segunda-feira, 18 de maio de 2020

ARTIGO - Guiba e suas histórias (Padre Carlos)




Guiba e suas histórias



Prezado Dom,

Se tem uma coisa que esta quarentena tem provocado em mim, são as recordações de muitas fases da minha vida e hoje gostaria de partilhar com vocês uma destas. Sim amigo, as lembranças que venho acumulando ao longo da minha trajetória aqui nesta viagem e que dão sentido esta vida, tem ficado dada vez mais latente. Uma delas diz respeito aos companheiros de caminhada dos anos de formação no seminário. Sim, Excelentíssimo Reverendíssimo Companheiro, os verdadeiros amigos não saem nem da nossa memória, nem da nossa lembrança, pois os verdadeiros amigos fazem parte da nossa história, dessa nossa andança.
Hoje me lembrei de você e de um fato inusitado que sucedeu-se em uma celebração presidida pelo irmão quando era pároco da Catedral de Nossa Senhora das Vitórias.
Um fato que ninguém esperava, estranho, extraordinário. No presbitério estava você e um vocacionado que assumia a função de acólito, mas também cantava naquela celebração. Este jovem era um menino de um bairro periférico de Conquista e pela sua bondade e companheirismo, era muito querido não só entre os vizinhos e amigos, mas também por toda comunidade de fé da nossa diocese.
Sem que ninguém esperasse, um rapaz com traços sofridos no rosto, conhecido por todos como Luizinho Vitasay, que era amigo do coroinha  ficou emocionado ao ver seu companheiro de infância, em um lugar de destaque, Gritou: VALEU GUIBA!!!
Talvez algumas pessoas não entendam o verdadeiro significado do " Valeu Guiba"...Quando aquela pobre alma gritou com todo ar que havia em seus pulmões, ele estava dizendo para todos que se encontrava naquele templo que reunia a elite de Conquista, que um dos pequeninos da pedrinha estava aí cantando e sendo o centro…estava representando todos os seus irmãos da periferia…porque a vida não sorriu para eles.

Desta forma, você com seu jeito brincalhão e generoso, soube transmitir alegria e positividade, imortalizando aquele momento com as resenhas que fazia de Joselito. Sinto falto daquele pároco que era amigo de todos e conhecia a história dos seus paroquianos.
Valeu Guiba! Valeu Zanoni por ter participado desta caminhada do Padre Joselito e a você meu amigo: Valeu......valeu por tudo valeu por ter escapado do seu destino e se tornado ser no meio de tantos ........que se perderam no caminho de pedras e de pedrinhas.


domingo, 17 de maio de 2020

ARTIGO - “Dentro de um abraço” (Padre Carlos)




“Dentro de um abraço”


Uma das coisas que mais tenho sentido falta nesta quarentena é o calor do abraço e do contato físico. O abraço aproxima dois corações, de forma que um possa sentir não só as batidas, mas as necessidades do outro. Talvez seja por isto que a banda Jota Quest, em sua canção “Dentro de um abraço” afirma, dentre outras coisas, que tudo o que a gente sofre, dentro de um abraço se dissolve.
O filósofo Martin Buber, um dos grandes pensadores sobre o enigma e o significado da nossa humanidade, escreveu: “O mundo não é compreensível, mas é abraçável.” Com essa frase, não se referia apenas ao mundo que está fora de nós, mas também ao mundo especificamente humano, do nosso universo interno, tudo o que conseguimos reunir com a nossa caminhada, nossas dores e alegrias que cada pessoa carrega de forma única no tempo. Os limites da nossa compreensão tem que haver com o fato de o outro permanecer sempre o outro e, mesmo quando estiverem próximo, não deixa nunca de ser necessário.
Buber ensinava: “O mundo é enigmático e de difícil compreensão.” Há sempre um momento em que temos de dizer a nós mesmo: “o mais importante não é compreender, o mais importante é abraçar” e abraçar até aquilo que não compreendemos. Só anos depois que entendi o que o filósofo queria dizer, em um pregação de Dom Celso José aos seminaristas: “Quando a sua cruz pesar não tenha medo o Senhor está conosco, está nos dando forças para carregá-la. Não fuja da sua cruz, abrace-a.”
          De fato, a grandeza do abraço é que pode muitas vezes chegar onde a compreensão não chega. E isto porque o abraço aceita a separação ontológica que a pele do outro significa, detendo-se aquém da pele. A compreensão deseja uma interpretação exaustiva, sonha com um mapa estável, tem a vontade de decifrar o segredo. O abraço reconhece que existe uma pele deste lado e do outro, e que, mesmo na intimidade das relações, essa película perdura.
Já Aristóteles explicava, por exemplo, que quando tocamos não eliminamos uma espécie de intervalo que persiste entre nós e a realidade, um distanciamento mínimo jamais suspenso, que nos previne contra o mito da coincidência total e contra a ilusão da fusão absoluta. Aproximar dos outros não é consumir os outros, como se os pudéssemos reduzir a objeto. Quando abraçamos baixamos as nossas defesas e permitimos que o outro se aproxime do nosso coração da nossa misericórdia. Os braços se abrem e os corações se aconchegam de uma forma única.

Foi pensando nisso, que me lembrei de cada amigo que gostaria de abraçar neste período de confinamento. Um forte abraço para você se sentir abraçado, e entender que independente do que aconteça, você sabe que o meu abraço estará sempre aqui para te confortar. Pensando assim abraço também esta quarentena com todo o meu coração.



sábado, 16 de maio de 2020

ARTIGO - As vítimas do covid-19 perdem a sua identidade (Padre Carlos)




As vítimas do covid-19 perdem a sua identidade


Um fato que tem chamado minha atenção e que não deveríamos aceitar nem achar normal esta conduta, são as informação sobre as vítimas da pandemia, geralmente ela vem associada a sua idade e a indicação de que eram afetados por outras patologias. Assim, não percebemos que esta forma de tratamento, ou de comunicação, faz com que descemos, de forma irreversível, alguns degraus daquele precioso património comum a que chamamos civilização. Não discuto que a informação possa ser importante, pois supostamente visa acalmar os outros segmentos da população. Mas certas tranquilidade induzidas têm de ser questionadas, sobretudo se reforçam a vulnerabilidade de quem já tem de suportar tanto.

Estamos nos acostumando tanto com as mortes causadas pelo coronavírus, que não nos revoltamos mais, parecem acontecimentos normais, parte da rotina diária, como comprar o pão ou descartar o lixo. Precisamos entender que estes corpos precisam ser tratados como pessoas que morreram vitima desta tragédia que se abate sobre o mundo e portanto são gente! Isto é questão de humanidade, não de matemática. Números se podem fraudar sem escrúpulos, como estão amontoando os corpos em caminhões frigoríficos. Números podem ser omitidos ou simplesmente "apagados".


É fundamental que as nossas sociedades tomem conhecimento e fique claro que há coisas piores do que a infeção com o vírus da covid-19. Desta forma, quando os velhos são reduzidos a números e a números com escassa relevância humana e social, perdem a sua identidade e sua dimensão como pessoa. Diante de tais fatos, podemos até superar esta crise e vencer o vírus, mas sairemos diminuídos na nossa humanidade, como gente e como sociedade.
Não se envelhece para morrer. Penso no modo extraordinário e preciso como o livro do Génesis descreve a caminhada do patriarca Abraão. “Abraão expirou... velho e saciado de dias” (Gen 25:8). Sim, não se envelhece para morrer. Envelhecemos para nos saciarmos de vida e desse modo sentir que, mesmo escassa ou vacilante, a vida é o milagre mais importante da natureza. Como diz Simone de Beauvoir: "A morte da gente está dentro de nós, mas não como o caroço no fruto, como o sentido da nossa vida. Dentro de nós, mas estranha a nós, como um inimigo, como uma coisa a temer.”   
Sabemos que, em princípio, todos os indivíduos têm e mantêm, durante toda a sua vida, os mesmos direitos e os mesmos deveres civis e políticos; todavia, a realidade enfrentada pelo idoso em nossa sociedade é bem diferente da que nos é apresentada pelos estatutos propostos e quando se morre as autoridades sanitárias termina retirando seu último sopro de identidade e transformando estas almas em dados estatísticos. Não há um cuidado em criar meios de se fazer valerem seus direitos, ou que garantam, não só amparo, mas a possibilidade de morrer com dignidade


sexta-feira, 15 de maio de 2020

ARTIGO - Qual a postura ética de um vereador? (Padre Carlos)




Qual a postura ética de um vereador?


         Ao assistir ao espetáculo do vereador David Salomão tentando impedir um fiscal da Prefeitura da nossa cidade de interditar uma barbearia nesta quinta-feira, veio-me à memória uma frase do filósofo irlandês Edmund Burke.” É um erro popular muito comum acreditar que aqueles que fazem mais barulho a lamentarem-se a favor do povo, sejam o mais preocupados com o seu bem-estar.” Descontrolado e sem qualquer postura ética de um parlamentar, o vereador se baseou na MP do presidente Jair Bolsonaro que autoriza a reabertura de salões de beleza e barbearias em meio à pandemia, além de tentar impedir os fiscais que estavam trabalhando, terminou agredindo verbalmente estes profissionais.
 Quando presenciamos um operador do direito omitindo informações ou o que é pior, não respeitando as decisões do STF, entendemos que não se trata mais de direito e sim de política e assim, passa a confundir propositalmente interesse público com populismo. Este comportamento do parlamentar, trata-se de uma manobra altamente perigosa porque a sintonia com o interesse público significa agir de acordo com o que mais pode trazer bem-estar para a população – inclusive às vezes adotando medidas impopulares, mas necessárias. Desta forma, entendemos esta ação política com claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, com exclusiva finalidade de levantar a bandeira da flexibilização do decreto municipal que trata das medidas de confinamento. Este discurso é um erro absoluto, total e imperdoável, temos neste momento que rejeitar todo tipo de tentativa de expor o nosso povo ao perigo por alguns políticos em busca de votos, por alguns empresários, conservadores e pela extrema direita. 
Neste primeiro mandato, encontramos no discurso do vereador um forte apelo direto e emocional às massas populares, adotando medidas de cunho puramente demagógico, muitas vezes sob o argumento de que seus projetos tem base legal e não são votados porque seus pares fazem o jogo do poder. Esta manobra tem o objetivo de jogar a população de Vitória da conquista contra seus representantes.  Entendemos o showman de David Salomão como uma estratégia de tentar agradar setores cujo apoio é mais facilmente coopavel, diante da crise econômica que se estalou com o fechamento do nosso comércio
Para concluir este pequeno artigo, gostaria de falar a Sua Excelência o Vereador David Salomão, que este não é o comportamento que a cidade deseja dos seus vereadores, a cidade espera dos seus representantes no parlamento e no executivo que tenha responsabilidade e espírito público para tomar as decisões no que diz respeito a esta matéria.


quinta-feira, 14 de maio de 2020

ARTIGO - Na política os desafetos são perigosos (Padre Carlos)





Na política os desafetos são perigosos



Para quem deseja ingressar na carreira política, eu daria dois conselhos: cuidado com os desafetos que você vai colecionar durante sua vida política. Isto é: Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda. Apesar de me apropriar desta frase para introduzir este artigo, sua autoria é atribuída a Lao-Tsé, filósofo e fundador do Taoismo. Ela tem uma aplicação variada, da filosofia a política e desta forma, gostaria de traçar um paralelo entre estes ensinamentos e o governo Pereira. 
Já faz algum tempo que o ex-vereador Arlindo Rebouças fez uso da tribuna livre na Câmara Municipal, não para fazer cobranças ao Executivo Municipal, mas para fazer sérias denúncias a respeito de contratos sem licitações e o aumento de antigos contratos sem uma justificativa e amparo legal. Rebouças denunciou a Emurc, que, segundo ele, fazia as planilhas para executar as obras sem licitação. Outro fato importante que o antigo membro deste governo chamou atenção, foi sobre o contrato que existe entre a prefeitura e a Torre de pouco mais de R$ 600 mil por mês, na atual gestão passou para mais de um milhão de reais sem licitação. Na época, o ex-vereador disse que encaminharia as referidas denúncias para o Ministério Público. Se encaminhou mesmo, não sabemos.
Outro desafeto do prefeito, o empresário Francisco Estrela Dantas Filho, que também ajudou elege-lo, tem nestes últimos dias, levantado algumas questões para chamar a atenção dos vereadores sobre a divergências de valores sobre os contratos apresentados pelo Governo estadual e o da Rede municipal. É Preciso entender os critérios que foram alicerçados tal contratos e porque existe uma diferença exorbitante entre ambos? Outro caso levantado por Chico Estrela, (como o empresário é conhecido pela comunidade conquistense) e que merece ser investigado é sobre a quantidade de consultoria e os serviços de assessoria que a Prefeitura de Vitória da Conquista vem contratando. Quem define estes valores e são legais estes contratos sem licitações?
Os antigos aliados terminam se tornando desafeto e quando isto acontece o seu poder de fogo termina sendo amplificado, pelas informações que termina vasando. Assim como no plano nacional os desafetos do governo Bolsonaro vem trazendo a público alguns fatos novos, no plano local os ex-aliados de Pereira vem levantando questões éticas, bem como uma falta de compromisso desta gestão com a comunidade conquistense.
O papel do vereador é apontar falhas e investigar O que queremos na verdade é que fiscalizem esta e todas denúncias que por ventura surgirem neste período de situação de emergência ou que antecederam a este.  
Diante de tantas informações apresentadas contra esta administração, por antigos aliados fica alguns questionamentos: se todos os desafetos deste prefeito começarem a denunciar e exteriorizarem seus descontentamento, não haverá mais espaço para oposição no nosso município.










 



quarta-feira, 13 de maio de 2020

ARTIGO - “Brasileiro só fecha a porta depois de roubado.” (Padre Carlos)




“Brasileiro só fecha a porta depois de roubado.”

Nunca foi tão certo o ditado popular que diz: “Brasileiro só fecha a porta depois de roubado.” Ou ainda: nada como uma crise para a gente cair na real. Isso vale, hoje, para problemas novos e antigos, como a questão do Coronavírus e o controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor das arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya.
Precisamos fazer um levantamento do mundo real, do que está acontecendo realmente na epidemia de dengue em Vitória da Conquista. Qual o resultado da Avaliação de Densidade Larvária (ADL), que mede o grau de infestação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika, chikungunya e febre amarela em nosso município? De acordo com parâmetro do Ministério da Saúde, o resultado é avaliado da seguinte forma: menor que 1,0 é satisfatório; de 1,0 a 3,9, alerta; e acima de 4,0, alto risco.
Será que fomos surpreendidos, ou não demos a devida importância sobre os avisos que o Ministério da Saúde vinha imitindo desde o final do ano passado.Com exceção do coronavírus, eu considero este o mais grave problema de saúde pública do País nos últimos 50 anos, grave pelo dano que a epidemia causa e pela dificuldade de controle que esta traz, uma vez que o mosquito transmissor está há décadas no Brasil, completamente fora de controle.
Na verdade, a palavra de ordem para 2020 deveria ser mesmo Combate! Isto, porque o Ministério da Saúde vinha divulgando um alerta de previsão para um surto da dengue desde o final do ano passado, para todos os estados e municípios do Nordeste, além do Rio de Janeiro e Espirito Santo, se preparassem e não deixasse para tomar as medidas necessária para última hora. No entanto, não vimos por parte da coordenação de endemias da SMS, esta mesmo preocupação antes dos óbitos causados pela dengue chegarem a imprensa de todo o estado. Nós estamos diante de um problema grave. Temos que enfrentar uma epidemia gravíssima. Não está tendo nada, a não ser declarações, gestos eventuais com o Exército em 1 dia no ano. O mosquito se reproduz a cada 7 dias! Nós tínhamos que ter uma política semanal de enfrentamento, de varredura. Em 10 anos o Brasil aumentou quatro vezes a área de ação do Aedes aegypti. Pensar que a operação com os veículos fumacê, em alguns bairros da cidade vai resolver este grave problema é menosprezar a capacidade de discernimento do conquistense.  Nós temos que voltar para o mundo real.
 Não é problema para ficar fazendo discursos de intenções. Nós temos que agir. Onde estão os poderes públicos para agir, tomar medidas rápidas?
Diante disto perguntamos: porque o fumacê não tinha sido solicitado? O certo, é que depois que Vitória da Conquista registrou a segunda morte em 30 dias por dengue hemorrágica é que vimos alguma iniciativa.
Só agora depois que a situação tornou-se insustentável, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Centro de Controle de Endemias, entendeu a gravidade do assunto e passou a divulgar o boletim semanal para informar a população sobre as notificações de casos de Dengue, Zika e Chikungunya – doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – em Vitória da Conquista. As informações do primeiro boletim dizem respeito à 19º semana epidemiológica de 2020, que corresponde ao período de janeiro a 8 de maio de 2020. É preciso que a comissão de saúde da Câmara de Vereadores tenha conhecimento do que foi feito pelos poderes público e posam cobrar uma atitude mais enérgica por parte desta secretaria.






domingo, 10 de maio de 2020

ARTIGO - Nossos professores e esta nova realidade (Padre Carlos)




 

Nossos professores e esta nova realidade

 

Toda esta situação criada pela quarentena fez com que muita gente mudasse sua visão com relação as novas formas de educação e deixasse de torcer o nariz e passasse a aceitar sem preconceito o EAD para que pudéssemos educar os seus filhos. Um dos imensos desafios criados pelo confinamento foi o da sua relação com o sistema escolar. A ideia de que se pode “dar aulas” à distância foi amplamente aceita. Colocamos toda a responsabilidade no professor e este foi individualmente recrutado a ser ele uma escola inteira – quando na verdade, a escola é por excelência um coletivo. Os professores precisaram se reinventar para transformar as aulas presenciais em online. Como pai, não posso negar que está sendo difícil para todos usar as ferramentas tecnológicas para proporcionar um ambiente virtual de aprendizado, já que não pudemos contar com um período de transição nem tempo suficiente para treinar e conhecer de perto esta nova realidade. Não podemos esquecer, que estes profissionais foram chamados a dar o melhor de si para que nossos filhos desse continuidade ao ano letivo.

Mesmo com as falhas do sistema, a nível técnico, o ensino à distância tem sido a grande ferramenta para que os alunos não fiquem abandonados e excluídos durante o tempo em que durar este estado de emergência. “Aulas” remotas, sobretudo com crianças e adolescentes, sincronizadas ou não, deixaram de ser apelidadas de “aulas à distância “e mesmo aproveitando toda tecnologia disponível, devemos fazer uma reflexão sobre estas plataformas de ensino e não ficar repetindo ideias corporativistas de que o EAD não constituem verdadeiro ensino e educação.

Conhecer e enfrentar um desafio, é tão importante quanto encontrar a solução para o problema. Pensar que a grande dificuldade para implantarmos esta nova modalidade de aprendizagem estaria na falta de computadores é admitir que desconhece o que são hoje os verdadeiros problemas da educação. Não basta incentivar os municípios a adquirir computadores ou iPads, canalizando para isto recursos (com tantos professores mal pagos), desconhece que o problema fundamental do ensino, e que o tem levado a afastar-se cada vez mais dos seus sujeitos – professores e alunos é de outra natureza.

A educação escolar moderna é um processo de formação humana integral que se desenvolve de maneira complexa, isto é, em todas as direções.  Os processos de ensino e aprendizagem exigem, pela particularidade do ato de educar, a simultaneidade (e não a sincronidade). É preciso que haja sentido e vontade, no tempo e no espaço, de forma coletiva. 

Mesmo com toda tecnologia, o ato de ensinar tem que despertar paixões por se tratar de conhecer, e não compulsões pelo ato de repetir. São muitos os sinais e indicadores de que mesmo antes da covid-19 essa paixão, essa vontade de ensinar e de saber, estava com sérios problemas e não é nenhuma máquina ou plataforma de ensino que vai resolver os grandes problemas do nosso sistema educacional. O verdadeiro milagre do ensino a distância, não se encontra na tela, mas quem está atrás dela. Não existe EAD com professores e alunos convivendo com péssimas condições de trabalho e o que é mais grave, toda essa nova situação gera ansiedade e medo dos professores, sejam eles da rede privada ou pública, cortes de salários e a ameaça constantes de desemprego devido a inadimplência dos alunos na quarentena, deixa a classe apreensiva, neste momento que estes profissionais mais precisam da nossa ajuda e reconhecimento.

         A escola em casa passou a ser a realidade nesses tempos de covid-19: mas é mesmo de escola ou de aprendizagem que estamos tratando?

A relação presencial entre alunos e professores, deveria estimular o sentido crítico, debatendo e combatendo com conhecimento opções de contraditório, argumentando e contra argumentando, estabelecendo relações críticas tensionais, mas é isto que presenciamos nas nossas salas de aula? Diante da atual situação, o processo de educação-ensino-aprendizagem passa incluir meios digitais, presenciais ou à distância, tecnologias de informação e comunicação de natureza não analógica. O que a pandemia tem nos ensinando é que esses meios não são só subsidiários e secundários – suporte didático e sim modalidade de ensino e essencial da relação pedagógica. 

Estamos provando que é possível construir um espaço de aula exclusivamente através de meios digitais ou televisivos, embora estes possam e devam estar à disposição de professores e alunos, jamais poderá substituir o professor por este ter a obrigação ética (e, bem entendido, do sistema educativo no seu conjunto) para com os seus alunos, é a honestidade intelectual.

Assim como os profissionais da saúde tem salvado muitas vidas nos hospitais e casas de saúde, nossos professores vem se empenhando para que os nossos filhos não sejam os grandes prejudicados com esta quarentena e mesmo enfrentando todo tipo de dificuldades, buscam dá o melhor de si para que os assuntos relativo a formação das nossas crianças chegue em nossas casas.

 

 

 

 

 

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...