quarta-feira, 12 de julho de 2023

ARTIGO - As novas nomeações dos cardeais e o futuro da Igreja. (Padre Carlos)


Como Francisco está moldando o futuro da Igreja 

         




        O papa Francisco surpreendeu o mundo ao anunciar 21 novos cardeais, que serão nomeados em 30 de setembro. Entre eles, há três argentinos, um bispo de Hong Kong e vários chefes de departamentos do Vaticano. O que essas escolhas revelam sobre a visão e a estratégia do pontífice para a Igreja Católica? 

     Em primeiro lugar, elas mostram que Francisco quer fortalecer a sua linha pastoral, que enfatiza a misericórdia, a proximidade com os pobres e os excluídos, o diálogo ecumênico e inter-religioso e a defesa do meio ambiente. Os novos cardeais refletem essa sensibilidade e têm experiência em áreas como a doutrina, a diplomacia, a evangelização e a comunicação. 

     Em segundo lugar, elas indicam que Francisco quer ampliar a representatividade da Igreja no mundo, dando voz a regiões periféricas e marginalizadas. Dos 18 novos cardeais eleitores com direito a voto em um futuro conclave, apenas seis são europeus, enquanto os demais vêm da África, Ásia, América Latina e Oriente Médio. Além disso, alguns deles são provenientes de países onde os católicos são minoria ou enfrentam perseguição, como o Sudão do Sul, a Malásia e a China.

     Em terceiro lugar, elas sinalizam que Francisco quer preparar o terreno para uma possível sucessão, caso ele decida renunciar ou faleça. Com as novas nomeações, ele terá escolhido mais da metade dos cardeais eleitores em um eventual conclave. Isso significa que ele terá uma grande influência na escolha do próximo papa, que provavelmente seguirá a sua linha reformista e progressista.

      É claro que as nomeações dos cardeais não são definitivas e podem mudar até o dia do consistório. Além disso, elas não garantem que os novos cardeais sejam fiéis ao papa ou que concordem com todas as suas decisões. Mas elas revelam muito sobre o pensamento e o projeto de Francisco para a Igreja no século XXI: uma Igreja mais aberta, diversa e sinodal.

 


ARTIGO - Waldenor Pereira: A Determinação de um Candidato em Busca da Prefeitura de Vitória da Conquista. (Padre Carlos)

 


Estratégias de Campanha




A força de vontade demonstrada por Waldenor Pereira, pré-candidato a prefeito de Vitória da Conquista pelo PT, é inegável. Ele tem se empenhado em buscar apoio de diversos partidos políticos, reconhecendo a importância de alianças para fortalecer sua campanha rumo à prefeitura da Suíça Baiana. Essa habilidade de articular nos bastidores tem compensado a falta de carisma que alguns populistas possam ter.

Uma das características positivas de Waldenor é sua capacidade de fazer acordos e, mais importante, de honrá-los. Essa qualidade é essencial para estabelecer relações de confiança e construir parcerias sólidas. Conquistar votos da esquerda é crucial para sua candidatura, mas o pré-candidato sabe que não pode depender apenas desse eleitorado. É necessário buscar o apoio de lideranças de centro e até mesmo deslocar algumas lideranças da direita.

A formação de uma coligação sólida e diversificada é um objetivo estratégico de Waldenor. As aproximações com partidos como PSD, PSB, MDB, Avante, PSOL e Rede demonstram sua intenção de construir um grupo político amplo, capaz de agregar diferentes visões e propostas para o desenvolvimento da cidade. Essas conversas e negociações são fundamentais para a construção de uma plataforma comum, que possa abordar os problemas de Vitória da Conquista de forma abrangente e consistente.

Um dos exemplos dessa busca por apoio é a aproximação com a vereadora Lúcia Rocha, do MDB, e outros partidos da base. O diálogo entre as lideranças políticas é um passo essencial para a construção de acordos e alianças que fortaleçam a campanha de Waldenor. Essa abertura para o diálogo e a disposição para ouvir diferentes perspectivas são características importantes em um candidato, pois demonstram a capacidade de trabalhar em conjunto e buscar soluções que beneficiem a cidade como um todo.

A astúcia, sabedoria e pragmatismo são atributos valiosos nesse contexto eleitoral. Waldenor compreende a importância de construir uma base política sólida e diversa, que seja capaz de conquistar o apoio de diferentes setores da sociedade. A busca por alianças estratégicas e a construção de uma plataforma comum são desafios que exigem habilidade política e visão estratégica. No entanto, se bem executadas, essas estratégias podem levar Waldenor Pereira a se tornar um candidato competitivo e com reais chances de vitória nas eleições municipais.

A caminhada de Waldenor rumo à prefeitura de Vitória da Conquista está pautada na construção de parcerias, na busca por apoios diversos e na capacidade de articular nos bastidores. Sua força de vontade, aliada à habilidade de fazer acordos e honrar compromissos, são características importantes que podem fazer a diferença nessa jornada política. Resta aguardar as cenas dos próximos capítulos e observar como o pré-candidato irá conduzir sua campanha, conquistar votos e fortalecer sua base política em busca do cargo tão almejado de prefeito da Suíça Baiana.


ARTIGO - A lição de Simone de Beauvoir para o Brasil pós-Bolsonaro. (Padre Carlos)

 


A cumplicidade dos oprimidos




        A frase de Simone de Beauvoir, escritora e filósofa francesa, é uma das mais célebres e contundentes da história do pensamento político. Ela expressa a ideia de que o opressor não seria tão forte se não tivesse a cumplicidade entre os próprios oprimidos, ou seja, se aqueles que sofrem com a injustiça, a violência e a exploração não colaborassem, de alguma forma, com o sistema que os oprime.

        Essa frase foi escrita no contexto da ocupação nazista da França durante a Segunda Guerra Mundial, quando muitos franceses se aliaram aos invasores alemães, seja por medo, por interesse ou por ideologia. Esses colaboracionistas foram vistos como traidores da pátria e da resistência, que lutava pela libertação do país e pela defesa dos valores democráticos.

        No Brasil, essa frase teve uma grande relevância durante o governo de Jair Bolsonaro, que representou uma ameaça à democracia, aos direitos humanos, ao meio ambiente e à saúde pública. Um governo que se apoiou em uma base ideológica de extrema direita, que negou a ciência, que propagou fake news, que atacou as instituições, que incitou a violência e que flertou com o autoritarismo.

      Os oprimidos foram todos aqueles que sofreram com as consequências desse governo: os trabalhadores, os estudantes, os indígenas, os quilombolas, os negros, as mulheres, os LGBTs, os pobres, os desempregados, os doentes, os mortos pela covid-19 e seus familiares.

        A cumplicidade entre os oprimidos e o opressor foi a adesão de parte desses grupos ao discurso e às práticas de Bolsonaro, seja por ignorância, por manipulação ou por identificação. Foram aqueles que defenderam o presidente nas redes sociais, que participaram de manifestações antidemocráticas, que apoiaram medidas contra os direitos sociais e que negaram a gravidade da pandemia.

        Os colaboracionistas foram aqueles que se beneficiaram do governo Bolsonaro, seja por cargos, por verbas ou por interesses econômicos. Foram aqueles que fizeram parte do centrão, do agronegócio, das igrejas evangélicas, das milícias, das forças armadas e dos meios de comunicação.

        Os resistentes foram aqueles que se opuseram ao governo Bolsonaro e lutaram pela preservação da democracia, da diversidade, da justiça e da vida. Foram aqueles que fizeram parte dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, das universidades, das organizações não governamentais, dos artistas, dos intelectuais e dos jornalistas.

       Felizmente, esse governo chegou ao fim com a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. O povo brasileiro mostrou nas urnas que não aceita mais um projeto político autoritário e excludente. Mas isso não significa que a luta acabou. Ainda há muitos desafios e problemas a serem enfrentados pelo novo governo e pela sociedade civil. Ainda há resquícios do bolsonarismo nas instituições e na cultura. Ainda há riscos de retrocessos e crises.

    Por isso, é preciso estar atento e vigilante. É preciso continuar defendendo a democracia e os direitos humanos. É preciso continuar resistindo aos opressores e aos colaboracionistas. É preciso continuar questionando a cumplicidade dos oprimidos. Afinal, como disse a própria Simone de Beauvoir: “Não se pode escrever nada com indiferença”.

terça-feira, 11 de julho de 2023

ARTIGO - Um Chamado à União para Evitar a Derrota Coletiva. (Padre Carlos)

 



A Base do Governo em Vitória da Conquista





          Hoje, em meio às reflexões políticas, surge a expressão "sucumbir ao abraço de afogado". Essa metáfora perfeitamente descreve a conjuntura política em Vitória da Conquista, onde a base do governador Jerônimo precisa chegar a um entendimento essencial para o sucesso do projeto. É inegável que o Partido dos Trabalhadores (PT) possui a hegemonia do poder e governou a cidade por duas décadas, mas também é evidente que o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) apresenta uma candidata forte, com um eleitorado fiel e de perfil mais centrado, que o PT não consegue alcançar. Diante dessa nova realidade eleitoral, é crucial que o governador Jerônimo intervenha e arbitre a situação para o bem do município.


          Os mapas eleitorais da última eleição em Vitória da Conquista revelaram que o PT não possui votos suficientes para desbancar a atual prefeita Sheila Lemos, do União Brasil. Compreender essa realidade é fundamental para que a base governista reconheça a necessidade de estabelecer uma estratégia unificada. A ausência do MDB na chapa dificulta ainda mais as chances de sucesso nas urnas. É inegável que a candidatura do partido possui uma representatividade significativa, especialmente entre os eleitores de centro, que buscam uma alternativa viável ao projeto petista.

          Nesse contexto, o governador Jerônimo precisa assumir um papel de liderança e atuar como mediador. A intervenção do líder governista é essencial para assegurar que a base política se una em torno de um objetivo comum: a vitória eleitoral. O momento exige um diálogo sincero e pragmático, no qual os interesses partidários cedam espaço para os interesses coletivos. Afinal, se a base não alcançar uma solução conjunta, todos sairão perdendo.

            Ao reconhecer a força da candidatura do MDB e a necessidade de aliança para enfrentar o desafio eleitoral, o governador Jerônimo estará demonstrando sua habilidade de compreender e se adaptar às transformações políticas. O mundo político é dinâmico, e as bases de apoio precisam ser flexíveis e abertas a novas possibilidades. Nesse sentido, é crucial que o PT reconheça a importância do MDB como um parceiro estratégico e esteja disposto a compartilhar o poder em benefício do projeto como um todo.

            A união da base governista em torno de um projeto coeso é fundamental para a construção de uma cidade mais próspera e desenvolvida. As divergências internas podem enfraquecer a capacidade de implementação de políticas públicas eficazes, além de prejudicar a representatividade e a voz do povo. Vitória da Conquista merece uma administração sólida e capaz de enfrentar os desafios contemporâneos, e isso só será possível com uma base unida e comprometida com o bem comum.

          A conjuntura política em Vitória da Conquista exige uma ação decisiva por parte do governador Jerônimo. A necessidade de definição do candidato do projeto governista e a importância da aliança com o MDB são fatores incontestáveis para o sucesso eleitoral. Sem um entendimento mútuo, todos sairão perdendo, e o desenvolvimento da cidade estará comprometido. Portanto, é hora de colocar os interesses partidários de lado e buscar uma solução conjunta, visando o fortalecimento do projeto político e o progresso de Vitória da Conquista. O momento é desafiador, mas a união da base governista pode levar ao sucesso coletivo e à conquista de um futuro melhor para todos.


ARTIGO - Lugares e Nomes que Contam Nossa História: O Desafio de Traduzir a Memória da Cidade. (Padre Carlos).

 

A memória da nossa cidade





          A cidade de Vitória da Conquista tem uma história rica e diversa, que se reflete nas suas ruas, becos, casas e pessoas. Cada lugar tem uma história para contar, uma lembrança para guardar, uma identidade para preservar. Por isso, é importante valorizar e resgatar a memória da nossa cidade, que representa as nossas vidas e a nossa cultura.

    Um belo exemplo disso é o texto do do meu amigo Helinho Gusmão, que nos faz viajar por alguns dos lugares mais emblemáticos e pitorescos da cidade, como a Rua da Boiada, a Rua da Moranga, o Beco da Tesoura, o Jardim das Borboletas, a Esmaga Sapo, a Casa do Bispo, o Social, as Pedrinhas, o Nestor e a Casa de Carote. Esses nomes revelam um pouco da história e da personalidade de cada lugar, que foram testemunhas de muitos acontecimentos e transformações ao longo dos anos.

       Helinho também nos convida a um desafio divertido: traduzir esses nomes para a linguagem atual, usando os termos e expressões que usamos hoje em dia. Será que conseguimos? Será que sabemos o que significa cada um desses nomes? Será que ainda reconhecemos esses lugares? Será que ainda os frequentamos e valorizamos?

       Eu confesso que não sei todas as respostas, mas vou tentar dar alguns palpites. A Rua da Boiada é a rua onde mora minha amiga Ana Isabel e Luzia,  hoje Rua João Pessoa ; a Rua da Moranga, está você me pegou; o Beco da Tesoura talvez seja o Beco do Salão de Messias ; o Jardim das Borboletas, hoje Praça Tancredo Neves; a Esmaga Sapo talvez seja a Esmaga Bicho ou a Pisa Forte, está vou ficar devendo; a Casa do Bispo, era a casa de Dom Climério, hoje COTEFAVE; o Social o Clube; as Pedrinhas, a rua de Guiba; o Nestor, com certeza é o sobrado. Certa vez, Rui Medeiros me falou que na década de sessenta quando olhava no sentido do Auto Maron poderia avistar  e a Casa de Carote, também vou ficar lhe devendo. Agora é com vocês, o importante é não deixar que esses nomes se percam no tempo e no esquecimento, pois eles fazem parte da nossa memória coletiva e individual. Eles nos contam quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Eles nos conectam com as nossas raízes e com as nossas tradições.

          Por isso, eu parabenizo o Helinho pelo seu texto e pela sua iniciativa de nos fazer lembrar e valorizar a memória da nossa cidade. E também aproveito para convidar você, leitor ou leitora, a participar desse desafio e a compartilhar as suas traduções e as suas lembranças desses lugares. Quem sabe assim nós não ganhamos ingressos grátis para assistir filmes de Cantinflas (ou de Maciste), no Cine Ritz, que também é um lugar histórico e marcante da nossa cidade?

        Vamos lá, vamos resgatar a memória da nossa cidade! Ela representa as nossas vidas e a nossa história!👏

 

ARTIGO - Paulo Pires: de professor a músico, uma trajetória de dedicação, talento e amizade. (Padre Carlos)

 

 

 

A aposentadoria de um artista






          Um dos momentos mais esperados na vida de qualquer trabalhador é a aposentadoria. É quando se pode desfrutar dos frutos de anos de dedicação, esforço e contribuição para a sociedade. É também uma oportunidade de realizar sonhos, projetos e hobbies que ficaram adiados ou esquecidos pela rotina profissional.

         Mas para alguns, a aposentadoria é mais do que isso. É uma chance de se reinventar, de se expressar, de se libertar. É o caso do meu amigo Paulo Pires, que após mais de quatro décadas de ensino, se aposentou como professor de Ciências Contábeis e Administração. Paulo Pires é uma daquelas pessoas que você se encanta ao conhecer, homem de um gosto refinado pela música e de um repertório que encanta qualquer ouvinte e apaixonado da MPB.

         Paulo sempre teve a música como uma paixão, mas nunca pôde se dedicar plenamente a ela por conta das suas obrigações profissionais e familiares. Apesar de apresentar seu trabalho nos bares e eventos na nossa cidade, percebemos o quanto desta vocação ainda tem pra nós proporcionar.

    Esse momento chegou com a sua aposentadoria. Agora, Paulo pode se dedicar à sua arte sem medo, sem pressa, sem limites. Ele pode explorar sua criatividade, sua sensibilidade, sua voz. Ele pode compartilhar estas canções, suas histórias, suas emoções. Ele pode realizar seu sonho de mostrar a sua arte.

         Eu me sinto muito feliz e orgulhoso pelo meu amigo. Ele merece essa realização, essa felicidade, essa liberdade. Ele é um exemplo de que nunca é tarde para correr atrás dos seus ideais, de que a vida sempre nos reserva surpresas e oportunidades.

         Eu também me sinto honrado em ser seu amigo. Ele é uma pessoa generosa, humilde, sincera e divertida. Ele é um daqueles amigos que valem ouro. Eu sei que muitos outros amigos dele sentem o mesmo que eu. Nós somos testemunhas da sua trajetória, da sua dedicação, da sua evolução. Nós somos fãs do seu talento, da sua música, da sua arte. Nós somos gratos pela sua amizade, pelo seu carinho, pela sua presença.

        Por isso, nós nos alegramos com essa notícia da sua aposentadoria. Nós sabemos que ela representa um novo capítulo na sua vida, um capítulo cheio de possibilidades, desafios e conquistas. Nós sabemos que ele vai brilhar ainda mais nessa nova fase, que ele vai nos encantar ainda mais com suas obras.

        Nós desejamos ao nosso amigo Paulo Pires toda a sorte do mundo nessa sua nova jornada. Que ele possa realizar todos os seus sonhos, que ele possa expressar toda a sua arte, que ele possa viver toda a sua felicidade.

            Parabéns, Paulo! Você é um artista!

 

segunda-feira, 10 de julho de 2023

ARTIGO - Reimaginando a oração do Pai Nosso: Rumo a uma espiritualidade que transcende limites e promove a igualdade. (Padre Carlos)



Repensando a Oração do Pai Nosso

 

 


 

Neste artigo, vou compartilhar com vocês a minha visão sobre o Pai Nosso, uma oração que aprendi desde criança e que faz parte da minha fé cristã. Mas também vou questionar alguns aspectos dessa oração que me parecem problemáticos em um mundo tão diverso e complexo como o nosso. Será que o Pai Nosso ainda é uma forma adequada de expressar a nossa espiritualidade? Será que ele não exclui ou oprime outras formas de se relacionar com o sagrado? Será que ele não nos torna passivos e dependentes de uma vontade superior? Vamos refletir juntos sobre essas questões e buscar caminhos para uma espiritualidade mais inclusiva e libertadora.

        O Pai Nosso é uma oração que resume os principais ensinamentos de Jesus sobre o Reino de Deus e a vontade divina. Ele nos ensina a reconhecer Deus como Pai, a pedir pelo pão de cada dia, a perdoar e a ser perdoado, a resistir ao mal e a buscar o bem. É uma oração simples, mas profunda, que expressa a nossa confiança e o nosso compromisso com Deus e com o próximo.

       Mas o Pai Nosso também pode ser visto como uma forma de exclusão para aqueles que não se identificam com a ideia de Deus como Pai. Em um mundo em que há tantas crenças religiosas, filosofias de vida e visões de mundo diferentes, é preciso respeitar e valorizar a pluralidade espiritual. Há pessoas que se relacionam com Deus como Mãe, como Amigo, como Força, como Luz, como Amor. Há pessoas que não usam o nome Deus, mas sim Alá, Buda, Brahman, Tao, Grande Espírito. Há pessoas que não creem em nenhuma divindade, mas sim na natureza, na razão, na ética, na humanidade. Todas essas formas de espiritualidade são legítimas e merecem ser reconhecidas.

         O Pai Nosso também pode ser visto como uma forma de submissão e hierarquia, com a expressão "seja feita a tua vontade". Em um mundo em que as relações de poder são cada vez mais questionadas e transformadas, é fundamental repensar essa linguagem e buscar alternativas que promovam a igualdade e o respeito mútuo. Uma espiritualidade libertadora deve estimular a autonomia e a capacidade de tomar decisões conscientes, ao invés de reforçar estruturas de dominação. Não se trata de negar ou desobedecer a vontade de Deus, mas sim de entender que essa vontade é amorosa, justa e solidária, e que ela nos convida a ser co-criadores do Reino de Deus na terra.

         Diante desses desafios, é possível propor alternativas ao Pai Nosso que sejam mais inclusivas e libertadoras. Uma delas é usar termos mais neutros ou amplos para se referir a Deus, como Fonte, Criador, Presença, Mistério. Outra é usar verbos no modo imperativo ou optativo para expressar os nossos pedidos e desejos, como "dá-nos", "perdoa-nos", "livra-nos", "venha", "seja". Essas mudanças podem parecer pequenas, mas elas têm um grande impacto na forma como nos sentimos e nos posicionamos diante da realidade.

        O importante é não perder de vista o sentido profundo do Pai Nosso, que é nos conectar com Deus e com o próximo, e nos inspirar a viver de acordo com os valores do Evangelho. O Pai Nosso não é uma fórmula mágica ou imutável, mas sim uma expressão viva da nossa fé e da nossa esperança. Que possamos rezá-lo com sinceridade e criatividade, buscando sempre uma espiritualidade mais inclusiva e libertadora.

 

 

 

  

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...