Arcana imperii – O segredo não pode ser a
alma da política
Em um passado, já um tanto quanto distante,
fui um militante de esquerda. Atuei no movimento estudantil e Organização Não
Governamental, sempre representando o partido e a esquerda onde atuava. Há cinco
anos, cansado de dar "murros em ponta de facas", deixei a militância,
por acreditar que faltava algo de utopia que justificasse minha presença na
vida partidária. Sentia que estava repetindo
enfaticamente os erros dos quais minha geração dizia combater, embora carregasse
o velho militante em minha história e nos meus sonhos.
Sentir nestes quarenta e cinco anos de
militância que um partido político democrático não pode mais se guiar pelos
princípios dos arcana imperii, do poder oculto, misterioso. Precisa ser
aberto, transparente, acessível, interativo, dialógico. O PT vem falhando
nestes aspectos, tanto na comunicação com a sociedade, quanto com a militância.
No que diz respeito à escolha da chapa majoritária, muitos militantes e
ativistas não sabem o que acontece, sequer sabem como foi definida. Mesmo
durante a crise que se instalou a militância não entendeu que o grande problema
do partido é a precariedade da comunicação. Além de existir este grave problema
de comunicação existe também erros políticos, no que diz respeito à campanha e
a forma pragmática de fazer política. Uma das condições fundamentais do êxito
político diz respeito a como saber lidar com o momento, com a ocasião, mas
também, como preservar nossa luta e saga sem perder a referência histórica.
Em política o êxito depende também do
respeito, da reputação e não do temor. Respeito e reputação se conquistam pelo
exemplo da conduta, pela eficiência no agir e pala realização de feitos
significativos. O temor conquista pela força através de dirigentes sobre sua
liderança e quando seus liderados se tornam agentes do governo e detém uma
estrutura de comando, passa a existir uma correis de transmissão de poder e interesse
coletivo.
Precisamos voltar acreditar
que a militância política em partidos progressistas é, portanto, resultado de
necessidades de mudanças a serem realizadas. Será que entendemos que ela deve
ser fruto da mobilização coletiva que se opõe às formas de dominação social? A militância política se reveste de grande
importância, não somente pela atual situação em que se encontram os partidos e
a política brasileira, mas também pelo quadro que vivemos no Brasil, com a
desregulamentação das leis trabalhistas e aumento do desemprego, da inflação e
da miséria, emergência do ódio explicitado de diferentes formas contra as
causas coletivas e seus militantes,
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