Raposa e o Principezinho
Outro
dia fui convidado para falar para uma turma que estava concluindo o ensino
médio. Depois que eu concluir a palestra, um aluno me perguntou o que eu entendia
por cativar. Olhei com ternura aquele jovem e respondi: falar em cativar me lembra
do diálogo entre a Raposa e o Principezinho, quando este lhe pergunta
reiteradamente o que significa “cativar” e ela responde que se trata de algo
esquecido no mundo, mas que significa criar laços. E, a partir dali, estabelece
todo um diálogo entre o sábio bicho e o pequeno príncipe que termina, assim:
“Você não é nada para mim, há não ser um garoto inteiramente igual a cem mil
outros garotos. E eu tenho certeza que não preciso de você. E você também tem
certeza que não necessita de mim. Para você, eu não passo de uma raposa igual a
cem mil outras raposas. Mas, se você me cativar, nós teremos necessidade um do
outro. Você será para mim único no mundo. Eu serei para você única no mundo (…)”.
E o diálogo prossegue com uma profundidade que disserta sobre as relações que
se estabelecem nesta enorme casa comum, como se não houvesse amanhã.
Esta semana é igual a que passou e
muito provavelmente a que se seguirá, estaremos nos mesmos lugares, nas mesmas
escolas e praças, mas não notaremos a existência das pessoas que estarão a
nossa volta. Por que somos condicionados a não demostrar nossos sentimentos,
somos educados a não demostrar afetividade e cativar é uma forma de se mostrar
para o outro.
Ao
contrário da Raposa e do Principezinho, que compreenderam que é bom criar
relação; que assim aumenta as nossas possibilidades enquanto humanidade e que
quanto melhor forem às relações mais possibilidades há de diálogo e de superar
as nossas diferenças.
Padre Carlos
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