sexta-feira, 26 de julho de 2019

ARTIGO - Corrupção: Debater ou ignorar? ( Padre Carlos )





Corrupção: Debater ou ignorar?

            Um dos grandes defeitos da classe política é deixar apenas para o judiciário o papel de procurar travar, por via da ação penal o fenômeno da corrupção. Este comportamento de desprezo a esta pauta, foi um dos grandes responsável pelo surgimento de Sergios e Deltans da vida, que trouxeram consequências graves para a democracia e para o nosso sistema de justiça.
            Recentemente, Folha revelou que um terço das ações penais concluídas no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre congressistas com foro na corte são arquivadas. Estes são os resultados dos últimos dez anos e o motivo maior é a prescrição dos crimes. O que gostaríamos neste artigo é levantar estas questões e abrir o debate sobre as responsabilidades destes inquietos serem prescrito e as causas e o destino de tais processos.
            A forma como a opinião pública se fixa nos casos de corrupção que todos os dias vão sendo revelados, vão deixando claro que o sistema é montado para que tudo termine sem uma solução definitiva.

            Tal enfoque do problema permite escamotear, porém, as suas causas políticas, econômicas e sociais essenciais não são reveladas e a Repúblicas para nossas elites, com suas coisas públicas se tornam privadas.
            O fato de o sistema judicial penal e a investigação policial conseguirem hoje, apesar de tudo, desmontarem esquemas milionários, expondo mais responsabilidades e responsáveis, não significa que a corrupção esta diminuindo nem levanta sequer o grau da sua gravidade.
            Isso só revela uma maior preparação e capacidade das nossas instituições para compreender melhor a lógica dos mecanismos financeiros, econômicos, administrativos e burocráticos que permitem a corrupção.
            Temos que ter consciência que não é papel do sistema judicial e do aparelho policial fazer as leituras políticas da constatação e crescimento deste fenômenos.  Este é próprio do poder político a reflexão deste tema é fundamental para os congressistas para que o judiciário e outras instituições do estado não se apropriem desta prerrogativa.
             Deixar à justiça e o Ministério Público com o papel de legislar ou procurar travar por si só, por via da ação penal, tal fenômeno, pode até ser vantajoso do ponto de vista político, porém as consequências graves para a democracia e para a própria justiça serão irreparáveis como estamos presenciando a todo o momento.
            A constante ação apenas por aparte do judiciário, das falhas e imperfeições do funcionamento dos regimes democráticos, favorece o surgimento dos movimentos populistas de inspiração autoritária, que encontram nelas, assim cruamente expostas, uma boa justificação para demonizarem a democracia e os mecanismos do Estado de direito.
            É importante, que a política, se debruce seriamente sobre a corrupção e as causas que, verdadeiramente, estão na origem da sua existência e na gravidade das suas consequências e as resolvam. O que queremos é que a política seja política.
        
    Gostaria de lembrar das palavras de Maquiavel: se a corrupção se estendeu até o público, de modo que o povo não se sente ultrajado pela corrupção moral e política de seus líderes; se, em vez de exigir leis e líderes que defendam a virtude e promovam o bem comum, o povo passar a imitar seus lideres justificando todo tipo de corrupção então chegou ao fim do poço. Quando ficar claro este estágio, estaremos no caminho que nos levará a tirania.


Padre Carlos.



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quinta-feira, 25 de julho de 2019

ARTIGO- Unidade e Responsabilidade ( Padre Carlos )


Unidade e Responsabilidade



            O Partido dos Trabalhadores é hoje o maior partido de esquerda da América Latina e tem como origem e identidade os partidos de massa. Podemos afirmar que estes partidos de massas, vieram especialmente a partir da expansão do sindicalismo e das grandes lutas contra o liberalismo e a expansão do capitalismo no séc. VXIII.  Eles nasceram quando grandes contingentes da população perceberam que só conseguiriam atingir metas comuns e alcançar reivindicações através da participação política estruturada. Cresceram com a força da militância e foram protagonistas de grandes transformações na Europa.
            Por que fiz esta introdução? Foi para afirmar que até o final da década de setenta do século passado, não havia no Brasil um partido com estas características e para afirmar que nunca houve em nossa história, um partido que tivesse uma identificação tão forte com o povo como o PT. Digo isto, porque as condições de seu surgimento e consolidação foram únicas e não se repetirão. Como ensinavam os clássicos, os fatos históricos, quando acontecem pela segunda vez, torna-se farsa.
    
        Assim, o PT nunca se definiu como partido revolucionário, nem mesmo um reformista. Sua ação política, marcada pelo pragmatismo, na busca de construir no cotidiano o acordo e o consenso, para fazer um grande pacto com a sociedade e as classes que a compõe. Foi este esforço e determinação das suas lideranças que proporcionou o crescimento da economia e tirou milhões de pessoas da linha da extrema pobreza e da miséria. É preciso que se deixe claro, que o Partido dos Trabalhadores, não veio para derrubar os muros, mas para abrir o portão do condomínio e colocar o máximo de gente pra dentro.             Porém, os acontecimentos que levaram a chegada de uma direita fascista no Brasil, cortando todas as conquistas dos trabalhadores e impondo uma derrota nas urnas e nas instituições, chama atenção de toda a esquerda para a busca de uma unidade como forma de sobrevivência. Assim em Vitória da Conquista não poderia ser diferente. A derrota do projeto da Frente Conquista Popular em Vitória da Conquista na ultima eleição, chama atenção da direção do partido e dos filiados para a responsabilidade de conduzir estas eleições internas e evitar todo e qualquer conflito que venha produzir um "racha" inconciliável no PT local. Temos que fazer a lição de casa e agir com sabedoria e discernimento e mostrar aos filiados e a sociedade, como o partido está unido e preparado para as eleições de 2020.
    
        Não podemos negar que as negociações por uma chapa de unidade tem se desenvolvido dentro de um ambiente bastante civilizado, mas não basta tentar é preciso ter vontade política para avançar nas negociações. Não podemos desistir, as tentativas de consenso destinadas a evitar um bate chapa no PED não podem fracassar! Como dirigente partidário, não podemos jamais esquecer que a verdadeira política é arte que se vale do diálogo para encontrar as soluções mais adequadas ao bem comum, a partir da argumentação, de compreensões lúcidas sobre a realidade e futuro do nosso projeto.                                 


Padre Carlos



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terça-feira, 23 de julho de 2019

ARTIGO - Somos todos "paraibas" ( Padre Carlos )


Xenofobia e Ódio


            Nestes últimos tempos, venho me perguntando como a filosofia pode ajudar a entender o que esta acontecendo em nosso país. Vivemos no Brasil ao mesmo tempo, diversas crise: ética, econômica-social e a pior de todas; a política. Para entender a ética, a história e o mundo plural e complexo da política é necessário pedir ajuda daquela que é a mãe de todas as ciências, a filosofia. É entrando neste mundo das ideias, que começamos este nosso artigo. Vamos analisar hoje, o que esta por traz do discurso preconceituoso que o presidente faz contra o povo nordeste brasileiro e os seus representantes.
     
       Quando analisamos a importância política do Nordeste brasileiro para o projeto de esquerda e o carinho que este povo humilde tem com o ex-presidente Lula, passamos a entender, porque tanto ódio aos nordestinos. No vídeo que viralizou nas redes sociais Bolsonaro conversa com o ministro da Casa Civil e principal articulador do governo, Onyx Lorenzoni e se refere aos nordestinos como “paraíbas”. O vídeo gerou revolta, ao chama os governadores desta região do país em "Paraíba" ele não estava se referindo a terra de João Pessoa. A palavra, carregada de ódio e preconceito, designa o que conhecemos como Região Nordeste.  Outro fator importante que não poderíamos deixar de fora é a origem daquele que é o maior líder político de todos os tempos e inimigo das elites deste país.
            Como operador da filosofia, avalio estes sentimentos de ódio, como uma revolta de classe e de preconceito. Desta forma, não podemos esquecer, que este comportamento, se reflete em uma violação de direitos fundamentais a todos os cidadãos, por se tratar de está reforçando os preconceitos contra todos os nordestinos que residem no sul e sudeste do país. Quando uma parte da classe trabalhadora é descriminada, isto facilita sua exploração. Nordestinos, negros, mulheres e LGBTs ganham menos e tem os trabalhos mais precários.         O preconceito é parte de nosso sistema econômico, não é apenas um fenômeno “cultural”. Quando assistimos estas manifestações preconceituosas cheia de ódio, há um povo que é fruto do abandono dos políticos há séculos e das atitudes intempestivas do planeta, ficamos revoltados.
      
      Quem são os paraíbas de Bolsonaro? São aquele povo pobres constrangidos que são obrigadas a partir, deixando para trás a terrinha querida à procura de um lugar onde possam viver com dignidade. Assim o nordestino seja no sul ou na sua região, são vítimas desta ação calculada pela direita brasileira. É contraditório, mas os homens que tem instruções, também têm atitudes racistas e preconceituosas, por isto ele consegue ainda representar estas elites e cometer todo tipo de preconceito contra as minorias deste país.




Pe. Carlos

ARTIGO - A dor de uma mãe ( Padre Carlos )




A dor de uma mãe


            Durante o período que exerci o ministério presbiteral, trouxeram-me uma senhora para falar comigo. Pensei naquele momento que se tratava do Sacramento da Reconciliação, mas quando ela começou a falar, entendi e emocionei-me com tamanha dor que aquela senhora de corpo frágil e um semblante distante trazia na alma.
     
       Quando aquela mulher começou a relatar tudo o que aconteceu, veio-me na hora a imagem de Maria aos pés da Cruz, quando ela abraça seu filhinho, aquele que ela amamentou e viu crescer e tornar-se homem.
            Padre Carlos, disse ela: “A minha dificuldade não é pela minha dor da perda, é pela raiva, pela revolta de ele não poder viver mais”, começou por dizer. O que me deixa mais indignada são as frases feitas de pessoas cheias de boas intenções: “sei o que isso é” (como gostaria de dizer: não sabe não, só eu sei o que estou sentindo!); “tenha força!” (você sabe o que estou sentindo? Não tenho, a dor é intensa e é muito grande para suportar!); “pensa noutra coisa” (não penso e não quero só a lembrança de minha perda me consola!); “tem que andar pra frente” (não consigo, não vejo perspectiva sem conviver com minha perda!); “está no céu” (mas eu estou aqui e vivo, sofrendo!).
            Depois que ouvir de forma atenta e paciente, falei com aquela pobre mulher: a perda de seu filho criou em você uma experiência de grande impacto emocional, que obrigam vocês a repensarem quem são de fatos, qual é o significado das suas vidas e como é que vocês como família, a partir deste momento, vão conviver com a memória dele e como ele pode continuar a fazer parte das vidas de vocês, agora de uma forma diferente. O importante disto tudo, é entender que o sofrimento não poderá jamais lhe obrigar a querer desistir de lutar, estes é um dos erros que cometemos o de querer viver somente do passado e a desistir do futuro. O retorno às atividades profissionais é terapêutico e eleva a nossa alma. Temos que ser forte para assumir a nossa perda, desta forma poderemos assim, evitar futuras doenças físicas, psíquicas, espirituais... Não é garantido que quem cala consente. Até porque ninguém aqui esta se calando, mas aprendendo a conviver com a sua perda de outra forma.
   

         Conversamos mais de uma hora e depois ela beijou a minha mão e foi embora. Nunca mais encontrei aquela senhora, acredito que tenha superado e retornado as suas atividades acadêmicas.
            Durante muitos anos, dediquei-me ao trabalho e a defesa dos direitos humanos, através da pastoral carcerária, mas uma  das pastorais que eu sinto falta na Igreja, é com certeza a que se preocuparia em proporcionar um lugar para quem está em luto, isto é, um centro de escuta e acompanhamento espiritual. Um lugar  de encontro, de escuta, de fraternidade, de oração, de misericórdia, de perfume e de esperança cristã... no caminho de Emaús!




Padre Carlos.


segunda-feira, 22 de julho de 2019

ARTIGO - A esquerda de coerências e perfeições ( Padre Carlos ) )




A esquerda de coerências e perfeições

            Falar de perfeição e coerência se torna um mantra na esquerda brasileira. Todas as correntes se acham o berço da coerência e da perfeição, em momentos de crises as esquerdas se fecham em suas convicções e não percebem o que esta transcendendo ao seu conjunto de certezas.  Ora, não existem partidos, correntes ou agrupamentos perfeitos, porque são compostos por homens e ninguém é perfeito ou sempre coerente o tempo todo. Mesmo as pessoas que se distinguem por serem modelos de atuação com um elevado grau de coerência são capazes de nos surpreender com uma reação ou um comportamento que não esperaríamos. Nesses momentos sentimo-nos traídos, sentimos que os outros são tão humanos quanto nós e não há nada de que gostemos menos do que perceber a imperfeição do ser humano, logo a nossa própria imperfeição.
   

         A palavra coerência vem do latim cohaerentia, é aquilo que tem relação entre uma coisa e outra. É um conceito que é usado se referindo a algo que é lógico. Desta forma, somos condicionados a acreditar que tudo em nossa vida deve ter coerência. Foi através da filosofia grega que passamos a ver a logica como medida de conduta. Assim podemos entender Aristóteles quando afirma que «Não se pode dizer de algo que é e que não é no mesmo sentido e ao mesmo tempo». Mas, parece-me que a contradição mais óbvia no mundo é achar que possamos banir a contradição das nossas vidas.
            Ora, a contradição é uma característica inerente ao ser humano. Independente de ser de direita ou de esquerda temos nossa individualidade e às vezes somos violentados pelo coletivo por discordar do conjunto. Os maniqueístas acreditavam que o bem o mal eram duas forças absolutas e irreconciliáveis. E isto afetava também as pessoas.  A prática é outra. Mesmo os projetos individuais tendo os seus pecados não podemos esquecer em momento algum que o pecador tem lá suas virtudes e em decorrência disto não deveríamos expulsar do nosso campo ou do paraíso. Não deveríamos ser julgados por atos isolados, mas por um Projeto de Vida e Político, direcionado para o bem ou para o mal.
            Fica claro, que as características de que não gostamos, passamos a rejeitá-la e assim, é difícil aceitar as nossas próprias contradições e, como tal, optamos por criticar o comportamento dos outros. Exorcizar os nossos defeitos, apontando-os nos outros é a nossa forma predileta de fingir que somos perfeitos. Este é o fator sobra que é descrito por Jung.
            Nesses momentos sentimo-nos traídos, sentimos que os outros são tão humanos quanto nós e não há nada de que gostemos menos no campo da esquerda do que perceber a imperfeição do ser humano, logo a nossa própria imperfeição.
            Olhar os companheiros das outras correntes que não é a minha, olhar os companheiros dos outros partidos, olhar todos estes mundos e as suas utopias sem filtros de expectativas sobrevalorizadas é algo que pouco praticamos. Mas é talvez a melhor forma de equilibrarmos o que em nós ecoa a nossa humanidade, porque a imperfeição é o grande milagre que nos torna verdadeiramente humanos. Como diz o verso de um monge medieval: “É preciso ir além da banal perfeição”. É isso mesmo: a perfeição pode ainda ser um caminho que trilhamos pela superfície ou constituir uma ilusão que nos impede de aceder ao verdadeiro e paradoxal estado da vida. Levamos tanto tempo até perder a mania das coisas perfeitas, até nos curarmos do impulso que nos exila no aparente conforto das idealizações, ou finalmente vencermos o vício de sobrepor à realidade um cortejo de falsas imagens!».
        

    Colocarmos o vaso quebrado com a sua imperfeição para trás, tentando esconder a sua falha e aparentando uma falsa perfeição, saibamos, sem medo, mostrar as nossas imperfeições e, com elas, aceitarmo-nos e redescobrirmo-nos. Como diz Leonard Cohen: «Em tudo há uma falha, é por ela que entra a luz».




Padre Carlos


ARTIGO - PELA UNIDADE PARTIDÁRIA ( Padre Carlos )




PELA UNIDADE PARTIDÁRIA



Vitória da Conquista, 22 de julho de 2019.


           

            A militância do Partido dos Trabalhadores, que sempre teve um papel fundamental nesta histórica trajetória de existência do nosso Partido, terá novamente a missão de contribuir para reorganizar nossa ação política e preparar nossas instâncias para os embates que o futuro nos reserva. Para isso, a nossa unidade é o principal motor que conduzirá nosso partido à vitória novamente.
            É com este espírito, que me dirijo a cada um e cada uma militante do PT, não somente para fazer uma convocação geral, mas também se lembrar do compromisso e da responsabilidade de todos nós para com a retomada dos nossos ideais políticos e a consolidação do nosso sonho maior de construir um país mais justo e igualitário.
            A última eleição para prefeito de Vitória da Conquista oferece uma rica experiência que aprimora o processo democrático petista, tanto na nossa cidade quanto no Estado. Em um exame rápido, duas reflexões despontam: que na política nada é definitivo e por isto podemos chegar a um entendimento e que o tempo correto para a tomada de decisões é determinante no êxito eleitoral, por isto não somos nós que definimos.
            Durante alguns anos, o partido, em âmbitos municipal e estadual, esteve à mercê de “representações diferentes” e de disputas internas que fragilizaram nossa posição. Em Vitória da Conquista, o destino parecia invariavelmente selado, até que uma reviravolta colocasse o partido do nosso oponente na frente das pesquisas. A campanha que se seguiu deixou claro que nem sempre é possível curar feridas e unificar todos os projetos em torno de um objetivo comum se não houver verdadeiramente, vontade política.
            José Raimundo não venceu. Mas os 42,42% de votos recebidos, além de consolidarem o partido como principal força de oposição na cidade revelou a percepção positiva que o eleitorado tem do PT, mesmo no período em que a mídia reacionária estrategicamente levantou a lona do “julgamento do século”. Foram três meses de campanha exaustiva e quase vitoriosa. Tivéssemos mais algum tempo para relembrar nossas contribuições históricas na capital do Sudoeste, talvez ganhássemos a prefeitura.
            Novamente, estamos diante a esse impasse de construir uma unidade e consolidá-la no tempo correto. Temos o dever de buscar como eixos deste projeto, manter a unidade de ação, orgânica e política do partido. Esta unidade tem que ter início no PED e através de um esforço de todos para construir este consenso e esta verdade. Unidade não é centralismo democrático, mas estimular a participação de todos os filiados na atividade política, assegurando-lhes a mais ampla democracia interna e o pluralismo de ideias para manter a unidade de ação, orgânica e política do Partido.
            Com a percepção de chances reais do PT conquistar o governo em Conquista, aumenta ainda mais a nossa responsabilidade. Desta forma, temos que trazer para as disputas internas do partido o mesmo espírito de unidade que se consolida em torno do nome do Companheiro Lula. Para que isso ocorra, é necessário que todos que pleiteiam a direção do PT-VC acreditem que é possível um consenso e não basta só acreditar é preciso apresentar propostas para isto e demostrar através de gestos concretos que é possível.
            Esse gesto de amadurecimento democrático deve começar através de suas lideranças, para chegar com força e vigor aos filiados. Não negando e reconhecendo que as pretensões e interesses de todos os filiados e correntes são legítimos. Não podemos repetir os erros. Abdicar de um partido unificado para disputar o governo em Vitória da Conquista, em nome de projetos menores, é um erro que só nos levará à derrota.
           

Padre Carlos


“A vida não é só isso que se vê.”


sábado, 20 de julho de 2019

ARTIGO – Francisco e a sua missão ( Padre Carlos )



Francisco e a sua missão


            Quando estudamos eclesiologia, podemos perceber como a  Igreja caminha de forma lenta e como esta atrasada com relação ao seu tempo. Um exemplo claro do que estou falando, é a forma como o cardeal Martini, outro jesuíta, inspirador de Francisco, se queixava, dizendo que a Igreja anda atrasada 200 anos. E pensava também na relação da Igreja com as mulheres, que nada impede teologicamente de receberem a ordenação sacerdotal. Todas as vezes que escrevo sobre este tema, termino chocando alguns amigos padres e leigos dentro da Igreja. Não podemos nos calar e é preciso dizer para o conjunto dos fieis, que esta causa é uma questão de direitos humanos. O Papa Francisco condenou o "machismo" na Igreja e está abrindo a porta da ordenação a homens casados; não estou vendo fazer o mesmo com as mulheres. Ele não quer criar cismas na Igreja. A Igreja tem muita dificuldade em lidar com a sexualidade, por duas razões fundamentais: está muito marcada pela heresia gnóstica e porque à frente da moral católica tem estado o clero de celibato obrigatório. Mas Francisco abriu portas, quanto aos gays, que não devem ser discriminados, aos métodos de contraceção (os católicos não devem "reproduzir-se como coelhos"), à possibilidade da comunhão para os recasados, ao respeito para com as novas formas de casamento...

           Acreditamos  que  Francisco é o grande  "renovador a Igreja", e que essa é uma "missão decisiva". Pelo que observamos da sua ação desde que foi eleito ainda acreditamos que ele vai cumprir este papel que a histório lhes reservou. Considero que é uma missão decisiva, porque a Igreja é depositária da mensagem mais humanizadora que conheço: o Evangelho. Infelizmente, como bem disse Nietzsche, a Igreja se transforma muitas vezes, num Disangelho, uma triste e má notícia.
             Francisco não conseguirá tudo, mas o essencial está em marcha: abertura da Igreja às "periferias", um estilo novo de papado: simplicidade, proximidade, humanidade. E, institucionalmente, tolerância zero para pedofilia, transparência no Banco do Vaticano, reforma profunda da Cúria a caminho, não há condenação de teólogos, descentralização no governo da Igreja, passos gigantescos no diálogo entre as confissões cristãs, elogiando Lutero, e também no diálogo inter-religioso, exige que seja a pessoa humana a ocupar o centro da economia e não o deus-Dinheiro, a exortação Laudato si" sobre uma ecologia integral fará história.
            O antigo superior geral dos jesuítas, A. Nicolás, revelou que Francisco lhe disse que "pede ao Bom Deus que o leve só quando as reformas forem irreversíveis". Quanto a nós, peçamos ao bom Deus para que possa atender este pedido não só de Francisco, mas de toda a sua Igreja.


Padre Carlos

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...