terça-feira, 4 de junho de 2019

ARTIGO | Dois bispos e uma Igreja. (Padre Carlos)






Dois bispos e uma Igreja



“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).


            Não posso me queixar com relação aos bispos que durante o período que exerci o ministério, tive a oportunidade de conviver e servir aos cuidados do seu episcopado. Dom Celso José e Dom Geraldo, estes grandes pastores foram importante na minha formação espiritual e humana. Embora não entendesse as cobranças que faziam, hoje vejo que eles tinham tratamentos diferentes, apesar de sentir o amor e a proteção que ambos nutriam pelo clero.
          

  Dom Celso José, foi um Bispo misericordioso, tinha uma face materna para o seu presbitério. Assim como Dom Helder revolucionou a Igreja no Brasil, seu discípulo, da Ação Católica, tem transformado profundamente a Igreja da Bahia. Desta forma, embora não fosse engajado, como gostaríamos , formou um clero progressista e com uma formação acadêmica que chamou atenção de muitos bispos do Brasil. Assim hoje, estes quadros de pastores, tem capacidade para assumir qualquer ministério que venha ser convocado.
       
    
Já Dom Geraldo, exerceu seu episcopado com sabedoria e uma boa administração. Sua metodologia inicialmente causou um impacto, devido à diferença de método e forma em relação ao seu antecessor. Não posso negar que aprendi muito com este pastor. Desta forma, apesar de cobrar um comportamento e ação no que diz respeito à responsabilidade das paróquias em relação à Arquidiocese, educou os padres a se sentirem responsável por um todo. Sua dimensão paterna ajudou os presbíteros a amadurecer como pessoa e gerir de forma mais realista os recursos da sua paroquia. Sua dimensão paterna e seu amor pela Igreja local foram de fundamental importância para conquistar o clero e trazer para perto de si o seu presbitério. 

            Não podemos esquecer a participação dos leigos em todos os movimentos e pastorais durante a presença destes dois pastores aqui na nossa cidade. Existe um ditado árabe que diz: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!” Isso porque, antigamente, as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para produzir os primeiros frutos. Atualmente, com as técnicas de produção modernas, esse tempo é bastante reduzido, porém o ditado é antigo e sábio.        Diante disso, somos frutos destes enviados de Deus, para dar testemunho de fé.
Padre Carlos.


segunda-feira, 3 de junho de 2019

ARTIGO | As revoluções em marcha. (Padre Carlos)





As revoluções em marcha



            Estamos vivendo um momento impar na história da humanidade, onde presenciamos grandes transformações. Não podemos negar que existem várias revoluções em andamento.  A primeira e a mãe de todas é a revolução económica, com o advento da globalização e a confirmação das teorias de McLuhan de que formamos na verdade uma "pequena aldeia" e a chegada ao palco da história dos países emergentes, como a China, a Índia... Outra é a revolução cibernética, que faz nascer um quase-planeta, um "sexto continente". Nunca como hoje houve tanta informação e com a rapidez com que circula pelo mundo. Esta é a era da informática. A internet, o correio electrónico, os celulares, as televisões, nos coloca em contato constante e imediato com tudo o que acontece no mundo. Depois, com a facilidade dos transportes e no quadro das novas classes económicas, há a circulação permanente das pessoas de uns países para outros e também entre continentes. 
            As revoluções no campo da inteligência artificial, na nanotecnologia e biotecnologia, estão fazendo verdadeiros milagres nestas áreas. Outra grande revolução que não poderíamos deixar de citar, com certeza é a revolução ecológica. Sabemos da necessidade de criar novas relações com a natureza e sabendo da urgência de uma repactuação entre a humanidade e o planeta, o homem tem que buscar soluções para que o futura da raça humana e de todo o ecossistema não seja comprometido.
          
  Perante todas estas revoluções e face aos problemas que agora são globais, como a droga ou o trabalho, os mercados impõem-se, em primeiro lugar, pensar não em blocos que cria seres humanos de primeira e segunda classe, mais em uma coalizão para que a humanidade volte a sonhar com a vida. Criando assim, uma "modernidade mestiça", mas, para evitar o "choque das civilizações", impõe-se o diálogo intercultural e inter-religioso. De fato, como escreveu o teólogo José María Castillo, com todos estes fatos produziu-se “um fenómeno inteiramente novo na” história da humanidade: a mistura, a fusão ou o choque, a inevitável convivência de culturas, tradições, costumes, formas de pensar e de viver, de pessoas que vão de uns países para outros, de um extremo ao outro do mundo. 
            Como conviver com estas pessoas, como não interpretar estes fenômenos como uma ameaça a minha cultura, o meu emprego e a minha forma de viver? O novo desestabiliza e nos torna frágil. Talvez este tenha sido o canal que as forças de extrema-direita tem usado na Europa, isto é, ideologizar estes fenômenos. No quadro desta ambiguidade, entende-se como, por medo, ignorância, desígnios de domínio, se pode proceder à construção ideológica e representação social do outro essencialmente e, no limite, exclusivamente, como ameaça, bode expiatório, encarnação e inimigo a menosprezar, marginalizar, humilhar e, no limite, abater, eliminar. Num mundo global, cada vez mais multicultural e de pluralismo religioso, é urgência maior repensar a identidade e avançar no diálogo intercultural e inter-religioso, sempre no horizonte da unidade na diferença e da diferença na unidade.
      
      As revoluções em curso, que obrigam a repensar o futuro da humanidade, são outras razões que aprofundam a necessidade e a urgência do encontro e do diálogo entre as culturas e as religiões. O que desde há anos Hans Küng vem sublinhando - a necessidade do diálogo inter-religioso para ser possível a paz no mundo - é cada vez mais urgente. Hoje mais do que nunca, entendemos que a obra do célebre teólogo, autor principal da "Declaração de Uma Ética Mundial", aprovada pelo Parlamento Mundial das Religiões em Chicago, em 1993, se oriente pelo lema: "Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos globais. Não haverá sobrevivência do nosso globo sem um ethos global, um ethos mundial.”.

Padre Carlos



ARTIGO | Tristão, Isolda e o nosso amor .(Padre Carlos)







Tristão, Isolda e o nosso amor


            Hoje, estava refletindo sobre o amor e toda a sua trajetória para que pudéssemos vivenciá-lo de todas as formas que ele nos apresenta neste novo milênio. Quando falamos de amor, esquecemos o longo caminho que este sentimento teve que percorrer até chegar aos nossos dias da forma como concebemos. Este sentimento romântico, belo e com a intensidade das grandes paixões, vão se formando com a poesia dos trovadores, no século XII, é dentro deste universo medieval que nasce uma nova concepção do amor, estes poetas buscavam através da sua sensibilidade, romper com um antigo mundo, onde a mulher era vista como elemento de desejo de posse física. São justamente, os elementos platônicos que vão humanizando aquela sociedade e trazendo assim elementos onde a mulher era considerada fonte inspiradora dos bons costumes, o amor passa ser uma força que deve nos orientar pra contemplação do belo em si. O próprio mito Tristão e Isolda faz uma alusão de como o amor e a morte podem estar relacionados.
       

     Desta forma, este sentimento chega a Renascença com todos estes elementos e é justamente numa tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, que ele escreve sobre o sentimento que aquela geração estaria disposta a vivenciar. Assim, Romeu e Julieta, retrata este amor romântico que a esta altura já se encontra no inconsciente coletivo daquela juventude. Com isto, tenta dar sentido aquela tragédia sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias,
Com o passar do tempo, fomos desenvolvendo varias formas de amar as mais comuns são: O amor estável e o amor que busca a intensidade. Eu confesso a vocês que prefiro viver um longo amor, para sempre, numa sucessão de dias, lado a lado. Mas também existem aqueles que buscam o existencial o agora o tudo. Como diz Vinícius: E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor que tive
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
            Sim, há quem prefira a intensidade, mesmo que dure um só dia, buscando assim às sensações do momento, às vibrações inerentes a vivências fortes e únicas. Há quem valorize a presença constante, o ombro amigo a seu lado, as vivências partilhadas e construídas ao longo do tempo.
       

     É esta diversidade nas formas de amar que torna o ser humano único e irrepetível, que faz com que a vida valha a pena ser vivida, sobretudo se aceitarmos e respeitarmos o modo de viver das outras pessoas, se valorizarmos as suas opiniões, o seu modo de ver o mundo. Porque é a diversidade que torna o mundo interessante e nos torna interessantes, é a multiplicidade que dá cor, cheiro, sabor, som a um mundo que, de outra forma, seria demasiado padronizado e sem interesse, um mundo onde, por tudo ser igual, tudo se tornaria mecanizado e inerte. A vida está exatamente na diversidade. Não podemos esquecer que o diverso é algo que compõe a condição humana e está intrinsecamente ligado à ideia de humanidade.


Padre Carlos.


ARTIGO | Filosofia e a política .(Padre Carlos)





Filosofia e a política
Arendt examina o que (não) passa pela cabeça do criminoso sendo julgado em Jerusalém, mas também sobre a influência do fascismo sobre as massas.
                       


            Um jovem me perguntou outro dia, o que a filosofia tem haver com a política? Eu disse: um filósofo reflete sobre todas as questões do homem e do mundo a sua volta. A palavra filosofia vem de “amor pela sabedoria” e os primeiros filósofos fundamentaram todo o caminho para a ciência que temos hoje. Refletindo sobre método, conhecimento, como o homem se comporta, deveria se comportar e qual é o sentido na nossa existência.
         
   A filosofia política estuda as formas de governo, como os indivíduos se organizam e se relacionam. O melhor a fazer pela filosofia política talvez seja não tanto teorizá- -la, e sim praticá-la. Para Sartre, o filósofo tem que está engajado com os problemas políticos de sua época, ele não concebia uma filosofia teórica, sua militância e o seu trabalho são reflexo desta ação.•.
            Para o filósofo que quer trabalhar esta vertente da filosofia, é importante que ele esteja comprometido com a vida política, ter uma experiência política. Isso porque a filosofia, mesmo política, me parece que tende a ser muita filosofia e pouca prática, pouca política. Desta forma, vemos em Sartre uma abordagem do colonialismo europeu e principalmente o francês e suas colônias na África. Arendt examina o que (não) passa pela cabeça do criminoso sendo julgado em Jerusalém, mas também sobre a influência do fascismo sobre as massas. O que eu quero dizer, é que não se fabrica filosofia política; ela é práxis.
          
  Não vejo como fazer filosofia política sem uma opção decidida pela vida ativa. E penso que, no Brasil, a filosofia política deve cada vez mais abordar questões relativas ao nosso dia-a-dia. Filosofar sobre a prática coletiva não é a mesma coisa que simplesmente revestir opiniões com a roupagem de grandes autores. É abrir rumos novos. É até mesmo tomar partido, mas jamais adotar, como critério, o de seguir um partido. 
            Só a filosofia pode nos explicar como a política se tornou um conflito duro de interesses e de valores, vinculados uns aos outros, e, ambos, enraizados em classes, frações de classe e camadas sociais.



Padre Carlos


ARTIGO | Maturidade e unidade na esquerda(Padre Carlos)






Maturidade e unidade na esquerda
Prezado Ciro,
Deus sempre perdoa,
Os homens perdoam algumas vezes,
A história nunca perdoa,
Pe. Carlos.



            A história é feita de heróis, mas também de fracos, medrosos e vendidos, aos atos de coragem se contrapõem os de traições, falsidades e todo tipo de hipocrisias. Chegamos à encruzilhada, temida, mas que parecia impossível de tão absurda, porque além de governar só para burguesia, presenciamos e descaso e desprezo pelas camadas mais baixa da nossa sociedade.  Este governo se coloca num total cenário de submissão a um governo estrangeiro, colocando o Brasil como um país subserviente como nunca se viu na história recente brasileira. 
           
Essa resistência, que sustentará nossa própria existência, só poderá concretizar-se com uma grande unidade, uma verdadeira frente de esquerda com programas bem definidos e que seja perene. Essa frente, composta por partidos políticos com identificação de esquerda e democrata e movimentos populares será de fundamental importância para contrapor o projeto de ultradireita em curso no país. O papel do sindicalismo será de fundamental importância e a greve geral pode vir a ser um acumulo de forças para o grande embate político no Congresso, haja vista todos esses retrocessos que estamos vivenciando, e deverão piorar se a classe trabalhadora e as forças democráticas agirem como Ciro Gomes vem agindo. Esta Grande frente, será um refúgio aos (as) trabalhadores (as), um grande abrigo em defesa da classe trabalhadora. Portanto, não restará outro instrumento de insurgi mento social, exceto a grande unidade de todos os movimentos sociais.
Não há outra saída, é emergente a construção dessa frente de esquerda e democrática – não pensando somente nas próximas eleições – para combater com cabeças erguidas e altivez.
            Outro fator importante é deixar claro, que Direitos Humanos são prerrogativas básicas dos seres humanos - direitos civis e políticos, econômicos, sociais e culturais. Os defensores dos Direitos Humanos não são marginais, amigos de bandidos e vagabundos como diz estes fascistas, apenas luta para que viver à margem da lei não seja opção única para quem quer que seja.
            Aristóteles já dizia que o “homem é o animal político”, assim pode-se não ter opinião formada sobre certas coisas, mas ser apolítico é impossível a tudo o que esta acontecendo no Brasil.
           
Bem sei que em algum momento muitos dirigentes que se diz de esquerda, olharão para trás e se darão conta da péssima escolha que fizeram. Vão se perguntar por que adotaram o ódio e colocaram seu projeto pessoal como prioridade a um projeto de nação.

Foi assim mesmo que aconteceu na Alemanha no pós 2ª guerra mundial. Muitos alemães se arrependeram de ter apoiado Hitler e a sociedade precisou passar por um lento processo de reeducação. Aqui, no Brasil, isso vai acontecer, também. Chegará o momento em que muitos se arrependerão do caminho escolhido.
            Mas, vamos viver um dia de cada vez. No momento, a tarefa é impedir que a direita e o partido verde-oliva, rasgue a nossa Constituição. ·.
Padre Carlos.


domingo, 2 de junho de 2019

ARTIGO | Seja bem vinda classe média! (Padre Carlos)





Seja bem vinda classe média!


            Um dia, daqui a um ano ou mais, vamos lembrar o que pensávamos e o que dissemos neste momento. Porque atravessamos uma fase difícil na vida do País, mas também na de cada um de nós. 
            Não falo das consequências que podem advir da irresponsabilidade deste governo. Falo do ódio, da raiva, do sentimento de intolerância que atravessa a sociedade, e para quem viveu os anos de chumbo pode constatar que este período da história se assemelha em tudo. 
            É como se existissem barreiras intransponíveis dentro das famílias, entre os casais, amigos, colegas de trabalho. A memória de quem viveu esses tempos continua viva.
            Como operador da filosofia, não poderia deixar de chamar atenção da sociedade, para o grande problema ético que envolve toda a Nação. Os brasileiros chegam à era Bolsonaro muito machucados e divididos e alguns até perdidos. Temos um país rachado entre duas pautas que representam parcelas da sociedade e regiões do país.

            Além disso, temos uma grande parte da população que não se envolve com estas questões, mais ao mesmo tempo, terminam sendo atingidos pela agenda neoliberal do novo governo. Os dois lados do racha produzem e defendem ética diferente com o objetivo de cooptar esta parcela da população, de um lado nos temos uma ênfase ética no caso da corrupção, a outra, é com relação à inclusão social.
           
Gostaria de chamar atenção dos analistas políticos para uma guinada da extrema direita. Constatamos que agora no poder, o governo passa a incluir parcelas da classe média na sua lista de inimigos. O ataque às universidades e ao ensino público abre uma nova perspectiva para a esquerda. A simpatia ou a neutralidade que setores médios da sociedade nutriam por este projeto ou o ódio do PT, deixa de ser prioridade, no momento que ele ataca o sonho desta classe.  Fazendo uma abordagem psicológica, podemos constatar, que o acesso aos bens de consumo bem como a formação acadêmica, são os elementos que diferenciam a classe média dos pobres e esta diferença é o que eles acreditam ser a grande arma que pode leva-lo ao paraíso burguês. 
            Desta forma, avaliamos que a direita deu não um tiro no pé, mas na própria cara, ao atacar e retirar conquistas deste seguimento. As manifestações em favor da educação no dia trinta representa esta virada e sabendo disto, enquanto os atos ocorriam pelos municípios, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) anunciava a suspensão de novas bolsas de mestrado e doutorado em todo o país. O corte atinge alunos que apresentaram trabalhos recentemente em processo seletivos já concluídos ou em andamento. 
        Podemos constatar, que quem realmente estavam na rua defendendo a educação, foram setores majoritariamente da classe média, confesso que deparei com figuras que não via a décadas e agora se não estão retornando para o campo da esquerda, estão fazendo alianças pontuais. Como analista, tenho que chamar atenção do nosso campo, que sem eles nós não reverteremos a defensiva estratégica em que estamos desde 2013. 
Sejam bem vinda classe média!

Padre Carlos









ARTIGO | Por que erramos(Padre Carlos)


Por que erramos



Todos nós cometemos erros. Um dos maiores que podemos cometer é acreditar que não os cometemos. Se entendermos isso, teremos condições de reconhecer quando erramos e não cometermos os mesmos desacertos e equívocos políticos que tanto nos custaram. Um dos vários que temos que admitir é que nunca assumimos uma briga frontal contra os meios de comunicação antinacionais e antipopulares, em especial a Rede Globo, como o atual governo fascista vem fazendo. Sequer construímos paralelamente nossas redes alternativas de comunicação e só agora na clandestinidade do poder vamos aos pouco com ajuda da militância fazendo o que deveríamos ter feito no governo. A Constituição prevê, em seu Artigo 220, a mais ampla liberdade de expressão de pensamento, que defendemos ferrenhamente. Agora, o mesmo item que trata da comunicação social, proíbe a existência de oligopólios e monopólios na comunicação. Nós deveríamos ter insistindo para regulamentar [de acordo com] a Constituição no que diz respeito a esses artigos. Considero essa uma das mais importantes reformas que deixamos de fazer, ao lado da reforma política e das péssimas escolhas dos ministros do TSF.
            Na verdade, nossa tática foi a da conciliação de classe sem construção de retaguardas. Havia a crença de que era possível estabelecer um pacto social com a burguesia para um processo lento, gradual e seguro de mudanças sociais que, em médio prazo, nos levariam à construção do tão sonhado estado de bem-estar social à brasileira.
            Perdemos uma geração inteira, durante os nossos governos, formamos burocratas longe das lutas populares, ao viés de forjar militantes da transformação social. Fomos responsáveis por não politizar nossa juventude e nem organizamos suficientemente o povo. Eu sou de uma geração que formar quadros nos movimentos sociais, aptos a governar era de fundamental importância para a luta popular.
          
  Onde está o povo que foi beneficiado com as mudanças que fizemos? Não tivemos capacidade de organizar a massa beneficiada por nossos programas sociais. Quem dera, tivéssemos organizados e politizados, a partir do Bolsa Família; Minha Casa Minha Vida; Prouni; Mais Médicos; etc.… Se isso tivesse sido feito, a direita não conseguiria dar nenhum golpe, como a Venezuela fez. Na verdade, não tínhamos povo organizado para defender o legado das políticas públicas. Mas, apesar de todos estes erros, a habilmente manejada pelo presidente Lula, garantia um pacto social que equilibrava as forças sociais e garantia uma vida melhor para todos. O que não entendíamos, é que Lula não é eterno e que a direita poderia destruí-lo, como vem tentando.
Fomos facilmente derrotados por uma coalizão que ajudamos a unificar. É claro que não podemos cometer os erros dos nossos governos passados. Sabem que não se governa sem conseguir deslocar uma parte da elite política e econômica. Nós que enchemos o peito pra dizer: Lula Livre, temos que ter consciência que se tivéssemos feitos as reformas nos quatorze anos do nosso governo, à direita e o fascismo, não teria ousado prender e manter encarcerado o nosso presidente. Hoje, temos certeza de que a correlação de forças da sociedade, só permitirá isso se formos todos para a rua e lutar com toda força pelo nosso legado.
            Que todos estes acontecimentos, nos faça aprender com os erros que cometemos no passado recente.
LULA LIVRE.........Rumo a Greve Geral...........
Padre Carlos !


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...