segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

ARTIGO - O PT baiano pode voar mais alto! (Padre Carlos)


O PT baiano pode voar mais alto!


Parafraseando um grande empresário conquistense, o PT do Nordeste Pode Voar Mais Alto!
Desta forma, a principal base eleitoral do PT, o Nordeste está reivindicando não só,  mais protagonismo na direção nacional do Partido dos Trabalhadores, como a cabeça de chapa se o candidato não for Lula.
       
  A região não apresentou nenhum candidato à presidência da sigla,  já que Gleisi Hoffmann (PR) foi reconduzida ao cargo no mês passado, com o apoio do ex-presidente Lula. As lideranças nordestinas, tem cada vez mais tomado consciência, que precisa de uma organização partidária que transcenda a caatinga e possa compor com os pampas e outras correntes independentes do Sul e Sudeste, uma aliança que possa fazer frente a influência do PT paulistano em relação ao partido nas outras regiões do país. Assim, não restou outra alternativa ao governador e a sua corrente interna chamada Reencantar, do PT baiano, buscar se nacionalizar, este foi o verdadeiro motivo para o evento de Lauro de Freitas, só fortalecendo uma estrutura partidária a nível nacional, o Nordeste será ouvido.
 Mas além da presidência, o rolo compressor foi usado para ficar com a tesouraria para São Paulo e a secretaria de organizações para o estado de Minas Gerais.
A reivindicação do PT do Nordeste e principalmente da Bahia foi  um dos assuntos de pé de ouvido no 7º Congresso Nacional do PT, que reuniu os principais caciques do partido em São Paulo no mês passado.
A entrevista de Rui Costa, ao jornal Folha de São Paulo, colocou na linha direta de sucessão o governador baiano como um forte pré-candidato.
Depois daquela entrevista onde levantava como um erro o PT não ter apoiado Ciro Gomes, no último pleito, vemos agora um novo Rui, com um discurso mais a esquerda e com posições mais definidas. Ao expor seu ponto de vista, exalta a forma conciliadora do presidente Lula e ao divergir de alguma posição do partido, valoriza o legado que os mandatos presidenciais trouxeram para o Brasil.
         Não podemos negar a importância do PT da Bahia, principalmente do Senador Jacques Wagner e da sua relação de amizade com Lula e as lideranças do partido. Por outro lado, não podemos negar, que houve um desgaste das lideranças baiana, em relação as declarações prestadas a imprensa por parte de seus membros. Acredito que com esta entrevista, possamos ver um posicionamento mais eficaz do PT baiano em relação a um protagonismo maior destas lideranças.
         Rui passou a entender, que para reencantar o país, precisa primeiro, reencantar o PT e isto não se dará, se o partido abrir mão do protagonismo do projeto e deixar de ser a força hegemónica da esquerda.
Havendo impedimento da candidatura de Lula, tínhamos três nomes como prováveis candidatos: Flávio Dino, Haddad e Wagner. Com esta entrevista a Folha no dia 14 deste mês, o grupo baiano se fortalece e pode contar com a força do governador do Maranhão favorecendo assim, o Nordeste neste tabuleiro político.
      
   O grande problema nesta engenharia política é saber se o PT paulista vai abrir mão da cabeça de chapa. A máquina partidária dos paulistanos é infalível, só Lula poderia parar.
         Diante desta briga de titãs, vamos torcer para o PT do Nordeste possa voar verdadeiramente, mais alto!


          PadreCarlos


sábado, 14 de dezembro de 2019

ARTIGO - Nostalgia de um padre sem ministério (Padre Carlos)


Nostalgia de um padre sem ministério



Não. Não vou falar da falta que faz o Ministério Sacerdotal na minha vida. Não vou falar das amizades que eu achava que eram minhas e não do pároco. Não vou falar da dificuldade que é reconstruir a vida aqui fora depois de dedicar boa parte da sua vida a instituição. Também não vou falar do preconceito que os próprios leigos têm com os padres que deixaram o ministério. Não vou falar em nada disto porque as crônicas estão cheias destas constatações, os comentários a respeito destes assuntos proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar que as mudanças propostas por Francisco se confirmem e esperar que a realidade das coisas nos surpreenda.
Hoje vou falar do sentimento da perda que registei com particular evidência. A exclusão do clero é evidente agora, você depois de alguns anos percebe que aqueles camaradas lhe esqueceram e você não faz mais parte nem do passado delas. Quantos anos morei com aquelas pessoas, dividir o espaço do quarto, da sala, do refeitório e hoje você constata que tudo aquilo não representa mais nada. O carinho que você sente por estes, suas lembranças da filosofia e da teologia, são na verdade seus fantasmas que ficam povoando suas memórias.
A irmandade, a amizades de décadas e as histórias de vida se perderam no tempo, só você é que não percebeu. Mesmo sentindo a indiferença, confesso a vocês que não posso negar que me alegra ao ver aqueles companheiros. É uma geração que vai dando sinal que está envelhecendo e, com ela, um certo jeito de ser Igreja, de se relacionar, de celebrar, de cantar.
No fundo, acho que sublimei o conceito de clero e de presbitério , esse conceito de irmandade, transcende aquele outro mais comum: a de que irmão é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo. Claro que isso é também irmandade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é proveniente de pessoas, conhecidas e que você partilhou boa parte da sua vida, elas podem estar distantes ou próximas, mas com seu carinho, nos levam ao melhor de nós. Precisamos ter a capacidade, de refazer percursos e vidas – privilégio de alguns, poucos, abençoados – hoje fui tocado pela orfandade, fiquei mais frágil e desamparado nesta época estranha em que a imagem dos que partiram realmente destoava.
Dei por mim a ouvir obsessivamente Cohen. Como se eu quisesse reencontrar um mundo que parece ter acabado. Como se conseguisse rebobinar a vida e reencontrar-me com uma certa forma de ser e de estar que estes últimos 30 anos de tanta voracidade consumiram. E ressuscitar tempos, valores, sentimentos, modelos de sociedade que sucumbiram a esta loucura cujo destino ignoramos, mas tememos!

Padre Carlos


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ARTIGO - A eclesiologia do Pe. Alberto Antoniazzi (Padre Carlos)


A eclesiologia do Pe. Alberto Antoniazzi



Uma das  Frases emblemáticas do início do século XX,  que  mais animaram o debate teológico, foi sem dúvida nenhuma : "Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi a Igreja."
Hoje me deu saudade de Belo Horizonte e dos meus formadores, tive oportunidade de conhecer a eclesiologia pelas mãos do Pe. Alberto Antoniazzi e confesso aos senhores que aprendi muito com aquele milanês sobre a Igreja e como este projeto foi se afastando da proposta dos Apóstolos e do Salvador. Sempre mostrando o caminho e afirmando que a Igreja não era lugar de pompas, privilégios nem toque de majestade, ensinava a seus alunos que deveríamos retornar à simplicidade límpida e transparente da fonte evangélica, onde a água é mais cristalina. Abria as nossas mentes para as páginas contundentes dos relatos bíblicos, notadamente os livros proféticos, onde o Deus de Israel, no Antigo Testamento, privilegia com clareza “o pobre, a viúva e o estrangeiro”. E o Pai de Jesus Cristo, no Novo Testamento, mostra predileção particular pelos “pobres, oprimidos, prisioneiros, indefesos, prostitutas, excluídos, pecadores” – como o Bom Pastor que deixa as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro daquela que se perdeu.
Desta forma, aprendemos com este grande teólogo, que  Jesus queria a Igreja enquanto povo de Deus, não uma Igreja instituição de poder e clerical como presenciamos não só no período da cristandade, mas até hoje com esta estrutura, com duas classes: de um lado, a hierarquia, o clero, que ensina e que manda em nome de Deus, e, do outro, os leigos, os que obedecem. Veja-se o significado da palavra leigo no Aurélio: sou um "leigo", com o sentido de incompetente, ignorante. Ou a expressão referida aos padres, quando lhes é retirado o ministério: "foi reduzido ao estado laical", com o sentido implícito de ter perdido o privilégio de clérigo. Na Igreja, segundo Jesus, há ou deveria haver uma igualdade radical e, consequentemente, nela deve reinar a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Evidentemente, uma vez que há muitos cristãos e católicos, terá de haver alguma organização, algo institucional, mas a instituição tem de estar ao serviço da Igreja povo de Deus, e não, sacralizar-se, dando a si mesma atributos divinos. Aliás, Jesus disse: "Eu vim não para ser servido, mas para servir." Na Igreja, há serviços, ministérios.
O que se passou e passa é que a hierarquia, padres e bispos, sacralizaram-se, atribuindo-se a si mesmos privilégios sacros ao serviço dos quais estaria o próprio celibato. Eles trazem Cristo à terra na Eucaristia, só eles perdoam os pecados, e formam uma espécie de casta à parte, como diz a própria palavra clero, são ministros, mas ministros sagrados... O padre é alter Christus (outro Cristo). Isso foi de tal modo interiorizado pelo comum dos católicos que há constantemente o perigo da deriva para o clericalismo. Me lembro que minha geração achava, e os jovens padre até hoje pensam assim, se foi ordenado, tem direito a uma forma de reverência, isto é um erro, de que alguns padres não hesitam em abusar.
O mundo está cheio de heróis sem capa, pessoas que dedicaram sua vida a criar uma Igreja mais humana, teólogos, professores e padres que todos os dias fazem a diferença ao deixarem seu país sua cultura e jogar-se nas mãos de Deus. Os padres que Pe. Alberto Antoniazzi  ajudou formar o olham com admiração, mesmo os que se perderam no caminho acabam por reconhecer o seu valor em algum momento. Só uma grande alma poderia se despedi no dia de Natal. Este ano completa quinze natais sem o padre Alberto Antoniazzi  e nosso objetivo é resgatar a memória deste grande teólogo. Receba meu amigo e professor, esta simples    homenagem.

Padre Carlos


domingo, 8 de dezembro de 2019

ARTIGO - A Guarda Municipal e o seu caráter eleitoreiro (Padre Carlos)


A Guarda Municipal e o seu caráter eleitoreiro






O Prefeito da nossa cidade, enviou para a Câmara Municipal o projeto de lei complementar 07, de 2019, que institui a Guarda Municipal de Vitória da Conquista. A criação desta força foi um dos compromissos de campanha da atual gestão e prevê o aproveitamento dos 350 agentes de segurança patrimonial.
A proposta do prefeito Herzem Gusmão, é casuística e visa apenas o pleito de 2020. A matéria tem apenas caráter eleitoreiro, e por isso veio à tona com tanta rapidez, atropelando a soberania da casa legislativa e colocando uma faca no pescoço dos vereadores para aprovar o projeto. O objetivo do prefeito com a propaganda antes mesmo da aprovação desta matéria é criar um fato político para dar início a sua campanha de reeleição e enganar a população com o ilusionismo da segurança pública.
Esta proposta de criação da Guarda Municipal não pode ser aprovada a toque de caixa porque interessa ao prefeito para se reeleger, não é desta forma que se resolve a questão da segurança na nossa cidade. Gostaria de perguntar aos vereadores que estão pensando em votar nesta proposta irresponsável e sem estrutura alguma se, em uma troca de tiros com óbito do bandido, o guarda será preso na cadeia comum. Para servir, no mínimo, de saco de pancadas? Há convênio com o estado para prisão especial? Desta forma chamo atenção da população como estão tratando uma questão tão complexa como esta.
Os Agentes Patrimoniais municipais têm como função a proteção do patrimônio público e, para tanto, não necessitam de armamento de fogo. As alterações que o projeto quer implantar no âmbito destes profissionais, têm como finalidade ampliar a área de atuação desta classe, justificando assim, o aumento do efetivo e uma nova função pela qual estes profissionais não fizeram o concurso. Além disso, gostaríamos de saber quem fez o levantamento de custos para implantação da Guarda Municipal na cidade, quanto custará aos cofres públicos este projeto?
A Câmara de Vereadores deveria realizar, uma Audiência Pública para discutir a criação da Guarda Municipal armada de Vitória da Conquista. Só com uma discursão de forma exaustiva junto à população, poderemos levantar os pontos a favor e contrários à criação desta Guarda e poderemos conhecer outras alternativas que não exonere as finanças municipais, que não aguenta mais a farra com o dinheiro público. Precisamos de fato proteger a população em relação à segurança pública, mas não podemos comprometer nossa arrecadação com serviços que poderiam ser exercidos pelo governo do estado.
Num momento de crise que o país atravessa e diante da queda de receita, temos que chamar atenção dos poderes públicos sobre esta questão. É realmente necessário uma guarda municipal, já que temos a PM, para nossa segurança? Para proteger nossos patrimônios públicos, basta o trabalho que os valorosos agentes patrimoniais vêm exercendo e as rondas como vem sendo realizadas.


Padre Carlos


quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

ARTIGO - Filosofia e política (Padre Carlos)


Filosofia e política




Todo político sem causa definida, seja em que campo ideológico se encontre  é um mercenário da política em potencial: usa o poder para enriquecer ou para ficar no poder. A falta no parlamento de um projeto filosófico é tão grave quanto a presença de maus políticos que usam os seus mandatos para fins pessoais.
Maquiavel disse certa vez que: “ Aos amigos os favores, aos inimigos a lei.” É dentro desta dinâmica que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem adotando  ao reconhecer assinaturas eletrônicas para formalizar a criação de partidos políticos. A decisão pode ter impacto na criação do Aliança pelo Brasil, novo partido do presidente Jair Bolsonaro, que pretende agilizar o processo de obtenção de registro do partido por meio de certificados digitais. Se conseguir,  será  a nona legenda pela qual passou ao longo de sua carreira. Política é coisa séria e os homens do poder, deveriam ter um comportamento ético diante da função que exerce além de ser referencia de seriedade com as coisas pública.


Quando foi criada a reforma partidária no final da década de setenta, havia no Brasil um clima filosófico que empolgavam os debates políticos: capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, desenvolvimentismo, nacionalismo, oferecendo bases filosóficas que justificavam as causas das lutas dos políticos.
Hoje, vivemos em um mundo globalizado, onde essas filosofias perderam força diante das necessidades imediatas das massas e a crise de utopias que polariza a Nação sem deixar espaço para outras vias que não seja maniqueísta e bipolar, deixando outras correntes e vertentes de pensamento, sem bandeiras claras no horizonte filosófico e político.
No vazio filosófico, surgem três propostas que passam a nortear nossas ações, e o nossos comportamento político. A “filosofia do conformismo”, justificando aqueles que assistem sem reação nem alternativa a passividade do povo, sem resposta e reação popular ao aumento dos impostos, a perda de direitos trabalhista e reforma da previdência sob nenhuma manifestação popular, sem pressão das pessoas nas ruas, sem "panelaço" da classe média. Por esta filosofia, o caminho seguido nos últimos anos seria de passividade e não caberia à política controlar o rumo social.
A “filosofia da resistência” é praticada por aqueles que defendem e lutam contra as propostas neoliberais e a perda de direitos trabalhistas e o fim das políticas sociais, esta luta se dá em torno da defesa da própria existência da classe trabalhadora como agente político. Esta proposta, só poderá concretizar-se com uma grande unidade, frente de esquerda com programas bem definidos e que seja perene. Essa frente, composta por partidos políticos com identificação de esquerda e democrata e movimentos populares será de fundamental importância para contrapor o projeto de ultradireita em curso no país. O papel do sindicalismo terá uma importância fundamental, haja vista todos esses retrocessos que estamos vivenciando, e deverão piorar. Será um refúgio aos (as) trabalhadores (as), um grande abrigo em defesa da classe trabalhadora. Portanto, não restará outro instrumento de insurgimento social, exceto a grande unidade de todos os movimentos sociais.
A “filosofia da desconstrução”. Nesta corrente de pensamento, podemos constatar uma estratégia de sucateamento das estatais brasileiras em curso, que tem como objetivo desacreditar essas empresas e entregá-las ao setor privado. Trata-se de um processo criminoso e fraudulento que, na prática, transfere o patrimônio dos brasileiros ao capital especulativo. Além desta política entreguista, dois outros pontos são decisivos neste projeto, o primeiro diz respeito a redução dos direitos trabalhistas e o segundo, está relacionado ao fim dos programas sociais e a implantação de um estado sem grandes políticas que lembrem o Estado de Bem Social da social democracia.
         Quando falamos da nossa pobreza de pensamento, estamos falando também da falta de grandes estadistas defendendo suas ideias. Estes homens deixaram seu legado para que outros dessem  continuidade ao projeto que agora não era mais seu e sim um projeto de Nação. Assim, presenciamos na história, Getúlio preparando o terreno para Juscelino e seu desenvolvimentismo, descortinando nova fase para aquele país aparentemente condenado a resignar-se como um grande produtor agropecuário.
A política significa, antes de tudo, o fomento e o aumento da vitalidade nacional mediante IDÉIAS, FILOSOFIAS E programas QUE POSSAM CRIAR SONHOS E PROJETOS UTOPICOS. Este é o grande combustível que moveu e movem as ações humanas. O "sucesso" não é tudo. Mais importante é a atuação do grande líder que permanece com seu exemplo e ideias lembrado para sempre.

Padre Carlos
Visite nosso blog e ajude a divulgar nosso trabalho, partilhando nossos artigos em suas redes.



https://padrecarlosroberto60.blogspot.com/







terça-feira, 3 de dezembro de 2019

ARTIGO - A amizade é a verdadeiras alegrias da vida! (Padre Carlos)




A amizade é a verdadeiras alegrias da vida!



Se tem uma graça que recebi de Deus, foi com certeza a capacidade de construir muitas amizades nesta vida. Assim, outro dia estava pensando nestes tesouros que me orgulho muito de ter conquistado e busquei catalogar estes amigos para poder preserva-lo melhor. Tenho os amigos da infância, os do grupo de jovens e da militância, os amigos do seminário de filosofia e teologia. Quando me ordenei sacerdote, achava que tinha conquistado muitos amigos, mas minha surpresa foi grande ao deixar de exercer o ministério sacerdotal, descobrir que aquelas pessoas não eram meus amigos, eram amigos sim, do Padre Carlos e terminei me decepcionando muito com certos tipos de “amizade”.

Quem busca um amigo sem defeito, não entende a natureza humana e termina cobrando e exigindo mais do que uma pessoa possa lhe proporcionar e desta forma, termina ficando sem amizades e colocando a culpa no mundo e na vida
Muitos filósofos abordaram este tema, mas a abordagem que eu gosto mais é feita por Aristóteles, suas observações a respeito deste tema, sempre me chamaram atenção. Ele via a amizade como uma das verdadeiras alegrias da vida e achava que uma vida bem vivida deveria incluir amizades realmente significativas e duradouras. Em suas palavras: “Na pobreza, assim como em outros infortúnios, as pessoas supõem que os amigos são seu único refúgio. E a amizade é uma ajuda para os jovens, para salvá-los do erro, assim como é para os idosos, com vistas ao cuidado de que necessitam e à capacidade diminuída de ação decorrente de sua fraqueza; é uma ajuda também para aqueles em seu auge na realização de ações nobres, pois ‘dois juntos’ são mais capazes de pensar e agir.”
Costumo dizer, que o poeta é aquele que consegue traduzir o que está escondido no mais profundo da nossa alma e Vinícius de Moraes em um dos seus poemas traduz de forma clara estes sentimentos: “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!”
Eu tenho amigos que se encontram distante e que faz muitos anos que não conversamos, mas tenho certeza que faço parte das suas lembranças e por mais distantes que eles estejam de mim, sinto sua presença e suas orações me protegendo. Estes amigos não tem data de validade e serão sempre lembrados na minha história de vida, por algo que fizeram, falaram, mostraram, pelo que nos fizeram sentir. É isso… As pessoas são lembradas pelos sentimentos que despertaram em nós… E quanto maior o sentimento, maior se torna a pessoa.
Os amigos de verdade, nos ajudam a ser mais humanos, eles revelam com sua sinceridade quem somos de verdade, são como espelhos para nossa alma, através deles podemos nos enxergar.
O verdadeiro amigo compartilha a nossa dor, e a dor que dividimos, perde muito da sua intensidade e só assim, podemos suportar este fardo.  Aprendemos ao longo da nossa vida ser amigo, ninguém nasce sabendo, mas tem gente que passa por esta vida sem conhecer esta dádiva.  Onde reina o amor, fraterno amor, ali se encontra a verdadeira amizade.

Padre Carlos

Visite nosso blog e ajude a divulgar nosso trabalho, partilhando nossos artigos em suas redes.






segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

ARTIGO - Francisco e o diálogo inter-religioso (Padre Carlos)




Francisco e o diálogo inter-religioso


Quando entrou na Companhia de Jesus, seu sonho era ser missionário no Japão, este sonho de juventude, nunca escondeu e só não realizou porque os planos de Deus para Bergoglio eram outros. A vida não o permitiu, mas Jorge Mario Bergoglio acabou por realizar em parte, esse sonho, ao visitar a Tailândia e o Japão, nestes últimos dias. Ao pisar no solo japonês e visitar as cidades de Hiroshima e Nagasaki, as duas bombardeadas de forma criminosa, Francisco passa a entender por que a missão é o centro da sua vocação e diante de tal constatação, envia uma mensagem ao mundo mostrando a importância fundamental do diálogo inter-religioso. Foi diante destas constatações, que o Papa condenou como crime imoral não só a guerra nuclear, mas também a simples posse de armamento atómico.
Desta forma, após retornar da sua visita a Ásia, Francisco, resumiu a sua estada na Tailândia. "Na Tailândia, prestei homenagem à rica tradição espiritual e cultural do povo thai, o povo do belo sorriso. As pessoas estão sempre sorrindo. Busquei incentivar as autoridades na busca de um desenvolvimento económico que possa beneficiar a todos e que busquem mecanismo para estancar as feridas da exploração, especialmente de mulheres, de meninas e meninos, expostos à prostituição e ao tráfico. A religião budista é parte integrante da história e da vida deste povo, por isso fui visitar o Patriarca Supremo dos budistas, prosseguindo o caminho da estima recíproca, começada pelos meus predecessores, para que cresçam no mundo a compaixão e a fraternidade. Neste sentido, foi muito significativo o encontro ecuménico e inter-religioso, celebrado na maior universidade do país."
Há muitos anos que o famoso teólogo Hans Küng não se cansa de proclamar que "não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões" e não haverá paz entre as religiões sem conhecimento e reconhecimento mútuo e, consequentemente, diálogo.
Como não podia deixar de ser, Francisco fez do diálogo inter-religioso uma das marcas essenciais do seu pontificado, e isso ficou bem claro também nesta visita à Tailândia. Enquanto no sul do país um grave e sangrento conflito confronta separatistas muçulmanos e forças governamentais, insistiu na necessidade do diálogo inter-religioso como "serviço a favor da harmonia social na construção de sociedades justas, compassivas e inclusivas".
Neste contexto de diálogo inter-religioso, Francisco insistiu na sua mensagem constante: "O missionário não é um mercenário da fé nem um gerador de prosélitos. A evangelização não consiste em somar o número de membros nem aparecer como poderosos, mas em abrir portas para viver e partilhar o abraço, misericordioso e que cura, de Deus Pai, que nos faz família."


Padre Carlos
Visite nosso blog e ajude a divulgar nosso trabalho, partilhando nossos artigos em suas redes.



ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...