O governo da Bahia é de esquerda?
Como poderíamos analisar os treze anos de
governo progressista do PT na Bahia, será que poderíamos
de fato
definir estas gestões como governos genuinamente de esquerda? Podemos
afirmar, que a falta de referência do que seria uma política de esquerda para
os governos petistas e grande parte da sua militância, levaram todo o conjunto das
forças progressistas que sempre gravitaram em torno do partido, a refundar novos
paradigma e buscar novos caminhos.
Não podemos negar, que os governos Lula e
Dilma, tiveram influência nos programas e ações no governo petista e sua falta
deixa um vazio no que diz respeito às políticas sociais na Bahia. A crise da
esquerda, não é a mesma coisa que a oposição ao neoliberalismo, pode ser
compreendida justamente pela falta de um “embasamento ideológico e clareza
política de que projeto de esquerda seria aplicado.
Não estou fazendo uma crítica, aos
governadores petista, mas apenas afirmando que faltou ao governo de Wagner e Rui,
um embasamento ideológico e clareza política de que projeto queriam. Assim, com a falta de políticas clara de esquerda, chegamos à
Era do Administrador. Desta forma, gostaria de lembrar que administração é uma
ciência neutra, como a engenharia e a medicina são frias e não leva em conta se
o governo é de esquerda ou de direita, seu objetivo é manter as contas em dia.
Por isto, a missão do administrador moderno é ser um político e um político
moderno, ser um administrador, ele tem de saber dosar e manter unido este grupo
de interesses conflitantes. Mas, e o partido e o seu programa? Sabemos que o PT
não é um partido revolucionário, mas temos certeza que o partido hegemônico da
esquerda brasileira tem que ser de esquerda, então onde estão as políticas de
esquerda na Bahia? O Programa e Estatuto do partido, defendem uma política de
esquerda e por omissão ou inabilidade política, seus dirigentes deixaram tudo
isto acontecer.
Qual a política para educação
de esquerda? Defendemos grandes transformações radicais para a educação aqui no
nosso estado? Valorizamos o conhecimento popular, integrando-o à pedagogia? Temos
o dever de acreditar, que a educação é a maior das armas contra a opressão e
que a autonomia dos educandos deve ser a principal conquista do fazer
educativo.
Com relação a saúde, a
política pública deve ser construída a partir da participação direta ou
indireta da sociedade civil, visando assegurar um direto a determinado serviço,
ação ou programa. No Brasil, o direto à saúde é viabilizado por meio do Sistema
Único de Saúde (SUS) que deverá ser universal, integral e gratuito. Esta política tem como base o Estado de bem-estar social. O que seria política de esquerda na área da
saúde?
Sabemos
que a esquerda entrou no século XXI como todas as perdas acumuladas nas duas
ultimam décadas. Os anos noventa representaram uma derrota para a esquerda mundial.
Políticas sociais dos estados de bem-estar social retrocederam, a integração
das economias socialistas ao mundo capitalista e a regressão dos movimentos de
emancipação do terceiro mundo parecem sinalizar que o tempo da emancipação
política radical chegou ao fim. Ser de
esquerda hoje é um desafio. Acredito que requer muita “dureza”, mas, também,
muito jogo de cintura. O diabo é descobrir como ter princípios sem ser ingênuo,
como ser pragmático sem ser oportunista. Não tenho a receita, para os programas
de esquerda, não tenho os algoritmos para solucionar este problema.
Mais uma coisa eu tenho certeza, eu ainda acredito que podemos fazer um governo de esquerda na Bahia.
Mais uma coisa eu tenho certeza, eu ainda acredito que podemos fazer um governo de esquerda na Bahia.
Padre Carlos.
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