O papa Francisco surpreendeu o mundo ao anunciar 21 novos cardeais, que serão nomeados em 30 de setembro. Entre eles, há três argentinos, um bispo de Hong Kong e vários chefes de departamentos do Vaticano. O que essas escolhas revelam sobre a visão e a estratégia do pontífice para a Igreja Católica?
Em primeiro lugar, elas mostram que Francisco quer fortalecer a sua linha pastoral, que enfatiza a misericórdia, a proximidade com os pobres e os excluídos, o diálogo ecumênico e inter-religioso e a defesa do meio ambiente. Os novos cardeais refletem essa sensibilidade e têm experiência em áreas como a doutrina, a diplomacia, a evangelização e a comunicação.
Em segundo lugar, elas indicam que Francisco quer ampliar a representatividade da Igreja no mundo, dando voz a regiões periféricas e marginalizadas. Dos 18 novos cardeais eleitores com direito a voto em um futuro conclave, apenas seis são europeus, enquanto os demais vêm da África, Ásia, América Latina e Oriente Médio. Além disso, alguns deles são provenientes de países onde os católicos são minoria ou enfrentam perseguição, como o Sudão do Sul, a Malásia e a China.
Em terceiro lugar, elas sinalizam que Francisco quer preparar o terreno para uma possível sucessão, caso ele decida renunciar ou faleça. Com as novas nomeações, ele terá escolhido mais da metade dos cardeais eleitores em um eventual conclave. Isso significa que ele terá uma grande influência na escolha do próximo papa, que provavelmente seguirá a sua linha reformista e progressista.
É claro que as nomeações dos cardeais não são definitivas e podem
mudar até o dia do consistório. Além disso, elas não garantem que os novos
cardeais sejam fiéis ao papa ou que concordem com todas as suas decisões. Mas
elas revelam muito sobre o pensamento e o projeto de Francisco para a Igreja no
século XXI: uma Igreja mais aberta, diversa e sinodal.