A direita é capaz de apresentar uma alternativa clara e séria nas suas intenções?
Como filósofo e articulista, venho
percebendo a algum tempo que a forte polarização na sociedade, tem produzido um
esvaziamento do centro direita. Este deslocamento vem sendo acompanhado pelos
cientistas políticos e demais profissionais desta área desde as eleições de
2018, agora aparece ainda mais forte, com a redução das bancadas de partidos
tradicionalmente e aumento das bancadas dos partidos situados no polo da ultradireita
e esquerda. Esse movimento aparece tanto nos legislativos estaduais como nas
bancadas federais, e pode ser ilustrado pela queda dos números de parlamentares
que o PMDB conseguiu eleger e pelo quase desaparecimento do PSDB, partido que
ganhou duas eleições seguidas para o Governo Federal e governou São Paulo por
quase três décadas, com relação ao Cidadania, só conseguiu eleger meia dúzia de
deputados porque estes aderiram em suas bases o bolsonarismo, além do aumento
expressivo de partidos como PL, PP e Republicanos, que ganharam peso ao se alinhar
explicitamente a onda conservadora e de ultradireita.
Não há dúvida de que Bolsonaro representa
hoje as forças de oposição ao governo Lula, isto se deu pela capacidade de
promover um total realinhamento do campo conservador.
Diante
desta nova realidade, entendemos que o governo Lula tem sido um guarda-chuva para
esta vertente de pensamento, desta forma, a direita democrática deixa seu
protagonismo e o seu legado que foi apossado pelos bolsonarista. Sabemos como
está difícil o regime democrático brasileiro conter uma direita que seja capaz
de captar desejos e valores dos cidadãos, organizando suas pautas de
reivindicações, disputando cargos de poder. Por isto, a direita tem a obrigação
de apresentar uma alternativa responsável ao perigo do extremismo, com um bom
projeto democrático e um verdadeiro sentido de estado. Para isto, não pode se
dá ao luxo de criar soundbites, nem narrativas populistas que alimente um público
sedento de devaneios e ficções, mas sabendo que materializará a sua missão,
convicta de que essa integridade fará o seu caminho pelo eleitorado brasileiro.
Sonho um dia poder contar com uma direita
humanista e plural, de base liberal, mas com uma inclinação para o social.
Tendo sempre presente que nem todos tiveram as mesmas oportunidades e que por
essa razão o estado tem como obrigação cuidar dos seus, sobretudo de todos os
que se encontram em situações de vulnerabilidade.
Só assim, a direita seria capaz de
apresentar uma alternativa clara, bem definida nos seus limites e séria nas
suas intenções. Uma alternativa à polarização.