terça-feira, 1 de outubro de 2019

ARTIGO - Os olhos do poeta (Padre Carlos)




Um ano se Charles Aznavour



Não podemos negar que o inconsciente de uma geração se lê e se escreve através dos olhos do poeta.     
       
       Hoje faz um ano que os franceses perderam Charles, um rosto familiar que levou durante mais de 70 anos o nome da França e suas canções inesquecíveis a todos os cantos do mundo.
      Profundamente francês, visceralmente ligado às suas raízes arménias, reconhecido em todo o mundo, Charles Aznavour teve a oportunidade de acompanhar as alegrias e as tristezas de três gerações. As suas obras-primas, o seu timbre, o seu brilho único sobreviverão por muito tempo,A França deve muito a  Aznavour, um dos seus grandes poetas, sempre na vanguarda, uma verdadeira lenda que atravessou fronteiras e épocas.      Naquele primeiro de outubro de 2018, sentimos que as ruas de Paris estavam mais tríste do que de costume. O povo francês sabia que aquela perda era incalculável, seu poeta que soube como ninguém traduzir no pós-guerra à França de uma Belle Époque, estava partindo.     Estamos falando das vielas e cafés de uma época boêmia, mas também de toda uma geração de toda uma cultura que brotou entre o final da década de quarenta ao final da década de sessenta. Sartre, Simone e Camus. 

Estamos falando de Montmartre, conhecido como o “bairro dos pintores”, as ruas estreitas e empinadas que formam uma rede que inclui desde os antigos cabarés até os arredores da Basílica de Sacré Coeur, repletas de restaurantes e um ambiente boêmio e artístico onde nasceu tantas inspirações, berço dos existencialistas. Naquele dia Montmartre se despedia de seu mais ilustre poeta e a boemia perdia o seu charme.
 

Padre Carlos

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