quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Zezéu Ribeiro



Zezéu Ribeiro


Shakespeare (O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua bondade é também enterrada com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu pois a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.
A sua risada muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este, o PT também morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me diminui pois faço parte da humanidade.
            Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015, se estivesse vivo estaria fazendo hoje 70 anos.
José Eduardo Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador21 de novembro de 1949 — São Paulo25 de fevereiro de 2015)

Padre Carlos

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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

ARTIGO - Francisco, o papa dos pobres (Padre Carlos)





Francisco, o papa dos pobres
  

A primavera que vem vivenciando nossa Igreja, através do pontificado do Papa Francisco, tem me lembrado da figura do Santo de Assis que soube semear o amor aos pobres e defende-los. Dizem que "Deus dá o frio conforme o cobertor". No entanto, nosso cobertor não era suficientemente grande para nos cobrir por inteiro. Por isto Deus enviou um jesuíta latino, Jorge Mario Bergoglio, para apascentar a sua Igreja. Desta forma, este enviado de Deus tem buscado em seu apostolado colocar em pratica os ensinamentos de Francisco, encarnando a verdade anunciada pelo santo de Assis.  Seu Pontificado busca se legitimar dentro e fora da instituição católica para trabalhar em defesa dos pobres. O Papa Francisco, vem tentando preencher uma demanda, que é uma ação messiânica, que encarne na vida real a figura de um líder religioso e até político com uma espiritualidade profunda e com um censo de realidade histórica para anunciar que um novo mundo é possível, inspirando e mobilizando muitos que estão insatisfeitos com o mundo existente.  
Só um santo como Francisco que fez a oito séculos atrás este compromisso, teria esta ousadia de  conceber para si a missão nos dias de hoje de profetizar o retorno a uma Igreja Servidora e Pobre, de acordo com os princípios que orientaram o famoso “Pacto das Catacumbas”, quando um grupo de padres e bispos fizeram no final do Concilio Vaticano II, na Igreja de Santa Domitila, em 16 de novembro de 1965.
Este mesmo Pacto das Catacumbas, em que a Igreja assume sua opção preferencial pelos pobres, foi renovado por boa parte dos pastores que se encontrava no Sínodo. A cerimônia ocorreu na manhã de domingo (20/10/2019) nas Catacumbas de Domitila, o maior e mais antigo cemitério subterrâneo de Roma. A missa reuniu cerca de 40 padres sinodais e o novo pacto foi assinado também por leigos e até membros de outros credos – religiosos da Igreja Anglicana e da Assembleia de Deus – que estiveram presentes ao encontro. No total, o documento terminou com pelo menos 200 signatários, dos quais 80 eram bispos.
Para o Papa, viver segundo o Evangelho significa encarnar a origem popular do cristianismo, que torna a ética da humildade e o estilo de vida simples e despojado, em elementos importantes do ideal de santidade cristã. Por isso a figura de São Francisco, com o seu casamento com a pobreza, é aceita por Dom Bergoglio como guia para a vida terrena que antecipa a vida celestial. O Francisco de Assis representa, assim, a encarnação da plenitude que conduz à presença de Cristo.
Ao almoçar com cerca de 1.500 moradores de rua no Vaticano para celebrar o Dia Mundial dos Pobres neste domingo, 17, talvez o Santo Padre, queira nos lembrar que a opção pelos pobres significa, em última instância, uma opção pelo Deus do reino que Jesus nos anuncia. O mesmo Deus que faz opção pelo pobre, age na história como o Deus libertador.

Padre Carlos

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sábado, 16 de novembro de 2019

ARTIGO - A responsabilidade de ser pai (Padre Carlos)





A responsabilidade de ser pai


Nos últimos anos, temos constatados cada vez mais um certo comportamento de alguns pais transferindo sua responsabilidade para terceiros, negligenciando desta forma a família e os filhos em benefício da vida profissional e da sua individualidade, chegando a confiar a educação dos filhos aos funcionários ou no professor e na escola como um todo, desligando-se da sua educação. Ser pai e mãe nos tempos de hoje não é nada fácil, sobretudo para quem não está disponível para dedicar tempo (sobretudo de qualidade) e fazer sacrifícios em prol da família e dos filhos. 
Segundo as ultimas pesquisas a respeito desta problemática, na última década  tem aumentados  os números de casos associados à violência nas escolas – estes casos, geralmente encontra na imprensa um forte apelo emocional. Violência entre alunos, violência entre jovens namorados(as), violência de professores contra alunos e até violência de alunos contra professores, são levantados de forma sensacionalista, sem levar em conta um estuda aprofundado dos verdadeiros motivos que vem desencadeando este comportamento. 
Este tipo de violência tem assumido tais proporções e criado em alguns setores da sociedade, a percepção de que a escolas se tornou um campo de batalha e o ato de ensinar, tornou-se uma profissão de alto periculosidade. Mesmo sendo um exagero afirmá-lo, é um problema que não podemos deixar de abordar e enfrentar, para encontrar suas causas e as suas verdadeiras consequências.
As famílias, as comunidades escolares, os poderes públicos, devem tratar este tema com a mesma seriedade que abordam as outras matérias - como a violência se tornou presente na sociedade contemporânea? Precisamos conhecer a influencia  que as redes sociais às televisões, aos filmes no cinema, aos jogos de computador, às playstation, estão exercendo sobre os nossos filhos e quais as consequências que tem causados estas  tecnologias no comportamento entre os nossos jovens
Soma-se a tudo isto a desestruturação cada vez maior das famílias na nossa sociedade. Não podemos esquecer que a família é a "célula mãe" das comunidades e apesar das crises e problemáticas atuais, é ainda esta formação familiar que agrega a maior parte dos cidadãos.  Não é difícil entender que se uma família é bem estruturada pode gerar indivíduos equilibrados e atuantes positivamente em uma comunidade. O contrário também é válido. Assim podemos afirmar, que famílias desestruturadas geram indivíduos desequilibrados e estes desequilíbrios estará presente em toda comunidade.

Vivemos tempos muito complexos, cheios de contradições ao ponto de achar que um pai ou uma mãe presente, dedicados e responsáveis sejam considerados como conservadores, ‘superprotetor’, etc., etc
Não podemos esquecer que a violência na escola podem  está associados a  outras variáveis, como a falta de condições para os professores desenvolverem um bom trabalho, das suas insatisfações com o descaso dos poderes públicos em razão de algumas das suas reivindicações e outro ponto fundamental, é a crise econômica e suas consequências no dia-a-dia de qualquer profissional na sala de aula. Sabemos e valorizamos a importância e o papel dos professores na formação destes novos cidadãos é nas escolas que se dar esta formação. Ao mesmo tempo, entendemos que a educação dos filhos, compete os pais. É na família que eles aprendem os valores éticos e morais e não podemos fugir desta responsabilidade nem terceirizar a paternidade. 
 Estamos proporcionando muita liberdade aos nossos filhos, para muita coisa, mas não estamos sabendo proporcionar responsabilidade que esta acarreta. É preciso saber dosar esta liberdade para que cresçam sabendo que existem limites na sociedade e que seus direitos terminam, onde começa o do outro.
Ninguém é obrigado a ter filhos ou adotar, mas somos obrigados a sumir nossas responsabilidades de ser pai ou mãe. Ninguém é obrigado a responsabilizar-se por filhos, crianças, adolescentes que não sejam responsáveis, mas somos chamados a exercer a paternidade por aqueles que são nossa obrigação protege-lo.  Aqueles que escolheram constituir família e ter filhos, podem dar a sua contribuição, dentro e fora de casa, para que eles tenham todas as condições, não só para ser felizes, mas para serem educados e ‘criados’ com equilíbrio, com responsabilidade, com carinho e com perspectivas de virem a ser cidadãos realizados e responsáveis. 
Por isto, não canso de falar do papel dos pais na educação dos seus filhos em família, em casa e na escola. Para isso, é necessário que os conheçam ‘verdadeiramente’, seja amigo, para cumprir assim esta rica tarefa  de ser pai. O papel destes, num quadro complexo, exigente e desafiante das sociedades contemporâneas, apela à observância de valores de vida e pilares estruturantes como o amor, a família, a liberdade, a responsabilidade, a segurança e a proximidade. Que devem ser estimulados.
Ser pai é um ministério é mais que vocação é uma missão. Não é uma relação biológica, não é apenas reprodução, ser pai é acima de tudo dar amor, carinho e proteção, ser amigo leal nas horas certas e severo quando for necessário. Para educar um filho ou uma filha, temos que ser guia e companheiros no caminho para Emaús, no caminho certo para que eles tenham vida.


Padre Carlos

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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

ARTIGO - Ciro, aliado ou inimigo da esquerda? (Padre Carlos)




Ciro, aliado ou inimigo da esquerda?



Dois dias depois do ex-presidente Lula discursar para a sua militância em São Bernardo, e reacendendo assim a polarização política com o presidente Bolsonaro, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fez duras críticas ao petista, a quem chamou de “sem escrúpulo”. “Lula é um encantador de serpentes. A presunção dele é que as pessoas podem, usando fetiches, intrigas e a absoluta falta de escrúpulos que o caracteriza, navegar nisso. O mal que Lula está fazendo ao Brasil é muito grave e extenso”, afirmou o ex-presidenciável.
Como disse o próprio Lula, faz-se grande quem sabe pensar grande. Se ele estivesse pensando como Ciro Gomes, em apenas eleição e no poder em si, e ficasse cego ao horizonte que descortinou com sua saída da prisão, passaria a ser mais uma estrela sem brilho no universo da vida política. E o que é pior, arrastaria consigo a esperança de milhões que esperavam ansioso a sua volta. Este comportamento irresponsável, só proporcionaria as condições para que o fascismo e o fundamentalismo religioso consolidassem o poder e roubasse as espeças que ainda resta no povo.
Desta forma, Lula não pode se dar ao luxo dos arroubos de adolescente que Ciro vem tendo. Ele tem certeza que a única política que poderá conter este risco é promover mudanças significativas para proporcionar um crescimento econômico acompanhado com a geração de emprego e um maciço investimento em educação e tecnologia. Não existe outra forma a não ser fazer a roda da economia girar, basta de paliativos, sem estas medidas não há saída. Salvar o Brasil implica em criar condições jurídicas e políticas para que Lula possa participar do processo eleitoral em 2022. Como articulador, Lula tem que buscar uma oposição “coesa”. Uma frente unida em prol de um objetivo comum: a derrota do inimigo comum. Todas as forças políticas oriundas dos mais diversos espectros da oposição – que não tem absolutamente nada de homogênea – se aglutinarão nesse projeto para derrotar o fascismo
Por isto, o coronel de Sobral vem tentando de todas as formas criar empecilho para que isto não aconteça. Assim como Ciro, pensava a Social-Democracia alemã, ao fechar os olhos e tornasse omissa quando Hitler perseguia e exterminava os comunistas alemães. Achava estes sociais democratas, que o pós-Nazismo não demoraria e que com a saída dos vermelhos da cena política, seria mais fácil chegar ao poder. O que Ciro esquece, é que aqueles que enganam, mente e pratica a falsidade e a traição como forma de crescer politicamente, um dia terá que prestar contas aos eleitores. Esta é a lógica de Ciro Gomes e o que mais nos espanta, é que por oportunismo, setores da esquerda venham alimentando os desejos de poder deste homem. O provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” é quase sempre invocado em referência a questões políticas e nem sempre corresponde à verdade e este comportamento de Ciro termina fortalecendo o projeto da direita. Aí então começaremos a ver o desenrolar da armadilha que essa lógica do “inimigo do meu inimigo é meu amigo” sempre traz consigo.
Quando está motivado por essa lógica – que remonta a uma mentalidade tribal – que cai como uma luva no sistema político brasileiro, não se realiza alianças com “amigos”, se busca assumir o seu lugar. O que une os atores, como já vimos, é simplesmente o desejo de se derrotar um inimigo comum e para Bolsonaro e Ciro, este é sem dúvida alguma Lula e o PT. A política de Ciro para o campo da esquerda, é de autofagia e lutas internas até alcançar seus objetivos.
Temos que tomar consciência que tudo o que temos passado, tem um proposito para que nos sirva de lição. Quando não há clareza de quem são verdadeiramente os nossos adversários, corremos o risco de nos comportarmos como eles. De generalizarmos nossa ética e conduta e carregar o pragmatismo como a única verdade.
A inveja é o resultado de pequenos desejos. Ela não se faz senão através de detalhes que lhe acumulam na alma: desejar algo que não é seu, apropriar-se de algo que não lhe pertence, trair a confiança de um amigo, tudo isto são gestos de um covarde para ocupar o espaço do outro na história. Não é os bens nem o dinheiro que constitui a inveja. É a ganância, a arrogância, a convicção de que é mais importante e merece mais que o seu oponente.
Desta forma, o ex-ministro de Lula, jamais será um estadista se não tiver humildade, tem que ter noção do tamanho que é, nem maior nem menor do que ninguém. E sustentar a esperança na certeza de que só haverá colheita se desde agora se cuidar, delicada e anonimamente da semeadura. Como diz o poeta, não basta sair caçando borboletas é necessário ficar e cuidar do jardim, para que elas retornem.


Padre Carlos

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terça-feira, 12 de novembro de 2019

ARTIGO - Lula e o mundo dos pobres (Padre Carlos)




Lula e o mundo dos pobres


Apesar de alguns leitores não gostarem de filosofia e ter um péssimo costume de avaliar o artigo pelo título, não posso generalizar, quero falar de política, mas para isto, tenho que embasar minhas teorias e ponto de vista. Assim, foram estes motivos que me levaram a escrever esse artigo e fazer uma reflexão sobre o poder hoje no Brasil, este assunto é de fundamental importância para entendermos a correlações de forças e qual o nosso papel diante dos acontecimentos recentes. Falar e fazer política não é um assunto novo, seis séculos antes de Cristo os Gregos já estavam se perguntando sobre o poder. Sócrates depois Aristóteles, na idade moderna Maquiavel, Hobbes, Hegel, Marx, Max Weber, ou seja, o poder é uma interrogação no ser humano. É a partir da minha experiência como militante que eu quero refletir sobre este assunto, por isso este artigo é muito mais amplo do que a conjuntura atual que nós estamos vivendo no Brasil. Ele trata dos limites da democracia em tempos de Neofascismo e também com perspectivas de esperança, para que possamos sair disso.
Ao meu ver o caminho viável agora é fortalecer a sociedade civil através dos movimentos populares, porque todo poder tende a abusar de si mesmo e ele só reconhece os seus limites se encontra pela frente um outro poder. A divisão tripartite da república, executivo, legislativo, e judiciário, pretendia fazer isso. Não conseguiu porque os três se cumpliciaram e como vemos ai no golpe que levou o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, foi necessário a cumplicidade destes agentes. Este foi sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira. E o que dizer da prisão de Lula para tira-lo da corrida presidencial. Eles se comportaram durante este período como se estivessem pouco se lixando para a sociedade civil. Então a única maneira da gente colocar limites ao poder do estado, ao poder político, é através do poder da sociedade civil e dos movimentos populares. Aí sim, quanto maior for esse empoderamento mais densidade e participação terá a nossa democracia.
Não é por acaso, que o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei de Segurança Nacional. O argumento do senador é que o petista, livre da prisão desde a última sexta-feira, 8, incitou a violência contra a ordem pública ao pedir para a militância "atacar" como manifestantes no Chile. No sábado, 9, em São Bernardo do Campo, Lula chamou militantes para uma reação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, declarando ser necessário "atacar" e não apenas se defender. "É uma questão de honra a gente recuperar esse País.
Os fascistas tem medo quando falamos a linguagem e fazemos política vinculado ao mundo dos pobres! Porque a cabeça pensa onde os pés pisam e quando a gente não pisa no mundo dos pobres é difícil, temos que entender a lógica, as razões deles, o mundo deles.
Na verdade, o que está em jogo é justamente o que o ser humano mais busca: o  poder. E quando eu falo não é só do poder do político, é o poder da diretora de escola, do gerente de banco, do agente de trânsito etc. Ou seja, a pessoa se despersonaliza e passa a considerar a função que ocupa mais importante do que a sua própria individualidade. Por isto, a mobilização da sociedade é fundamental para voltar a botar o país nos trilhos. Este povo que assaltou o poder, olha o governo como se fosse uma grande vaca com uma teta pra cada boca. A gente tem que pensar o seguinte: os políticos são nossos empregados, nós pagamos os salários deles, nós temos o direito de cobrar e exigir e eles tem o dever de prestar contas.
 Por isso que eu acho que o ano vem vai ser importante para o acumulo de forças. Temos que eleger melhor vereadores e prefeitos. Buscar entre o elenco de candidatos aqueles que comprovadamente já estão vinculados a movimentos populares, que tenham uma experiência de apoio às grandes causas de mudança social do Brasil. Fora disso nós de novo teremos decepções, sofrimentos, tristezas, por ver uma classe política onde muitos estão envolvidos com o golpe e o projeto de tirar todas as conquistas sociais, e outros sendo cooptados pelo sistema, sem nenhum amor à causa pública, ao bem comum, nenhuma dedicação a um projeto de nação. Eles estão sempre pensando num projeto de eleição e não num projeto de nação.

Padre Carlos



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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

ARTIGO - A infância na Pituba (Padre Carlos)




A infância na Pituba



Outro dia minha filha mais velha me perguntou, qual o espaço de tempo e contexto que poderíamos definir uma geração? Naquele momento pensei na minha infância e respondi com se tivesse retornado ao passado e visitasse minhas lembranças. Ela pode ser definida como um grupo de indivíduos nascidos na mesma época, influenciados por um contexto histórico e que viveram experiências semelhantes. Assim, poderia dizer para você que minha geração possuiu características que estão diretamente ligadas aos nossos comportamentos, costumes e valores. Para entendermos melhor esta geração é importante que façamos uma viagem no tempo. Esta turma que nasceu nos anos cinquenta e sessenta, tiveram a oportunidade de vivenciar uma infância sem muros e para entender o comportamento desta juventude, teríamos que entender primeiro sua infância em todos os seus aspectos.
Foi justamente nesta hora que fazia a explanação, que minha caçula reclamou: papai aqui não tem internet, não tem Netflix, eu quero ir embora! Estávamos no sítio para passar um feriado prolongado com a família. Então voltei a pensar no que estava falando com a mais velha e me questionei. Como conseguimos viver sem celular e todas estas tecnologias na minha infância?

        Assim falei para ela. No tempo que seu pai era criança, andávamos de bicicleta pelas ruas da Pituba, bebíamos água na fonte da Luz, com as mãos mesmo, direto da nascente. Achávamos que era água mineral e não ligávamos se era ou não filtrada.
E quando asfaltaram o bairro que papai morava, começamos a construir nossos carrinhos de rolimã, testávamos nossas máquinas em alta velocidade pela ladeira da rua Rio de Janeiro e usávamos os nossos sapatos como freio. A melhor máquina era sempre o de Juranda, que conseguia as peças na loja do pai.
        Nunca aconteceu quaisquer desastres e brincávamos o dia todo.
       A Pituba era um lugar tranquilo, passávamos boa parte do dia na rua até escurecer, meus amigos eram gordinho e bicudo, todo mundo tinha apelido e não era bullying. Onde estava menino? Na casa do: Sr. Jalpery, Filinho, Valdomiro ou vendo televisão na casa de Dona Tudinha etc. Acreditavam na gente e não havia maldade naquela época. Tínhamos aulas pela manhã na escola das freiras e íamos almoçar em casa, levavamos a nossa merenda feita em casa.

         Dividíamos com nossos amigos aquele kisuco ou suco caseiro, comprávamos pão no armazém Popular e na boate de Aurino.
        Entendeu Laura? Nada de videogames, computadores, celulares ou outros brinquedos eletrônicos, só amigos! Eramos felizes sem esta parafernália eletrônicas.
 
       Íamos para escola a pé ou de bicicleta não havia necessidade de os pais levarem e nem existia van escolar. Na escola da Irmã Catarina, não havia maus alunos, tinha sim, uma palmatória para quem não soubesse a tabuada ou não fizesse o dever.  
Jogávamos bola e nosso time chamava Pitubinha, só tinha craque: Juta, Betinho e Renatinho, era uma seleção, por isto Pitubinha tinha as cores da seleção brasileira, se não fossemos escalados para jogar simplesmente passávamos a ser torcedores.
       Hoje temos mais de cinquenta anos e acreditamos ainda
no amor que há em uma grande amizade:
é  ela que animou o nosso coração e encheu estes anos  as nossas vidas. de alegria.

          Nossa geração sabe o valor que há em uma grande amizade:
mesmo distante e espalhados pelos quatro cantos do mundo, aquela geração da Pituba se sente unida.
  
        Vivemos mais que tempo mais do que as palavras podem dizer
porque na nossa infância fizemos grande amizade e com certeza foi um milagre que partilhamos mesmo sem perceber para nossos filhos e netos. São as lembranças destes milagres que abençoa os dias que nos restam de vida.



Padre Carlos

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sábado, 9 de novembro de 2019

ARTIGO - 30 anos do Muro de Berlim (Padre Carlos)




30 anos do Muro de Berlim


Este sábado fará 30 anos da queda do muro de Berlim. 9 de novembro de 1989.
Não foi “só” um Muro. Foi um símbolo que marcou a divisão do mundo em duas partes e representava o símbolo da Guerra Fria.
Há três décadas atrás, bastou uma simples frase errada - e assim se vê a força da palavra - e a sociedade viu o início do fim da separação ideológica do mundo.
Foi o dia que marcou o começo do final da Guerra Fria e da União Soviética.
Toda esta divisão começou após a II Guerra Mundial (1939-1945) com a derrota Alemã. As tropas alemãs capitularam a 9 de maio de 1945 e todos os membros do último Governo do Reich, encabeçado pelo então almirante Karl Dönitz, foram presos.
Os quatro países vencedores dividiram o território alemão em quatro zonas de ocupação que representavam claras duas metades. De um lado tínhamos os Estados Unidos, Inglaterra e França e do outro lado estava a União Soviética. É neste contexto que nasce a Alemanha Ocidental, o lado capitalista, e a Alemanha Oriental de base comunista.
Assim, a Alemanha Ocidental fazia parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a Alemanha Oriental integrava o Pacto de Varsóvia.
O mundo ficou dividido entre o "centralismo democrático" marxista do Partido Comunista único, o SED (Sozialistische Einheitspartei Deutschlands ou Partido Socialista Unificado da Alemanha), e com a União Democrata Cristã (CDU) de Konrad Adenauer que viria a ser eleito o primeiro Chanceler da República Federal da Alemanha em 1949.
Precisamente em 1949, o Governo Soviético impede o livre-trânsito de pessoas entre as duas metades da Alemanha. Berlim cortava-se ao meio. Nascia ali o muro  que seria levantado de forma efetiva em 1961. Eram 151 quilómetros de extensão de cerca com mais de 300 torres patrulhadas, com cães de guarda, homens fortemente armados e ainda arame farpado e eletrificado. Era impossível fugir de um lado da Alemanha para o outro.
O muro separou a cidade em Berlim Oriental e Berlim Ocidental durante mais de 28 anos, desde sua construção em 1961 até ser derrubado em 1989. A ideologia e a divisão de um pós-Guerra separaram famílias, amigos e vidas. 
Este fato mexeu com a cabeça de muita gente, quando fiquei sabendo do ocorrido, me veio na hora uma sensação de alegria, mas ao lembrar pessoas e não posso deixar aqui de ciar o velho (Carlos Prestes), que deram suas vidas por um ideal comunista, seria trágico ver suas utopias sendo colocadas a baixo junto com aquele muro.
            Naquele mesmo ano, outro episódio dava alento e esperança a esquerda no Brasil, um candidato do campo progressista, Luiz Inácio Lula da Silva foi para o segundo turno das eleições presidências. Foram as primeiras desde 1960 em que os cidadãos brasileiros aptos a votar escolheram seu presidente da república. Da coligação encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, e Fernando Collor de Mello, da coligação encabeçada pelo PRN.
            Apesar da queda do Muro de Berlin, ter desestabilizado algumas certezas na nossa cabeça, com a nova conjuntura que se formava em nosso país, não tive tempo de processar todos aqueles acontecimentos.
         
          Para minha grande surpresa, no comício de Lula na capital Fluminense testemunhei a alegria da multidão ao escutar o “cavaleiro da esperança.” Assim, discursando entre bandeiras vermelhas no comício realizado na Candelária no Rio de Janeiro em 1989 o Velho me dava uma lição de vida e de fé no amanhã.


             Prestes faleceu em março de 1990, O “cavaleiro da esperança” nos legou a certeza de tornar a florescer em cada nova estação.


Padre Carlos.

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ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...