domingo, 10 de maio de 2020

ARTIGO - Nossos professores e esta nova realidade (Padre Carlos)




 

Nossos professores e esta nova realidade

 

Toda esta situação criada pela quarentena fez com que muita gente mudasse sua visão com relação as novas formas de educação e deixasse de torcer o nariz e passasse a aceitar sem preconceito o EAD para que pudéssemos educar os seus filhos. Um dos imensos desafios criados pelo confinamento foi o da sua relação com o sistema escolar. A ideia de que se pode “dar aulas” à distância foi amplamente aceita. Colocamos toda a responsabilidade no professor e este foi individualmente recrutado a ser ele uma escola inteira – quando na verdade, a escola é por excelência um coletivo. Os professores precisaram se reinventar para transformar as aulas presenciais em online. Como pai, não posso negar que está sendo difícil para todos usar as ferramentas tecnológicas para proporcionar um ambiente virtual de aprendizado, já que não pudemos contar com um período de transição nem tempo suficiente para treinar e conhecer de perto esta nova realidade. Não podemos esquecer, que estes profissionais foram chamados a dar o melhor de si para que nossos filhos desse continuidade ao ano letivo.

Mesmo com as falhas do sistema, a nível técnico, o ensino à distância tem sido a grande ferramenta para que os alunos não fiquem abandonados e excluídos durante o tempo em que durar este estado de emergência. “Aulas” remotas, sobretudo com crianças e adolescentes, sincronizadas ou não, deixaram de ser apelidadas de “aulas à distância “e mesmo aproveitando toda tecnologia disponível, devemos fazer uma reflexão sobre estas plataformas de ensino e não ficar repetindo ideias corporativistas de que o EAD não constituem verdadeiro ensino e educação.

Conhecer e enfrentar um desafio, é tão importante quanto encontrar a solução para o problema. Pensar que a grande dificuldade para implantarmos esta nova modalidade de aprendizagem estaria na falta de computadores é admitir que desconhece o que são hoje os verdadeiros problemas da educação. Não basta incentivar os municípios a adquirir computadores ou iPads, canalizando para isto recursos (com tantos professores mal pagos), desconhece que o problema fundamental do ensino, e que o tem levado a afastar-se cada vez mais dos seus sujeitos – professores e alunos é de outra natureza.

A educação escolar moderna é um processo de formação humana integral que se desenvolve de maneira complexa, isto é, em todas as direções.  Os processos de ensino e aprendizagem exigem, pela particularidade do ato de educar, a simultaneidade (e não a sincronidade). É preciso que haja sentido e vontade, no tempo e no espaço, de forma coletiva. 

Mesmo com toda tecnologia, o ato de ensinar tem que despertar paixões por se tratar de conhecer, e não compulsões pelo ato de repetir. São muitos os sinais e indicadores de que mesmo antes da covid-19 essa paixão, essa vontade de ensinar e de saber, estava com sérios problemas e não é nenhuma máquina ou plataforma de ensino que vai resolver os grandes problemas do nosso sistema educacional. O verdadeiro milagre do ensino a distância, não se encontra na tela, mas quem está atrás dela. Não existe EAD com professores e alunos convivendo com péssimas condições de trabalho e o que é mais grave, toda essa nova situação gera ansiedade e medo dos professores, sejam eles da rede privada ou pública, cortes de salários e a ameaça constantes de desemprego devido a inadimplência dos alunos na quarentena, deixa a classe apreensiva, neste momento que estes profissionais mais precisam da nossa ajuda e reconhecimento.

         A escola em casa passou a ser a realidade nesses tempos de covid-19: mas é mesmo de escola ou de aprendizagem que estamos tratando?

A relação presencial entre alunos e professores, deveria estimular o sentido crítico, debatendo e combatendo com conhecimento opções de contraditório, argumentando e contra argumentando, estabelecendo relações críticas tensionais, mas é isto que presenciamos nas nossas salas de aula? Diante da atual situação, o processo de educação-ensino-aprendizagem passa incluir meios digitais, presenciais ou à distância, tecnologias de informação e comunicação de natureza não analógica. O que a pandemia tem nos ensinando é que esses meios não são só subsidiários e secundários – suporte didático e sim modalidade de ensino e essencial da relação pedagógica. 

Estamos provando que é possível construir um espaço de aula exclusivamente através de meios digitais ou televisivos, embora estes possam e devam estar à disposição de professores e alunos, jamais poderá substituir o professor por este ter a obrigação ética (e, bem entendido, do sistema educativo no seu conjunto) para com os seus alunos, é a honestidade intelectual.

Assim como os profissionais da saúde tem salvado muitas vidas nos hospitais e casas de saúde, nossos professores vem se empenhando para que os nossos filhos não sejam os grandes prejudicados com esta quarentena e mesmo enfrentando todo tipo de dificuldades, buscam dá o melhor de si para que os assuntos relativo a formação das nossas crianças chegue em nossas casas.

 

 

 

 

 

 


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