Não Baixem o Santo
Em meados a
década de 60 era muito comum, no meio da esquerda brasileira, o uso da
expressão “baixar o santo”. Foi por meio desse eufemismo que a esquerda definiu
o que representou o AI5 e o que seria o processo de tomada de decisão pela via
não democrática. “Baixar o santo” era uma forma mais suave, mais agradável e
até engraçada, que a esquerda, que por sinal originou o PT, tinha para se
referir a imposição autoritária de uma ideia ou de uma política a ser seguida.
Os que queriam mudar o sistema econômico, social e politico do Brasil, pela via
revolucionária, evitavam coisas como “a direção decidiu que o caminho é este”.
Também, não se dizia que a “direção decidiu ponto final, o Comitê Central usava
outras artimanhas e não
falava de forma aberta que não tem mais discussão”.
Desta forma, quando surge o PT com uma nova
mentalidade, termina seduzindo velhos e novos militantes que não aceitavam mais
esta forma de direção partidária. Este novo jeito de fazer política se definia
como uma democracia
participativa. A nova mentalidade que surge nas esquerdas tem como conceito
buscar e está direcionada à participação e comunicação de todos os diferentes
grupos e movimentos sociais que militava uma mesma agremiação política, com a intenção
de terem as suas questões ouvidas e que, consequentemente, se desenvolveria
ações na busca de um consenso.
A eleição de Vitória da Conquista no ano
que vem oferece uma rica oportunidade para entendermos de uma vez que a
política de “baixar o santo” ficou no séc. passado. O aprimoramento do processo
democrático petista tem que passa por todas as correntes. A participação destes
companheiros não pode ficar reduzida nos momentos eleitorais. O partido é mais
do que os mandados regionais. Assim, estas forças precisam ser ouvidas e serem
convidas a sentar a mesa. Em um exame rápido, duas reflexões despontam: que na
política nada é definitivo e que o tempo correto para a tomada de decisões é
determinante no êxito eleitoral.
Padre Carlos