A democracia latino-americana está ferida
Em 2012, publiquei
um artigo em um blog da nossa cidade, e para minha tristeza algumas das
questões que tratei nele tornam-se realidade pelas mãos da direita latino-americana.
Nossa história
revela toda esta vocação: ditaduras e autoritarismos de toda sorte; repúblicas coronelísticas
e militarizadas, populistas e/ou nacionalistas; revoluções e guerrilhas;
democracias tuteladas e agora o novo componente, as milícias. A prática do golpe de Estado
legal parece ser a nova estratégia das oligarquias latino-americanas. Testada
nas Honduras e no Paraguai, ela mostrou-se eficaz e lucrativa para eliminar
presidentes (muito moderadamente) de esquerda. Foi com esta nova fermenta sem derramar
sangue, que a direita Latino Americana, varreram todos os governos de esquerda nos
últimos tempos.
Com um discurso
moralista este novo governo de direita vem tentando cooptar os militares e as Instituições
da Republica. A visão autoritária na
condução do processo político sem foi uma característica da burguesia. Convém
não esquecer que Bolsonaro tem uma profunda inserção nos meios militares, até
por ser originário deles. E bem sabemos por que presidentes latino-americanos
tentam manter boas relações com os militares. Já dizia Jânio Quadros: “Só tem
uma coisa pior do que depender dos militares é não tê-los por perto quando
necessário”.
Citando Hegel, Marx escreveu no 18 de Brumário de Luís Bonaparte que os acontecimentos históricos repetem-se duas vezes:
a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Isso aplica-se perfeitamente
aos golpes de estado que a direita tem dado na América latina. Evo Morales
(Bolívia), Rafael Correa (Equador), Dilma no (Brasil), etc, em uma cruzada
patrocinado pelo EUA. Segundo pesquisas realizadas pelos meios de comunicação,
existem cerca de 140 países no mundo vivendo sob regimes democráticos. No
entanto, só em cerca de 60 pode-se considerar que há uma consolidação da
democrática. Ou seja, em menos da metade as possibilidades de haver reverses
autoritários reduziram-se quase a zero. No último tempo, muitos governos de
direita eleitos democraticamente apresentam uma acentuada tendência a manterem
sua autoridade com métodos não democráticos. Utilizam-se de vários expedientes:
modificam as constituições de seus países para benefício próprio, intervém nas
eleições, restringem a independência dos outros poderes, além de exercerem
controle sobre os militares.