A Revolução da Compaixão
O tema
Compaixão tem ganhado terreno entre os escritores espiritualistas, como
instrumento de conquista e estabelecimento permanente da paz mundial. O teólogo
Leonardo Boff no livro “Princípio de Compaixão e Cuidado”, aborda o tema e
afirma que três razões fazem da compaixão um tema de relevância atual. São
elas: “os milhões de pessoas vitimadas pela cruel competição do mundo
globalizado, a crescente pobreza e exclusão social a nível mundial e a
sistemática agressão ao sistema Terra, que põe em risco o futuro da biosfera”.
Eu acrescentaria outro ponto: Os enfermos e abandonados para morrer sem uma
palavra ou assistência. Porque para mim, a compaixão também exige aproximar-se do
sofrimento: “Aproximar-se e tocar a realidade”. Não olhá-la de longe. ‘Teve
compaixão’
Minha intenção aqui não é entrar
pela via do sentimentalismo, pois se não recorremos às etimologias que tem nas
diferentes línguas, a compaixão não seria apenas a recusa da indiferença. Ela
tem como centro, aliviar o sofrimento do próximo, destronando o nosso eu do
centro do mundo, para aí colocar o outro. Ensina-nos a reconhecer o carácter
sagrado de cada ser humano e a tratar cada pessoa, sem diferença, com respeito,
equidade e absoluta justiça.
Como disse o Papa Francisco: a compaixão não é o mesmo que a pena, “a
compaixão envolve você com a pessoa que sofre, remove as vísceras e te leva a
aproximar-se dessa pessoa”. “A compaixão é um sentimento envolvente, é um
sentimento do coração, das vísceras, que envolve tudo. A compaixão não é o
mesmo que a pena, não é a mesma coisa que dizer: ‘que dó, pobre gente! ’. Não,
não é a mesma coisa”. Pelo contrário, “a compaixão envolve. É padecer com. Isso
é a compaixão”.
Pode-se
dizer que a Revolução da Compaixão é uma utopia, mas a utopia pode tornar-se
realidade. Os jovens do Século XXI estão convocados a isto e têm todos os
elementos para fomentar esta Revolução, serem dela protagonistas e alcançarem
resultados diferentes das revoluções do passado, que mesmo tendo mudado regimes
políticos, não mudaram o espírito humano. A Revolução da Compaixão é, sem
dúvida, a Revolução das Revoluções.
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