quinta-feira, 26 de maio de 2022

ARTIGO - Bolsonaro veta homenagem a Nise da Silveira e todos que lutaram durante décadas contra os manicômios e as barbaridades que aconteciam nesses ambientes. (Padre Carlos )

 


Bolsonaro veta homenagem a Nise da Silveira


 


 

Quando fiquei sabendo que Bolsonaro tinha vetado a inscrição da psiquiatra Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, entendi que aquele gesto não representava somente a agressão àquela médica, mas a todos profissional da área da saúde que lutaram durante décadas contra os manicômios e as barbaridades que aconteciam nesses ambientes.

            Nise da Silveira me fez lembrar toda uma geração da época de chumbo que criaram e estiveram a frente mesmo sendo perseguidos pelo regime que não toleravam a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica. Além de Nise, tiveram diversos profissionais que devotaram sua vida a esta causa e aproveitando esta oportunidade, gostaria de resgatar a memória destas duas companheiras: Nise e Zélia, para que servisse de exemplo para as novas gerações, tão carente de referência tanto moral quanto espiritual. Falar destas mulheres é lembrar suas lutas por um Humanismo como expressão do Sagrado.

Quando a utopia é o combustível que nos impulsiona para vida, não existe fronteira para os nossos sonhos.   Suas lutas conta todo tipo de tortura se mistura com outas frentes entre elas podemos destacar o resgate da dignidade de homens e mulheres que eram submetidos a condições sub-humanas, perdiam o direito à cidadania e eram amontoados em hospitais superlotados que usavam de tratamentos violentos que, muitas vezes, resultavam em morte – os cadáveres eram vendidos para laboratórios de anatomia de universidades. Há registros de pelo menos 60 mil mortes entre homens, mulheres e crianças em hospitais psiquiátricos brasileiros. É esta a luta dedicada a pessoas com transtornos mentais que recebiam tratamento considerado absurdo e obscuro dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros que ela dedicou boa parte da sua vida. Assim, Zélia se levanta contra toda esta barbárie e torna-se uma das pioneiras da Reforma antimanicomial no Brasil.

Aquela baiana em Brasília se juntava a outros conterrâneos, como Agnelo Thâmar e tantos outros que formavam a República baiana do Planalto Central, ou uma pequena célula do Partido. Zélia tinha uma admiração profunda com o trabalho da médica Nise da Silveira e quando assumiu a direção do Hospital Psiquiátrico em Brasília (Granja do Riacho Fundo), implantou as terapias desenvolvidas por Nise que representava a expressão dos sentimentos pelas artes, especialmente a pintura. Assim como Nise Silveira, esta médica também foi conhecida por revolucionar o tratamento de transtornos mentais na Capital Federal.

 

 


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