Francisco, o papa dos pobres
A primavera que vem vivenciando nossa Igreja, através
do pontificado do Papa Francisco, tem me lembrado da figura do Santo de Assis
que soube semear o amor aos pobres e defende-los. Dizem que "Deus dá o
frio conforme o cobertor". No entanto, nosso cobertor não era
suficientemente grande para nos cobrir por inteiro. Por isto Deus enviou um jesuíta
latino, Jorge Mario Bergoglio, para apascentar a sua Igreja. Desta forma, este
enviado de Deus tem buscado em seu apostolado colocar em pratica os
ensinamentos de Francisco, encarnando a verdade anunciada pelo santo de Assis.
Seu Pontificado busca se legitimar dentro e fora da instituição católica para
trabalhar em defesa dos pobres. O Papa Francisco, vem tentando preencher uma demanda,
que é uma ação messiânica, que encarne na vida real a figura de um líder
religioso e até político com uma espiritualidade profunda e com um censo de
realidade histórica para anunciar que um novo mundo é possível, inspirando e
mobilizando muitos que estão insatisfeitos com o mundo existente.
Só um santo como Francisco que fez a oito séculos atrás
este compromisso, teria esta ousadia de conceber para si a missão nos dias de hoje de
profetizar o retorno a uma Igreja Servidora e Pobre, de acordo com os princípios
que orientaram o famoso “Pacto das Catacumbas”, quando um grupo de padres e
bispos fizeram no final do Concilio Vaticano II, na Igreja de Santa Domitila,
em 16 de novembro de 1965.
Este
mesmo Pacto das Catacumbas, em que a Igreja assume sua opção preferencial pelos
pobres, foi renovado por boa parte dos pastores que se encontrava no Sínodo. A cerimônia
ocorreu na manhã de domingo (20/10/2019) nas Catacumbas de Domitila, o maior e
mais antigo cemitério subterrâneo de Roma. A missa reuniu cerca de 40 padres sinodais e o
novo pacto foi assinado também por leigos e até membros de outros credos –
religiosos da Igreja Anglicana e da Assembleia de Deus – que estiveram
presentes ao encontro. No total, o documento terminou com pelo menos 200
signatários, dos quais 80 eram bispos.
Para o Papa, viver segundo o Evangelho significa
encarnar a origem popular do cristianismo, que torna a ética da humildade e o
estilo de vida simples e despojado, em elementos importantes do ideal de
santidade cristã. Por isso a figura de São Francisco, com o seu casamento com a
pobreza, é aceita por Dom Bergoglio como guia para a vida terrena que antecipa
a vida celestial. O Francisco de Assis representa, assim, a encarnação da
plenitude que conduz à presença de Cristo.
Ao almoçar com cerca de 1.500 moradores de rua no Vaticano para celebrar
o Dia Mundial dos Pobres neste domingo, 17, talvez o Santo Padre, queira nos
lembrar que a opção pelos pobres significa, em
última instância, uma opção pelo Deus do reino que Jesus nos anuncia. O
mesmo Deus que faz opção pelo pobre, age na história como o Deus libertador.
Padre Carlos
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