quarta-feira, 2 de outubro de 2019

ARTIGO - Uma eleição polarizada (Padre Carlos)




Uma eleição polarizada

Um amigo uma vez me aconselhou não iniciar um texto com um título taxativo que definisse minha posição política. O perigo do articulista se expor agindo assim é grande. Desta forma, termina correndo o risco de ser julgado pelos leitores apressados, cuja leitura não avança além do título. Este não é o grande problema daqueles que escrevem apenas para o seu métier, ou seja, aqueles que partilham da mesma fé, da mesma ideologia. Acredito que não é a preocupação daqueles que defendem verdades absolutas, os panfletários e os que fazem proselitismo.
Em tempos de acirramentos das posições políticas e ideológicas, de definições nítidas de campos que se opõem em fronteiras rígidas, são destruídas as pontes que possibilitam a communicatione, delimitam-se trincheiras intransponíveis e são implodidas as condições para o diálogo. Quando cada um fecha-se em torno das próprias certezas, torna-se impossível ouvir a fala do outro, seus motivos e suas razões. A reflexão crítica e auto-crítica é substituída pelas dicotomias maniqueístas que apelam para a simplificação da realidade, a redução ao “nós” versus “eles”, o “bem” contra o “mal”. Neste contexto, a polêmica tende a suplantar o diálogo:
Desta forma, as eleições para prefeitos e vereadores no ano que vem terá este caráter. Não é uma ‘mera’ polarização, no sentido de rivalidade partidária. Estamos vivendo no nosso país, uma cisão profunda, que chega, algumas vezes, às raias da violência, e cujo caráter antidemocrático parecia ter-se perdido em nosso passado
Quando levanto estes questionamentos, chamo atenção dos leitores que na conjuntura atual aqui em Conquista ou em qualquer cidade média ou nos grandes centros, não há espaço para uma terceira via. A política brasileira ficou polarizada entre dois projetos: o de Lula, pelo PT, e da Direta, de Bolsonaro. Não me parece que haja espaço para a terceira via. A economia, a sociedade e a política brasileira continuam polarizadas entre dois projetos: um projeto conservador e um projeto progressista. Um representa a esquerda e o projeto da extrema-direita que é Bolsonaro, PSL e o Centrão.
A política é movida por dois elementos: paixão e ideologia. Quando levanto a tese que em uma eleição polarizada não existe espaço para uma terceira via, quero dizer que dentro de uma conjuntura ideologizada não existe o terceiro elemento. Porem, a paixão é o único fator que poderia quebrar a polarização, com isto, seria necessário uma força eleitoral que transcendesse partidos e ideologias e esta nova conjuntura viria por meio de um eleitor de tipo personalista, o qual decide seu voto, principalmente, a partir da paixão e de uma visão messiânica, passando a incorporar no candidato os valores: de competência e honestidade. Por fim, busca-se uma explicação de origem psicológica para esse padrão de comportamento eleitoral. Esta nova conjuntura se formaria através de valores emocionais e não ideológico.  São poucos os políticos que conseguem esta proeza e aqui em Vitória da Conquista, temos um quadro no campo da esquerda que se encaixa nestes requisitos.
Já a direita no nosso município, está completamente fragmentada. A liderança do atual prefeito não foi capaz de agregar sua base política, criando assim uma cisão neste bloco. Com altos índice de impopularidade e rejeição, fica difícil articular seus liderados e suas bases e desta forma, não podemos definir neste momento quem de fato enfrentará o candidato da esquerda.
Como diz o poeta: “Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga
E sem vontade”.
Vamos aguardar as novas rodadas deste processo e analisar como estas forças se movimentarão nestes próximos meses, para podermos fazer uma análise mais próxima da realidade.

Padre Carlos


terça-feira, 1 de outubro de 2019

ARTIGO - Os olhos do poeta (Padre Carlos)




Um ano se Charles Aznavour



Não podemos negar que o inconsciente de uma geração se lê e se escreve através dos olhos do poeta.     
       
       Hoje faz um ano que os franceses perderam Charles, um rosto familiar que levou durante mais de 70 anos o nome da França e suas canções inesquecíveis a todos os cantos do mundo.
      Profundamente francês, visceralmente ligado às suas raízes arménias, reconhecido em todo o mundo, Charles Aznavour teve a oportunidade de acompanhar as alegrias e as tristezas de três gerações. As suas obras-primas, o seu timbre, o seu brilho único sobreviverão por muito tempo,A França deve muito a  Aznavour, um dos seus grandes poetas, sempre na vanguarda, uma verdadeira lenda que atravessou fronteiras e épocas.      Naquele primeiro de outubro de 2018, sentimos que as ruas de Paris estavam mais tríste do que de costume. O povo francês sabia que aquela perda era incalculável, seu poeta que soube como ninguém traduzir no pós-guerra à França de uma Belle Époque, estava partindo.     Estamos falando das vielas e cafés de uma época boêmia, mas também de toda uma geração de toda uma cultura que brotou entre o final da década de quarenta ao final da década de sessenta. Sartre, Simone e Camus. 

Estamos falando de Montmartre, conhecido como o “bairro dos pintores”, as ruas estreitas e empinadas que formam uma rede que inclui desde os antigos cabarés até os arredores da Basílica de Sacré Coeur, repletas de restaurantes e um ambiente boêmio e artístico onde nasceu tantas inspirações, berço dos existencialistas. Naquele dia Montmartre se despedia de seu mais ilustre poeta e a boemia perdia o seu charme.
 

Padre Carlos

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ARTIGO - Reconvexo (Padre Carlos)




Reconvexo

Caetano Veloso
Quando ouvimos Caetano, temos a impressão que estamos em qualquer lugar do mundo. Nesta viagem, podemos ser a chuva que lança a areia do Saara sobre os automóveis de Roma ou a sereia que dança.  A destemida Iara água e folha da Amazônia. Assim posso viajar em meus sonhos como um menino no seu álbum de figurinhas. Posso beber de qualquer cultura, com tanto que eu não me esqueça da Bahia da sombra da voz da matriarca da Roma Negra com suas ladeias e o Sr. Do Bonfim.
 Com os pés fincados em Santo Amaro da Purificação. Reconvexo não é apenas uma resposta a Paulo Francis, mas uma declaração pública de amor que o poeta faz ao Brasil, a sua cultura e ao seu povo.  
Eu sou a chuva que lança a areia do Saara, sobre os automóveis de Roma. Eu sou a sereia que dança. A destemida Iara, água e folha da Amazônia. Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra.
O menino do recôncavo, ama seu povo com todos os sentidos: Você não me pega! Você nem chega a me ver! Meu som te cega, careta, quem é você? Que não sentiu o suingue de Henri Salvador. Acredito que o careta não sentiria por se tratar do suingue de um negro da Guiana Francesa, Henri Salvador, perdido em Copacabana, influenciando a bossa nova do branco Vinicius.

         Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô. E que não riu com a risada de Andy Warhol E não se encantou com suas imagens.  Que não, que não e nem disse que não. Na verdade o careta não responde, não tem argumentos, está vendido a cultura estadunidenses. Não conhece sua terra, despreza a sua gente.
Eu sou um preto norte-americano forte, com um brinco de ouro na orelha. Mesmo quando bebo em outras culturas, minha visão se volta para os que querem igualdade e justiça.
Eu sou a flor da primeira música, a mais velha, a mais nova espada e seu corte. Fui influenciado e rendo homenagem a Dorival e a João, mas não fujo a responsabilidade de cuidar dos novos baianos e da cultura que vem dos afoxés. Sou o cheiro dos livros desesperados, sim de uma cultura também dos livros, das academias.
Sou Gitá Gogóia, seu olho me olha mas não me pode alcançar. Sim, sou Gita sou também esta cultura milenar, sou hindu Mahabarata, o Bhagavad Gita (A Canção do Senhor), sou o texto sagrado mais popular do hinduísmo. Sou Bhagavad Gita, Krishna expondo os pontos cruciais do hinduísmo. Sou a à Fruta Gogóia.


Não tenho escolha, careta, vou descartar. Não tem jeito careta, vou ter que lhe ignorar!
Quem não rezou a novena de Dona Canô, quem não entende a religiosidade de um povo, não conhece sua cultura, participar de um caruru ou rezar uma novena.
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor,  pobres que gosta de luxo!
Quem não amou a elegância sutil de Bobô. Você não viu careta o Bahia campeão!
Quem não é Recôncavo e nem pode ser reconvexo. Só os amantes podem ser tudo e não ser nada.

Padre Carlos

domingo, 29 de setembro de 2019

ARTIGO - Mulheres não serão ordenadas. (Padre Carlos)




Mulheres não serão ordenadas.

O Papa afirma que a Igreja Católica não pretende ordenar mulheres.
Logo depois das comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante, Francisco informou que essa questão se trata de uma cláusula pétrea e não poderia modificar. Desde o início da Igreja de Roma, podemos constatar uma rejeição por parte da cúria em relação as mulheres serem ordenadas sacerdotisas, este papel está reservado aos homens desde o início da instituição.
   
         Questionado nestes dias, a bordo do avião que o levava de regresso ao Vaticano, o Papa Francisco deu mostras de que essa posição é definitiva. Este assunto veio à pauta, quando uma  jornalista, depois da participação de Francisco nas comemorações da Reforma que deu origem à Igreja Luterana – que aceita ordenar mulheres –, o chefe da Igreja Católica invocou um documento de 1994, redigido pelo então Papa João Paulo II, para sublinhar que acredita que essa rejeição é de caráter definitivo. "O Santo Papa João Paulo II teve a última palavra sobre este assunto, foi muito claro, e essa palavra mantém-se", referiu Francisco, aludindo ao referido documento, que fecha a porta à ordenação das mulheres na Igreja Católica.
A comitiva de repórteres ao ouvir tal afirmação, insistiu na pergunta: "Mas será para sempre? Nunca, nunca [aceitarão mulheres]?". Francisco respondeu: "Se lermos com cuidado a declaração do Santo Papa João Paulo II, é nessa direção que vai [a posição católica]".
Francisco tenta estreitar relações com os protestantes da Igreja Luterana, mas, isto não significa que assumir as posições desta Igreja é Conditio sine qua non para um ecumenismo de fato. Não podemos negar,  que o Papa Francisco já havia dito que essa porta estava fechada, mas aqueles que propõem uma alternativa, com a ordenação de mulheres, ainda mantêm a esperança de que isso possa acontecer e, talvez, até ajudar a lidar com o decréscimo do número de homens que são ordenados padres.
No catolicismo, a norma é a de que só os homens podem ser ordenados porque Jesus Cristo escolheu apenas homens como seus apóstolos. Aqueles que apoiam uma mudança de sentido, sustentam que Jesus estaria apenas seguindo as normas do seu tempo.
Gostaria de informar aos leitores que estamos tratando aqui das ordenações sacerdotais, isto não significa que as mulheres estariam fora da proposta de Francisco em ordená-la ao Sacramento das Ordem Menores (Diaconato). Neste sacramento, o candidato não é ordenado para o sacerdócio, mas para o serviço .Este está especificado na Constituição Dogmática Lumen Gentium, no nº 29, da seguinte forma: “administrar o Batismo solene, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar em nome da Igreja aos Matrimônios, levar o viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, instruir e exortar o Povo, presidir ao culto e as orações dos fiéis, administrar os sacramentos e presidir aos ritos dos funerais e da sepultura”. E, ainda, de maneira sintética, o mesmo texto diz: “servem o Povo de Deus na diaconia da Liturgia, da Palavra e da Caridade”.
Em agosto deste ano, o Papa Francisco constituiu uma comissão para estudar o papel das mulheres no início do cristianismo, o que teria ajudado a suscitar renovadas esperanças entre os que defendem uma maior igualdade dentro da Igreja.
Padre Carlos


ARTIGO - Chateaubriand e Carlos Lacerda X Rede Globo (Padre Carlos)




Chateaubriand e Carlos Lacerda X Rede Globo



Hegel disse que os fatos e personagens de grande importância da história do mundo se repetiam duas vezes e Marx completa este pensamento do filósofo, que a história acontece “a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. A História recente do Brasil é um bom exemplo para confirmar as teorias de Hegel. Ao constatar o papel que a imprensa desempenhou no séc. passado e vem desempenhando nestas duas últimas décadas, não podemos negar a influência das mídias na vida política do país. Assim, podemos afirmar que uma figura central que esteve relacionado a história destes fatos, foi Carlos Lacerda. Apresentado normalmente como “jornalista”, não era simplesmente funcionário de um jornal, mas seu proprietário. Mais do que empresário, era declaradamente anti-getulista e anti-comunista. Tornou-se um dos principais porta vozes da UDN e de uma política de abertura do país aos interesses estadunidenses. É normalmente lembrado por ter sido o pivô da crise que levou Getúlio ao suicídio, mas também por ter sido um dos articuladores civis do golpe de 1964.
A atuação da imprensa sempre foi marcada de forma decisiva nos grandes acontecimentos da nossa República. Se formarmos aqui um paralelo, poderemos afirmar que no pós-guerra, esta influência vem ganhando uma importância como meio de legitimar conjunturas e governos das ascensões as derrocadas de políticos brasileiros. De esperança renovadora à salvadores da pátria, estes políticos se transformam da noite para o dia em inimigo n.º 1 da República nas páginas de jornais e revistas e também na televisão.
Dr. Roberto e seu conglomerado de comunicação, tinha conhecimento do potencial que suas empresas exerciam e exercem até hoje, sobre as mentes e vontades do eleitorado brasileiro.  Mas, o que venha ser mesmo um conglomerado? Um conglomerado de mídia é um grupo de comunicação, uma empresa que possui um grande número de empresas em vários meios de comunicação como televisão, rádio, impresso, filmes, músicas e internet. O conglomerado da família Marinho, sempre lutaram por políticas e ideologias que facilitasse o controle dos mercados e a participação de manutenção do seu projeto político.
Na Filosofia, a analogia é uma forma de averiguar o porquê da semelhança entre objetos ou ideias. E nossa intenção é demostrar para o leitor o conjunto de informações sobre os meios de comunicação e sua influência a partir da década de trinta aqui no Brasil. O sucesso de Chateaubriand chamou a atenção de muitos empresários deste meio, Homem de negócios, foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da América Latina. Chatô como era conhecido, além de sua habilidade para os negócios, tinha uma intensa militância política nos bastidores do poder e foi um dos grandes responsáveis pela desestabilização do governo de Getúlio na década de cinquenta.
       
         A família Marinho sabia que este era o exemplo: A experiência de Chatô como empresário e a ação política de Carlos Lacerda como base ideológico para o Projeto midiático.  Estes seriam os fundamentos para montar a quinta maior rede de comunicação do mundo e a primeira da América Latina.   Ser um empresário de sucesso depois que estas mídias se consolidassem teria que ter outro componente que não estava relacionado ao mercado mais a capacidade de influenciar o próprio mercado. Desta forma, o Dr. Marinho foi buscar através das ações de jornalistas como Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa, e Assis Chateaubriand, proprietário dos Diários Associados, elementos culturais para criar sua Rede de Comunicação tendo não mais o mercado como meio a ser atingido mas, um projeto de poder que fosse senhor do próprio mercado.

Padre Carlos


sexta-feira, 27 de setembro de 2019

ARTIGO - Um ano sem Zélia (Padre Carlos)



Quem é semente não morre! 
 Um ano sem Zélia



  Tem pessoas que se torna parte da nossa vida, amigos que marcam com seu carinho, dedicação que nem a morte consegue apagar a lembrança, por isto nunca nos deixam por completo. E hoje minha amiga, recordo o aniversário do seu falecimento, quero lembrar como você foi importante para sua geração e seus amigos. 
Na verdade, gostaria mesmo era de resgatar sua memória, para que servisse de exemplo para as novas gerações, tão carente de referência tanto moral quanto espiritual. Falar desta mulher é lembrar sua luta por um Humanismo como expressão do Sagrado.
Havia uma fazenda no município de Vitória da Conquista, chamada de barriguda, foi ali que nasceu Zélia. Alegre descontraída, mas com uma personalidade forte, diferenciando-se das demais meninas da sua época. Como diz o poeta: "Descansar morrer de sono na sombra da barriguda". Nossa amiga não se enquadrava em nenhuma sugestão do trovador. Não buscava sombra em homem algum, buscava um companheiro e não queria descansar, queria ganhar asas. 
O arquétipo da normalista que estuda para educar os filhos não se encaixava na sua personalidade e desta forma se torna a primeira mulher de Vitória da Conquista a formar-se em medicina. A voz de Zélia passa agora a ser ecoada de forma forte, longe de sua terra, agora sua arena será na nova capital. Sua luta ganha corpo e alma e engajando-se na luta por transformações estruturais em toda a sociedade. De forma direta e indireta, a ousadia e o pioneirismo em diversas frente repercutiu a experiência, a força e a criatividade desta mulher que, dentro e à frente do seu tempo, percorreu os dias transformando o mundo, do despertar do dia até a hora de dormir.
Quando a utopia é o combustível que nos impulsiona para vida, não existe fronteira para os nossos sonhos.   Sua luta conta a ditadura militar se mistura com outas frentes entre elas podemos destacar o resgate da dignidade de homens e mulheres que eram submetidos a condições sub-humanas, perdiam o direito à cidadania e eram amontoados em hospitais superlotados que usavam de tratamentos violentos que, muitas vezes, resultavam em morte – os cadáveres eram vendidos para laboratórios de anatomia de universidades. Há registros de pelo menos 60 mil mortes entre homens, mulheres e crianças em hospitais psiquiátricos brasileiros. É esta a luta dedicada a pessoas com transtornos mentais que recebiam tratamento considerado absurdo e obscuro dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros que ela dedicou boa parte da sua vida. Assim, Zélia se levanta contra toda esta barbárie e torna-se uma das pioneiras da Reforma antimanicomial no Brasil. 
A minha boa e grande amiga não está mais aqui, hoje faz um ano da sua despedida tudo se transformou em algo mais cinzento. Você com sua experiência dos anos vividos, sempre tinha uma palavra de conforto para com os companheiros de luta. Parece até que o mundo perdeu aquela esperança que você trazia no coração. E nesta época em que o fascismo se encontra no planalto, fica ainda mais triste; será o primeiro ano sem a minha amiga!

Zélia sempre foi pra mim referência de amizade e companheira da Teologia da Libertação e é claro, uma grande humanista. Uma verdadeira cristã!

Zélia Serra?

-Presente!!!!!

Padre Carlos



quinta-feira, 26 de setembro de 2019

ARTIGO - O direito à legítima defesa (Padre Carlos)



O direito à legítima defesa 


  A legítima defesa determina que, em situações em que a agressão é atual ou iminente, o cidadão pode utilizar os meios necessários para defender a si mesmo ou outra pessoa, estando resguardado pela Lei. Ou seja, quem age em legítima defesa não comete nenhum crime, portanto, não há pena.  Partindo desse pressuposto, o Estado de Direito e a democracia poderia aplicar a Excludente de Ilicitude ou como é conhecida: a famosa legítima defesa, contra os movimentos que pregam o fechamento do STF e do Congresso Nacional.
   
  Politicamente, não há nada mais extremo do que a extrema-direita. É nesse campo que o discurso de ódio prolifera, em que as decisões do Supremo ou do Congresso é questionado a todo momento. Geralmente quando isto acontece, as manifestações se transformam em um discurso em que a violência verbal é muitas vezes acompanhada da violência física. É, portanto, nesta área que a democracia, a liberdade e a fraternidade são atacadas e feridas no seu âmago.
Não que na extrema-esquerda não haja perigos semelhantes quando chega ao poder. Mas o discurso, a retórica e a teoria não é a mesma, antes pelo contrário. É sempre de igualdade, de inclusão, de união entre os povos, de proteção dos mais desfavorecidos. E esta mensagem faz toda a diferença. É por isso que os dois extremos não podem ser comparados quando se vive num 
regime democrático. Enquanto a extrema-direita fomenta o ódio, a extrema-esquerda fomenta a igualdade. 
Para um democrata a grande questão é saber até que ponto se deve permitir que a extrema-direita continue espalhando a sua retórica e até que ponto isto não se torna um perigo para a própria democracia quando participa das eleições. Deve a democracia permitir que partidos ou movimentos antidemocráticos tenham a possibilidade de destruir a própria democracia? Não há uma resposta fácil. Se, por um lado, a natureza da democracia é permitir que todos exprimam os seus valores e que possam eleger e ser eleitos, por outro, quando a democracia pode ser posta em causa por valores extremistas, deveria ser colocar limites a estes movimentos e partidos.

Este é um debate que as democracias deveriam fazer. 

Padre Carlos

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...