domingo, 2 de junho de 2019

ARTIGO | Seja bem vinda classe média! (Padre Carlos)





Seja bem vinda classe média!


            Um dia, daqui a um ano ou mais, vamos lembrar o que pensávamos e o que dissemos neste momento. Porque atravessamos uma fase difícil na vida do País, mas também na de cada um de nós. 
            Não falo das consequências que podem advir da irresponsabilidade deste governo. Falo do ódio, da raiva, do sentimento de intolerância que atravessa a sociedade, e para quem viveu os anos de chumbo pode constatar que este período da história se assemelha em tudo. 
            É como se existissem barreiras intransponíveis dentro das famílias, entre os casais, amigos, colegas de trabalho. A memória de quem viveu esses tempos continua viva.
            Como operador da filosofia, não poderia deixar de chamar atenção da sociedade, para o grande problema ético que envolve toda a Nação. Os brasileiros chegam à era Bolsonaro muito machucados e divididos e alguns até perdidos. Temos um país rachado entre duas pautas que representam parcelas da sociedade e regiões do país.

            Além disso, temos uma grande parte da população que não se envolve com estas questões, mais ao mesmo tempo, terminam sendo atingidos pela agenda neoliberal do novo governo. Os dois lados do racha produzem e defendem ética diferente com o objetivo de cooptar esta parcela da população, de um lado nos temos uma ênfase ética no caso da corrupção, a outra, é com relação à inclusão social.
           
Gostaria de chamar atenção dos analistas políticos para uma guinada da extrema direita. Constatamos que agora no poder, o governo passa a incluir parcelas da classe média na sua lista de inimigos. O ataque às universidades e ao ensino público abre uma nova perspectiva para a esquerda. A simpatia ou a neutralidade que setores médios da sociedade nutriam por este projeto ou o ódio do PT, deixa de ser prioridade, no momento que ele ataca o sonho desta classe.  Fazendo uma abordagem psicológica, podemos constatar, que o acesso aos bens de consumo bem como a formação acadêmica, são os elementos que diferenciam a classe média dos pobres e esta diferença é o que eles acreditam ser a grande arma que pode leva-lo ao paraíso burguês. 
            Desta forma, avaliamos que a direita deu não um tiro no pé, mas na própria cara, ao atacar e retirar conquistas deste seguimento. As manifestações em favor da educação no dia trinta representa esta virada e sabendo disto, enquanto os atos ocorriam pelos municípios, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) anunciava a suspensão de novas bolsas de mestrado e doutorado em todo o país. O corte atinge alunos que apresentaram trabalhos recentemente em processo seletivos já concluídos ou em andamento. 
        Podemos constatar, que quem realmente estavam na rua defendendo a educação, foram setores majoritariamente da classe média, confesso que deparei com figuras que não via a décadas e agora se não estão retornando para o campo da esquerda, estão fazendo alianças pontuais. Como analista, tenho que chamar atenção do nosso campo, que sem eles nós não reverteremos a defensiva estratégica em que estamos desde 2013. 
Sejam bem vinda classe média!

Padre Carlos









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