Lula e o
empresariado
Uma das
coisas que tenho observado neste primeiro semestre, foi o comportamento do
empresariado brasileiro em relação à candidatura de Lula. Quando a empresária
Rosângela Lyra, ex-representante da Dior no Brasil, faz uma enfática defesa da
vitória do ex-presidente Lula nas eleições deste ano, sinaliza que as alianças
que foram construídas nas pré-campanha tem surtido efeito, mas não é só isto,
estamos presenciando uma tomada de posição de setores que passaram a entender
que o regime democrático corre perigo e entendem o que fizeram no verão
passado. Tradicional eleitora do PSDB e ex-apoiadora da Lava Jato, passam a
discernir os resultados políticos e econômicos que seus atos fizeram.
Na verdade,
a direita brasileira não previu a “onda fascista” na Europa, EUA, e no Brasil.
Freá-la exige enxergar os perigos e para alguns, o prejuízo que tem provocado a
inercia econômica e a perda de credibilidade política e econômica com seus
parceiros europeus e asiáticos. Para impedir que a economia permaneça mais
quatro anos estagnada e assistindo os valores democráticos sendo colocado em
cheque a todo o momento, foram os motivos que levaram um setor do empresariado
brasileiro, que até então ainda nutria alguma esperança com Bolsonaro e o Lavajatismo,
a desembarcarem desta perigosa aliança formada em meados da década passada com
a ultradireita e abraçar a candidatura de Lula como projeto de salvação
nacional.
Um grupo formado por grandes empresários
brasileiros que até pouco tempo rezavam na cartilha de Curitiba redigiram um
documento para definir uma agenda de propostas, que será apresentado ao
ex-presidente Lula. Não quero aqui insinuar que estes homens de negocio se
tornaram petista de cartilha, até porque, as alianças com este povo são
pontuais e estão relacionadas a um programa de governo que além do avanço
social, tem como consenso a retomada do crescimento. A crise econômica no
Brasil tem se aprofundado, os problemas sociais não diminuíram, as dificuldades
orçamentais aumentam a cada dia e não é só o povo que assiste a tudo isto, mas
também, os empresários e homens de negócios e o que é pior, não sabem mais a
quem recorrer. Eles passaram a entender, que estamos num dos momentos em que um
país vira a página ou coloca em risco todo o pacto federativo.
Os empresários precisam entender que o
Brasil precisa passar por um pacto. E quando os cientistas políticos falam estas
coisas, não está se referindo ao processo eleitoral que no caso do Brasil, principalmente
nesta eleição que passa a ter contornos de caráter plebiscitário e termina
deixando mais dividido ainda o nosso país. Como disse Rousseau, o
verdadeiro pacto social consistente reside no fato dos cidadãos sendo ao mesmo
tempo súditos e soberanos, obedecem às leis que eles mesmos estabeleceram entre
si. O Brasil precisa se encontrar com suas fases de súditos e soberanos,
para se encontrar na história. .
Por isto, acredito que um pacto social não
pode ser encarado como o resultado concreto de um acórdão específico, mas a
vontade de todas as forças políticas que representam a sociedade em geral. E
para que isto aconteça de fato, elas precisam assumir compromissos e celebrar
isto de forma que o que está no papel será cumprido pelas partes. Assim, não
acredito que exista empresários ou trabalhadores que não queira recolocar o
país no caminho do desenvolvimento.