Bolsonaro
veta homenagem a Nise da Silveira
Quando
fiquei sabendo que Bolsonaro tinha vetado a inscrição da psiquiatra Nise da
Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, entendi que aquele gesto não
representava somente a agressão àquela médica, mas a todos profissional da área
da saúde que lutaram durante
décadas contra os manicômios e as barbaridades que aconteciam nesses ambientes.
Nise da Silveira me fez lembrar toda
uma geração da época de chumbo que criaram e estiveram a frente mesmo sendo perseguidos
pelo regime que não toleravam a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica.
Além de Nise, tiveram diversos profissionais que devotaram sua vida a esta
causa e aproveitando esta oportunidade, gostaria de
resgatar a memória destas duas companheiras: Nise e Zélia, para que servisse de
exemplo para as novas gerações, tão carente de referência tanto moral quanto
espiritual. Falar destas mulheres é lembrar suas lutas por um Humanismo como
expressão do Sagrado.
Quando a utopia é o combustível que nos impulsiona
para vida, não existe fronteira para os nossos sonhos. Suas lutas
conta todo tipo de tortura se mistura com outas frentes entre elas podemos
destacar o resgate da dignidade de homens e mulheres que eram submetidos a
condições sub-humanas, perdiam o direito à cidadania e eram amontoados em
hospitais superlotados que usavam de tratamentos violentos que, muitas vezes,
resultavam em morte – os cadáveres eram vendidos para laboratórios de anatomia
de universidades. Há registros de pelo menos 60 mil mortes entre homens,
mulheres e crianças em hospitais psiquiátricos brasileiros. É esta a luta
dedicada a pessoas com transtornos mentais que recebiam tratamento considerado
absurdo e obscuro dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros que ela dedicou
boa parte da sua vida. Assim, Zélia se levanta contra toda esta barbárie e
torna-se uma das pioneiras da Reforma antimanicomial no Brasil.
Aquela baiana em
Brasília se juntava a outros conterrâneos, como Agnelo Thâmar e tantos outros
que formavam a República baiana do Planalto Central, ou uma pequena célula do Partido.
Zélia tinha uma admiração profunda com o trabalho da médica Nise da Silveira e quando assumiu a direção
do Hospital Psiquiátrico em Brasília (Granja do Riacho Fundo), implantou as terapias
desenvolvidas por Nise que representava a expressão dos sentimentos pelas
artes, especialmente a pintura. Assim como Nise Silveira, esta médica também foi conhecida por revolucionar
o tratamento de transtornos mentais na Capital Federal.
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