terça-feira, 16 de maio de 2023

Artigo de opinião: A cassação de Deltan Dallagnol e a postura lamentável de Sergio Moro. (Padre Carlos)

 

A cassação de Dallagnol é um ato de justiça

 


 

 

A decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) é uma vitória da democracia e do Estado de Direito sobre a farsa da Lava Jato. O ex-procurador, que se elegeu com o discurso de combate à corrupção, foi desmascarado como um fraudador da lei e da Justiça.

 

Dallagnol pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF) em novembro de 2021, quando já havia sido condenado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) a pena de censura e de advertência e ainda tinha 15 procedimentos diversos em tramitação desfavoráveis a ele no órgão. Com isso, ele tentou escapar da pena de demissão e da inelegibilidade prevista na Lei da Ficha Limpa.

 

Além disso, Dallagnol também foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos irregulares com diárias e passagens de outros procuradores da Lava Jato. Essa foi a operação que ele chefiou em Curitiba, com o apoio do então juiz Sergio Moro, e que perseguiu políticos e empresários sem provas, violando direitos fundamentais e a soberania nacional.

 

A cassação de Dallagnol é um ato de justiça contra um agente público que usou o cargo para fins políticos e pessoais, sem respeitar os limites legais e éticos. Ele não merece representar o povo paranaense nem brasileiro no Congresso Nacional.

 

Por isso, é lamentável a postura do senador e ex-juiz Sergio Moro, que se manifestou dizendo estar “estarrecido” com a decisão do TSE. Moro, que também deixou a magistratura para se candidatar pelo União Brasil do Paraná, demonstra não ter aprendido nada com os escândalos que envolveram sua atuação na Lava Jato.

 

Moro foi o principal aliado de Dallagnol na operação que violou o princípio da imparcialidade da Justiça. Ele foi flagrado em conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil orientando os procuradores, combinando estratégias, antecipando decisões e interferindo na acusação. Por isso, ele teve sua suspeição reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Lula.

 

Moro também foi desmoralizado ao aceitar ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro, após ter condenado e impedido a candidatura de Lula em 2018. Ele se mostrou subserviente aos interesses do presidente, até romper com ele por motivos pessoais. Depois, ele tentou se reinventar como político, mas não conseguiu se livrar da imagem de juiz parcial e traidor.

 

Ao lamentar a cassação de Deltan Dallagnol, Moro revela sua falta de compromisso com a democracia e com a legalidade. Ele deveria reconhecer seus erros e pedir desculpas ao povo brasileiro pelos danos que causou à Justiça, à política e à economia. Em vez disso, ele prefere se solidarizar com seu cúmplice na farsa da Lava Jato.

 

A decisão do TSE é um passo importante para restaurar a credibilidade das instituições e para punir os responsáveis pelo maior escândalo judicial da história do país. Deltan Dallagnol e Sergio Moro devem responder pelos seus crimes e não devem ter espaço na vida pública. Eles são uma vergonha para o Paraná e para o Brasil.


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