quinta-feira, 18 de maio de 2023

ARTIGO - Bolsonaro se esquiva de responsabilidade em depoimento à Polícia Federal. (Padre Carlos)


 


O depoimento de Bolsonaro à PF

 




          O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal nesta terça-feira (16) sobre a suspeita de inserção fraudulenta em sistema do SUS de dados da vacinação contra Covid de Bolsonaro e de sua filha mais nova revelou mais uma vez a sua postura de se esquivar de qualquer responsabilidade pelos seus atos e pelos dos seus aliados.

          Bolsonaro, que já havia se negado a depor em maio deste ano, quando teve o seu celular apreendido pela PF, alegou não saber de nada sobre a fraude nos cartões de vacinação e jogou a culpa no seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi preso na operação que investiga o esquema.

          O ex-presidente admitiu que Cid administrava a sua conta no ConecteSUS, sistema onde são registradas as informações sobre vacinação, mas disse não saber se ele teve envolvimento com a falsificação dos dados. Bolsonaro também disse que não tinha intenção de obter vantagens ilícitas com o certificado falso de vacinação, mas não explicou qual seria o motivo para alguém inserir informações falsas no seu nome e no da sua filha.

          O depoimento de Bolsonaro contrasta com as evidências apontadas pela PF, que indicam que ele e Cid tinham “plena ciência” da fraude nos cartões de vacinação. Segundo a PF, o IP usado para acessar o sistema e emitir o certificado falso em nome do ex-presidente era do Palácio do Planalto.

          Além disso, Bolsonaro já havia demonstrado interesse em obter informações privilegiadas da PF em outras ocasiões. Em 2020, ele tentou trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, por alguém de sua confiança, o que levou à demissão do então ministro da Justiça Sergio Moro. Na época, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na corporação para blindar familiares e aliados de investigações. Esse caso também é alvo de um inquérito no STF.

          O depoimento de Bolsonaro à PF mostra que ele não tem compromisso com a verdade nem com a transparência. Ele se comporta como se estivesse acima da lei e como se pudesse manipular os fatos ao seu bel-prazer. Ele também não hesita em sacrificar os seus subordinados para se livrar das acusações que pesam sobre ele.

          Bolsonaro não merece a confiança dos brasileiros nem o respeito das instituições democráticas. Ele é um presidente que mente, que frauda e que tenta obstruir a Justiça. Ele é um ex-presidente que deve ser responsabilizado pelos seus crimes.

 


quarta-feira, 17 de maio de 2023

ARTIGO - A Construção de uma Nova Perspectiva: A Oposição e o Futuro de Vitória da Conquista. (Padre Carlos)

 

 

Qual o futuro político de nossa cidade?

 


 

Nos últimos dias, o deputado Waldenor Pereira despontou como um possível candidato do PT e das forças de esquerda no embate eleitoral com a atual prefeita e o governo municipal. No entanto, não podemos deixar de recordar que o PT sofreu duas derrotas eleitorais consecutivas devido a erros primários, e não podemos permitir que as falhas de campanha e posicionamento do passado se repitam.

Diante desse contexto desafiador, torna-se fundamental que o PT, como partido dirigente de uma futura coalizão, acompanhe atentamente as mudanças políticas em Vitória da Conquista e estabeleça diálogos construtivos com os setores moderados da direita que se distanciaram do governo municipal e da atual prefeita, Sheila. Ao mesmo tempo, é necessário fortalecer os laços com os movimentos sociais e as organizações populares que demandam mais democracia, direitos e desenvolvimento. O Partido dos Trabalhadores não precisa reinventar a roda, uma vez que a prática política é tão antiga quanto à própria civilização. A estratégia de "dividir para conquistar" (em latim, divide et impera) já era utilizada pelos romanos há mais de 100 anos antes de Cristo.

Vitória da Conquista, assim como o Brasil em geral, vive um momento histórico de transição política, permeado por incertezas e polarização. O futuro político de nossa cidade e o retorno da esquerda ao poder dependerão da habilidade das lideranças em lidar com essa conjuntura desafiadora. Lembramos que o PT, PCdoB e PV, fazem parte de uma Federação de partidos e precisa ampliar sua base política, por isto a vaga da vice na chapa majoritária precisa ser escalada como se estivesse deslocando uma peça no tabuleiro de xadrez. A vice precisa ser de um eleitorado de centro direita e ter densidade eleitoral. Alguém que traga novos votos e que busque seduzir um eleitorado mais a direita.

O PT não pode esquecer que a vitória nas eleições de 2022 foi conquistada com o apoio de partidos e políticos que antes eram seus opositores, mas que se uniram em prol de um objetivo comum. Essa aliança foi essencial para garantir a vitória. Precisamos entender que em Vitória da Conquista não vai ser diferente. Porém, para que isto aconteça será necessário uma responsabilidade maior de construir pontes e superar diferenças em prol do bem comum.

É preciso aprender com os erros do passado, analisar cuidadosamente as estratégias adotadas e adotar uma abordagem mais eficiente. A oposição precisa demonstrar coesão, apresentar propostas concretas e convencer a população de que é capaz de promover as mudanças necessárias para o desenvolvimento de Vitória da Conquista.

O partido deve estar atento aos anseios da sociedade civil e aos movimentos populares, que desempenharam um papel fundamental na mobilização contra o governo atual. Esta frente precisa se posicionar como uma alternativa viável, comprometida com a defesa da democracia, da justiça social e dos direitos da população.

O futuro político de Vitória da Conquista dependerá da capacidade de diálogo e mobilização dos diferentes atores envolvidos. É necessário construir um projeto inclusivo, que valorize a participação popular e promova o desenvolvimento sustentável do município.

A oportunidade está diante de nós. A oposição tem a chance de se reinventar, de corrigir os erros do passado e de propor uma visão progressista e transformadora para a cidade. É o momento de construir uma nova perspectiva, baseada no diálogo, na cooperação e no compromisso com o bem-estar coletivo.

A volta do PT e da Frente Conquista Popular ao poder em Vitória da Conquista dependerá não apenas da habilidade política das suas lideranças, mas também do engajamento da sociedade. É imprescindível que a oposição esteja próxima das demandas e aspirações da população, ouvindo atentamente suas necessidades e agindo de forma transparente e responsável.

A caminhada rumo à vitória não será fácil. A polarização política ainda é intensa, e os desafios são muitos. No entanto, estes  partidos de oposição deve encarar essas adversidades como oportunidades de crescimento e aprendizado.

Para alcançar o sucesso eleitoral, é fundamental que o PT e as forças desta frente trabalhem de forma unida, com um propósito comum e uma visão clara de futuro. É preciso construir uma plataforma política consistente, baseada em valores progressistas, justiça social e igualdade de oportunidades.

Além disso, é essencial que o partido busque estabelecer alianças estratégicas com setores moderados da direita, que estejam dispostos a se distanciar das políticas conservadoras e autoritárias. O diálogo construtivo e a busca por consensos são caminhos promissores para a construção de uma coalizão sólida e ampla, capaz de conquistar o apoio necessário para a vitória eleitoral.

A oposição não podem se acomodar ou subestimar a importância de uma campanha bem estruturada e organizada. É imprescindível investir em estratégias eficientes de comunicação, que alcancem a população de forma clara e objetiva, apresentando propostas concretas e soluções para os desafios enfrentados pelo município.

A confiança da população será conquistada por meio de um trabalho sério, comprometido com a ética e a transparência. É necessário que o PT e seus representantes sejam exemplos de integridade e responsabilidade, demonstrando que estão comprometidos em servir o interesse público e em promover o desenvolvimento sustentável de Vitória da Conquista.

Por fim, é importante ressaltar que a vitória eleitoral é apenas o primeiro passo. Após assumir o governo, é fundamental que esta frente se mantenha fiel aos seus princípios e compromissos, governando de forma inclusiva e responsável. A participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e das organizações populares deve ser incentivada e valorizada, garantindo a construção coletiva de políticas públicas e a fiscalização do poder.

Vitória da Conquista e seus cidadãos merecem um futuro melhor. A esquerda e seus aliados tem a oportunidade de liderar essa transformação, promovendo uma gestão comprometida com a justiça social, a igualdade e o desenvolvimento sustentável. O caminho não será fácil, mas com união, determinação e a participação ativa de todos, é possível construir uma cidade mais próspera, justa e inclusiva para todos os seus habitantes.

A hora é agora. O PT e seus aliados deve estar prontos para assumir o desafio e trabalhar incansavelmente pelo bem de Vitória da Conquista. A oportunidade está à frente. Vamos juntos construir um futuro melhor para todos.

 

 

 


terça-feira, 16 de maio de 2023

Artigo de opinião: A cassação de Deltan Dallagnol e a postura lamentável de Sergio Moro. (Padre Carlos)

 

A cassação de Dallagnol é um ato de justiça

 


 

 

A decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) é uma vitória da democracia e do Estado de Direito sobre a farsa da Lava Jato. O ex-procurador, que se elegeu com o discurso de combate à corrupção, foi desmascarado como um fraudador da lei e da Justiça.

 

Dallagnol pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF) em novembro de 2021, quando já havia sido condenado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) a pena de censura e de advertência e ainda tinha 15 procedimentos diversos em tramitação desfavoráveis a ele no órgão. Com isso, ele tentou escapar da pena de demissão e da inelegibilidade prevista na Lei da Ficha Limpa.

 

Além disso, Dallagnol também foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos irregulares com diárias e passagens de outros procuradores da Lava Jato. Essa foi a operação que ele chefiou em Curitiba, com o apoio do então juiz Sergio Moro, e que perseguiu políticos e empresários sem provas, violando direitos fundamentais e a soberania nacional.

 

A cassação de Dallagnol é um ato de justiça contra um agente público que usou o cargo para fins políticos e pessoais, sem respeitar os limites legais e éticos. Ele não merece representar o povo paranaense nem brasileiro no Congresso Nacional.

 

Por isso, é lamentável a postura do senador e ex-juiz Sergio Moro, que se manifestou dizendo estar “estarrecido” com a decisão do TSE. Moro, que também deixou a magistratura para se candidatar pelo União Brasil do Paraná, demonstra não ter aprendido nada com os escândalos que envolveram sua atuação na Lava Jato.

 

Moro foi o principal aliado de Dallagnol na operação que violou o princípio da imparcialidade da Justiça. Ele foi flagrado em conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil orientando os procuradores, combinando estratégias, antecipando decisões e interferindo na acusação. Por isso, ele teve sua suspeição reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Lula.

 

Moro também foi desmoralizado ao aceitar ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro, após ter condenado e impedido a candidatura de Lula em 2018. Ele se mostrou subserviente aos interesses do presidente, até romper com ele por motivos pessoais. Depois, ele tentou se reinventar como político, mas não conseguiu se livrar da imagem de juiz parcial e traidor.

 

Ao lamentar a cassação de Deltan Dallagnol, Moro revela sua falta de compromisso com a democracia e com a legalidade. Ele deveria reconhecer seus erros e pedir desculpas ao povo brasileiro pelos danos que causou à Justiça, à política e à economia. Em vez disso, ele prefere se solidarizar com seu cúmplice na farsa da Lava Jato.

 

A decisão do TSE é um passo importante para restaurar a credibilidade das instituições e para punir os responsáveis pelo maior escândalo judicial da história do país. Deltan Dallagnol e Sergio Moro devem responder pelos seus crimes e não devem ter espaço na vida pública. Eles são uma vergonha para o Paraná e para o Brasil.


ARTIGO - A indicação de Cristiano Zanin ao STF gera críticas à esquerda. (Padre Carlos)




Alguém que defenda os interesses do trabalhador

 




De acordo com fontes próximas ao ex-presidente Lula, o advogado Cristiano Zanin, conhecido por ser o rosto do combate à Operação Lava Jato e a Sergio Moro, será o próximo indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF). A notícia da possível indicação gerou críticas tanto à direita quanto à esquerda.

Enquanto a direita se opõe à escolha de Zanin por suas ligações com Lula e sua atuação em defesa do ex-presidente, a esquerda critica a decisão por considerá-la uma confusão desnecessária entre público e privado e por não representar a diversidade étnica e ideológica necessária no STF.

Muitos defendem que a escolha de um jurista negro seria importante para trazer mais diversidade ao Supremo Tribunal Federal. No entanto, outros argumentam que a questão não é apenas de etnia ou religião, mas sim de classe e ideologia. O ex-ministro Joaquim Barbosa, por exemplo, foi escolhido por ser negro, mas acabou se mostrando conservador em suas decisões.

Além disso, há críticas em relação à forma como os ministros do STF são escolhidos no Brasil. Muitos afirmam que há um "dedo podre" na escolha dos ministros e que aqueles indicados por Lula e Dilma acabaram se tornando os maiores críticos do PT e os verdadeiros operadores da Lava Jato.

Para alguns, é necessário que o próximo indicado seja alguém que defenda os interesses do trabalhador e que represente a classe trabalhadora no STF. Afinal, a elite já está muito bem representada no tribunal mais alto do país.

  

segunda-feira, 15 de maio de 2023

ARTIGO - Theo: o primeiro condenado à morte pela ditadura. (Padre Carlos)

 


Um mito da esquerda morreu em Recife



 

Em um quarto de apartamento em Recife, morreu neste final de semana um homem que marcou a história da resistência à ditadura militar brasileira (1964-1985): Theodomiro Romeiro dos Santos, 70 anos. Acometido por vários AVCs, em decorrência das torturas sofridas nos primeiros anos de prisão e das péssimas condições que vivia na carceragem.  As sequelas fizeram com que ele perdesse a memória e dependesse dos cuidados e carinho de familiares e amigos próximos.

Theodomiro foi o primeiro civil condenado à pena de morte no período republicano brasileiro, com base na Lei de Segurança Nacional. Sua imagem de jovem imberbe, aos 19 anos, no julgamento em 1971, comoveu a opinião pública, dentro e fora do país, e tornou-se uma poderosa bandeira na luta contra o regime autoritário.

Em uma entrevista inédita, concedida em abril de 1979, dentro de sua cela na Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador, de onde fugiria quatro meses depois de forma espetacular, Theo revelou: “Depois de preso, o primeiro momento que tive a certeza de que não seria morto foi quando ouvi a sentença de morte”.

Nesses tempos de redes sociais, fake news, patrulhas ideológicas e cancelamentos, vale lembrar quem foi, o que fez e qual a herança histórica que deixou esse personagem único, que deu seu recado com exemplos de destemor e sonhos por um mundo melhor e mais justo.

Theodomiro foi um dos milhares de jovens que se engajaram na luta contra a ditadura militar no Brasil, um regime que se instaurou em 1964 por meio de um golpe que derrubou o presidente João Goulart. O golpe contou com o apoio dos Estados Unidos e dos setores conservadores da sociedade brasileira, que temiam o avanço das reformas sociais propostas por Jango.

A ditadura militar durou 21 anos e foi marcada pelo autoritarismo, pela censura à imprensa e às artes, pela restrição aos direitos políticos e pela perseguição policial aos opositores do regime. Muitos foram presos, torturados e mortos nos porões da repressão. Outros foram exilados ou desapareceram.

Diante desse cenário, surgiram diversas formas de resistência à ditadura, tanto armadas quanto pacíficas. Os jovens tiveram um papel fundamental nesse processo, pois se organizaram em movimentos estudantis, partidos clandestinos, grupos guerrilheiros e manifestações culturais. Eles buscavam denunciar as arbitrariedades do regime e reivindicar a volta da democracia.

Theodomiro foi um desses jovens que se arriscaram pela causa da liberdade. Ele era militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), uma das organizações de esquerda que defendiam a luta armada contra a ditadura. Em 1970, ele participou de uma ação que resultou na morte de um agente do Doi-Codi baiano. Preso e torturado, ele foi condenado à morte pelo Conselho Especial da Aeronáutica.

Sua sentença causou indignação nacional e internacional e mobilizou campanhas pela sua libertação. Em 1971, sua pena foi comutada para prisão perpétua. Em 1979, ele conseguiu fugir da prisão com a ajuda de outros presos políticos e se exilou na França. Ele só voltou ao Brasil em 1985, após a expiração da sua condenação.

Theodomiro se formou em Direito e se tornou juiz do Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco. Ele se aposentou em 2012 e recebeu anistia, mas nunca pediu indenização por motivações ideológicas. Ele morreu em 14 de maio de 2023, aos 70 anos, em Recife.

 

Theodomiro foi um exemplo de coragem e idealismo, que lutou por um Brasil mais justo e democrático. Ele foi um dos protagonistas da história da resistência à ditadura militar brasileira, que deixou marcas profundas na sociedade e na memória nacional. Sua trajetória é uma inspiração para as novas gerações que buscam defender os direitos humanos e a cidadania.

 


domingo, 14 de maio de 2023

ARTIGO - Sinodalidade: a chave para uma Igreja renovada. (Padre Carlos)

 



A revolução sinodal

 


 

Nos últimos anos, a Igreja Católica tem passado por mudanças significativas em sua estrutura e forma de atuação, especialmente sob o pontificado do Papa Francisco. Duas ideias centrais e inspiradoras que têm ganhado destaque são a misericórdia, entendida como "anistia universal", e a nova moral baseada no respeito pela Terra, considerada como "casa comum da raça humana". No entanto, outra ideia que tem se tornado cada vez mais presente é a sinodalidade. Assim, o Papa Francisco tem insistido na sinodalidade como o caminho para uma Igreja mais participativa, fraterna e missionária. Mas o que significa exatamente esse conceito e como ele pode transformar a vida eclesial?

A sinodalidade é a capacidade de caminhar juntos, de escutar uns aos outros, de discernir a vontade de Deus e de testemunhar o Evangelho no mundo. Por isto, o Papa Francisco tem feito da sinodalidade o eixo prioritário de seu pontificado. A sinodalidade é a prática de tomar decisões em conjunto, através de um diálogo aberto e inclusivo, envolvendo todas as pessoas da Igreja, desde os fiéis leigos até os mais altos hierarcas. Essa prática é inspirada na noção de "povo de Deus", presente no Concílio Vaticano II, e busca uma maior participação dos leigos na vida da Igreja. Ela implica uma mudança de mentalidade e de atitude, que valoriza a diversidade dos dons e das culturas, e que busca a comunhão na diferença.

A sinodalidade não é uma novidade na tradição cristã, mas foi resgatado pelo Papa Francisco como uma resposta aos desafios do nosso tempo. Ela se inspira na misericórdia divina, que oferece uma “anistia universal” aos pecadores, e na nova moral baseada no respeito pela Terra, considerada como “casa comum da raça humana”.

A sinodalidade se expressa em vários níveis: desde as comunidades locais até as conferências episcopais, passando pelos sínodos dos bispos e pelo próprio papado. Ela requer um diálogo sincero e corajoso entre todos os membros do povo de Deus, leigos e ordenados, homens e mulheres, jovens e idosos.

A sinodalidade é também um desafio para a Igreja na sua missão evangelizadora. Ela convida a sair das próprias seguranças e a ir ao encontro dos outros, especialmente dos pobres, dos excluídos e dos que sofrem. Ela propõe uma Igreja em saída, que anuncia a Boa Nova com alegria e esperança.

A sinodalidade é, enfim, uma oportunidade para uma Igreja renovada, que se deixa guiar pelo Espírito Santo e que se coloca a serviço do Reino de Deus.


sábado, 13 de maio de 2023

ARTIGO - AP e a hegemonia no movimento estudantil na década de 1960. (Padre Carlos)

 


O Reencontro no projeto político de Lula


 


 

A história da Aliança Popular (AP) foi marcada por uma série de eventos que influenciaram profundamente o cenário político brasileiro durante os anos 60 e 70. Com sua rápida ascensão e grande influência social, a AP se destacou entre as novas forças de esquerda que surgiram na época, exercendo hegemonia sobre a UNE e influenciando vários movimentos.

No entanto, o rápido crescimento da AP foi interrompido pelo golpe militar, que instaurou um regime autoritário no país. Sem uma matriz ideológica clara, a AP acabou se dividindo em diversas correntes de esquerda, cada uma com sua própria visão sobre como lutar contra a ditadura.

Entre as correntes da AP, havia a tendência maoísta, que se inspirava na revolução chinesa e acabou se incorporando ao guarda-chuva do PCdoB. Havia também a corrente foquista, que seguia as propostas de Guevara e acreditava na guerrilha urbana como forma de luta. Essas correntes se dividiram em muitas outras correntes revolucionárias, cada uma com sua própria visão sobre como lutar contra o regime militar.

Apesar das divergências, a AP continuou exercendo influência sobre o movimento estudantil e sobre a esquerda brasileira em geral. Durante a década de 70, suas correntes disputavam a hegemonia na esquerda e no movimento estudantil, com nomes como Viração e correntes do PT. No entanto, a práxis da AP, que se identificava com o horizonte da revolução brasileira, não ultrapassou o movimento em favor de reformas estruturais, o que acabou lembrando muito o reformismo praticado pelo Partido dos Trabalhadores nos governos posteriores.

Somente quando deixaram de lado suas disputas internas é que as lideranças da AP puderam se unir em torno de um mesmo projeto. Esse encontro aconteceu em 1999, durante a primeira campanha de Lula à presidência, quando as lideranças que restaram desse movimento voltaram a se encontrar ao redor do mesmo projeto. Isso acabou gerando a formação de uma coalizão de esquerda que acabou vencendo as eleições e governando o país por vários anos.

Embora a AP não tenha tido uma trajetória linear, sua influência sobre o movimento estudantil e a esquerda brasileira como um todo foi inegável. Suas correntes, apesar de terem se dividido em diversas outras, deixaram um legado importante na história do Brasil e continuam influenciando o pensamento político de muitos brasileiros até os dias de hoje.

No entanto, é importante ressaltar que a falta de uma matriz ideológica clara acabou sendo um fator que contribuiu para a divisão da AP em várias correntes. Se tivesse havido uma visão mais coesa sobre como lutar contra a ditadura militar, talvez a história da AP teria sido diferente. Ainda assim, é inegável que a AP teve um papel importante na luta pela democracia no Brasil e na formação da esquerda brasileira como a conhecemos hoje.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...