar cadáveres aparecerem para tomar uma atitude mais enérgica contra estes criminosos?

 






Como se não bastasse à tentativa dos bolsonaristas de invadir sede da Polícia Federal no início do mês, agora as investidas deste grupo tem tomado grandes proporções e não podemos ficar esperando os cadáveres aparecerem para se tomar uma atitude mais enérgica contra estes criminosos.  

O fato é que esta situação começou a  fugir do controle como nunca tínhamos visto, como aconteceu neste sábado (24), um empresário bolsonarista, foi preso sob a acusação de tentar explodir um caminhão-tanque numa área próxima ao aeroporto de Brasília. A brigada de minas e explosivos foi acionada para neutralizar a bomba colocada no camião tanque de combustível. O plano criminoso para explodir este artefato explosivo, poderia resultar em um dos maiores atentados terroristas do Brasil — em plena véspera de Natal. O trabalho das forças de segurança do DF impediu que a tragédia acontecesse e colocou atrás das grades George Washington De Oliveira Sousa, 54 anos, preso pela Polícia Civil (PCDF).

O suspeito foi detido e confessou que é apoiador de Bolsonaro e participa no acampamento que desde as eleições está à frente do quartel-general do Exército em Brasília pedindo a intervenção militar.

O atentado frustrado contava com equipamentos sofisticados, incluindo um dispositivo de acionamento remoto. O artefato foi posicionado para também envolver um caminhão de querosene, o que poderia ter aumentado o poder destrutivo do ataque.

Este atentado chama nossa atenção para a necessidade de encontrar os mentores intelectuais e a fonte que vem financiando e alimentando ideologicamente este movimento. Não podemos prender somente os operadores destes atos terroristas e fingir que não exista uma cadeia de comando, que mesmo com o seu silêncio, termina falando muito para estas pobres almas.

 


ARTIGO - Os meus amigos não cabem na palma da mão! (Padre Carlos)

 


A amizade sincera dá ânimo para viver.

 


Outro dia estava conversando com um amigo no celular sobre os nossos desejos e esperança para o ano que vem. Falávamos baixinho dos nossos segredos e rimos alto, até dos problemas que nos amedrontava. Rimos também daqueles que cresce sem controle dentro da gente: o medo, a frustração, a raiva. Dei-me conta que enquanto riamos, meus problemas iam se dissolvendo e as minhas energias e certezas que não estava sozinho me fortalecia por dentro. A amizade é esse renascimento onde caímos, mesmo quando nem sabíamos de que era disso que precisávamos tanto.

Quando converso com um amigo é assim!  Sempre existe assunto, parece uma conversa que nunca se esgota. É mesmo isso que acontece entre os verdadeiros amigos: a conversa não morre. Tudo é motivo de ser assunto e a gargalhada nunca é inconveniente. Entre amigos de verdade é assim, não há receios, há vontade de continuar. Talvez seja esta a diferencia estre a amizade e o amor: não temos de medir o que se segue. O que se segue é sempre válido, sem julgamentos.

Os amigos terminam provocando na gente, esta coisa boa de querer integra-los para sempre na nossa vida: pode ser só por um momento, mesmo assim é válida quando surge: a ideia e o sentimento. Queremos a presença deles e delas para sempre nos momentos bons. Como se fosse possível.

Com os amigos, queremos passar o Verão, as férias, num destino aonde será improvável irmos, continuar a festa a noite toda, ver aquele filme que esta em cartaz no cinema: vamos todos! Depois, um a um, quase todos dirão que não podem que já tinham outras coisas combinadas. Muitas vezes me doeu a falta dos amigos em momentos que considerei importantes. Hoje, absolvo-os de imediato, para saber que no dia seguinte, os verdadeiros, encontrarão sempre um tempo para celebrar.  Os verdadeiros amigos não falham, até quando faltam. Vêm dias depois, abraçam-nos numa hora que não estava na agenda.

Mandam uma mensagem adivinhando que estamos tristes. Tenho muita sorte: os meus amigos ainda não cabem apenas na palma da mão: são mais. São muitos. Pode ser que um ou outro não esteja num momento importante, mas com certeza virá ao meu chamado quando eu mais precisar. Os amigos não têm de estar sempre, têm de vir numa noite e fazer dela especial. Exultamos a presença deles, e eles a nossa. Brindamos à vida. Lembramo-nos de tudo o que já vivemos. Eles dizem coisas que nós já não nos lembramos de que um dia dissemos e recorda quem realmente somos.

 


sábado, 24 de dezembro de 2022

ARTIGO - O Salvador nasceu no silêncio e na pobreza mais extrema. (Padre Carlos)

 

Um Deus que se fez pobre.

 



Quando nos damos conta da pobreza daquele cenário e da simplicidade que é uma manjedoura, temos a verdadeira noção do que representa o Natal. Deus fez nascer Seu Filho, naquelas condições na cidade de Belém e foi justamente na pobreza daquele lugar que chegou a salvação para o mundo. O Salvador nasceu no silêncio e na pobreza mais extrema, veio na simplicidade dos genuínos afetos humanos, para nos fazer filhos de Deus.

Por isto, o Natal revela um Deus que se aproxima da Humanidade e se humilha ao nascer em Belém, na pobreza e com os pobres. Assim, demonstra que não é indiferente ao sofrimento humano e que sua encarnação na humanidade foi para salvar a todos, seja qual for a sua condição social, língua, cultura ou nação. É um Deus com uma particular predileção pelos desfavorecidos, pelos pequenos e os mais pobres.

Um Deus que se fez pobre para nos enriquecer de todo o seu amor.  É certo que podemos vivenciar coisas não muito boas, mas precisamos fazer memória da nossa história, das nossas vitórias, porque nela existem muitas lembranças que nos ajudam a continuar lutando.

 

Jesus nasceu nesta pequena cidade, na periferia daquele império. Ele como Rei do universo não nasceu em palácios, mas nasceu numa manjedoura, e o seu reinado é de serviço. E as pessoas vão reconhecer Jesus em você na sua maneira de servir, no partir do pão. Jesus se fez pobres para que nós fossemos ricos, somos ricos porque temos o maior tesouro que é Jesus Cristo. Deixe que esse tesouro seja o centro da sua vida, e com certeza ela será sempre um ato de louvor mesmo em momentos de dor. Quando Jesus for o centro, o Senhor da nossa vida, quando transformarmos nosso coração em uma manjedoura, nada vai nos abalar, porque saberemos onde encontrar o Senhor.

 

 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...