terça-feira, 27 de junho de 2023

ARTIGO - A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista.

 


Quem manda afinal?



 

Introdução: A declaração do presidente municipal do PT, Isaac Bonfim, sobre a não aceitação de vereadores do PCdoB que não fizeram oposição à prefeita Sheila Lemos (UB), tem gerado intensa polêmica na cidade de Vitória da Conquista. As palavras de Bonfim levaram o deputado estadual Fabrício Falcão, principal liderança do PCdoB na região, a rebater com veemência a afirmação do presidente do PT, reforçando a independência política da legenda comunista. A tensão entre os partidos da mesma federação política está cada vez mais evidente e levanta questionamentos sobre quem realmente detém o poder de decisão na região.

A independência política do PCdoB: Em entrevista ao UP Notícias, o deputado Fabrício Falcão deixou claro que o PT não possui o controle sobre as decisões do PCdoB. Ele ressaltou que a federação política é um instrumento criado pelas mudanças nas leis eleitorais, que funciona como partido para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas mantém sua autonomia em relação ao PT. Falcão enfatizou que cada partido tem seu próprio CNPJ e vida programática independente, sendo os presidentes responsáveis pela liderança de suas respectivas legendas. O deputado afirmou categoricamente: "O PT não manda no PCdoB e vice-versa. Nenhum idiota de fora pode falar pelo PCdoB e não falará!".

A defesa do PCdoB: Élvio Magalhães, um dos dirigentes do PCdoB, também se manifestou contra a declaração de Isaac Bonfim. Magalhães destacou que os vereadores Luciano da Limeira, Doutor Andreson e Ricardo Babão, representantes do PCdoB na Câmara de Vitória da Conquista, serão candidatos à reeleição pelo partido. Ele ressaltou a confiança que o PCdoB deposita nesses vereadores, destacando sua contribuição para a expressiva votação obtida pelo deputado Fabrício Falcão, assim como para a vitória do governador Jerônimo e do presidente Lula em 2022. Essa postura reforça a independência do PCdoB em relação às decisões do PT.

A indicação de Waldenor Pereira: Em relação à possível indicação do deputado federal Waldenor Pereira para encabeçar a chapa majoritária na disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista, Fabrício Falcão demonstrou que as discussões caminham alinhadas nesse sentido. O deputado ressaltou a tranquilidade e a competência de Waldenor Pereira, afirmando que ele é um nome decidido dentro do PT e que possui condições para tal posição. Essa declaração sinaliza um possível consenso entre os partidos, mesmo diante das tensões recentes.

Conclusão: A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista tem gerado intensas polêmicas e levanta questões sobre a verdadeira autonomia dos partidos dentro da federação política. A afirmação do presidente municipal do PT, Isaac Bonfim mostra uma postura de controle sobre as indicações dos vereadores do PCdoB, o que foi prontamente rebatido pelo deputado Fabrício Falcão, deixando claro que o PT não possui o poder de decisão sobre o PCdoB. Afirmou-se que cada partido tem sua própria liderança e autonomia para decidir seus candidatos e estratégias políticas.

A independência política do PCdoB foi enfatizada por Falcão, destacando que nenhum "idiota de fora" pode falar pelo partido, deixando claro que a voz do PCdoB é determinada por seus presidentes e pela sua direção. Essa postura assertiva reforça a ideia de que o PCdoB não está disposto a aceitar interferências externas em suas decisões internas.

Em relação à possível indicação de Waldenor Pereira para a chapa majoritária na disputa pela Prefeitura de Vitória da Conquista, Fabrício Falcão demonstrou que as discussões estão caminhando em direção a um consenso. Elogiou Waldenor como um nome tranquilo e um grande parlamentar, o que indica uma possível aproximação entre os partidos mesmo diante das tensões recentes.

A disputa política entre PT e PCdoB em Vitória da Conquista reflete uma dinâmica complexa dentro da federação política em que estão inseridos. Apesar de fazerem parte da mesma coalizão, os dois partidos reafirmaram sua independência e autonomia em relação às decisões um do outro. Essa tensão revela as divergências internas e a busca por consolidar suas próprias identidades políticas.

A divergência entre o PT e o PCdoB também traz à tona uma questão mais ampla: a importância de preservar a autonomia e a diversidade dentro das coalizões políticas. Embora a união de diferentes partidos em uma federação seja uma estratégia para fortalecer a representatividade política, é crucial que cada legenda mantenha sua identidade e voz própria, sem interferências externas.

Nesse sentido, é importante que o PT e o PCdoB em Vitória da Conquista encontrem um terreno comum, estabelecendo canais de comunicação eficientes e espaços de diálogo que permitam a construção de consensos. É preciso que ambas as legendas estejam abertas ao diálogo e à negociação, colocando os interesses da cidade e de seus eleitores em primeiro lugar.

Portanto, é hora de PT e PCdoB em Vitória da Conquista buscarem uma conciliação, pautada pelo diálogo, pela busca de entendimento e pelo respeito mútuo. Somente assim será possível construir uma relação saudável e produtiva dentro da federação política, em que cada partido possa exercer sua autonomia e contribuir para o desenvolvimento da cidade. A população de Vitória da Conquista espera que seus representantes políticos trabalhem juntos em prol do bem comum, superando divergências e promovendo a construção de uma sociedade mais justa e democrática.


ARTIGO - A Pedra que Guarda Memórias Profundas. (Padre Carlos)




Nice Silveira e Zélia Serra, duas figuras notáveis.



         Estava imerso na leitura de um livro de Nice Silveira, renomada pioneira da psiquiatria brasileira, quando uma enxurrada de pensamentos sobre Zélia Serra, grande psiquiatra de Brasília e minha amiga, invadiu minha mente. Ambas nutriram-se da mesma fonte de conhecimento: a Escola de Medicina da Bahia, a instituição mais antiga do país. Enquanto folheava as páginas, o livro evocou em minha memória os preciosos conselhos e ensinamentos que Zélia me transmitiu ao longo de nossa amizade.

     Rememorando um episódio marcante, recordo-me de um dia em que Zélia e eu nos encontrávamos diante do imponente Cristo Operário, escultura magnífica concebida por Mario Cravo. Essa obra de arte simboliza a fé e o trabalho do povo baiano. Naquele instante, sem aviso prévio, Zélia se agachou e apanhou uma pedra do chão. Fitou-me profundamente nos olhos e, com voz enigmática, disse: "Guarda esta pedra para mim, um dia eu vou querê-la de volta". Naquele momento, meu entendimento sobre sua mensagem era nebuloso, mas obedeci, colocando-a no bolso e posteriormente em minha gaveta, onde permaneceu por anos a fio.

     Anos mais tarde, recebi a notícia do falecimento de Zélia. Uma onda de saudade e reflexão me invadiu, trazendo à tona a lembrança da pedra e do olhar enigmático daquela ilustre psiquiatra. Foi então que finalmente compreendi a profundidade de suas palavras. A pedra era mais do que um simples objeto, era um símbolo vivo de de nossa amizade e de todo o aprendizado mútuo que compartilhamos ao longo dos anos.

       Aquela pequena pedra guardava em si o poder de despertar memórias e evocar sentimentos. Ela carregava consigo um significado muito mais profundo do que poderia ser apreendido à primeira vista. Zélia, com seu gesto singelo, estava me ensinando sobre a importância da memória e do afeto, e como coisas aparentemente insignificantes podem abrigar histórias que tocam o âmago da alma.

      Hoje, conservo a pedra como uma relíquia preciosa, uma lembrança tangível de Zélia e de tudo o que ela representou em minha vida. Ela se tornou um símbolo das experiências compartilhadas, das conversas profundas sobre a psiquiatria e sobre a complexidade da existência humana. Cada vez que seguro a pedra em minhas mãos, sou transportado de volta aos momentos vividos ao lado de Zélia, à sua sabedoria e à sua presença reconfortante.





ARTIGO - Tempo e vida: entre a angústia e a esperança . (Padre Carlos)

 


O tempo e a vida





       O que surge desaparece. O que nasce morre. Até o tempo que é infinito, também passa. O tempo de ontem se foi, o tempo de hoje está indo, o tempo de amanhã irá. Assim, nós é que não nos acostumamos com a transitoriedade da vida, com a fragilidade das coisas. Queremos estar sempre presentes, queremos ser eternos.

             Como diz o poeta:

“És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo”.

       Como filósofo me perco na meta-física, onde termino me encontrando com os teólogos, que se guiam por seus deuses. Deus meu! Deus tempo!

          Essas palavras expressam um sentimento comum a muitas pessoas: a angústia diante da passagem do tempo e da finitude da existência. Vivemos em uma sociedade que valoriza a juventude, a beleza e o sucesso, e que nos impõe um ritmo acelerado de produção e consumo. Nesse contexto, envelhecer e morrer são vistos como fracassos ou castigos.

      Mas será que essa é a única forma de encarar o tempo e a vida? Será que não podemos aprender a aceitar e aproveitar cada momento como uma oportunidade de crescimento e realização? Será que não podemos reconhecer o valor e a sabedoria dos mais velhos, que acumularam experiências e conhecimentos ao longo dos anos? Será que não podemos respeitar o ciclo natural das coisas, que envolve nascimento, transformação e morte?

        Penso que sim. Penso que podemos mudar nossa relação com o tempo e a vida, se nos libertarmos das ilusões e das pressões da sociedade atual. Penso que podemos viver de forma mais plena e feliz, se nos conscientizarmos de que somos parte de um todo maior, que transcende nossa individualidade. Penso que podemos encontrar sentido e propósito em nossa existência, se nos conectarmos com nossa essência divina, que é eterna.

            Não quero negar a dor e o sofrimento que acompanham a perda e a morte. Mas quero afirmar que há também beleza e esperança na renovação e na continuidade da vida. Quero convidar você a refletir sobre o tempo e a vida, não como inimigos ou obstáculos, mas como mestres e aliados. Quero sugerir que você aproveite cada instante como um presente precioso, sem se prender ao passado ou se angustiar com o futuro.

          Como diz outro poeta:

“Carpe diem Colhe o dia Colhe o instante Sorve a vida”.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Artigo de opinião: A CPMI do 8 de janeiro e o direito ao silêncio. (Padre Carlos)


O silêncio ensurdecedor!




          A CPMI do 8 de janeiro, que investiga os atos golpistas que tentaram impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, tem enfrentado uma série de obstáculos para ouvir os envolvidos no episódio. Na segunda-feira (26), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel do Exército Jean Lawand Junior são obrigados a depor na Comissão, mas podem ficar em silêncio sobre o que possa incriminá-los.

          Mauro Cid foi ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e está preso preventivamente na investigação sobre fraudes em informações de vacinação da covid-19. Jean Lawand Junior é o militar que pediu a Mauro Cid que convencesse Bolsonaro a colocar em prática um golpe de Estado. Ambos foram convocados como testemunhas pela CPMI, mas recorreram ao STF para faltar aos depoimentos ou terem garantidos os direitos de não assinar o termo de compromisso com a verdade, de não responder perguntas que possam incriminá-los e de serem acompanhados por seus advogados.

          A decisão da ministra Cármen Lúcia é acertada e respeita os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e da presunção de inocência. O comparecimento à CPMI não é uma mera liberalidade do convocado, mas uma obrigação imposta a todo cidadão que deve colaborar com as atividades legítimas e necessárias da Comissão Parlamentar de Inquérito, que presta serviço público ao esclarecer questões de interesse nacional. Por outro lado, o convocado não pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, nem sofrer constrangimentos físicos, morais ou psicológicos por exercer esse direito.

          O direito ao silêncio não implica em confissão ou reconhecimento de culpa, mas em uma garantia fundamental que visa proteger a dignidade da pessoa humana e evitar abusos de autoridade. A CPMI do 8 de janeiro tem um papel importante para apurar os fatos que colocaram em risco a democracia brasileira, mas deve fazê-lo dentro dos limites legais e éticos. O depoimento dos militares pode contribuir para o esclarecimento dos fatos, mas não pode ser usado como instrumento de coação ou humilhação.

          A sociedade brasileira espera que a CPMI do 8 de janeiro cumpra seu dever com responsabilidade e transparência, sem violar os direitos dos convocados ou dos investigados. A busca pela verdade não pode se sobrepor aos valores da justiça e da cidadania.


ARTIGO - Isso é coisa pra Polícia Federal investigar", diz Herminio sobre preço da gasolina na Suíça Baiana. (Padre Carlos)

 


Os  preços elevados da gasolina.

 


 

A cidade de Vitória da Conquista, situada no sudoeste baiano, é conhecida por sua beleza natural, riqueza cultural e potencial econômico. No entanto, um problema que tem afetado os moradores locais é o alto preço da gasolina, que atualmente é vendida por R$5,99 o litro na zona urbana da cidade. Esse valor é significativamente mais elevado do que o praticado em municípios vizinhos, o que tem gerado indignação e preocupação na população.

Diante dessa situação, o presidente da Câmara de Vereadores de Vitória da ConquistaHermínio Oliveira, foi questionado sobre a atuação do legislativo para solucionar o problema. Em resposta, o vereador destacou que a Câmara não tem o poder de estabelecer ou modificar os preços dos combustíveis, mas ressaltou o trabalho realizado pela Comissão do Consumidor.

No entanto, o que chama a atenção é a possibilidade de existência de forças ocultas que atuam no mercado, impedindo a atuação de órgãos como o Ministério Público, o Procon e o Ministério Público Federal na cidade. Nesse contexto, Hermínio Oliveira afirmou que a investigação dessa situação cabe até a Polícia Federal, evidenciando a necessidade de uma investigação profunda para desvendar os meandros dessa situação.

Não é a primeira vez que Vitória da Conquista enfrenta essa realidade de preços elevados da gasolina, mas é urgente que se busque uma solução para esse problema. A demanda do presidente da Câmara por uma investigação da Polícia Federal é justa e respaldada pela situação vivenciada pelos conquistenses. É fundamental que as autoridades competentes atuem de forma enérgica e imparcial, desvendando quaisquer práticas ilícitas que possam estar por trás dessa situação desfavorável para os consumidores.

A manipulação de mercado é uma prática anticoncorrencial que prejudica o desenvolvimento econômico local, afugentando investimentos e gerando um sentimento de desconfiança na comunidade. Por isso, é chegada a hora de uma ação incisiva por parte das autoridades competentes. A Polícia Federal deve assumir a responsabilidade de investigar essa questão, desvendando possíveis conluios e práticas anticoncorrenciais que estejam contribuindo para os preços abusivos da gasolina em Vitória da Conquista.

A população de Vitória da Conquista tem o direito de pagar preços justos pelos combustíveis e de contar com uma economia saudável e competitiva. A investigação da Polícia Federal pode ser o primeiro passo para a solução desse problema, garantindo a proteção dos direitos dos consumidores e a promoção do desenvolvimento econômico local.


ARTIGO - São Paulo e as mulheres: Uma visão libertadora. (Padre Carlos)

 

 

 


 

Paulo e sua relação com as mulheres.

 




          Caro leitor, adentraremos agora em um tema de extrema importância e relevância, capaz de despertar o espírito reformista que habita em cada um de nós. Nossos olhos se voltam para São Paulo, um dos grandes pilares do cristianismo, e sua relação com as mulheres. Inicialmente, deparamo-nos com textos aparentemente desafiadores, onde se afirma a submissão das mulheres aos maridos, a proibição de ensinar e até mesmo o silêncio imposto nas assembleias. Contudo, é fundamental compreendermos o contexto histórico e cultural em que tais palavras foram proferidas.

          O artigo de hoje me remete aos tempos da teologia e das abordagem hermenêutica que travava com meus mestres em Belo Horizonte. Assim buscando entender o tempo em que Paulo escreveu suas cartas, fica mais claro pra gente a situação da mulher na Grécia e em Roma que era de completa opressão. Elas não eram consideradas pessoas, desprovidas de direitos e tratadas como meros objetos. A sociedade da época perpetuava a crença na superioridade masculina e na dominação das mulheres. Os próprios filósofos, como Aristóteles, afirmavam que a mulher era inferior e que sua voz deveria permanecer calada. Era um quadro de desigualdade e discriminação arraigada nas estruturas sociais.

          É nesse contexto que podemos enxergar a verdadeira revolução proposta por São Paulo. Ele, ao vivenciar uma experiência transformadora com Deus através de Jesus Cristo, compreendeu que a mensagem do Evangelho não poderia ser limitada por preconceitos e opressões. Paulo entendeu que Deus não faz distinção de pessoas, que todos são igualmente valiosos e amados por Ele. Foi assim que proferiu palavras ousadas e revolucionárias na Carta aos Gálatas: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo."

          Essa afirmação é uma poderosa declaração de igualdade e libertação. Paulo quebrou as correntes do preconceito e da opressão, afirmando que em Cristo todos são livres e possuem dignidade infinita. Essa mensagem transcendia as barreiras culturais e desafiava as estruturas discriminatórias da época. Foi um convite para que a sociedade cristã se desvencilhasse dos estereótipos e abraçasse a verdadeira igualdade entre homens e mulheres.

          Além disso, é importante ressaltar que São Paulo trabalhou na formação de comunidades cristãs que valorizavam os dons e talentos de todos, independentemente de seu gênero. As celebrações eucarísticas ocorriam nas casas dos cristãos, e não havia impedimento para que mulheres presidissem tais encontros. Paulo se dirigia às mulheres casadas com não cristãos, acolhendo-as como indivíduos autônomos e independentes, não subordinadas aos seus maridos.

          Ao examinarmos a lista de pessoas saudadas na Carta aos Romanos, encontramos oito mulheres mencionadas, algumas das quais desempenhavam papéis significativos na propagação da mensagem cristã. Febe era reconhecida como diaconisa e portanto não justifica está visão sobre o apóstolo.

Diante destas verdade, concluímos, portanto, que as acusações de misoginia atribuídas a São Paulo não são justas. Devemos lembrar que dentre as treze cartas que lhe são atribuídas, apenas sete são consideradas autênticas. As demais são pseudopaulinas, ou seja, foram escritas por seguidores da "escola paulina" em uma tentativa de expandir e desenvolver as ideias do apóstolo. Os trechos que exigem subordinação e silêncio das mulheres pertencem a essas cartas não autênticas. Além disso, o versículo da Primeira Carta aos Coríntios, que aparenta limitar a participação feminina nas assembleias, é agora aceito como uma interpolação posterior, já que o próprio texto menciona mulheres que oram e profetizam.

          Portanto, devemos olhar para São Paulo não como um promotor da submissão e opressão das mulheres, mas como um agente de transformação e igualdade. Ele rompeu com as normas sociais de sua época e defendeu a igualdade de todos perante Deus, independentemente de gênero, classe social ou origem étnica. Ele reconheceu o valor e a contribuição das mulheres nas comunidades cristãs, destacando suas realizações e envolvimento ativo na propagação do Evangelho.

          A teologia da libertação, inspirada pelo exemplo de São Paulo, nos chama a lutar contra todas as formas de opressão e discriminação. Ela nos desafia a questionar as estruturas sociais e religiosas que perpetuam desigualdades e a trabalhar pela justiça e igualdade de gênero. Ela nos lembra que o verdadeiro ensinamento de Jesus é um chamado para a liberdade, a solidariedade e a valorização plena de cada indivíduo, independentemente de seu gênero.

          Portanto, é chegado o momento de enxergar São Paulo sob uma nova luz, reconhecendo seu compromisso com a libertação e a igualdade. É hora de seguir seus passos, desafiando os padrões estabelecidos e construindo uma sociedade onde homens e mulheres sejam verdadeiramente livres para realizar seu potencial e contribuir para o bem comum. A teologia da libertação nos convida a abraçar essa visão transformadora e a trabalhar incansavelmente pela emancipação das mulheres, em São Paulo e em todo o mundo.

          Que possamos, juntos, trilhar o caminho da justiça, da igualdade e da libertação, inspirados pela mensagem de São Paulo e impulsionados pela força do amor divino.

 

 

 

domingo, 25 de junho de 2023

A escolha de Lula para o STF e o ministro terrivelmente evangélico do PT.

 

 

 Terrivelmente ideológico 

 

 


          O presidente Lula (PT) tem uma nova oportunidade de indicar um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF), com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, atual presidente da corte, prevista para outubro. Entre os nomes cotados para a vaga um chama a atenção: o do advogado-geral da União, Jorge Messias, que é evangélico e foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Cívil no governo de Dilma Rousseff. 

         Foi Messias quem participou da Macha para Jesus em nome do governo Lula.  Ele seria uma forma de Lula sinalizar ao eleitorado evangélico, que foi alvo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na indicação de André Mendonça para o STF. 

         No entanto, a escolha de Messias   pode gerar dúvidas sobre a independência e a imparcialidade do ministro evangélico em temas sensíveis como aborto, direitos LGBT e liberdade religiosa.

        Em um Estado democrático de direito, é imprescindível que o Judiciário seja composto por juízes comprometidos com a defesa dos direitos dos trabalhadores, dos pobres e de todos os excluídos. O viés ideológico, desde que compatível com os princípios constitucionais, não deve ser motivo de receio, mas sim de esperança para a promoção da justiça social.

         Um dos pontos centrais dessa discussão diz respeito às escolhas da direita para o STF, que têm sido rotuladas como "terrivelmente ideológicas". No entanto, é importante refletir sobre o que significa ser um juiz ideológico. Afinal, todos nós possuímos valores, crenças e perspectivas que influenciam nossas decisões, inclusive os membros do Judiciário. A diferença está em como essas ideologias são aplicadas na interpretação das leis e na garantia dos direitos fundamentais.

          Nesse sentido, é fundamental reconhecer a importância de juízes que defendam os interesses daqueles historicamente excluídos e marginalizados em nossa sociedade. O compromisso com a justiça social não pode ser considerado um viés ideológico negativo, mas sim uma busca pela equidade e pela construção de um país mais justo

          Cabe aos cidadãos e à sociedade civil acompanhar atentamente o processo de indicação e nomeação dos ministros do STF, garantindo que religiosidade não seja a motivação da escolha, mas que está seja baseada em critérios técnicos, éticos e na capacidade de garantir a justiça para todos. É preciso que o processo de seleção seja transparente e participativo, permitindo a avaliação pública dos candidatos e a manifestação da sociedade civil.

          A nomeação de juízes para o STF deve levar em consideração não apenas a formação acadêmica e a experiência jurídica dos candidatos, mas também sua sensibilidade social e sua capacidade de compreender as diversas realidades vividas pelos cidadãos brasileiros. É essencial que os magistrados possuam empatia e estejam dispostos a se engajar na proteção dos direitos fundamentais daqueles que mais necessitam.

          Um juiz "terrivelmente ideológico" no contexto proposto neste artigo seria aquele que, independentemente de sua orientação política ou religiosa, coloca em prática uma visão de justiça que prioriza a igualdade, a inclusão e a proteção

          Lula tem o direito e o dever de escolher, mas deve fazê-lo com responsabilidade e transparência. O STF é o guardião da Constituição e da democracia, e seus integrantes devem ter qualificação técnica, reputação ilibada e compromisso com os valores republicanos. Não se trata de uma questão de fé, mas de justiça.

 

 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...