quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A Espiritualidade Quaresmal (Padre Carlos)

 

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A Espiritualidade Quaresmal





A quaresma é um tempo de graça e conversão, um verdadeiro retiro espiritual que a Igreja nos convida a vivenciar nestes quarenta dias de oração intensa, jejum e penitência.  Sabemos que os 40 dias referem-se aos 40 anos do Êxodo. É um tempo suficiente para um caminho de libertação. Desta forma, aprendemos com os exercícios de oração e o Retiro Quaresmal, que este tempo é um caminho pedagógico que forma o homem interior, que o conduz à Vitória Pascal de Cristo. Portanto, Quaresma é saída, saída da vida velha para a vida cheia da esperança de Cristo!
 É neste contexto que devemos entender o que quis dizer Jacques Lacan: "Os teólogos não acreditam em Deus, porque falam dele." Talvez mais importante do que falar de Deus seja falar com Deus. Nosso proposito nesta quaresma tem que ser falar com Deus, Este encontro pessoal com o Sagrado só pode ser feita através da fraternidade e o  diálogo sincero com Ele na oração.
 A Campanha da Fraternidade é o modo com o qual a Igreja no Brasil vivencia a Quaresma. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada. Assim, a Campanha da Fraternidade 2023 terá como tema "Fraternidade e Fome: A fome é um escândalo e um contra testemunho! Num país como o Brasil, líder mundial na produção de alimentos, ver pessoas passando fome revela muito sobre nossa economia, nossa cultura, nossa política e nossos cidadãos.
Vivenciar a quaresma hoje no Brasil supõe uma abertura ecumênica, mas também um diálogo inter-religioso no sentido etimológico do termo o que vai além da articulação dos discursos teológicos ou da ação pastoral que é desencadeada com a Campanha da Fraternidade. Implica incorporar Fraternidade e Diálogo no discurso ideológico e na prática política dos movimentos sociais e dos partidos de esquerdas que assumem as aspirações libertadoras do nosso povo. Defender a vida nos dias de hoje, implica para a comunidade de fé, um compromisso que vai além do discurso teológico. É preciso descer do pedestal e encarna-se na vida e na luta de inúmeros irmãos que estão sendo oprimidos e por isto, não podemos se dá ao luxo de separar fé e vida, Campanha da Fraternidade e ação política, salvação e libertação.

Só vivenciando a espiritualidade quaresmal, poderemos assumir a defesa da Fraternidade e do Diálogo e esta só pode se dar com o Dom do Compromisso e o terreno concreto deste compromisso é a política. É nesta arena que se decide a sorte de milhões de seres humanos, mas também a nossa fidelidade ao projeto do Reino e o amor aos pobres. É desta forma que nossa oração passa a gerar nos corações profundamente arrependidos a acolhida do Mistério Pascal, da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Filho de Deus se entregou por toda a humanidade nas mãos dos homens, padeceu todo tipo de suplício, maltratado, injuriado, fizeram-no carregar a cruz, no calvário pregaram-no no madeiro e o ergueram entre bandidos. Sua morte cruenta transformou-se em remédio de salvação para todos nós. Mas o Pai, que é Deus, o ressuscitou glorioso.

A Páscoa é sofrimento vivido com amor, é morte tragada pela vida, é sacrifício oferecido para nossa salvação. Páscoa, numa palavra, é a nossa salvação, é Cristo, o cordeiro imolado por nós. Devemos trilhar o deserto da nossa vida com os olhos fixos na manhã da Ressurreição, sem nos ater nas desesperanças que nos cercam. Isto é Páscoa!

Os 40 dias vão da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo de Ramos, neste tempo no qual devemos vivenciar o espírito do Êxodo, temos também de fazer uma reflexão profunda sobre a situação do pobre e como nossa ação pode ser gestos concretos de cuidados. Como Povo de Deus, conduzido pela sua Palavra, sairemos da Terra da Escravidão, do pecado (egoísmo, maldade, injustiça, violência, hedonismo, vícios, da exploração, etc.) para a Terra Prometida da realização das Promessas Divinas em relação à humanidade.

Quaresma é tempo de saída de nós mesmos, mundo de fraqueza e fechamento, para irmos ao encontro do outro, mundo da abertura e fortalecimento, da nossa fé na construção de um mundo melhor.

No caminho quaresmal, a Igreja convida seus filhos ao êxodo existencial, convida-nos a sair da frouxidão na vida espiritual, mas também da defesa da vida humana. Não basta vê a opressão é preciso sentir compaixão e lutar cuidando dele. Quaresma é um tempo favorável para a mortificação. Sabe-se que Adão continua a cair quando pecamos, mas a Igreja recorda sempre que o pecado não tem a palavra final em nossas vidas.

O tempo da Quaresma é um caminho pedagógico que forma o homem interior, que o conduz à Vitória Pascal de Cristo. Portanto, Quaresma é saída, saída da vida velha, saída da nossa inercia, saída para que possamos lutar pela vida cheia de esperança em Cristo!
 Maria, seus filhos que sofrem são seguramente cobertos com o seu manto. Assim como esteve presente aos últimos momentos dramáticos de Seu Filho, Jesus Cristo, nós vos pedimos: Que este povo possa vencer a morte em vida que se abate sobre ele. Que possamos celebrar com alegria a vitória sobre todas as mortes.

Padre Carlos


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A Pituba é um lugar cheio de história e tradição (Padre Carlos)

     Não podemos negar que aquela geração da Pituba da minha infância está partindo.







A saudade chegou ao momento em que soube que Jacira Meireles tinha deixado à gente. Não podemos negar que aquela geração da Pituba da minha infância está partindo.

Para quem não conheceu o bairro da Pituba em Salvador em meados do século passado, temos que informar que era um pouco diferente do que é hoje. Nosso bairro era um balneário na década de sessenta e tinha suas características boêmia trazendo no verão uma classe média que se misturava com os moradores formando uma só família. Que saudade da festa da Pituba, dos amigos de infância e do clube português.

O bairro da Pituba em Salvador, Bahia, é um lugar cheio de história e tradição. Na década de sessenta, era um verdadeiro balneário, com suas praias exuberantes e ares de boemia. O bairro costumava atrair uma classe média, que buscava um refúgio para aproveitar o verão com tranquilidade e diversão.

Os dias de verão eram preenchidos por um clima de festa e descontração, onde os moradores e visitantes se reuniam em torno dos bares e restaurantes para apreciar a culinária típica da Bahia e saborear bebidas refrescantes. A atmosfera era contagiante, e a alegria era sentida em cada esquina.

A festa da Pituba era um evento marcante na época, onde todos se reuniam para celebrar a cultura local. Era uma oportunidade para dançar ao som dos ritmos baianos, provar as delícias gastronômicas e rever amigos de infância que há muito tempo não se via.

Um dos pontos altos do bairro era o Club Português, um lugar onde as famílias se reuniam para socializar e passar o tempo livre. O clube era um símbolo de união e amizade, um lugar onde se podia jogar futebol, nadar e desfrutar de uma variedade de atividades de lazer.

 

Hoje em dia, muitas coisas mudaram na Pituba, mas as tradições ainda perduram. O bairro se tornou um dos mais procurados em Salvador, com uma grande oferta de comércio e serviços. As praias continuam exuberantes, a culinária é ainda mais rica e as pessoas ainda são tão acolhedoras como antigamente.

Para aqueles que cresceram na Pituba, a saudade da festa, dos amigos de infância e do Club Português é imensa. Mas a lembrança desses tempos felizes permanece viva na memória, como um sopro de nostalgia e de um tempo que não volta mais, assim como você minha amiga.




                                                                                                                    Bel

                                                                                                                                                

                                                                        

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

ARTIGO - O país precisa de uma direita humanista, plural e de base liberal. (Padre Carlos) .

 A direita é capaz de apresentar uma alternativa clara e séria nas suas intenções?

 


Como filósofo e articulista, venho percebendo a algum tempo que a forte polarização na sociedade, tem produzido um esvaziamento do centro direita. Este deslocamento vem sendo acompanhado pelos cientistas políticos e demais profissionais desta área desde as eleições de 2018, agora aparece ainda mais forte, com a redução das bancadas de partidos tradicionalmente e aumento das bancadas dos partidos situados no polo da ultradireita e esquerda. Esse movimento aparece tanto nos legislativos estaduais como nas bancadas federais, e pode ser ilustrado pela queda dos números de parlamentares que o PMDB conseguiu eleger e pelo quase desaparecimento do PSDB, partido que ganhou duas eleições seguidas para o Governo Federal e governou São Paulo por quase três décadas, com relação ao Cidadania, só conseguiu eleger meia dúzia de deputados porque estes aderiram em suas bases o bolsonarismo, além do aumento expressivo de partidos como PL, PP e Republicanos, que ganharam peso ao se alinhar explicitamente a onda conservadora e de ultradireita.

Não há dúvida de que Bolsonaro representa hoje as forças de oposição ao governo Lula, isto se deu pela capacidade de promover um total realinhamento do campo conservador.

 Diante desta nova realidade, entendemos que o governo Lula tem sido um guarda-chuva para esta vertente de pensamento, desta forma, a direita democrática deixa seu protagonismo e o seu legado que foi apossado pelos bolsonarista. Sabemos como está difícil o regime democrático brasileiro conter uma direita que seja capaz de captar desejos e valores dos cidadãos, organizando suas pautas de reivindicações, disputando cargos de poder. Por isto, a direita tem a obrigação de apresentar uma alternativa responsável ao perigo do extremismo, com um bom projeto democrático e um verdadeiro sentido de estado. Para isto, não pode se dá ao luxo de criar soundbites, nem narrativas populistas que alimente um público sedento de devaneios e ficções, mas sabendo que materializará a sua missão, convicta de que essa integridade fará o seu caminho pelo eleitorado brasileiro.

Sonho um dia poder contar com uma direita humanista e plural, de base liberal, mas com uma inclinação para o social. Tendo sempre presente que nem todos tiveram as mesmas oportunidades e que por essa razão o estado tem como obrigação cuidar dos seus, sobretudo de todos os que se encontram em situações de vulnerabilidade.

Só assim, a direita seria capaz de apresentar uma alternativa clara, bem definida nos seus limites e séria nas suas intenções. Uma alternativa à polarização.

 

 

 

 

 


domingo, 19 de fevereiro de 2023

ARTIGO - “A morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da humanidade”. (Padre Carlos)

 Zezéu vou votar em você, quero vê a cidade de felicidade votar no PT.

 


Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre a sua bondade é também enterrado com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu, pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.

Neste sábado vai fazer oito anos que meu amigo partiu. Por isto, honrar o legado de Zezéu e buscar o resgate da sua memória pode ajudar a manter viva sua história e a sua luta. É uma forma de resgatar a memória e as contribuições que ele fez durante sua existência, que vai do movimento estudantil a forma humanizada que uma cidade poderia ser administrada. Só assim poderemos ajudar a manter seu espírito vivo para aqueles que o amaram.

 O resgate da memória de Zezéu pode ajudar a preservar a história e a cultura de uma nova geração de arquitetos preocupado com a cidade e as pessoas que não tem uma casa ou ao grupo de político progressista ao qual o amigo pertencia. As histórias deste grande militante podem ser compartilhadas e transmitidas a outras pessoas e ajudar a manter vivas as tradições e valores daquele grupo que queria e mudou a Bahia.

A sua risada muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este toda esquerda, todo sonho de liberdade e justiça também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui, pois faço parte da humanidade”.

Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015 e deixou muita saudade.

 Em resumo, o resgate da memória de Zezéu pode ter  importância significativa, desde honrar o legado do amigo até preservar a história e a cultura de um partido e de toda uma geração.

 

José Eduardo Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador, 21 de novembro de 1949 — São Paulo, 25 de fevereiro de 2015) ·.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

ARTIGO - Meus carnavais de chuva suor e cerveja (Padre Carlos)





Meus carnavais de chuva suor e cerveja


Hoje estava pensando nos meus carnavais de chuva suor e cerveja. Nos blocos de rua, das batucadas e cordões. Com alguns instrumentos e uma corda, arrastávamos muita gente. Quem conseguia captar o sentimento daqueles jovens era Sérgio Sampaio:
 “Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender” Assim, cada bairro vinha para avenida com sua batucada e trazia os amigos da escola e da rua, com nossas mortalhas feitas pela mãe de algum participante daquele bloco.
Que emoção era descer a ladeira de São Bento, a procura dos amigos. Encontrar os companheiros de militância em frente ao clube de engenharia. Fazíamos daquele espaço o QG do DCE e do movimento de esquerda. Que saudade do cordão da orla com era chamado: Paulo Pontes, Dapieve, Aninha, Valdelio, Pedro Yapone, Anilson, Zezeu Pola e tantos outros.

Depois de sonhar com as revoluções, voltava para o Campo Grande pela Carlos Gomes. À noite, brincávamos no Clube Português e encontrava os amigos do bairro.
             Tem pessoas que não param no tempo é como se a vida fosse de forma linear e eles jamais ficassem velhos e ultrapassados. Quando vejo Caetano e Gil, cantando com esta nova geração de cantores do carnaval baiano, acredito que dentro deles não existe tempo nem espaço, são verdadeiros mitos da nossa cultura.
            Quando Caetano volta do exílio, encontra nosso carnaval em uma mudança profunda. Passamos a partir daquele ano, a vivenciar a contra cultura no carnaval e depois desta experiência, o carnaval de Salvador, jamais foi o mesmo. Só o poeta é capaz de influenciar e se deixar ser influenciado, por isto, tem a capacidade de captar nossos sentimentos e traduzir em versos as nossas emoções.
“Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
Que a chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo perdendo a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que Deus quiser
A gente se embala se embora se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha se beija se molha
De chuva suor e cerveja”

Hoje, entendo aquela geração que brincava para esquecer aqueles anos de chumbo e buscava nas ruas através de protestos, uma forma de se rebelar contra o sistema. Assim, aqueles meninos lutavam bravamente com as armas que tinham. Na década de 70, lutávamos contra um regime que mantinha nossos sonhos encarcerados, mas, expressávamos no carnaval todo aquele sentimento de impotência, nosso carnaval era democrático.  O Brasil vivia censurado pela ditadura e o carnaval tinha essa função de panela de pressão.
Já na década de 80, o carnaval já tinha uma estrutura empresarial e musical (sonorização, palco) montada em cima de grandes caminhões. Criação típica do carnaval baiano, esta estrutura, passava agora a animar as nossas festas populares com a participação de músicos de axé. Os trios passam a percorrer outros circuitos que não era o Campo Grande a Praça da sé. O trio elétrico mais popular do carnaval de Salvador não é mais o Jacaré nem o Saborosa, agora é o Chiclete com Banana. Naquela década assistimos à queda do Regime Militar e não demos conta de outra queda que estava se dando, a do carnaval popular.

Padre Carlos


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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A briga entre Cristovam Buarque e Roberto Freire define o futuro do Centro: direita ou esquerda? (Padre Carlos)

 

Quem disse que não poderia juntar PT e PSDB.

 



As discussões travadas dentro do Diretório Nacional do partido Cidadania, ex-Partido Popular Socialista, ex-Partido Comunista Brasileiro, tem servido como parâmetro para definir para onde o antigo Partidão quer seguir e sobre o legado de tantos camaradas que morreram sem conhecer este lado tenebroso do PCB e os quadros de direita que se formaram dentro dele.  Desta forma, ao acompanhar pela imprensa os desentendimentos entre o seu presidente, o ex-deputado federal Roberto Freire, e o ex-senador Cristovam Buarque, pude entender o tamanho das zonas mais profundas da região abissal, que separam as lideranças deste partido.

A relação do Cidadania com o PSDB tem levado o partido cada vez mais para a direita, desta forma, apesar de ter conseguido eleger 5 deputados federais, para surpresa das bases seus novos parlamentares são todos bolsonarista disfarçados. O mais grave é que recentemente, por 60% a 40%, a Executiva do partido aprovou uma moção de apoio ao governo Lula e o partido não sabe como estes parlamentares se posicionarão quando houver o embate dentro do Congresso. Buarque votou a favor, Freire foi contra. Examina-se, agora, a ampliação da federação com a entrada do Podemos e do MDB.

Observador da política local e nacional, o ex-governador disse que entrou no Cidadania achando que encontraria ali uma esquerda moderna, progressista. Infelizmente um agrupamento que segue o ex-deputado federal Roberto Freire, aliado há o que existe de pior na política, levanta a questão que a esquerda nostálgica quer repetir o passado. Diante de manifestações de direita e alinhamento ao bolsonarismo o ex-senador Cristovam Buarque disse: “Se tiver que escolher entre a esquerda atrasada e a direita escravocrata, ficarei com a esquerda”.

Cristovam levanta a tese que o primeiro erro foi à divisão do PT e PSDB. O símbolo máximo é a eleição do Bolsonaro. Nós falhamos porque a escola não melhorou como deveria a saúde não melhorou como deveria a economia não cresceu como deveria. Nós falhamos, não criamos, realmente, um Brasil diferente. E foram 26 anos. Se PT e PSDB tivessem criado um projeto que os unificasse, nem tinha Bolsonaro e teríamos feito muita coisa. A educação, por exemplo, poderíamos ter adotado uma geração, como dizia a Heloisa Helena, e depois essa geração nos adotaria. Perdemos tempo. Por isso, votei na chapa Lula e Alckmin e estou disposto a apoiar o seu governo.  Quem disse que não poderia juntar PT e PSDB.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

ARTIGO - Devemos despir o Papa das últimas vestes de César? (Paadre Carlos)

 O Papa precisa ser chefe de Estado?



 

O início do século XX foi marcado por um período de mudanças, políticas e sociais. Essas mudanças  no cenário político global, fez com que muitas monarquias viessem a baixo. Os ventos republicanos que sopraram em todo o velho continente não chegaram aos morros do Vaticano. Pensamentos como este só puderam ser abordados de forma superficial meio século depois, já no Vaticano II.

Quem conhece um pouco de eclesiologia, sabe que a Igreja é a única instituição verdadeiramente global, com um mandatário divino, que é também chefe de Estado. Assim, diante das reformas que Francisco pretende para todo o corpo eclesial, nos perguntamos: Que sentido tem que o Papa sendo chefe da Igreja, seja também um chefe de Estado? Depois do Vaticano II, com o aggiornamento de uma possível era republicana na cúpula da Igreja Católica, é admissível ou não a natureza político-constitucional e jus-internacional da própria Igreja e do seu representante? Não seria o momento de separar as dimensões de poderes e despir o Papa das últimas vestes de César? Não seria esse o próximo passo da Igreja no caminho do despojamento e do desprendimento? Para avança na questão do poder, não deveríamos enfrentar de frente a "despolitização" do Vaticano e da Igreja e  se entregar à sua verdadeira missão  espiritual e pastoral?

Confesso a vocês que pensava também desta forma e nas abordagem o militante incendiário da minha juventude se misturava numa simbiose com o teólogo, mas quando olhamos para as contribuições do Papa e da rede diplomática do Vaticano a serviço da paz e da justiça, na defesa da dignidade das pessoas (refugiados e marginalizados), na denúncia do capitalismo selvagem, das perseguições e violências, eu me  perguntei: O mundo estaria melhor e os homens viveriam melhores se a Igreja não dispusesse deste aparelho de Estado?

   Não há dúvida que a Igreja esteja precisando de uma reforma. Por isto,  chamamos a atenção dos mais jovens para não cairem na tentação e erros das gerações passadas que achavam que reformar é abandonar tudo aquilo que é tradição.  Não devemos exigir nem incentivar o abandono de um dos grandes ministérios de que dispomos para servir a Humanidade - a sua diplomacia em favor da justiça e da paz, decorrente do reconhecimento internacional da sua natureza de Estado.

Assim quando o Papa Francisco visitou a República Democrática do Congo e no Sudão do Sul, massacrados pela violência, pela exploração, numa dor sem fim. Este enviado de Deus num esforço fisicamente tão penoso se ajoelhou diante dos três líderes do Sudão do Sul e lhes beijou os sapatos, suplicando um esforço para avançarem na paz.

Um chefe de Estado que se coloca a serviço da paz e não busca o poder nem reconhecimento. Como disse o Santo Padre: "Se vivermos para "nos servirmos" do povo em vez de "servir" o povo, o sacerdócio e a vida consagrada tornam-se estéreis. Não se trata de um trabalho para ganhar dinheiro ou ter uma posição social nem para resolver a situação da família de origem, trata-se de serem sinais da presença de Cristo, do seu amor incondicional, do perdão com que quer reconciliar-nos.”.

Que o Espírito Santo nos dê entendimento para que saibamos reformar a Igreja preservando o que há de mais sagrado na sua essência que é o serviço.  "Não somos os chefes de uma tribo, mas pastores compassivos e misericordiosos; não somos os donos do povo, mas servos que se inclinam a lavar os pés dos irmãos e irmãs."

 

 

 




ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...