sexta-feira, 1 de abril de 2022

ARTIGO - O velho militante e seus sonhos (Padre Carlos)

 


Arcana imperii – O segredo não pode ser a alma da política

 



 “Há homens que lutam um dia e são bons. Outros lutam um ano e são melhores. Outros, ainda, lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda uma vida: esses são imprescindíveis.”

Em um passado, já um tanto quanto distante, fui um militante de esquerda. Atuei no movimento estudantil e Organização Não Governamental, sempre representando o partido e a esquerda onde atuava. Há cinco anos, cansado de dar "murros em ponta de facas", deixei a militância, por acreditar que faltava algo de utopia que justificasse minha presença na vida partidária.  Sentia que estava repetindo enfaticamente os erros dos quais minha geração dizia combater, embora carregasse o velho militante em minha história e nos meus sonhos.

Sentir nestes quarenta e cinco anos de militância que um partido político democrático não pode mais se guiar pelos princípios dos arcana imperii, do poder oculto, misterioso. Precisa ser aberto, transparente, acessível, interativo, dialógico. O PT vem falhando nestes aspectos, tanto na comunicação com a sociedade, quanto com a militância. No que diz respeito à escolha da chapa majoritária, muitos militantes e ativistas não sabem o que acontece, sequer sabem como foi definida. Mesmo durante a crise que se instalou a militância não entendeu que o grande problema do partido é a precariedade da comunicação. Além de existir este grave problema de comunicação existe também erros políticos, no que diz respeito à campanha e a forma pragmática de fazer política. Uma das condições fundamentais do êxito político diz respeito a como saber lidar com o momento, com a ocasião, mas também, como preservar nossa luta e saga sem perder a referência histórica.

Em política o êxito depende também do respeito, da reputação e não do temor. Respeito e reputação se conquistam pelo exemplo da conduta, pela eficiência no agir e pala realização de feitos significativos. O temor conquista pela força através de dirigentes sobre sua liderança e quando seus liderados se tornam agentes do governo e detém uma estrutura de comando, passa a existir uma correis de transmissão de poder e interesse coletivo.

Precisamos voltar acreditar que a militância política em partidos progressistas é, portanto, resultado de necessidades de mudanças a serem realizadas. Será que entendemos que ela deve ser fruto da mobilização coletiva que se opõe às formas de dominação social? A militância política se reveste de grande importância, não somente pela atual situação em que se encontram os partidos e a política brasileira, mas também pelo quadro que vivemos no Brasil, com a desregulamentação das leis trabalhistas e aumento do desemprego, da inflação e da miséria, emergência do ódio explicitado de diferentes formas contra as causas coletivas e seus militantes,

 

        


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